O ECO DE VERLAINE: QUANDO A MÚSICA SE TRANSFORMA EM VERSO CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO DEDICADA AO LITERATO  FRANCISCO DACUNHA (CUNHA E SILVA FILHO)

 

As palavras do meu companheiro de letras, qual orquestra invisível, reverberaram em minha alma, despertando acordes há muito silenciados. "De la musique avant toute chose", declamou ele, e o nome de Verlaine iluminou a sala como um holofote sobre um palco em penumbra. Transportado pelas ondas sonoras daquela frase, mergulhei nas profundezas do Simbolismo, onde a poesia e a música se fundem em um bailado etéreo.

"Art Poétique", esse manifesto que pulsa em nossos corações como uma sinfonia secreta, é um convite à entrega à sonoridade, à busca pela melodia que habita as entrelinhas das palavras. Verlaine, o bardo que amava a vida em sua plenitude, nos ensinou a escutar a música que pulsa em cada verso, a sentir a cadência que embala a alma em um ritmo hipnótico.

E como não evocar "Chanson d'Automne", essa sinfonia melancólica que nos transporta para um outono de cores e emoções? Os violinos que choram, as folhas que caem em espiral, a nostalgia que invade a alma como uma névoa densa... tudo se funde em uma melodia que nos arrebata, que nos faz sentir a beleza e a efemeridade da vida em sua plenitude.

DaCunha, meu amigo, uma seta no coração da emoção, por me lembrar da importância da música na poesia, por me convidar a ouvir a melodia que habita em cada palavra como um segredo sussurrado. Que possamos, juntos, continuar a desvendar os mistérios da arte, a celebrar a beleza da vida e a eternizar nossos sentimentos em versos que ecoem como canções, transcendendo o tempo e o espaço.