O espelho de Carroll, volume 1 (Resenhas, ensaios e outros textos sobre temas piauienses
Por Cunha e Silva Filho Em: 28/11/2024, às 18H12
Meus estimados leitores: em primeira mão, não resisti em postar aqui mais um livro que organizei sobre autores piauienses. É o volume 1 , o qual abrange 25 autores,nesssasfase etárias: alguns do passdo, já faleidos; os mais velhos, ainda vivos e outros mais moços ou bem novos além dos já maduros ..(Antecipo, é peciso qeu o diga, que essa publicação é apenas um rascunho). Eu espero que tenha contribuido com esta obra para um maior conhecimento de autores da minha terra. Foi um trabalho árduo e que exigiu vitalidaade minha e paciência. Diria mais: Foi escrito pensando, afetiva e intelectualmente, nos autores da minha terra natal, consistindo de uma reunião de textos escritos há tempos em jornais da capital, Teresina, i e., num Site americano acadêmico, www.academia.edu., - Francisco da Cunha e Silva Filho, revistas do Piauí e de outros estados. Outros foram publicados no meu Blog ,As ideias no atempo (por ora, desativado, mss pode ser consultado ), no Site Entretestos direção de Dílson Lages Monteiro,, no Site Sky Culture Magazine e na reivsta romena Orizont Literar Contemporan(OLC), Seção~de autores franceses; Direção de Daniel Dragomeriscu, Bucareste, Romênia. São resenheas. ou estudos mais acadêmicos que, de certa maneira, vão propiciar ao leitor uma panorama do que vem sendo ou já foi publicado no Piauí em, pelo menos, três décadas, talvez mais.
Boa leitura .
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CUNHA E SILVA FILHO
O ESPELHO DE CARROLL Volume 1
(Resenhas, ensaios de autores piauienses e outros temas)
CUNHA E SILVA FILHO
Da Academia Brasileira de Filologia (ABAFIL )
1ª edição
Editora
2024
À memória de meus pais, Cunha e Silva e Ivone
À minha esposa, Elza, que, com as suas orações diárias para mim, me protegem com a sua fé inabalada e com o sentimento da presença de Deus
Aos meus filhos, Francisco Neto e Alexandre, alegria e proteção contra os torvelinhos da vida, porto seguro de um barco ancorado em águas calmas e remansosas
Para o futuro da literatura piauiense, podemos ter grandes críticos literários com a continuidade do desenvolvimento cultural do Piauí, pois neles existem professores de português e literatura que, com o passar do tempo, poderão aprofundar-se na ciência linguística e no domínio do latim e grego. O crítico literário tem que ser imparcial nos seus julgamentos e observações
Cunha e Silva “O crítico” s/d
PREFÁCIO
Escrever é, amiúde, um ato de pura coragem, sobretudo quando isso implica assumir posições firmes no terreno das ideias sociais, ideológicas ou estéticas. Isso em razão de que, por vezes, não é factível o isolamento total da subjetividade no ato do julgamento, i. e., no ato crítico, para ser mais exato. Ser-nos-ia impossível não fazer uso algum da subjetividade diante da criação literária, cuja dinâmica recai na emoção, na fruição de um objeto estético, ou seja, da beleza de um artefato artístico.
A impessoalidade nos julgamentos tornar-se-ia, então, algo gélido, asséptico, incolor, imensurável, insensível, destruidor implacável dos sentimentos humanos, visto que somente, a meu juízo, através dos móveis de nossas fibras interiores, do nosso sistema nervoso, do nosso cérebro acionados por nossa psique e pelo lado da sensibilidade é que se poderia tentar localizar a origem do fenômeno da criação literária.
No , uma “vexatio questio,” ainda paira na cabeça de alguns teóricos do passado e também do presente, segundo a qual ainda reverbera, no universo da criação artística, um componente intrínseco, porque interno, imanente à obra que tem, por si mesma, uma natureza da esfera do espírito e não da matéria finita, algo inescapável ao raciocínio puro, o chamado “mistério “ da criação literária. Estou a me lembrar - me perdoem os progressistas -, das diversas correntes do pensamento crítico ocidental, das deliciosas, claras e cristalinas exposições (hoje dizemos “discussões” ou “debates! ),como referem os modernos e/ou pós-modernos, de um grande crítico e teórico do passado, o lusitano João Gaspar Simões, com o seu preciso livrinho O mistério ada poesia..
Ora, algo que o nosso mundo interior, por vezes, quase insondável, incognoscível, jamais perderá perder: o elo, o contato, com a importância formidável dos sentimentos múltiplos e necessários a fim de se evitar o vazio e o banalidade do primado da razão e da lógica consideradas como vigas mestras da produção artística, porém não isoladas das emoções - traços altamente deflagradores, juntamente com a experiência de vida e da interação dos seres vivos humanos ou não humanos,humanso, retero, mas não distópicos..
Assim só para ilustrar uma vez nesta oportunidade que me faculta esse parágrafo, como podem, repito, homens dotados de competências e saberes acadêmicos, verdadeiros scholars, de enraizada fundamentação e competência linguístico-literária, enfeixando nas suas mãos as mais diversas correntes do pensamento e das ideias literárias e filosóficas, as teorias mais avançadas sobre narratividade além-mar, aventar a escrever um romance, e o resultado não ser mais do que um fiasco, um encalhe, já que esse suposto artista do gênero da visão da totalidade(Lucáks) do mundo só foi acolhido para uma resenha entre grupinhos e feudozinhos graças à amizade que os acadêmicos eruditos, iguais a ele, tinham com alguns de seus pares por dentro dos muros inexpugnáveis da universidade.
A ficção forçada, conseguida a fórceps laboratorial, não passa de um simulacro ou um arremedo de ficcionalidade justamente em face de que a obra literária não conseguiu ser fecundada espontaneamente com o húmus da terra e da Mãe-Natureza. O artificial não deu nem dará certo no domínio artístico. Isso vale para todos os gêneros literários e artísticos. Falta-lhe o espírito da vida e a manipulação hábil e vocacional de se adequar ao Zeitgeist. O artefato literário de pseudo-narratividades daí decorrentes é ditado pelo desejo narcísico da variabilidade intelectual, “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando,”diz o anexim.
O que por si só, afastaria a possibilidade de extrair o sumo da vida humana, a emoção estética, o fruição da leitura, o“prazer do texto,” cativante e aliciante de querer transpor e lograr penetrar o locus privilegiado do espelho de Carroll.()No cômputo dos elementos amolgados de forma harmoniosa e respeitada a unidade das partes da estrutura da obra é que reside a força da imaginação criadora inventiva, verossímil.
O alvo a ser atingido é a grandeza construída pelo talento do autor e/ou do artista em geral, visando à perfeição, ao máximo que se puder levar ao convencimento de que se está diante de um produto vivo e bem arquitetado tendo em conta atingir a consciência artística dos homens e da realidade que o cerca em formas diversificadas de produção. i.e. nos vários gêneros, nos quais se possa exprimir a complexidade do mundo e dos homens através da leitura de romances, novelas, peças teatrais, dança, música, novelas de televisão classificada esta última, com justa razão, pelo crítico e historiador de literatura brasileira, Afrânio Coutinho (1911-2000)(), como amais uma espécie de gênero literário, o ersatz que deu certo na sequência histórica do romance-folhetim do século XIX.() A história das grandes novelas brasileiras se tornou, sem dúvida, uma epoch-making da televisão brasileira graças aos talento de seus autores e à performance de grandes atoaes e atrizes brasileiros..Por outro lado, é inegável o fato de que nenhum criador de obras literárias e artísticas em geral, não se melindrem diante dos juízos críticos desfavoráveis e dos juízos críticos de valores de um determinado autor.
Já afirmei alhures que, no domínio da crítica literária, por exemplo, os respectivos autores só almejam para si mesmos uma chancela favorável e elogiosa, circunstância que vai de encontro e na contramão do sentido que imprimi a um artigo intitulado “Os autores só querem elogios” a respeito dessa questão delicada e movediça, que é a atividade critica de forma independente e não inclinada a tudo elogiar nem tampouco a tudo aceitar e, portanto, a silenciar, diga-se a bem da verdade, os valores autênticos da obra literária.
Uma pesquisadora () da literatura, em livro lido, estava preocupada com a triste realidade da crítica contemporânea, a qual, segundo ela, prioriza somente o que se considerou a dimensão favorável de um livro, mas nunca os seus defeitos e pontos fracos. Provavelmente, por motivos de publicidade, midiáticos, onde tudo vira lucratividade. Estamos pobres de críticos do tipo que já tivemos, aproximadamente, dos anos 1940 até aos anos de 1970, por aí.À análise objetiva, imparcial e isenta de uma obra preferimos o laudatório cômodo e fácil. Diversos críticos brasileiros, depois de um certo tempo de “judicatura” (palavra que primeiro vi nas inúmeras leituras e releituras do crítico Álvaro Lins ( 1912-1960) quando dos meus estudos no no meu pós-doutorado pela U.F.R.J. crítica. Essa época de ouro da história da critica literária brasileira se chamava de crítica de rodapé(). O artigo tem por título “Os autores só querem elogios”.
Ora, essa postura do autor/a vai na contramão de um artigo meu, cujo título é de natureza artística e discute esta – diria -, questão muito comum de perceber em alguma atitude de afastamento ou silêncio, o que equivaleria a afirmar ser esse silêncio de algum do autor devidoa possíveis reparos que, de ordinário, os melindram poar motivos da vaidade ferida. Os autores discordam ( é direito deles, não posso sobre isso opinar) ) das falhas assinaladas da crítica e principalmente da visão hermenêutica do crítico, por serem muito vaidosos, por amor próprio. Por esta razão, até compreendo, por melindres e discordâncias diante de julgamentos e juízos de valores.
Divido esta obra por capítulos nos quis nomeio cada autor a ser analisado ou comentado. São, ao todo, 25 escritores. Obviamente, por viver afastado do Piauí, não pude acompanhar, pari passu, os movimentos literários que ocorreram nestas últimos quase seis décadas. Por conseguinte, não pude realizar uma pesquisa de maior monta no sentido de tomar uma autor e acompanhar a sua trajetória de forma mais completa. Daí que alguns autores aqui tiveram um tratamento, literariamente considerado, mais profundo , ao passo que outros só pude analisar a partir da leitura de um ou duas obras, o que vai se refletir na num ensaio menos denso.. Outros autores, e não são poucos, de reconhecido valor estético nos gêneros por eles cultivados ficaram à margem, não porque os considerasse de menor qualidade literária, de menor importância,. mas em virtude de não ter tido a oportunidade de os estudar com o mesmo interesse que mereciam.
Esta obra, por uma circunstância ou outra, é o resultado de meu interesse há muito tempo pela literatura de autores da minha terra.. Os escritores aqui examinados são apenas partes do que pretendia realizar como, por exemplo, o fez o notável ensaista Gilberto Mendonça Telles em Goiás e muitos outros. de diferentes regiões;Quem mais sofreu , na realidadem sobe
INTRODUÇÃO
O Piauí não é mais uma província literária
Permita-me, leitor, uma autocitação de um pequeno trecho de uma crônica de título “Impressões da cidade”, título, de resto, sugerido oportunamente por meu saudoso pai, que publiquei no jornal Estado do Piauí, em 1974, e que faz par te de um dos textos reunidos do meu livro As ideias no tempo, editado, em 2009/2010, na Gráfica do Senado e em convênio com a Academia Piauiense de Letras, edição que me desagradou porque mandaram os exemplares sem o registro do ISBN ou outro equivalente.
Em 1996, foi editado o meu segundo livro, primeiro lançado no Rio de Janeiro e, depois, em Teresina, num convênio entre a Academia Piauiense de Leras e a Universidade Federal do Piauí, de título Da Costa e Silva: uma leitura da saudade. Na aludida crônica, afirmara eu: “Hoje possuímos a Universidade Federal do Piauí. A Universidade dá uma nova dimensão à vida cultural de um estado. Ela é seu porta-voz maior, evitando o marasmo cultural. O desenvolvimento intelectual de Teresina se intensificou. Nota-se que atualmente há uma ânsia de se fazer alguma coisa nossa e identifique valores culturais nossos. Nossos homens de letras sentem vontade de escrever, de publicar. A Comepi foi um exemplo edificante do governo. A observação citada acima tem uma distância de cinco décadas. É uma vida. De lá pra cá aconteceram, na esfera cultural, muitas coisas que, pouco a pouco, foram mudando o perfil daquele Estado que deixei ainda com fortes traços provincianos. No intervalo desse longo período, a história da inteligência piauiense longe ficou de qualquer óbice entrópico.
Ao contrário, a cultura literária, antes mais circunscrita aos redutos da Academia Piauiense de Letras e à benevolência e espírito de visão de alguns donos de jornais, eles próprios, em geral, ligados à causa cultural, foi esgarçando lentamente alguns comportamentos e atitudes que não mais se coadunavam com os novos tempos agora impulsionados pelos ventos da comunicação de massa, pela criação de novas universidades e proliferação de campi das universidades públicas, sem se falar no aperfeiçoamento do corpo docente de professores que foram realizar cursos de alto nível nos centros mais adiantados do país ou mesmo no exterior.Assim, se foi desenvolvendo não só a universidade em si, mas sobretudo o que dela se irradiou na conquista de novos saberes, de novas tecnologias em todos os domínios do conhecimento e, agora, mais do nunca, da inimaginável experiência haurida pela Internet, universalizando e democratizando mais as fontes do conhecimento humano.
Era de se esperar que o impulso advindo das universidades de forma indireta repercutiria nos arraiais ainda presos ao anacronismo e, assim, foram aparecendo fundações culturais, conselhos de cultura, revistas culturais de expressão nacional, produção didática de autores locais, proliferação de boas editoras, criação de novos campi de universidades públicas no interior, e, na capital, o surgimento de novas faculdades e universidades privadas. No que se refere ao capital cultural humano, o surgimento de uma massa crítica mais tecnicamente preparada para dar continuidade ao passado.No âmbito da comunicação escrita, criaram-se vários jornais de alta qualidade de impressão e diagramação, com um corpo de redatores graduados por universidades atuando profissionalmente, sem mais o amadorismo dos velhos tempos idos e vividos, e servidos de colaboradores pertencentes à alta cultura do Estado piauiense.
Ainda por força do progresso provocado pela chegada das universidades públicas e particulares, novos escritores foram surgindo em todos os gêneros e bem assim novos talentos nos domínios das artes plásticas, do cinema, da humorismo, do teatro.No campo específico do ensaio e da crítica literária, é de se notar a efervescência. de talentos que estão surgindo e procurando ocupar os espaços que o presente e o futuro estão a eles reservando. Sirvam-se de exemplos livros como Os sinais dos tempos, de João Kennedy Eugênio (Teresina, Halley S.A. Gráfica e Editora, 2007), Cantigas de viver – leituras, de João Kennedy Eugênio e Halan Silva (orgs.). Teresina, Fundação Quixote, 2007), As formas incompletas apontamentos para uma biografia de H. Dobal, de Halan Silva (Oficina da Palavra, 2005), entre outros.
São os novos teóricos graduados e pós-graduados e, portanto, especificamente mais treinados, como diria Terry Eagleton, (Ver EAGLETON, Terry. How to read a poem. Uk: Blackwell Publishing, 2008..Ver o primeiro capítulo da obra The functions of critcism, p. 1-24), nas universidades para a atividade literária no sentido técnico-científico, os quais, em geral, ainda não existiam no tempo em que deixei Teresina, quando o intelectual, o crítico, o ensaísta contavam mais com o talento e os estudos autodidáticos a fim de dedicar-se à vida literária. Mas, essa realidade não era só no Piauí de então, mas nos estados mais pobres.Li uma publicação sobre estudos linguísticos e ensaios literários em grosso volume, PHOROS ( Rio de Janeiro, Editora Caetés,2006 ), reunindo trabalhos de mestrandos e doutores da Universidade Federal do Piauí que me surpreenderam pela profundidade de reflexão crítica, da alta pesquisa na área multifacetada de Letras.
Obviamente, todo essa produção que está sendo feita no Piauí ainda não recebeu o tratamento de correspondentes estudos nos campos da teoria literária, da histografia literária e da crítica literária. Dado ser já considerável atualmente essa produção cultural-literária do Piauí, é bem provável que o levantamento e a transformação desse lastro conquistado em forma de livros de referência, tenham que ser tarefa para equipes a fim de poder abarcá-la em profundidade de estudos e atualidade de pesquisas.Da mesma forma, digno é de salientar que o Piauí já dispõe de boas editoras a exemplo da Editora Nova Aliança - com disposição de crescer e lançar autores novos como, entre outros, o próprio ex-editor, o professor Dílson Lages, e antigos, como Assis Brasil, ,cujo retorno ao Piauí foi benéfico para a vida literária local.Ora, como não deixar de reconhecer esse nítido florescimento de uma nova mentalidade de autores piauienses, nos diversos gêneros literários e em gêneros afins com os estudos literários, como a história ( campo de estudos no qual o Piauí tem conhecido bons autores e uma boa produção científico-acadêmica ou fora do estrito espaço universitário.), a sociologia, o jornalismo, a filosofia.
Nem seria justo assinalar, nestas longas cinco décadas, as inúmeras gráficas, editoras particulares, editoras oficiais da importância da Fundação Monsenhor Chaves, da Fundação Quixote, de publicações do porte das revista Presença,,os Cadernos de Teresina, revista Evidêncai, a primeira editada pelo Conselho Estadual de Cultura, aprimorando-se principalmente depois que ficou a cargo do professor e crítico M. Paulo Nunes, falecido há pouco, e de outras tantas editoras e revistas já existentes no Piauí, das publicações feitas em convênio com a Academia Piauiense de Letras e a Universidade Federal do Piauí, de outras publicações entre o setor privado e instituições públicas e mesmo, do esforço próprio, digno de aplausos, das edições particulares. Isso tudo é inequívoca evidência de uma afirmação de um Piauí consolidado nas suas raízes culturais e nos desdobramentos futuros de um Estado que, no seu universo de produção intelectual, dá exemplo de pujança e perene desejo de ultrapassar fronteiras regionais e lançar-se corajosamente rumo a uma posição merecedora do respeito nacional sem mais receios de parecer - porque efetivamente não o é -, provinciano frente aos Estados brasileiros mais adiantados.