O Estádio do Maracanã: tumulto entre policiais e índios Cunha e Silva Filho

                     Anteontem, o Rio de Janeiro presenciou um lamentável e raro incidente envolvendo indígenas e a força policial.Por muito tempo, os índios vivem em paz num velho prédio chamado “Aldeia Maracanã”. Deve este nome à sua localização vizinha ao mundialmente famoso Maracanã.
                     A Polícia recebeu determinações judiciais para invadir o prédio e expulsar os índios. Entretanto, a forma de abordagem policial não respeitou os modos educados de dar tratamento aos índios brasileiros, Segundo um dos líderes indígenas, a Polícia empregou o uso da força, isto é, utilizou-se de gás lacrimogêneo, tiros de balas de borracha, spray de pimenta, além de uso da força física com total desrespeito aos indígenas.

                   Este fato é duplamente irracional, pois até altos funcionários públicos tais como um Procurador da República, um Defensor Público e um advogado foram da mesma forma vítimas de abuso de autoridade por parte da Polícia.Diria que a Suprema Corte de Justiça deveria tomar inciativa a fim de mandar investigar com rigor os motivos que levaram a Polícia do Rio de Janeiro a agir assim brutalmente contra membros importantes do governo federal. Em nenhum outro momento da história dos governadores do Rio de Janeiro tivemos notícias de que a máxima autoridade estadual se comportasse com tanta arrogância como o atual governador carioca.
                  É do conhecimento geral que o governador de um estado é a mais alta autoridade com prerrogativa de determinar à Polícia para reprimir desordens, porém o que se viu foram atos de covardia para com as vítimas que ali estavam para negociar de forma civilizada e não serem tratadas com violência.
                  Durante a invasão houve igualmente protestos na maioria de estudantes que ali estavam para se solidarizarem com as reivindicações dos indígenas e seus direitos de permanecerem no velho casarão. Os estudantes, da mesma forma, foram reprimidos pelas tropas estaduais. 
                 O incidente me fez lembrar dos anos sombrios da repressão durante a ditadura militar.
A razão pela qual o estado do Rio de Janeiro decidiu a expulsar os índios do velho casarão, o qual é também conhecido como o Museu do Índio, foi meramente econômica, visto que tem-se em vista privatizar o Maracanã ainda atualmente sob o controle do estado. O objetivo do governo é transformar o Maracanã num grande estacionamento e também utilizar o espaço restante para construir um shopping comercial. Talvez estes sejam os motivos principais que levaram o governo a recorrer à Justiça a fim de retomar o velho prédio. Como se vê, estão em joga razões financeiras.
                Por outro lado, é lamentável que o poder judiciário tenha tomado uma posição que só vem trazer benefícios para o lado financeiro da questão e não, como seria de esperar, dar suporte ao lado mais desprotegido, isto e, o direito de os indígenas de permanecerem num lugar que pelo tempo já consideram seu “lar” e seu hábitat. Que eu saiba, os índios até hoje nunca deram motivos de reclamações da parte de moradores da vizinhança do Maracanã.
               Cumpre ressaltar a circunstância de que o Estádio do Maracanã se encontra agora em fase de ampla reforma e modernização tem do como meta os futuros eventos mundiais a serem realizados na cidade do Rio de Janeiro. Só para citar alguns destes megaeventos, temos os Jogos Olimípicos, a Copa Mundial de Futebol.