O PIAUÍ PERDEU UM FILHO ADOTIVO

                                                                                        José Ribamar Garcia

                                

                              Ao ler o número 428 do jornal “Linguagem Viva”(SP), dei com a triste e surpreendente notícia do falecimento do escritor Enéas Athanásio, ocorrido no dia 4 de abril deste ano.

                             Enéas nasceu em 1935 em Campos Novos (SC) e faleceu aos 90 anos no Balneário Camboriú (SC), onde vivia.

                            Homem versátil, de ação e de atividades várias. Foi promotor de justiça, professor universitário, jornalista, escritor, crítico literário, biógrafo. E a todas exerceu com eficiência e amor. Deixou além de saudade uma vasta e profunda obra, composta de 61 volumes, entre romances, contos, crônicas, crítica literária, ensaios (jurídicos e literários) e biografia. Inclusive a biografia do escritor mineiro Godofredo Rangel, intitulada “O Amigo Escrito”, como a ele se referia Monteiro Lobato, com quem manteve uma correspondência literária durante quarenta anos consecutivos. Fato inusitado na história da Literatura universal.

                           Enéas estreou na literatura em 1973 com o livro de contos “O Peão Negro”, editado pela Editora do Escritor, de São Paulo.  E, nesses últimos anos, vinha dedicando-se à sua coleção nominada “Livro sobre Livros”.  Trata-se da reunião, em livro, dos seus artigos sobre autores nacionais e internacionais. Material que fora publicado pelos  jornais “Página 3”, do Balneário de Camboriú (SC), Linguagem Viva” (SP) e pelas “Revista Blumenau em Cadernos” (Blumenau-SC), e “Revista Rio Total” (Rio de Janeiro-RJ).

                            A idéia da coleção foi a de divulgar autores, muitos lidos na sua época, e esquecidos posteriormente. Uma forma de lhes fazer justiça, resgatando-os à atualidade  e, ao mesmo tempo, prestando relevante serviço à literatura.      

                        O quinto volume dessa coleção, que acabara de sair, revela uma das paixões de Enéas pelo Estado do Piauí ao citar três autores desse estado. Diga-se de passagem que essa paixão era  correspondida, pois  o Piauí o adotou,  concedendo-lhe o título honorário de Cidadão Piauiense. E sua morte deixou seus leitores e a intelectualidade piauienses consternados.