Cunha e Silva Filho


         Existe algo para mim que paira além da compreensão no tocante à grande divisão que a política suja brasileira está provocando entre brasileiros partidários do governo Dilma e outros adversários desse mesmo governo.Na rede social Facebook, se tem o quadro de divisão bipartida que vai de um ainda certo diálogo educado e até acadêmico a um quadro de xingamentos, ofensas, palavrões em linguagem de registro chulo tal é o ponto de efervescência polêmica entre petistas e anti-petistas.
       Me lembro de que, nos anos 1940, 1950 e 1960, segundo me informavam os mais velhos, inclusive meu pai, destemido jornalista piauiense, essas práticas de baixo calão e de discussões demolidoras entre partidos da situação e da oposição a um governo eram também muito aguerridas e iam até à desmoralização da intimidade e vida privada entre êmulos políticos, inclusive devassando comportamento sexual de homens e mulheres de adversários. Era um espécie de bacanal de linguagem por meio de vitupérios e achincalhes entre opositores. Isso havia no tempo da UDN e do PSD, para dar apenas dois exemplos históricos.
      Hoje, com os avanços das mídias, a situação de inimigos políticos se tornou mais visível, justamente pelos recurso audiovisuais, montagens e todo um elenco de sofisticação virtual que é possível movimentar de forma instantânea.Além disso, a comunicação virtual tem uma intensidade tão forte que é retroalimentada sem cessar, com novas imagens, novas notícias, novos vídeos, novas montagens dos dois lados de declarados inimigos.Para aumentar essa intensidade acumulativa, ainda se tem a avalanche de notícias de toda a espécie vidas de outros países, sobretudo da América do Sul.
     É possível resistir a esse nível de informações de natureza político-partidária? Não. Posto que não me agrade o emprego do palavrão e da carnavalização excessiva de alguns mais afoitos, vejo que a rede social, do tipo do Facebook, é um dos poucos canais de o cidadão reagir livremente contra erros e indignidades de políticos e de fatos escabrosos que enxameiam o país nos últimos desde a chegada do PT nos arraias da baixa política nacional.
    O que posso reafirmar sem rebuços é que o petismo, ou lulopetismo conseguiu inocular em seus prosélitos de todos os níveis de instrução foi uma forma nunca vista de misto de cegueira com fanatismo político. Ora, se existem fanatismo e cegueira ideológica é bem previsível que o petismo, agindo assim, se arvora no mais puro e santo partido brasileiro. uma simples visada nos aponta que seus prosélitos sofreram de um obnubilação do que é certo e do é é errado, do que é ético e do que é cumplicidade total com a corrupção e com o os desacerto e falcatruas em série ocorridas ao longo do petismo no poder.
   Seria pura atitude simplista e cinicamente inocente afirmara-se que o governo da presidente Dilma é correto, íntegro e digno de ser um modelo de comportamento ético. Não compacto tampouco com o baixo clero político de alguns partidos de oposição, e poderia mencionar o PSDB, O PMDB, em ter outros de maior ou menor relevância. A desmoralização da política brasileira é estrutural e corrói praticamente todos nela envolvidos. Daí a indiferença e o repúdio dos eleitores por assuntos de política.
    Se o seguidores empedernidos e cegos do lulupetismo não veem a podridão em que o país está politicamente afundado, é porque decerto o vírus infestou todos eles a ponto de enxergarem só santidade nos atos dos dois presidentes petistas. Seria o cúmulo da insensatez. Poder-se-ia questionar: houve ações que beneficiaram parte da população humilde brasileira? Sim, houve, a um preço, porém, descomunal, quer dizer, ao preço dos escândalos e desvios do dinheiro público e do sucateamento de vários setores da máquina do Estado.Ao preço –acrescentaria - da falta de ética, dos conchavos, da corrupção financeira que pipocaram tanto no governo do ex-presidente Lula quanto no atual.
    A minha tese para explicitar a minha indignação do que está acontecendo no governo federal é que não se poderá conviver com um governo que perdeu o seu compromisso com a moralidade, com a compostura, com o respeito que todo governo decente deve ter com a sociedade.
    Um governo como o atual contaminado cronicamente com as desídias da era Lula e com a sua continuidade na administração da presidente Dilma de falhas e descalabros de escândalos de ordem financeira nocivos às contas públicas, de tal sorte que culminaram com a volta da inflação, carestia, desemprego, falências, achatamento salarial (com exceção dos privilegiados membros do governo: aumento do salários do ministros, deputados, senadores, presidente da República, poder judiciário), sem se falar da convivência da sociedade com um estado de violência e barbárie sem precedentes, não pode se definir como isento de culpas e de cumplicidade com a indecência praticada no seio de sua própria atuação desastrosa.
     Fica, pois, insustentável defender um governo com todos esses vícios e esse defeitos de natureza ética. Umberto Eco, apesar de sua imensa cultura, falou mal das redes sociais, alegando que ela inaugurou, em nosso tempo, um espaço de imbecilidades. Não, a meu ver, ao contrário, as redes sociais têm lá suas grandes imperfeições, mas não deixam de ser um fecundo e democrático fórum de debates e trocas de ideias.