O domador da montanha
Por Obras integrais Em: 18/03/2010, às 13H45
Capítulo 8: A PRIMEIRA LUTA
No dia seguinte o tigre reapareceu.
Trazia uma caça na boca, mas ANL nada queria comer.
Mas o tigre insistiu tanto que ele aceitou.
Depois, enquanto o tigre comia, ANL entrou em meditação.
Depois do almoço, o tigre voltou para suas terras.
Depois que o tigre desapareceu, subitamente a terra estremeceu e as pedras da montanha começaram a cair. Uma grande fenda se abriu no chão.
As pedras fecharam ANL numa lapa onde ele se abrigara durante o almoço com seu amigo tigre.
Mas ANL fez um gesto e apareceu um túnel e ele pôde sair dali.
Quando saiu, encontrou Mutsamey muito irada, furiosa mas perplexa e quase aterrorizada com o poder de ANL que ela tentara soterrar.
ANL lhe um gesto ameaçador, mas então Mutsamey se posternou diante dele e se ofereceu para conceder proteção.
ANL aceitou, abençoou-a e lhe deu o nome secreto de “A grande e graciosa senhora da invencível turquesa”.
***
Saindo dali, ele cortou o vale de Mang-Yul.
Como Mutsamey continuasse a rondar, embora invisível, ANL em dado momento, no meio de uma série de montanhas iguais, invocou aquela deidade e lhe falou da seguinte forma:
— Graciosa Dama, diga-me qual é o meu caminho.
— O seu caminho não consigo saber. Para onde você vai?
— Eu vou para onde possa encontrar Samyé.
Então a Graciosa Dama indicou a correta direção e desapareceu silenciosamente.
Quando ANL chegou ao Planalto Celestial, subitamente o céu se escureceu e grandes nuvens negras se formaram.
Uma gigantesca trovoada rasgou os ares de ponta a ponta, como se quisesse destruir o universo inteiro. Quanto mais ANL avançava, mais o tempo ficava estranho, o céu escurecia e se tornava ameaçador.
Então um relâmpago partiu do céu e quase atingiu o lugar onde ele passava.
Vendo isso, ele parou.
Então ANL retirou um pequeno espelho do bolso, sentou-se na grama, esperou.
Quando novo relâmpago apareceu, ANL apontou para ele o pequeno espelho, aquilo foi refletido, voltou para o céu, eletrizando todo espaço celestial. Aquilo se espalhou por toda a cúpula celeste.
Um novo relâmpago se armou, muito mais fraco, e um terceiro mais parecia uma pequena faísca de pedra de isqueiro.
Depois disso, Nammen Karmo apareceu no céu em sua frente e mergulhou no Lago do Esplendor.
Mas ANL sabia que fora ela quem provocou toda aquela tempestade, e por isso fez o gesto do escorpião em direção ao lago, transformando-o numa gigantesca massa de fogo.
O Lago do Esplendor realmente se incendiou como se fosse feito de gasolina atingida pelo fogo, e depois o lago começou a incendiar e ferver.
Eram tão altas as chamas e a temperatura que a carne da deidade ficou separada dos ossos.
Nammen Karmo logo procurou escapar dali.
Mas ANL, tomando o vajra em sua mão, desferiu-lhe um golpe, fazendo-a recuar.
Então Nammen Karmo gritou:
— Eu não mais criarei problemas para você, por favor, me perdoe! – e ela estava submissa, mas como seu corpo já estava muito deformado e ela tinha perdido um olho, ANL a nomeou “Senhora invencível de um olho só”.
Nammen Karmo se transformou em protetora do Dharma.
Quando ANL chegou em O-Yuk, entrou pelo profundo desfiladeiro em caminhada serena, compassada.
Lá, uma deusa tenma tentou matá-lo.
Ele vinha pelo desfiladeiro, entre as duas elevações majestosas que se abrem para o Tibet, quando a deusa quis esmagá-lo entre as duas montanhas.
Vendo isso, ANL fez o mudra do escorpião em direção aquelas montanhas. E prosseguiu.
Na realidade a deusa tenma era incapaz de mover as montanhas.
Mas no final de O-Yuk ela conseguiu desmoronar algumas rochas pesadas e provocou uma avalanche com que pretendia soterrá-lo.
Então ANL, com o gesto do escorpião apontado para as rochas que caíam, e continuou o seu caminho. Todas as rochas vieram abaixo destruindo os lugares e bloqueando o caminho.
O mudra do escorpião, entretanto, estragou as residências das deusas tenma, os lugares onde elas viviam, nas montanhas.
Por causa disso, doze deusas tenma e mais doze deusas kyongma, e doze deusas yama com sua corte apareceram diante de ANL e se prosternaram.
— Nós prometendo não mais prejudicar, disseram as deusas, em coro.
E todas se transformaram em guardiãs do Dharma.
Quando ANL atravessava o vale de Chephu Shampo, uma terrível deidade chamada Yarlha Shampo apareceu, manifestando-se como um animal gigantesco, da altura de uma montanha.
Era um yak, de cujo nariz saía uma estranha fumaça irada, e a sua respiração tonitruante era terrível de ouvir.
Aquele animal gigantesco emitia relâmpagos como uma tempestade e ocupava uma grande área do céu.
Mas ANL domou o yak, tomando-o pelo nariz com o gesto do gancho, laçando seu imenso corpo com o gesto do laço, derrubando-o ao chão, amarrando-o pelas pernas com o gesto da corrente. E o golpeou com o gesto do sino.