O significado das Eleições
Por Rogel Samuel Em: 01/09/2010, às 04H27
O significado das Eleições
Rogel Samuel
A minha geração toda acredita na Democracia como o único sistema político, na soberania popular, na distribuição eqüitativa do poder e da renda, no governo que nasce do povo, do voto, da liberdade do ato eleitoral, na divisão dos poderes, no controle do poder pelo povo.
Somos uma geração que acredita nos políticos e não no que a imprensa diz sobre eles. Na realidade éramos quase todos socialistas, íamos aos comícios, fazíamos a história.
Lembro-me da turma que ficava na saída da Central do Brasil distribuindo panfletos, e dos candidatos que subiam num caixote para falar.
Depois ficamos 20 anos sem poder votar e sem comícios.
Hoje, a Internet é nossa ação política. Amanhã será o celular.
A eleição do Obama se decidiu, não na Internet, mas no celular. Minha amiga X., que morava em Los Angeles, brasileira que não vota, passou dias ao celular ligando para as pessoas para que elas saíssem de casa para votar no Obama.
Houve uma mobilização nacional.
Grande orador, Obama espelhava o desejo do cidadão e cidadã, dos negros e latinos, dos brancos esclarecidos.
A pior coisa para uma nação é não acreditar nos políticos. E também acreditar.
Por isso a Democracia.
A Democracia explicita quem é quem, quem governa para quem.
Getulio, apesar de suas contradições, só pôde ficar tanto tempo no poder, porque governava para os pobres.
Getúlio era a CLT, a consolidação das leis trabalhistas.
Quando falava, falava para os pobres, para os trabalhadores.
Aquele vocativo: “Trabalhadores do Brasil!” – não era uma simples figura de retórica.
Foi um Ditador? Sim, claro, mas naquela época todos eram: Perón, Stalin, Hitler, Salazar, Mussolini. Os americanos aparentemente não eram, mas eram os ditadores do capital.
A vida dá muitas voltas. Reis caem em desgraça e mendigos se tornam reis.
Mas isso só é possível na Democracia.
Por isso, todos que acreditam que “todo político é corrupto” cometem um crime, um grave crime: o de pensar desse modo.
A política não é coisa suja. A política determina a nossa própria vida.
A nossa vida não é coisa suja, a nossa vida não é corrupta.
E o Brasil real não é o que aparece na TV, no noticiário da TV, no noticiário policial.
Eu, você, nossos filhos, nossos pais, não somos aquilo!
Quando votamos, é o nosso sangue que estamos colocando na urna eletrônica.
E principalmente dos nossos filhos e netos, pois um país só muda devagar, através do nosso voto.
Todos que falam mal do Congresso cometem o crime maior: apunhalam a nossa mãe, ferem e tentam matar a Democracia. A nossa mãe.
Somos filhos da Democracia.