O SILÊNCIO ANTECEDE A CATÁSTROFE
Nós, brasileiros, temos o vício do desmatamento. Não podemos ver área verde. Queremos limpar, civilizar, modernizar, cimento puro, concreto. Até o mestre Niemeyer sugere isso, em sua obra. Lembro-me da árvore do quintal de minha amiga. Quando lá voltei, nada. “Podia ameaçar o muro da casa”, justificou. Não mantivemos, como os americanos, nossas antigas casas de madeira, ecológicas. O vizinho, que tem uma vivenda coberta de hera, é criticado. O mais comum é o cimentado, lajeado, árido, sob o sol de 40 graus. Isso é considerado moderno. Bom. Não é só madeireira que desmata, somos todos nós. Nos arredores do Rio, nossos subúrbios, a vegetação das montanhas desapareceu. Somos fabricantes de deserto. Escondemos nossas raízes indígenas com o vezo de tudo desmatar, de tudo transformar num monte de lixo. Nossos riachos também se transformaram em imundas valas. Há muitos anos deixei de comprar um sítio porque, antes de entregar, o dono mandou “limpar”: derrubou a mata! Um relatório da Organização Mundial de Saúde diz que mais de 2,6 bilhões de seres humanos, 40 por cento da população mundial, não tem água de boa qualidade. Como no poema de Nietzsche: 
O deserto está crescendo.
Desventurado quem abriga desertos.
Peça na sua livraria: Editoras Itatiaia e Vozes respectivamente.
(click nas capas para mais informações):