[Maria do Rosário Pedreira]

Quando Portugal foi o país convidado da Feira Internacional do Livro de Frankfurt, em 1997, nos últimos dois dias de feira puseram-se no chão do stand pilhas de revistas, catálogos e outros materiais para que os levasse quem por ali passasse e quisesse, pois mais caro ficaria trazê-los de volta ao País. Todavia, a agente alemã que trabalhava connosco na iniciativa alertou para o facto de os alemães desconfiarem do que é oferecido. Ignoro se isto é verdade e se outros povos pensarão da mesma maneira, mas li recentemente um artigo que me fez pensar que, se as sessões com escritores fossem pagas, talvez a intrínseca promessa de qualidade levasse mais gente a assistir. Preocupados com as espantosas vendas de livros electrónicos, os livreiros norte-americanos lembraram-se de que os e-books têm o handicap de não trazer autógrafo e que, mesmo que o venham a trazer, não passará nunca de uma assinatura digital. Vai daí estão a pensar (com muitos adeptos a favor) cobrar bilhete ao público (cerca de 15 Euros) nas sessões com autores, bilhete que pode ser trocado ou descontado no preço do livro que o escritor assinará in loco, ou simplesmente funcionar como garantia de qualidade da sua prestação. A ser verdade o que dizia a agente alemã, os seus conterrâneos ficarão mais confiantes a partir de agora.