“O LOBISOMEM” de R.F. Lucchetti, resenha

 

 

                                                          Miguel Carqueija

 

 

     Editora Fittipaldi, S.Paulo, 1995

 

     Série Pocket Suspense Rubi, 2

 

 

     Esta noveleta vem assinada por um dos mais prolíficos autores brasileiros de narrativas policiais, de ação e terror, e cujo estilo é seguro e atraente.

     Lembro-me do terrível conto “A mansão de Sonora”, publicado nos anos 60 por uma das revistas policiais (creio que a X-9) da Editora Rio Gráfica. Pois aqui encontramos de novo a estranha região de Sonora, na Europa Central, onde o ilusionista Talbot Wills, ao tentar desmascarar o fenômeno espírita das materializações, acaba testemunhando um crime bárbaro perpetrado por uma criatura das trevas e, o que é pior, sendo acusado pelo homicídio e perseguido por uma populaça fanática e disposta ao linchamento.

     Os personagens não são muitos: o Dr. Otto Zoberg, estudioso de fenômenos sobrenaturais, o senhor Morbihan e sua filha Laura, o policial O’ Bryant, o juiz Pursuivant e, naturalmente, o lobisomem do título. O interessante é que, através do juiz e dos seus livros, se procura examinar o fenômeno da licantropia sob o prisma científico. Autores como Richet são mencionados. Pursuivant, buscando vencer o ceticismo de Talbot, refere-se aos casos ocorridos no século XVI, quando lobisomens eram julgados e executados.

     Detalhe original, também, é a revelação da psicologia do lobisomem. Entre os fatores determinantes do fenômeno, são elencados: solidão e desgosto; fome de alimentos proibidos (como carne humana); desprezo e ódio aos seres humanos; curiosidade pelo oculto; loucura. Complexo satânico. E também a “vontade de fazer o mal”.

     Para os interessados na pouco conhecida literatura brasileira de terror, uma boa pedida.