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Os Numas, posteriormente, a partir de um certo trecho do romance rogeliano, já não se revelarão assim tão mitificados. “Foram dez anos de pesquisa”, diz o criador ficcional. Ficaram imobilizados dez anos em um arcabouço mítico sui generis, no entanto, vivos e oportunos. Não que o lendário arcabouço mítico númico tenha desaparecido para sempre das linhas ficcionais rogelianas, apenas ressurgiu, dez anos depois, transformado, a transmutar os Numas em distinguidos rapazes, com “os olhos amendoados e escuros”  em seus “corpos de criança graúda”. Mas, ao longo do narrar pós-moderno/pós-modernista de Segunda Geração [os Numas/Numes], continuavam/continuaram/continuam/(continuarão?), “sem revolta”, “puros fantasmas”, pois “encantavam-se”/encantam-se em lendas inimagináveis, multiplicando-se, ainda “sem sublevação”, graças à “floresta pré-histórica” (o mito de ontem, de hoje e de sempre) que “os neutralizava” e ainda os neutraliza. “Floresta de ouro, de leite”, de temporário e aéreo contentamento mito-poético. “Oh, ruturas!” Oh, violações! Oh, infrações pós-modernas/pós-modernistas de Segunda Geração modificando o ato de narrar do diferenciado narrador do espectante e entrópico momento pós-moderno. E como há ainda hoje poderosos “seringalistas”/analistas tentando “caçá-los a tiros” com velhas espingardas, resguardados por amansadas tribos e anosas críticas já em desuso. As lendárias e intrépidas amazonas guerreiras, agora definitivamente pós-modernas, deliberaram, em um certo momento narrativo-intuitivo, ostentar suas verdadeiras formas enérgicas.

 

 

Tivessem [os Numas/Numes] ido embora para sempre”! “Ou [fossem] só vento integrado nas árvores”! Se assim fosse, o regulamento que impõe esquecer os Numas/Numes seria o triunfo das imposições do mercado ficcional ardiloso. Seria mais compensador, pelo ponto de vista da ficção linear, se os Numas fossem apenas personagens de uma narrativa singela, cumprimentada por todos os leitores massificados, personagens-referentes aos tempos heróicos da humanidade guerreira, ou mesmo respeitantes a heróis incríveis, utópicos, irreais? Mas, não é/será exatamente assim que a narrativa prosseguirá. Eles continuam/continuarão a surgir, ao longo desta ficção pluri-dimensional, “pulverizados, sem unidades individuais”, reprovados sublinearmente pelo próprio narrador-personagem Ribamar de Sousa, por enquanto, ainda propenso à representação exteriorizada do narrar histórico, ainda meio que reverente aos conceituais dogmas de sua realidade sócio-substancial. Não. Assim não terei, como, teoricamente, me impulsiono, uma resposta pós-moderna/pós-modernista, esclarecedora e satisfatória, aos meus argumentos crítico-reflexivos. Eles não foram embora, e retornaram, intermitentes e aéreos, mas, por enquanto, “puros fantasmas”, aguçando a minha reflexão interrogativa, dissimuladamente travestida em crítica literária. Eles retornaram e invadiram a “casa primordial”, a Floresta do narrador pós-moderno. E esta “construção” está bem sedimentada nas lembranças e nas recordações do anticonvencional ficcionista.