Casa da Fazenda Canela. Registro Wikipedia
Casa da Fazenda Canela. Registro Wikipedia

A série de podcasts O Essencial da Literatura Piauiense volta a circular. O escritor piauiense da vez é Nogueira Tapety (1890-1918), que produziu poemas panteistas reconhecidos pelo cânone. Para falar sobre o que individualiza a obra de Tapety, Entretextos ouviu Rosemary Brandão da Silva, pesquisadora da obra do vate.

QUEM FOI O NOGUEIRA TAPETY

"Benedito Francisco Nogueira Tapety nasceu na fazenda Canela, em Oeiras, a 30 de dezembro de 1890. Era filho de Antônio Francisco Nogueira e Aurora Leite Nogueira. Morreu na cidade natal, a 18 de ja­neiro de 1918, aos 27 anos.

Jornalista desde o tempo de estudante de Direito, colaborou no Diário de Pernambuco, do Recife. e em outros jornais da época, como "O Piaui", "O Diário", de Belém, e, depois, no Diário da Madeira. Bom aluno, orador fluente e poeta inspirado.

Formou-se pela Faculdade de Direito do Recife, em 1911. Fez o curso jurídico assinando Benedito Francisco Nogueira. Conforme Cristino Castelo Branco, seu companheiro de faculdade, a denominação Tapety, apelido de família, ele resolveu incorporar ao próprio nome - Benedito Francisco Nogueira Tapety, literariamente Nogueira Tapety.

Formado, o bacharel exerceu a profissão com brilhantismo. Em 1912, foi promotor público de Oeiras.

No ano seguinte, em 18 de novembro, foi nomeado delegado-ge­ral de Teresina, lotado no gabinete do governador Miguel Rosa (1912­1916). Recebeu o cargo de Lucídio Freitas, outro contemporâneo seu de faculdade.

Ainda em Teresina, foi professor do velho Liceu Piauiense (atual Colé­gio Estadual Zacarias de Góes), onde lecionou Filosofia, Psicologia e Lógica."

In Antônio Miranda

 

CONHEÇA UM DOS POEMAS MAIS FESTEJADOS DO POETA

 

Senhora da Bondade

 

Não te quero por tua formosura

De rainha da graça entre as mulheres,

Quero-te porque és boa, porque és pura

E ainda mais porque sei que tu me queres.

 

A beleza exterior nem sempre dura.

E a d'alma, estejas tu onde estiveres,

Ungiras de meiguice e de doçura

Tudo em que a bênção deste olhar puseres.

 

Eu sou artista: encanta-me a beleza,

Em ti, porém, abstraio-a, inteiramente,

E penso amar-te assim com mais nobreza;

 

Pois, se te esqueço a forma e a mocidade,

É para amar em ti unicamente

A encarnação suprema da bondade.

 

OUÇA O ESSENCIAL DA LITERATURA PIAUIENSE: A POESIA DE NOGUEIRA TAPETY