[Cunha e Silva Filho]

 
        Faz algum tempo venho escrevendo artigos relativos à guerra civil na Síria iniciada em 2011. O conflito tem-se arrastado por longo  período. Por algum tempo  o cenário mundial deixou de informar sobre o assunto. Contudo, ultimamente os ataques de soldados do ditador Bashar Al-Assad contra os rebeldes foram retomados e novamente surgiram nas telas das TVs mundialmente. A imprensa internacional tem mostrado cenas cruéis e  apavorantes de crianças mortas deitadas no chão aguardando a hora de serem levadas para o sepultamento  em alguma  parte.
        A tragédia na Síria precisa ser detida a todo custo uma vez que configura atos de verdadeiro genocídio praticado  pelo ditador. Não é possível que  o Conselho de Segurança das Nações Unidas permaneça inerte diante de ataques tão assustadores contra civis inocentes, pois numa guerra  estes formam o maior contingente de pessoas   que se tornam  vítimas dos combates entre a oposição e o governo e neste conflito as crianças são as que mais sofrem.
    A única saída que vejo para este  conflito é a imediata intervenção de nações democráticas no sentido de conseguirem  primeiro um urgente e longo  cessar-fogo e segundo procurarem convencer as três mais importantes potências mundiais – Os Estados Unidos,  a Rússia e a China – a empregarem seu prestígio a fim de  obrigar Bashar Al-Assad a renunciar de seu cargo de presidente  e, mediante um mesa de negociações, fazê-lo convocar eleições livres e democráticas pondo  fim a um  longo  tempo de ditadura.    
      Ninguém pode negar que o  regime de governo ditatorial não pode durar  por muito tempo. Um governante autoritário tem seus dias de poder e de privilégios  contados, sobretudo atualmente com economias  globalizadas nas quais sociedades afluentes, com exceção  dos países comunistas,  tendem a abominar  todas as formas de autocracia visto que em nenhum outro  tempo a economia de mercado  atingiu tal posição de destaque não importando se conduzida para o bem ou para o mal.
     No conflito sírio as forças rebeldes (naturalmente há outros grupos envolvidos na guerra) entraram em  combate em razão das muitos  males  feitos por um ditador que tem governado o país com mão de ferro e com nenhum respeito aos valores democráticos, i.e., eleições livres efetivas, liberdade individual, liberdade de imprensa e com um governo  trabalhando  pelo bem-estar do seu povo. Óbvio que nada disso existe na Síria sob o tacão de um  governante  repressor.
     Desta maneira,   grupos de  pessoas que discordam deste  governante  deram início a uma oposição contra o ditador e contra  todas as decisões autocráticas e maldades. Comungando  com os ideais e atitudes  de nações árabes conhecidas como a “Primavera Árabe”(a qual para muitos não resultou vitoriosa),  partiram para um confronto   contra  o ditador  e  exigindo  sua deposição do governo.
É evidente que a repressão foi muito mais  violenta da parte do governo. De então para diante,  irrompeu   uma  tremenda  conflagração armada entre irmãos da mesma pátria acarretando  centenas  de  mortes, mormente de civis e, entre estes, crianças inocentes, adultos e idosos, sem mencionar as centenas  de rebeldes e soldados  mortos.
        Agora pergunto: Quem se responsabiliza por esta tragédia? Os rebeldes  que desejam  tomar o poder do país? Não,  uma vez que é bem  conhecida a forma de regime político com a qual   os sírios se deparam, ou seja,  um  governo  que aborta  qualquer plano  imaginado de tomada do poder de Assad.
     O que me parece tão angustiante é o fato de que  esta guerra não apenas provocou tantas mortes mas também destruiu cidades inteiras, a vida social, a indústria,  o comércio, os diversos serviços públicos e privados e, finalmente,  a onda de refugiados para outros países. Importantes prédios públicos e monumentos históricos se reduziram a escombros.. Cidades principais da Síria, tais como Damascus, Allepo, Horns têm sido bombardeadas sem piedade, Hospitais e residências foram  derrubados pelo exército sírio. Atualmente,  parte considerável da Síria lembra uma terra arrasada.
     Algo com urgência deve  ser feito  antes que seja tarde demais e a maior parte do país se torne um deserto de entulhos. Os Estados Unidos e a Rússia,  que estão em  posições antagônicas  quanto ao destino  da Síria,  deveriam  esquecer suas diferenças e, juntos,  chegar    a um acordo com vistas a enfrentar  Bashar Al –Assad.
    Não estão em jogo diferenças  econômicas e políticas mas um conflito fratricida de uma nação que pede socorro. Ou melhor,   uma ajuda humanitária para os sírios que estão sendo assassinados por bombas,  explosões e armas letais. Esta situação insustentável chegou a um  nível de crimes contra a humanidade  que devem ser julgados  pela Corte Internacional de Crimes (CIC, sigla em português) em Haia, Holanda e seus acusados exemplarmente  punidos.
     Não se trata simplesmente de impor uma trégua por uma semana ou um mês mas providências a serem  tomadas de modo firme e duradouro com vistas a uma solução para o massacres ora em curso de inocentes da mesma pátria.
     As nações livres do mundo estão  protelando demais na formulação de planos para pôr cobro   a esta guerra fatídica. Não há mais tempo a perder. Organizações internacionais tais como as Nações Unidas (ONU, sigla em  português), através de seus Conselho de Segurança, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN, sigla em português) com sede  em Haia, na Holanda,  têm sido de alguma maneira muito lenientes em protelar medidas decisivas contra o ditador ou mesmo  em  encontrar  formas de   apeá-lo do poder. Ele deu  repetidas  demonstrações de ser um homem sem  compromisso algum  com os   valores éticos e nem compaixão para com vidas humanas.
         Por conseguinte,  será imperativo   acusá-lo de ser  um tirano e um criminoso e  exigir a sua presença  diante da Corte Criminal Internacional a fim de que esta determine uma  punição  à altura  de sua crueldade  e dos  inúmeros atos iníquos perpetrados contra a humanidade. O mundo clama por esta data.  
       Espero realmente que, no futuro, a Síria seja um país  onde a paz e o progresso andem juntos e seu povo  seja libertado de todas  os grilhões da arbitrariedade, carnificina e injustiça.  Desta maneira,  posso vislumbrar um país inteiramente  reconstruído por bons estadistas que continuamente  se empenhem em torná-lo uma nação unida e feliz e conduzida por  princípios democráticos. O mal não dura  eternamente.
    Todos os países do mundo  que  nutrem  preferências democráticos por nações  ainda  vivendo  sob a tirania deveriam unir forças e procurar socorrer a Síria, livrando-a  de um presidente/ditador que, até hoje,  só tem  ordenado  massacres, derramamento de sangue e miséria.