O Palácio Manixi


Rogel Samuel



O Palácio Manixi parece que existiu. Não foi só produto da minha imaginação delirante.

Escrevi todo "O amante das amazonas" em torno de um palácio imaginário construído no meio da selva amazônica, o Palácio Manixi, que muita gente identifica com o Palácio Rio Negro de Manaus, mas não é.

O Manixi era maior, muito mais luxuoso, símbolo da riqueza da borracha do Amazonas. Era uma edificação Art Nouveau e eu perdi muitos leitores com o rococó do meu estilo rebuscado imitando os escritores da época ao descrevê-lo. Gastei 10 anos escrevendo o livro, que teve 10 versões!

Naquele ponto o leitor acha o livro chato e o abandona (o leitor é uma coisa muito delicada e podemos perdê-lo com facilidade). Assim, raras são as pessoas que realmente leram o livro, e até pela maneira de falar-me sobre a leitura eu posso saber se leu ou não. Porque os meus verdadeiros leitores tiveram dificuldade e leram o livro mais de uma vez para descobriram o mistério que ali está escondido no fundo da floresta.

Eu nasci na pobreza e nela continuo até agora, mas sempre ouvi as alucinantes estórias da riqueza de meu avô Maurice Samuel que não conheci, homem culto e sofisticado de quem herdei parte da biblioteca, hoje perdida. Meu avô é a raiz do livro.

Pois bem. Foi lendo o livro do sábio amazonense Agnello Bittencourt, "Reminiscência do Ayapuá", que soube agora da existência de um grande prédio, conhecido como Casa Grande, na região do rio Purus, prédio que até pode ser um protótipo do Manixi.

Li o raríssimo livro em xeróx, ofertado por um descendente do Mestre Agnello, que foi
professor de minha falecida mãe, mas o terceiro capítulo está no nosso blog em: LIVROS ONLINE.

Na foto aparecem os netos de Loureço Mello, que é meu personagem em "Teatro Amazonas".