Couto de Magalhães escreveu que certa tribo da Amazônia mantinha uma estranha tradição, a de escolher um índio para ser o "marido das viúvas". O índio devia possuir certas qualidades como virilidade e força para dar conta da sua tarefa social, e tinha de ser era jovem, bem apessoado, etc. O escolhido não trabalhava e era tratado com toda deferência e cuidado pelo seu harém e respeitado pela tribo.
Quem relata e cita é Raymundo Moraes, um homem sério, não ia inventar. Era introvertido, andava por Manaus sem falar com quase ninguém. Vivia para seus livros.
Couto de Magalhães assim escreveu: “Entre os quatro mil arcos guerreiros das oitenta aldeias de chambioás, carijós, curujaús e pavões, que havia em cada uma dessas malocas um indivíduo robusto, bem apessoado, jovem, que não caçava, não pescava, não remava, não pelejava, não trabalhava, enfim.
Isso levou-o a indagar de um dos chefes, o motivo de tão alto favor no meio dum povo laborioso e enérgico, em cujo seio floresciam as roças, abundavam a pescarias, constatavam-se as lutas com o inimigo. O tuxaua respondeu-lhe, então, que esse indivíduo era apenas e unicamente o marido das viúvas daquela tribo. Não tinha outro mister. E que a paz fruída pela família selvagem desse núcleo, provinha exclusivamente daquele companheiro, alçado ao cargo por uma lei imemorial, instituída entre eles. Nessas tabas, aparentemente ermas de qualquer regimento disciplinador, de qualquer estatuto social, a moralidade se mantinha rígida; e não é só isso, todos gozavam de profunda tranqüilidade. Os zelos, os mexericos, as intrigas, os ciúmes, que as viúvas poderiam, com ou sem motivos, despertar nas casadas, não existiam ali. (Morais, Raimundo. “O país das pedras verdes”. Manaus, Imprensa pública, sd, p.289-299).
Eu o cito da Internet, já que não encontrei meu exemplar.
Morais nasceu em Belém, em 1872, e faleceu em 1941. Já aos 13 anos "prático", ou piloto, no Rio Madeira, junto com seu pai. Autodidata, estudava a bordo, nas horas vagas. Vítima de perseguição política, transferiu-se para o Amazonas. Publicou 15 livros e foi o autor do primeiro "best-seller" da Amazônia, "Na planície amazônica" (Prêmio da Academia Brasileira de Letras), do qual saíram várias edições e é lido até hoje. Eu tive a primeira edição.
Como era “adversário” de Péricles Moraes, nunca entrou para a Academia Amazonense de Letras. Em compensação ostentava título de organismo internacional - a "Societé des americanistes de Paris". 
Dizem que o sucesso de "Na planície amazônica" começou quando ele conseguiu fazer chegar às mãos de Getúlio Vargas um exemplar. Getúlio leu, gostou e divulgou.