O demônio ataca outra vez na Síria
Por Cunha e Silva Filho Em: 28/02/2018, às 15H14
[Cunha e Silva Filho]
Faz algum tempo venho escrevendo artigos relativos à guerra civil na Síria iniciada em 2011. O conflito tem-se arrastado por longo período. Por algum tempo o cenário mundial deixou de informar sobre o assunto. Contudo, ultimamente os ataques de soldados do ditador Bashar Al-Assad contra os rebeldes foram retomados e novamente surgiram nas telas das TVs mundialmente. A imprensa internacional tem mostrado cenas cruéis e apavorantes de crianças mortas deitadas no chão aguardando a hora de serem levadas para o sepultamento em alguma parte.
A tragédia na Síria precisa ser detida a todo custo uma vez que configura atos de verdadeiro genocídio praticado pelo ditador. Não é possível que o Conselho de Segurança das Nações Unidas permaneça inerte diante de ataques tão assustadores contra civis inocentes, pois numa guerra estes formam o maior contingente de pessoas que se tornam vítimas dos combates entre a oposição e o governo e neste conflito as crianças são as que mais sofrem.
A única saída que vejo para este conflito é a imediata intervenção de nações democráticas no sentido de conseguirem primeiro um urgente e longo cessar-fogo e segundo procurarem convencer as três mais importantes potências mundiais – Os Estados Unidos, a Rússia e a China – a empregarem seu prestígio a fim de obrigar Bashar Al-Assad a renunciar de seu cargo de presidente e, mediante um mesa de negociações, fazê-lo convocar eleições livres e democráticas pondo fim a um longo tempo de ditadura.
Ninguém pode negar que o regime de governo ditatorial não pode durar por muito tempo. Um governante autoritário tem seus dias de poder e de privilégios contados, sobretudo atualmente com economias globalizadas nas quais sociedades afluentes, com exceção dos países comunistas, tendem a abominar todas as formas de autocracia visto que em nenhum outro tempo a economia de mercado atingiu tal posição de destaque não importando se conduzida para o bem ou para o mal.
No conflito sírio as forças rebeldes (naturalmente há outros grupos envolvidos na guerra) entraram em combate em razão das muitos males feitos por um ditador que tem governado o país com mão de ferro e com nenhum respeito aos valores democráticos, i.e., eleições livres efetivas, liberdade individual, liberdade de imprensa e com um governo trabalhando pelo bem-estar do seu povo. Óbvio que nada disso existe na Síria sob o tacão de um governante repressor.
Desta maneira, grupos de pessoas que discordam deste governante deram início a uma oposição contra o ditador e contra todas as decisões autocráticas e maldades. Comungando com os ideais e atitudes de nações árabes conhecidas como a “Primavera Árabe”(a qual para muitos não resultou vitoriosa), partiram para um confronto contra o ditador e exigindo sua deposição do governo.
É evidente que a repressão foi muito mais violenta da parte do governo. De então para diante, irrompeu uma tremenda conflagração armada entre irmãos da mesma pátria acarretando centenas de mortes, mormente de civis e, entre estes, crianças inocentes, adultos e idosos, sem mencionar as centenas de rebeldes e soldados mortos.
Agora pergunto: Quem se responsabiliza por esta tragédia? Os rebeldes que desejam tomar o poder do país? Não, uma vez que é bem conhecida a forma de regime político com a qual os sírios se deparam, ou seja, um governo que aborta qualquer plano imaginado de tomada do poder de Assad.
O que me parece tão angustiante é o fato de que esta guerra não apenas provocou tantas mortes mas também destruiu cidades inteiras, a vida social, a indústria, o comércio, os diversos serviços públicos e privados e, finalmente, a onda de refugiados para outros países. Importantes prédios públicos e monumentos históricos se reduziram a escombros.. Cidades principais da Síria, tais como Damascus, Allepo, Horns têm sido bombardeadas sem piedade, Hospitais e residências foram derrubados pelo exército sírio. Atualmente, parte considerável da Síria lembra uma terra arrasada.
Algo com urgência deve ser feito antes que seja tarde demais e a maior parte do país se torne um deserto de entulhos. Os Estados Unidos e a Rússia, que estão em posições antagônicas quanto ao destino da Síria, deveriam esquecer suas diferenças e, juntos, chegar a um acordo com vistas a enfrentar Bashar Al –Assad.
Não estão em jogo diferenças econômicas e políticas mas um conflito fratricida de uma nação que pede socorro. Ou melhor, uma ajuda humanitária para os sírios que estão sendo assassinados por bombas, explosões e armas letais. Esta situação insustentável chegou a um nível de crimes contra a humanidade que devem ser julgados pela Corte Internacional de Crimes (CIC, sigla em português) em Haia, Holanda e seus acusados exemplarmente punidos.
Não se trata simplesmente de impor uma trégua por uma semana ou um mês mas providências a serem tomadas de modo firme e duradouro com vistas a uma solução para o massacres ora em curso de inocentes da mesma pátria.
As nações livres do mundo estão protelando demais na formulação de planos para pôr cobro a esta guerra fatídica. Não há mais tempo a perder. Organizações internacionais tais como as Nações Unidas (ONU, sigla em português), através de seus Conselho de Segurança, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN, sigla em português) com sede em Haia, na Holanda, têm sido de alguma maneira muito lenientes em protelar medidas decisivas contra o ditador ou mesmo em encontrar formas de apeá-lo do poder. Ele deu repetidas demonstrações de ser um homem sem compromisso algum com os valores éticos e nem compaixão para com vidas humanas.
Por conseguinte, será imperativo acusá-lo de ser um tirano e um criminoso e exigir a sua presença diante da Corte Criminal Internacional a fim de que esta determine uma punição à altura de sua crueldade e dos inúmeros atos iníquos perpetrados contra a humanidade. O mundo clama por esta data.
Espero realmente que, no futuro, a Síria seja um país onde a paz e o progresso andem juntos e seu povo seja libertado de todas os grilhões da arbitrariedade, carnificina e injustiça. Desta maneira, posso vislumbrar um país inteiramente reconstruído por bons estadistas que continuamente se empenhem em torná-lo uma nação unida e feliz e conduzida por princípios democráticos. O mal não dura eternamente.
Todos os países do mundo que nutrem preferências democráticos por nações ainda vivendo sob a tirania deveriam unir forças e procurar socorrer a Síria, livrando-a de um presidente/ditador que, até hoje, só tem ordenado massacres, derramamento de sangue e miséria.