SESSÃO  NOSTALGIA:

 

Sábado, 13 de janeiro de 2018

O GOVERNO FEDERAL E A OPINIÃO PÚBLICA: O CASO BRASILEIRO

 

 

                                                                Cunha e Silva Filho

 

 

      Nem é preciso  ser economista  ou cientista  político para entender a situação ambígua  e  penumbrosa da realidade  nacional. Aqueles dois  especialistas, o mais das vezes,  antes complicam  do que informam claramente  o que se  passa  no  país  chamado  Brasil. Inclusive, assim fazendo,  não falam  ao povo na linguagem que  este  possa compreender. Usam, em geral,   um discurso  técnico, no qual a subjetividade (tão por vezes  fundamental na comunicação na relações humanas)  cede lugar  proeminente   à neutralidade e frieza  dos pontos de vista  político-ideológicos. O que lhes importa, sobretudo para os economistas, são as equações,  números,  cálculos e estatísticas. A felicidade de uma Nação não se mede pela bitola   da riqueza de poucos em detrimento  da  desigualdade  da maioria. A felicidade  de uma país  é consequência de um  governo  regido  pela ética  e  pelo  bem-estar  coletivo. Não pelas recorrentes e cínicas  falcatruas  de  políticos nem pela impunidade, nem  pela propaganda  milionária, usando  dinheiro  do contribuinte,  enganadora    e lesiva  à sociedade.

     Sou da área de Letras e com muito orgulho porque, ao me decidir  sobre o que pretendia da vida,  já sabia    que,  a despeito de todos  os  grandes óbices   encontrados no próprio campo dos estudos literários, no meio literário, tanto dentro dos muros  acadêmicos quanto   na vida cá fora, no cotidiano  brasileiro, só me sentiria  feliz e  relativamente realizado. Esta nunca será  plena e tal  raciocínio se estende  ao ser humano em geral.

      Por essas premissas  é que costumo ouvir a voz das pessoas de  diferentes níveis  de escolaridade,   as conversas com um e outro, em lugares diversos: supermercados,  bancos,  filas,  o somatório das informações da imprensa, editorais,  artigos de  bons colunistas e cronistas, programas  televisivos, entrevistas,   os papos com  conhecidos e amigos e, last but not least,  a minha  longa  experiência docente. Ah, faltou  outra aliada para o entendimento do meu país: a literatura  brasileira em todos os gêneros, as leituras em  outras áreas do conhecimento  humano e o que aprendi  com o passar dos anos.

     Equipado com  todo esse background,  me sinto   preparado a enfrentar  os debates   sobre   questões  cruciais e emitir minhas opiniões sobre  temas  que me   chamam  a atenção.  Opiniões  que podem  ser  divergentes    para muita gente,  porém  que refletem   o meu jeito de ver  e entender  o que me cerca social, politica e culturalmente.

    Desta maneira,  não estou  feliz com o que  ocorre com o atual  governo  federal nem com  os governos   mais recentes, em muitos aspectos desastrosos ainda que aclamados  por tanta gente  letrada e de bom caráter, alguns até amigos.

     A maior pendência(pândega?) política atual  é a tal   reforma  previdenciária. Diante do tema, me pergunto: “qual foi o fator determinante  para que  essa reforma  se tornasse  assim tão  vital  ao país? Não seria mais  acertado e  urgente se responder  por que  o Brasil  chegou  a essa  situação  de desespero financeiro? Me respondam, então,  os  políticos. Por que há uns 15anos não se fez nada   para deixar que  o problema   de ajuste fiscal  chegasse  ao nível supostamente   ameaçador?

     O governo  Temer  quer,  por força  de  compra de  votos  de parlamentares  sem  espírito  público,  somar  votos suficientes  de partidos aliados  a fim de  que  a reforma  da previdência  seja aprovada?   Não seria o caso de se  indagar   por que governos recentes  seguidamente  gastaram perdulariamente   o que não podiam  e, agora,  vêm  posar de salvadores  de um país   que maltrata  a sociedade e principalmente  os mais   desafortunados? Temos nós como  povo   que pagar  por toda a  ilícita gastança rabelaisiana,  sobretudo do Executivo e Legislativo.  Não, Sr.Temer, não é assim  que a banda toca. Não me venha  afirmar  que   o funcionalismo federal   tenha  que  pagar  pelo pato das mordomias nababescas   que  o governo federal  usufrui com voracidade. Há limites,  Presidente,  para tudo, até para o cinismo que pratica às escâncaras e sem nenhum constrangimento de parlamentares.

     O fato de o Sr.  determinar,  através do  frio e calculista atual  Ministro da Fazenda,  o congelamento dos  salários dos funcionalismo por um ano  ou dois, além de injusto  é perverso tendo em vista que o custo de vida  tem aumentado   sem dó  e maltratado  o bolso do barnabé. Veja que o seu governo, assim como  outros   que  o precederam,   determina, pela agências federais,  o  constante e alto aumento  dos remédios,  dos planos de saúde,  dos vorazes  impostos embutidos  na compra de qualquer item  de produtos vendidos, das tarifas   diversas (gasolina,  gás,  etc.).  Isso, no mínimo,  é outra maldade  de seu  governo. 

    Tudo, no comércio, na indústria e em outros setores de negócios está   aumentando  de preço. Enquanto isso, é forçoso reiterar, os salários dos servidores  federais, combinado  com  os estaduais e municipais, permanecem  imobilizados. Isso  é uma insensatez.

     Por outro lado,  na televisão  pipocam  as mentiras  governamentais  gastas a peso de ouro, tão  nocivas  e  inoperantes quanto  as chamadas  propagandas     eleitorais obrigatórias com seus discursos   demagógicos  e que não mais convencem   espectadores   conscientes.

    O bem-estar  dos palacianos  não é o da  população  miserável  deste país   com  futuro sempre  adiado. Brasília politicamente deu as costas  para  as vicissitudes  por que passa   o  nosso  povo. Pagará caro  por isso.

 

    Estejam certos  os governantes  do país  de  que  “Água mole em pedra dura tanto  bate até que fura.” As eleições de 2018, de alguma forma,   mostrarão  a esses  políticos que o pais com a Internet  e as  redes sociais,  com  os  vídeos  viralizando   pelo mundo  afora,  mostrando como se  comportam  governantes, ministros,   deputados, senadores, prefeitos e vereadores é outro e menos  ingênuo. Os eleitores  serão mais cautelosos,  pensaram  duas ou mais vezes antes de darem  o voto  e é nessa fase  de  corrida  aos mandatos que a porca torcerá o rabo. Quem viver,  verá. 
A voz do povo – diz a velha  expressão -  é a voz de Deus; todavia,  no caso brasileiro,  tem sido, infelizmente, a voz de um presidente   denunciado pela  Polícia Federal e Ministério Público.  O Sr. Temer quer ficar na História  brasileira  como  o "salvador da  Previdência Social" com  um  séquito de  bondosos  ministros, todos eles amigos do  povo...

Postado por Cunha e Silva Filho às 07:38 

2 comentários:

memiliajaneiro 15, 2018

Excelente texto! Pela clareza das ideias, pela força expressiva dos conteúdos veiculados e por nos fazer pensar com bastante seriedade sobre o que anda acontecendo em nosso país. Vou tomar a liberdade de lançar mão desse texto para trabalhar em sala de aula. Abraços, Maria Emília Cruz Tôrres.

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Cunha e Silva Filhojaneiro 15, 2018

Obrigado, minha ilustre Professora Maria Emília Cruz, de quem tive o prazer e o privilégio de conhecer nos anos 1970 , na Faculdade de Letras. Quanta saudade! V. sabe, Maria Emília, que, no meu livro mais recente, de título "Apenas memórias" (2017), a sua pessoa mereceu um pequeno comentário de saudade que lhe fiz. Ainda hoje tenho um livro seu, "A criação literária", de Massaud Moisés, São Paulo: Editora Melhoramentos,2. ed , revista., s.d. Inclusvie na página incial há seu nome carimbado: Maria Emilia Cruz. Se V. assim o desejar, lhe mandarei de volta após tantos anos. Não o devolvi, naquela época que me emprestou, porque não tive a oportunidade de encontrá-la mais. Fico felicíssimo e mais ainda honrado em saber que o antigo colega e - permita-me dizer - amigo, lhe servirá de motivação a uma aula sua, ilustre professora e linguista que é. Abraços do colega e amigo Francisco da Cunha e Silva Filho.

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