(Miguel Carqueija)

Uma obra menos conhecida de um grande mestre do cinema:

O INICIO E O FIM DE CARREIRAS NO CINEMA: CHARLES CHAPLIN (2)


    Já vimos (Anexos da Realidade, 6/9/2011) a controvérsia sobre os últimos trabalhos de Chaplin. Quanto ao início de sua carreira, a maior parte das referências menciona “O garoto” (The kid), de 1921, como o seu primeiro filme de longa-metragem. Aliás, uma das películas mais humanas e envolventes que já assisti (lembro como emocionou minha mãe, quando passou na televisão).
    Podemos, sem dúvida, estipular “The kid” como o primeiro filme longo que Chaplin produziu e dirigiu. Como ator, porém, já havia aparecido em “Tillie’s punctured romance” (O romance furado de Tillie), obra conhecida no Brasil como “O casamento de Carlitos”, que, tendo a data de 1914, e 71 minutos de duração, parece ser a primeira fita longa do cinema norte-americano, antecedendo de um ano ao clássico “Nascimento de uma nação”, de David W. Griffith.
      Chaplin não fez, aí, o popular Carlitos, o vagabundo bondoso e fura-vidas. Nem sempre ele fazia esse personagem e, até, eventualmente interpretava vilões. É o caso desta comédia, onde Chaplin interpreta um vigarista que se aproveita da boa fé de uma mulher gorda, Tillie (Marie Dressler) para explorá-la. No elenco também aparece Mabel Normand, estrela de Mack Sennett, e naquela época mais famosa que Chaplin (era comum no cinema mudo que artistas interpretassem personagens que levavam seus próprios nomes; em várias comédias curtas de Sennett, feitas naquele ano de 1914, o titulo original refere-se a Mabel quando no Brasil colocaram Carlitos).
        Parece-me que Chaplin co-dirigiu “Tillie”. Naquele ano de 1914, quando começou no cinema, atuou em nada menos de 35 filmes, sendo curtos os outros 34. Em janeiro de 1978 (Chaplin faleceu no Natal de 1977) “Tillie” passou nos cinemas do Rio com o título “Charles big romance”, propagandeado como lançamento. Será, mesmo, que foi lançado no Brasil mais de sessenta anos depois da edição original?