O PLANALTO E O POVO NAS RUAS

Cunha e Silva Filho

Não é possível que, leitor, com tantos canis de televisão no país dedicados, em grande parte à reportagens sobre violência no país, a Ilhada Fantasia, criada por Juscelino Kubtischeck, por uma ideia antiga de que um dia, o que era pensado se tornou um realidade com custos altíssimos para o Poder Executivo e a outra ideia dele de fomentar a indústria automobilística, ao invés de construir estradas de ferro cortando o país e evitando a dependência até hoje do ouro negro.

Obviamente, a indústria de carros também faz falta e teria que forçosamente surgir como ocorreu com os Estados Unidos. Só que na terra do Tio Sam, as estradas de ferro se intensificaram e foram muito úteis ao desenvolvimento integral norte-americano. No Brasil, a ênfase posta nas rodovias foi maciça em desproporções gigantescas de uso de caminhões para transportar produtos de todos os setores do desenvolvimento brasileiro.

Grandes e luxuosos prédios públicos tiveram que ser construídos em Brasília, nome da nova capital brasileira inaugurada em 21 de abril de 1960, acarretando despesas gigantescas aos cofres públicos. Por outro lado, não se pode ignorar o fato de que o governo de J.K. realizou obras importantes no setor industrial , sobretudo tendo em vista o seu “Programa de Metas”

Com isso, a capital antiga da República, o Rio de Janeiro, sofreu um esvaziamento e uma declínio também de grandes proporções e nos vários setores de sua vida social ao longo do tempo: transportes precários, educação sucateada, saúde desmoronada e o que é mais grave ainda: desenvolvimento da criminalidade em escala jamais vista, tendo como outra competidora nesta questão, a cidade de São Paulo, cujo nível de criminalidade atingiu já seus limite máximo sem a contrapartida de esforços dos sucessivos governos estaduais incompetentes para debelar ou, pelo menos, minimizar o desastre e o caos sociais instalados sem dó nem piedade, a ponto de deixar seus habitantes em constante perigo de perder a vida e os seus bens materiais. O maior mau exemplo de governanças da capital se situa tanto no centro paulistano quanto nas periferias.

Ninguém, no Centro de São Paulo, pode andar a pé ou mesmo dentro de um carro com o seu celular ou pertences, sem ser assaltado de repente por um multidão de delinquentes prontos a fazer vítimas, amiúde, fatais. Parece um quadro surreal de iniquidade e perversidade perpetradas por bandidos impunes.

Creio que a iniciativa do J.K era por razões políticas, pois, afastando o povo dos três poderes, seria mais fácil se livrar de grandes manifestações populares reivindicando direitos e um bem-estar melhor para o a sociedade brasileira. No Planalto os políticos ficariam mais seguros, e a salvo de maiores massas populares enfrentando os erros, desmandos e ações desidiosas sobretudo as acarretadas pela impunidade dos “donos dos poderes.”

Criou-se, assim, uma realidade vantajosa para os políticos e para as decisões de governança. Os dirigentes do Brasil ficam pois, afastados da Nação como um todo e, portanto, os grandes males sociais ocorrentes no cotidiano do país não são sentidos diretamente pelo Planalto que, a meu juízo, nem assiste ao que ocorre nos grandes centros do país infestados de milícias, marginais e organizações criminosas, nas quais impera o jugo dos facínoras do tráfico bem armado, muitas vezes mais bem armados do que os agentes de segurança. Deve-se ressaltar um fato importante: o grande de erro da crescente criminalidade teve como seu eixo maior o enorme incremento de favelas, permitidas por sucessivos governos que não se importaram com o setor de habitação nas grandes cidades eufemisticamente chama das de “comunidades”, nas quais os traficantes encontraram o seu melhor locus para se homiziarem e levarem vantagens quando em confronto com a polícia militar ou civil.

Permitiram, por diversas razões, entre as quais as político-eleitoreiras, que se intensificassem, nos morros cariocas, construções precárias, fazendo surgir um verdadeiro urbanismo precário, sem saneamento básico, paralelo e à margem da lei do Estado Brasileiro.

Essas comunidades, com o tempo, foram torando-se mais habitáveis, tendo conhecido algumas melhorias do setor público, mas, no geral, permaneceram à margem da ordem pública e deram impulso a que organizações criminosas tomassem conta de serviços clandestinos de gás, luz, entre outros., tornando sesus moradores reféns dos chefes de tráfico que de quando em quando, se defrontam com outros chefes de tráfico e começam um batalha entre si pelo domínio das comunidades, geralmente compostas de emigrantes nordestino e pessoas negras de baixa renda. Hoje, as comunidades são verdearias “cidades paralelas.”

Desde os tempos da ditadura militar-civil, com os seus governadores biônicos, ou seja, escolhidos pelo presidentes- militares, e não pelo voto popular, o Rio de Janeiro tem sucessivamente tido maus e governantes( à exceção, em alguns setores da vida pública, de Brizola), cujo ponto mais execrável foram os dois mandatos do pior governador da história política do Rio de Janeiro, o Sr. Sérgio Cabral, verdadeiro exemplo da mais desonesta administração onde imperava as malversações mais hediondas cometidas por um governador , agora, solto e praticamente livre de outros processos que o levariam a uma prisão perpétua pela soma de processos contra a administração estadual, com penas em torno de 400 anos!

Ele próprio, teve o desplante e o descaramento de confessar, diante do juiz que o interpelava, haver mesmo cometido os seus desvios de dinheiro e as suas ações criminosas. Portanto, um réu confesso. Num país sério, a liberdade de um mau governante como ele o deixaria na masmorra pelo resto da vida.

Enquanto isso, o Planalto faz ouvidos moucos e vista grossa para o grande e insidioso mal número 1 do país: a criminalidade, um caso de polícia, para ser de propósito conscientemente redundante à triste realidade brasileira.

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