Ode do poeta Horácio
Por Jefferson Bessa Em: 28/08/2017, às 08H04

I,9
A neve espessa já pesa nos píncaros,
A mata mal suporta o fardo branco:
Gelam os ribeirões,
Paralisam-se os córregos.
Ó Taliarca do festim, apague o frio
Com as achas no fogão. Pródigo, verse
De uma ânfora sabina de duas ansas
Um vinho de quatro anos!
O resto, amigo, entregue aos deuses. Mal
Morram os ventos guerreiros no mar,
Não chacoalhem ciprestes,
Nem cabeceiem freixos,
Não queiram saber nada do amanhã:
Credite à sua conta o dia de hoje.
Não se esquive, menino, dos namoros
E nem das contradanças;
Bem longe os anos velhos, aproveite,
Antes da idade trôpega e grisalha,
Dos risos abafados
Nos cantos escondidos,
Quando o dia se vai, da namorada,
E roube dela anéis e braceletes
De amor, depois de uns queixumes, após
Alguma resistência.
Tradução: Décio Pignatari