O tempo e a tecnologia

Por João Augusto *

Gostamos daquilo que nos traz boas lembranças ou que nos oferece esperança. Haverá um tempo, portanto, em que esta imagem se tornará muito mais simbólica para o ato da leitura do que nossos olhos conseguem enxergar hoje. Pois fato é que a tecnologia não tem coração, mas abre portas. O mundo, que não estaciona, pode até caminhar para trás em alguns quesitos, mas não temos como frear o que advém de suas mudanças. Muitos de nós gostaríamos de ver o bebê ao lado cercado de livros de papel, com coloridas e gostosas ilustrações. Mas e o próprio bebê, e as novas gerações, com o que se identificam? Marketing à parte, o mundo mudou, e faz algum tempo. E isso não significa desprezar livros de papel. Muito ao contrário. De minha parte, sempre os terei e os dividirei com quem quiser, principalmente com meus filhos, que começaram a ler com eles e adoram folheá-los e abraçá-los. Para meus filhos, de 10 e 13 anos, o laptop ainda não chegou, mas já bate à porta. Isso, de outro lado, não nos isenta de pensar e agir primeiro na questão de despertar o interesse das crianças pela leitura. Ler, assim como salvar uma vida, está em primeiro lugar. E não a tecnologia que se usa para isso.

* João Augusto é escritor, poeta