¶ PE247 – Candeeiro, apontado como um dos últimos remanescentes do bando do cangaceiro Lampião, teve sua luz apagada nesta quarta-feira (24). Manoel Dantas Loiola, 98 anos, faleceu em decorrência de problemas derivados de um derrame, sofrido na semana passada. Seu Né, como também era conhecido, foi um dos 11 sobreviventes do massacre de Angicos (SE), que ocorreu no dia 28 de julho de 1938, e terminou com a morte de Lampião, o Rei do Cangaço, bem como a da sua mulher, Maria Bonita, e de parte do bando que o seguia.
Candeeiro ingressou no cangaço ao encorpar as fileiras do grupo liderado por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, na segunda metade dos anos 30 do século passado e conviveu com o Rei do Cangaço durante três anos, conhecendo os truques do banditismo pelo interior nordestino. Segundo relatos históricos, Seu Né teria entrado para o cangaço após ver o bando invadir a fazenda onde trabalhava, em Alagoas. Naquele instante, ele teria optado por entrar no cangaço para não ser morto.
Incorporado ao grupo, Candeeiro logo ascendeu de patente e virou um dos homens de confiança de Lampião, além de integrar a sua guarda pessoal. Também tinha como função encaminhar as cartas nas quais Lampião cobrava dinheiro de fazendeiros e comerciantes, além de ser responsável por receber estes pagamentos e de entregar os valores nas mãos de Lampião. A aproximação pessoal era tanta, que Lampião o teria presenteado com vestimentas ornamentadas feitas por ele.
O tempo de convivência, porém, durou pouco. Lampião morreu em 1938 numa emboscada armada por policiais, no município de Poço Redondo, em Sergipe, quando 11 pessoas foram mortas e tiveram suas cabeças cortadas e colocadas à vista em espaços públicos, uma forma que o governo encontrou para reprimir, aos poucos, a prática do cangaço.
“A história perde muito. Candeeiro era o último homem da guarda de lampião, composto por oito homens escolhidos diretamente pelo Rei do Cangaço”, declarou o historiador Frederico Pernambucano de Mello em entrevista ao Jornal do Commercio. “Arrisco-me dizer que pela patente dele, se o cangaço tivesse durado mais cinco ou seis anos, Candeeiro seria o chefe do grupo”, acrescentou.
De acordo com o historiador, Candeeiro teria lhe relatado como aconteceu o último confronto do bando de Lampião com a volante, acontecido na manhã em que o grupo foi emboscado em Angicos. “Ele me contou que chegou a disparar 70 tiros na ocasião. Lutou muito. E ainda foi gravemente baleado no braço, que ficou com problemas sérios durante toda a vida, pelo fato de ter cicatrizado na caatinga”, disse Frederico de Mello. “Um dia, ele me confidenciou acreditar ter sido vítima de fogo amigo, durante a troca de tiros com a volante (tropa de policiais do governo)”, informou.
Com o fim do cangaço, Candeeiro se entregou às autoridades e ficou preso numa penitenciária de Maceió (AL) por seis meses, até receber o perdão oficial que lhe devolveu a liberdade. Antes de voltar para Buíque, cidade do Agreste pernambucano onde nasceu, Candeeiro trabalhou na extração de látex, na Amazônia, atividade que fazia parte do programa Soldado da Borracha, uma parceria do Governo Getúlio Vargas com os Estados Unidos, visando colonizar a Amazônia e a produção de borracha.
Manoel Dantas Loiola foi enterrado, juntamente com um pouco da história do Nordeste, no final da tarde desta quarta-feira (24), em Buíque, no Agreste de Pernambuco.
Candeeiro ingressou no cangaço ao encorpar as fileiras do grupo liderado por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, na segunda metade dos anos 30 do século passado e conviveu com o Rei do Cangaço durante três anos, conhecendo os truques do banditismo pelo interior nordestino. Segundo relatos históricos, Seu Né teria entrado para o cangaço após ver o bando invadir a fazenda onde trabalhava, em Alagoas. Naquele instante, ele teria optado por entrar no cangaço para não ser morto.
Incorporado ao grupo, Candeeiro logo ascendeu de patente e virou um dos homens de confiança de Lampião, além de integrar a sua guarda pessoal. Também tinha como função encaminhar as cartas nas quais Lampião cobrava dinheiro de fazendeiros e comerciantes, além de ser responsável por receber estes pagamentos e de entregar os valores nas mãos de Lampião. A aproximação pessoal era tanta, que Lampião o teria presenteado com vestimentas ornamentadas feitas por ele.
O tempo de convivência, porém, durou pouco. Lampião morreu em 1938 numa emboscada armada por policiais, no município de Poço Redondo, em Sergipe, quando 11 pessoas foram mortas e tiveram suas cabeças cortadas e colocadas à vista em espaços públicos, uma forma que o governo encontrou para reprimir, aos poucos, a prática do cangaço.
“A história perde muito. Candeeiro era o último homem da guarda de lampião, composto por oito homens escolhidos diretamente pelo Rei do Cangaço”, declarou o historiador Frederico Pernambucano de Mello em entrevista ao Jornal do Commercio. “Arrisco-me dizer que pela patente dele, se o cangaço tivesse durado mais cinco ou seis anos, Candeeiro seria o chefe do grupo”, acrescentou.
De acordo com o historiador, Candeeiro teria lhe relatado como aconteceu o último confronto do bando de Lampião com a volante, acontecido na manhã em que o grupo foi emboscado em Angicos. “Ele me contou que chegou a disparar 70 tiros na ocasião. Lutou muito. E ainda foi gravemente baleado no braço, que ficou com problemas sérios durante toda a vida, pelo fato de ter cicatrizado na caatinga”, disse Frederico de Mello. “Um dia, ele me confidenciou acreditar ter sido vítima de fogo amigo, durante a troca de tiros com a volante (tropa de policiais do governo)”, informou.
Com o fim do cangaço, Candeeiro se entregou às autoridades e ficou preso numa penitenciária de Maceió (AL) por seis meses, até receber o perdão oficial que lhe devolveu a liberdade. Antes de voltar para Buíque, cidade do Agreste pernambucano onde nasceu, Candeeiro trabalhou na extração de látex, na Amazônia, atividade que fazia parte do programa Soldado da Borracha, uma parceria do Governo Getúlio Vargas com os Estados Unidos, visando colonizar a Amazônia e a produção de borracha.
Manoel Dantas Loiola foi enterrado, juntamente com um pouco da história do Nordeste, no final da tarde desta quarta-feira (24), em Buíque, no Agreste de Pernambuco.
Candeeiro, o último cangaceiro de Lampião, morre aos 97 anos
Manuel Dantas Loyola foi entrevistado pelo Diário do Nordeste em 2011
Morreu nesta quarta-feira (24), aos 97 anos, Manuel Dantas Loyola, mais conhecido como Candeeiro, o último cangaceiro de Lampião. Ele estava internado desde a semana passada no Hospital Memorial da cidade de Arcoverde, em Pernambuco, devido a um derrame.
O último cangaceiro de Lampião foi entrevistado pelo Diário do Nordeste em 2011. FOTO: CID BARBOSA
Candeeiro estava com Lampião no dia 27 de julho de 1938, quando o bando do rei do cangaço foi dizimado no sertão de Sergipe. Três dias antes ele teria dito a Virgulino Ferreira: “Capitão, isso aqui não é lugar seguro para a gente ficar”. Quem relatou o ocorrido foi o próprio Manuel em entrevista ao Diário do Nordeste, em 2011, para o especial Retrato Sertanejo / Identidade.
Seu Né, como ficou conhecido após deixar o cangaço, escapou da morte mas teve o braço direito dilacerado e precisou de duas cirurgias para reconstituí-lo. “Quando levei o tiro, talvez pelo susto, não senti muita dor. Mas, quando olhei os ossos em banda, bateu a maior tristeza desse mundo”, relatou na entrevista de 2011.
Quando jovem, Manuel trabalhava em Alagoas para um fazendeiro que dava asilo a bandidos. Quando a polícia descobriu, ele fugiu para o Ceará para não ser preso, em 1937. Foi quando conheceu o cangaceiro Jararaca e, em seguida, Lampião.
Natural de Buíque, município a 258 quilômetros do Recife, Manuel Dantas era um comerciante aposentado, casado com com dona Lindinalva e pai de quatro filhos.
O último cangaceiro de Lampião foi entrevistado pelo Diário do Nordeste em 2011. FOTO: CID BARBOSA
Candeeiro estava com Lampião no dia 27 de julho de 1938, quando o bando do rei do cangaço foi dizimado no sertão de Sergipe. Três dias antes ele teria dito a Virgulino Ferreira: “Capitão, isso aqui não é lugar seguro para a gente ficar”. Quem relatou o ocorrido foi o próprio Manuel em entrevista ao Diário do Nordeste, em 2011, para o especial Retrato Sertanejo / Identidade.
Seu Né, como ficou conhecido após deixar o cangaço, escapou da morte mas teve o braço direito dilacerado e precisou de duas cirurgias para reconstituí-lo. “Quando levei o tiro, talvez pelo susto, não senti muita dor. Mas, quando olhei os ossos em banda, bateu a maior tristeza desse mundo”, relatou na entrevista de 2011.
Quando jovem, Manuel trabalhava em Alagoas para um fazendeiro que dava asilo a bandidos. Quando a polícia descobriu, ele fugiu para o Ceará para não ser preso, em 1937. Foi quando conheceu o cangaceiro Jararaca e, em seguida, Lampião.
Natural de Buíque, município a 258 quilômetros do Recife, Manuel Dantas era um comerciante aposentado, casado com com dona Lindinalva e pai de quatro filhos.
Morre Candeeiro, último cangaceiro de Lampião
Morreu nesta quarta-feira o último cangaceiro do bando de Lampião, Manoel Dantas Loiola, de 97 anos, mais conhecido como Candeeiro. Ele faleceu na madrugada de hoje no Hospital Memorial de Arcoverde onde estava internado desde a semana passada, após sofrer um derrame. O sepultamento está marcado para as 16h, no cemitério da cidade de Buíque.
Pernambucano de Buíque (a 258 quilômetros do Recife), Manoel ingressou no bando de Lampião em 1937, mas afirmava que foi por acidente. Trabalhava em uma fazenda em Alagoas quando um grupo de homens ligados ao famoso bandido chegou ao local. Pouco tempo depois, a propriedade ficou cercada por uma volante e ele preferiu seguir com os bandidos para não ser morto.
No final da vida, atuava como comerciante aposentado na vila São Domingos, distrito de sua cidade natal. Atendia pelo nome de batismo, Manoel Dantas Loyola, ou por outro apelido: seu Né. No primeiro combate com os "macacos", quando era chamado de Candeeiro, foi ferido na coxa. O buraco de bala foi fechado com farinha peneirada e pimenta.
Teve o primeiro encontro com o chefe na beira do Rio São Francisco, no lado sergipano. "Lampião não gostava de estar no meio dos cangaceiros, ficava isolado. E ele já sabia que estava baleado. Quandosoube que eu era de Buíque, comentou, em entrevista concedida ao Diario em 2008: 'sua cidade me deu um homem valente, Jararaca'".
Candeeiro dizia que, nos quase dois anos que ficou no bando, tinha a função de entregar as cartas escritas por Lampião exigindo dinheiro de grandes fazendeiros e comerciantes. Sempre retornava com o pedido atendido. Ele destaou que teve acesso direto ao chefe, chegando a despertar ciúme de Maria Bonita. Em Angicos, comentou que o local não era seguro. Lampião, segundo ele, reuniria os grupos para comunicar que deixaria o cangaço. Estava cansado e preocupado com o fato de que as volantes se deslocavam mais rápido, por causa das estradas, e tinham armamento pesado.
No dia do ataque, já estava acordado e se preparava para urinar quando começou o tiroteio. "Desci atirando, foi bala como o diabo". Mesmo ferido no braço direito, conseguiu escapar do cerco. Dias depois, com a promessa de ser não ser morto, entregou-se em Jeremoabo, na Bahia, com o braço na tipóia. Com ele, mais 16 cangaceiros. Cumprindo dois anos na prisão, o Candeeiro dava novamente lugar ao cidadão Manoel Dantas Loyola. Sobre a época do cangaço, costumava dizer que foi "história de sofrimento".
Pernambucano de Buíque (a 258 quilômetros do Recife), Manoel ingressou no bando de Lampião em 1937, mas afirmava que foi por acidente. Trabalhava em uma fazenda em Alagoas quando um grupo de homens ligados ao famoso bandido chegou ao local. Pouco tempo depois, a propriedade ficou cercada por uma volante e ele preferiu seguir com os bandidos para não ser morto.
No final da vida, atuava como comerciante aposentado na vila São Domingos, distrito de sua cidade natal. Atendia pelo nome de batismo, Manoel Dantas Loyola, ou por outro apelido: seu Né. No primeiro combate com os "macacos", quando era chamado de Candeeiro, foi ferido na coxa. O buraco de bala foi fechado com farinha peneirada e pimenta.
Teve o primeiro encontro com o chefe na beira do Rio São Francisco, no lado sergipano. "Lampião não gostava de estar no meio dos cangaceiros, ficava isolado. E ele já sabia que estava baleado. Quandosoube que eu era de Buíque, comentou, em entrevista concedida ao Diario em 2008: 'sua cidade me deu um homem valente, Jararaca'".
Candeeiro dizia que, nos quase dois anos que ficou no bando, tinha a função de entregar as cartas escritas por Lampião exigindo dinheiro de grandes fazendeiros e comerciantes. Sempre retornava com o pedido atendido. Ele destaou que teve acesso direto ao chefe, chegando a despertar ciúme de Maria Bonita. Em Angicos, comentou que o local não era seguro. Lampião, segundo ele, reuniria os grupos para comunicar que deixaria o cangaço. Estava cansado e preocupado com o fato de que as volantes se deslocavam mais rápido, por causa das estradas, e tinham armamento pesado.
No dia do ataque, já estava acordado e se preparava para urinar quando começou o tiroteio. "Desci atirando, foi bala como o diabo". Mesmo ferido no braço direito, conseguiu escapar do cerco. Dias depois, com a promessa de ser não ser morto, entregou-se em Jeremoabo, na Bahia, com o braço na tipóia. Com ele, mais 16 cangaceiros. Cumprindo dois anos na prisão, o Candeeiro dava novamente lugar ao cidadão Manoel Dantas Loyola. Sobre a época do cangaço, costumava dizer que foi "história de sofrimento".
Último cangaceiro do bando de Lampião morre em Arcoverde, PE
Manoel Dantas Loiola era conhecido por Candeeiro e tinha 97 anos.
De acordo com parentes, ele sofreu um derrame, na semana passada.
Candeeiro, último cangaceiro do bando de Lampião
(Foto: Reprodução / TV Globo)
Morreu, na madrugada desta quarta-feira (24), em Arcoverde, no Sertão pernambucano, o último cangaceiro do bando de Lampião. Manoel Dantas Loiola tinha 97 anos e era conhecido como Candeeiro.(Foto: Reprodução / TV Globo)
De acordo com os parentes, ele estava internado desde a semana passada no Hospital Memorial de Arcoverde depois de sofrer um derrame. O enterro será às 16h, no cemitério da cidade de Buíque.