O Coronel Hiram Reis e Silva fornece novos dados sobre a confusão relacionada à Crônica de Akakor

Antes dessa boa explicação era difícil entender a enorme confusão "Cidade Perdida de Akakor" / Tatunca Nara, e, deve-se confessar, algo nebuloso persiste, mesmo depois dessa curiosa leitura.

 

 

 

 

 

 

 

 

"(...) Tatunca é uma conhecida e controvertida personalidade local [DA CIDADE DE BARCELOS, ESTADO DO AMAZONAS, BRASIL] e fomos instados a não viajar sem antes conhecê-lo e ouvir suas incríveis e pouco verossímeis estórias. (...)"

CORONEL HIRAM REIS E SILVA, trecho do artigo adiante transcrito [O GRIFO NÃO ESTÁ NO ORIGINAL]

 

 

 

"ESTÓRIAS MENTEM? SÓ PARA QUEM NÃO HABITA A SUA DIEGESE ("interior literário" de uma

dada estória, cuja existência "nada deve" a elementos exteriores à

narrativa).  [Pelo menos como SIGNO (conceito de C. S. Peirce), é claro que o que está

no texto efetivamente existe!PERGUNTE A UM HABITANTE DE UMA ESTÓRIA

INVEROSSÍVEL SE ELE POSSUI EXISTÊNCIA MATERIAL OU NÃO E AGUARDE POR SUA

RESPOSTA: você se surpreenderá!

[HÁ APROXIMADAMENTE  DUAS HORAS E MEIA EU PERGUNTEI AO PATO BOLÉ SE ELE,

MESMO INVEROSSÍMIL, EXISTIA OU NÃO. TÃO OFENDIDO FICOU AQUELE TÃO AMARELO

PATO... QUE NEM ME RESPONDEU!]"

Coluna "Recontando estórias do domínio público"

 

 

 

 

"O BATIZADO DO PATO BOLÉ

Dos cinco ovos que dona Pata chocou, saíram três patinhos apenas, três gracinhas, três flocos de paina amarela que enchiam a casa de alegria, e principalmente Jean Paton, o pai daquelas belezinhas. Eram os três o orgulho do enfatuado patarrocho, que inventara aquele nome só para que os vizinhos pensassem que ele era francês, quando, de fato, tanto ele como a geração inteira, nascera ali mesmo no terreiro (...)". (J. PIMENTEL PINTO,

livrinho ilustrado [não consta o nome do desenhista] de 32 págs. contendo duas estórias, "O Batizado do Pato Bolé" e "Sérgio Agrídio Gafanhotoff ":

PINTO, J. Pimentel, O BATIZADO DO PATO BOLÉ, 7ª ed., São Paulo: Editora do Brasil, 1960 [?]; Coleção "Histórias do Burrinho Feliz", nº 4)

 

 

 

 Fotomap Canard 80-070708154642475-1-9-1

(http://fallingsky.blogs.com/falling_sky/2007/08/neptunes-ducky.html,

onde se pode ler, em inglês:

"(...) Look at the size of that beauty!  It's the work of Dutch artist Florentijn Hofman, based on the Loire river in France and is called, rather suitably, 'Rubber Duck'.  His website describes it thus:

A yellow spot on the horizon slowly approaches the coast. People have gatherd and watch in amazement as a giant yellow Rubber Duck approaches. The spectators are greeted by the duck, which slowly nods its head. The Rubber Duck knows no frontiers, it doesn't discriminate people and doesn't have a political connotation. The friendly, floating Rubber Duck has healing properties: it can relieve mondial tensions as well as define them. The rubber duck is soft, friendly and suitable for all ages! (...)") 
    
MAIS PATO BOLÉ NESTA COLUNA, tal como foi apresentado em 18.4.2010:
http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/o-pato-bole-contra-o-francesismo,236,3921.html

 

 

 

 

 

                                         Com agradecimento ao Coronel Hiram Reis e Silva e

                                         ao pesquisador Bruno Farias pelos seus respectivos interesses em

                                         lançar algumas luzes em direção a pelo menos alguns elementos de "um caso"

                                         tão complexo

 

 

 

14.6.2010 - Antes da explicação do Coronel Hiram Reis e Silva era difícil compreender a confusão "CIDADE PERDIDA DE AKAKOR" / TATUNCA NARA - Você pode perceber, por exemplo, no texto que se segue ao artigo do Cel. Reis e Silva, como é "intrincada essa trama", como é "complicada a dinâmica desse processo", como se diz (quando não deseja dizer coisa alguma). De qualquer forma, no texto adiante transcrito - depois do artigo do Cel. Reis e Silva -, há menção a quatro possíveis assassinatos [ou MORTES MISTERIOSAS]: essa estória é assustadora, se é que não se trata de um UM COMPLEXO DE ESTÓRIAS IMBRICADAS ao qual o Cel. Reis e Silva trouxe um pouco de clareza. Interessante, também, no texto do Cel. Reis e Silva é que se fica sabendo a respeito de atividades posteriores do Sr. Tatunca Nara, aliás, Hans Guenther Hauck [de acordo com o verbete (em inglês, já que não existe texto correspondente no idioma de Camões) 'Tatunca Nara', da Wikipédia, http://en.wikipedia.org/wiki/Tatunca_Nara]. 

 

Artigo: Uma fraude chamada 'Tatunca Nara'

por Hiram Reis e Silva

 

"Mais um dia em Barcelos

Recebemos um convite, por intermédio do Sargento da Polícia Militar Pepes, para um jantar na casa do Tenente Nilder Márcio Silva Mendes. O Tenente Nilder é o diretor do Hospital Geral de Barcelos e vêm operando milagres segundo moradores locais. O Tenente Walter deixou-me no consultório do dentista às vinte horas e levou o Teixeira e o nosso piloto Osmarino para a casa do Tenente. Logo depois da consulta, me uni aos companheiros e participamos da confraternização em nossa homenagem. Conhecemos, na oportunidade, o filho de Tatunca Nara. Tatunca é uma conhecida e controvertida personalidade local e fomos instados a não viajar sem antes conhecê-lo e ouvir suas incríveis e pouco verossímeis estórias.

Entrevista com Tatunca Nara

O Tenente Walter buscou o doutor Nilder em sua residência e, acompanhados pelo soldado Francisco Alves, filho adotivo de Tatunca, nos dirigimos ao sítio do seu pai, que mora há algumas dezenas de quilômetros de Barcelos, onde cultiva diversas plantas frutíferas que comercializa com os comerciantes locais. Tatunca foi surpreendido com nossa visita, mas amavelmente nos convidou para entrarmos em seu modesto barraco onde discorreu sobre temas como a Alemanha Nazista, onde deixou patente sua admiração por Adolf Hitler, sua trajetória de vida e suas pesquisas na serra do Aracá. Tatunca se diz filho de uma alemã com um líder religioso Kichwa peruano (descendente dos incas).

Kichwa: os Kichwa, originários da região do lago Titicaca, chefiados por Manco Cápac, filho do sol, estabeleceram-se em Cuzco no século XII. Seus sucessores consolidaram o domínio sobre os povos vizinhos criando uma civilização notável, baseada numa monarquia teocrática cuja autoridade máxima era o Imperador (o Inca), aconselhado por um Conselho Imperial. O Império incluía as regiões do atual Equador, o sul da Colômbia, Peru, Bolívia até o noroeste da Argentina e o norte do Chile. Também chamado de Tahuantinsuyo (‘as quatro regiões’) tinha como capital a cidade de Cuzco (‘umbigo do mundo’). Era formado por diversas nações com mais de 700 idiomas diferentes, embora o mais importante fosse o kichwa. Em 1533, os conquistadores espanhóis executaram o Imperador Atahualpa, impondo o término do vasto império. Apesar de extinta a formação imperial inca, o kichwa, ainda hoje, é a mais importante língua indígena sul-americana, falada por diversos grupos étnicos que totalizam cerca de dez milhões de pessoas na Argentina, Chile, Colômbia, Bolívia, Equador e Peru, sendo uma das línguas oficiais desses três últimos países.

Num linguajar arrastado, com forte sotaque alemão, contou suas passagens pelo Brasil, sua ida à Alemanha onde se especializou em motores a Diesel e seu retorno a terra brasileira no período revolucionário. Conta ele, depois de muitas idas e vindas, que conheceu aquela que viria a ser mais tarde sua esposa, dona Anita Beatriz Katz, quando ela o entrevistou em inglês e alemão. Depois disso, ele teria sido recrutado como membro da inteligência para o Exército Brasileiro. Após casar com Anita, trabalhou, durante algum tempo, como motorista de caminhão e acabou vindo para o rio Padueri pesquisar as origens de sua gente (Kichwa) e, depois, residindo em Barcelos, na serra do Aracá, onde teria encontrado restos de uma antiga muralha.

Tatunca advoga que o nome da cidade de Machu Picchu, na língua nativa, significa a ‘segunda’ e que na serra do Aracá encontra-se um sítio arqueológico com a mesma orientação e semelhança onde teria sido construída a ‘primeira’. Reporta que em Machu Picchu, a forma do sítio lembra um gigantesco Jacaré e aqui, no Aracá, a formação lembra um grande boto. Mais uma vez a fraude fica patente. A teoria que Tatunca advoga como sua foi plagiada do pesquisador Marcelo Godoy, empresário paranaense, que reside em Barcelos e programa viagens a Machu Picchu e à serra do Aracá. Tatunca relata que existe uma fotografia aérea que mostra, nitidamente, o desenho de uma enorme tartaruga, de uns 200 metros, gravada na pedra. Um animal sagrado para os antigos Kichwas. Continuando seu relato, Tatunca afirma que na serra do Aracá existiam três grandes buracos que penetravam terra adentro e que ele chamou a equipe do Akakor Geographical Exploring, da Itália, para inspecionar o local. Qual não foi sua surpresa quando chegou lá com os italianos e verificou que os buracos tinham sumido. Segundo sua versão, ele tinha até deixado uma corda marcando o local. Algum tempo depois, ele verificou que o grande bloco de pedra em que se encontravam os três buracos havia desabado.

“Estabelecido novo recorde sul-americano de profundidade em cavernas

Por Marcelo Augusto Rasteiro – 23 de janeiro de 2007

Pesquisadores da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SB) e da ONG Akakor Geographical Exploring estabeleceram um novo recorde sul-americano de profundidade em caverna e recorde mundial em rocha quartzífera durante a expedição ao interior da Amazônia. A descoberta do Abismo Guy Collet (AM-3), como foi batizado pelos exploradores da expedição ítalo-brasileira, com seus 670,6 metros de desnível, foi divulgada em Dezembro passado no periódico Informativo SBE nº 92 e registrada no Cadastro Nacional de Cavernas do Brasil (CNC), atendendo às recomendações para expedições estrangeiras no Brasil da SBE.

... O abismo: a equipe de exploração dividida em três frentes de trabalho, encontrou alguns abismos menores e outras possíveis cavidades, mas, ao se depararem com uma entrada no meio de uma parede de quartzito, um lance negativo de 35 metros, decidiram concentrar os esforços neste local. Após descer o primeiro lance, chegaram a um patamar de uns 6 m², o único nível topográfico positivo da caverna, desceram outro lance de 60m onde encontraram interessantes espeleotemas, formações raras em quartzito. Parecia ser o fim do abismo, mas voltando ao patamar anterior encontraram outra via e o que se seguiu foi uma sucessão de lances extremamente técnicos, exigindo muito trabalho da equipe, com jornadas de mais de 15 horas. A cada lance e estimativa de profundidade a equipe ficava mais empolgada e não queriam parar. A partir dos 650 m a caverna começou a se afunilar cada vez mais e aos 670 m finalizando num pequeno lago.

A equipe de exploração composta pelos italianos Lorenzo Epis e Alessandro Anghileri e pelo brasileiro Marcelo Brandt, ainda no fundo da caverna, não teve dúvida sobre o nome do abismo, seria uma homenagem ao companheiro Guy-Christian Collet, sócio fundador da SBE falecido em 2004. Collet realizou seus últimos trabalhos espeleo-arqueológicos com a Akakor. Também participaram da expedição a espeleóloga brasileira Soraya Ayub, os italianos Stéfano Bettega, Giovanni Confente e Paolo Costa, o mateiro Francisco Alves e o guia Tatunca Nara. (Publicado no boletim eletrônico SBE Notícias nº39 de 21/01/2007)”.

A respeito de uma suposta cidade perdida ele afirma que tem certeza de que se a região for devidamente pesquisada ela será encontrada e que ele já encontrou uma peça de cerâmica maia de quinhentos anos antes da chegada dos espanhóis à América. Falou, também, da tentativa de demarcação de novas terras indígenas na região do Aracá pela ONG Instituto Sócio Ambiental (ISA), quando eles tentaram criar uma maloca na região importando índios de São Gabriel da Cachoeira com a alegação de que ali estavam desde tempos imemoriais. Nas manifestações pró demarcação que aconteceram em Barcelos, ele disse que até índios negros apareceram, mas que, graças à mobilização popular, a farsa montada pelo ISA foi desmantelada e a terra ainda não foi demarcada.

“... A Mobilização Geral dos Povos Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro teve grande repercussão na cidade... A passeata também foi à Câmara dos Vereadores para requerer a criação de uma lei complementar à Lei Orgânica do município, reconhecendo a existência dos Povos Indígenas de Barcelos. Parou em frente ao Núcleo de Apoio da FUNAI para exigir a urgente demarcação das Terras Indígenas... (ISA - instituto Sócioambiental - 08/07/2009)

As estórias da vida de Tatunca, até sua chegada a Barcelos, são costuradas de maneira a utilizar personagens reais para dar veracidade à sua falsa origem, resgates fictícios e participação nos órgãos de inteligência brasileiros. O controvertido Tatunca Nara, nasceu, na realidade, em 5 outubro de 1941 em Coburg - Alemanha e foi registrado como Hans Gunther Hauck. Divorciado em 1966 fugiu para o Brasil em 1968 e, para não pagar pensão à antiga esposa, se esconde, em Barcelos, no Amazonas. Christa, a ex-esposa alemã de Tatunca, foi trazida ao país em 1989 pela revista alemã Der Spiegel, e o reconheceu, mas ele negou ser Hans. Segundo reportagem do Fantástico, de 07 de outubro de 1990, Tatunca foi acusado pela morte de outras 3 pessoas: do americano John Reed, em 1980; do suíço Herbert Wanner, em 1984; e da alemã Christine Heuser, em 1987.

Tatunge Nare

Sua ficha criminal em Nuremberg - Alemanha revela que o falsário já usava a alcunha de ‘Tatunge Nare’ na sua terra natal, antes de fugir para o Brasil em 1968. Tatunca inventou a história de Akakor para motivar inocentes turistas a financiar suas buscas por pedras preciosas na serra do Aracá. Anita Beatriz Katz Nara, sua esposa, confirmou para Jacques Costeau as aleivosias contadas pelo marido, Anita foi secretaria de Turismo da Prefeitura de Barcelos, Capital Nacional do Peixe Ornamental e hoje é Secretaria de Assistência Social e Cidadania. Tatunca já foi apontado pela mídia por envolvimento com a biopirataria, além de ter sido citado numa CPI de biopirataria ao ser flagrado, em 1999, pela Polícia Federal transportando 350 peixes ornamentais e plantas amazônicas (relatório da CPITRAFI de 2003).

“... 2. Os alemães Hans Barth, Hans Kemmling, Hernrick Trautschold, Hans Augustin, Wolfgang Schmidt, Horst Paul Linke e o guia brasileiro Tatunca Nara foram flagrados às margens do Rio Negro, na proximidade com Paricatuba (AM), com uma coleta de 350 peixes ornamentais e plantas”. (Comissão Parlamentar de Inquérito Destinada a “Investigar o Tráfico Ilegal de Animais e Plantas Silvestres da Fauna e da Flora Brasileiras” – CPITRAFI - 2003)

Tatunca continua guiando estrangeiros, mal informados e/ou mal intencionados, com autorização do IBAMA, na região montanhosa do alto rio Padauari, entre o Amazonas e a Venezuela onde, segundo ele, se encontrariam as pirâmides e a cidade perdida.

João Américo Peret (Indigenista, jornalista e escritor)

Por Pepe Chaves – via Fanzine

“... Conheci o ‘índio’ Tatunca Nara, em 1979, na cachoeira da Aliança, do Rio Padauiri, afluente esquerdo do Rio Negro (AM). Gravei em fita cassete sobre suas histórias rocambolescas. Sobre pirâmides e cidades subterrâneas, monges espaciais, equipamento de comunicação intergaláctico. Ele dizia que seu pai seria um sacerdote Inca que atacou um convento e raptou uma freira alemã, que é sua mãe, cresceu como príncipe numas ruínas Incas, no Acre. Essas histórias contadas de ‘boca em boca’, atraiam pesquisadores, como o arqueólogo Roldão Pires Brandão que há anos fazia expedições ao Pico da Neblina, procurando localizar ‘cidades perdidas’. Tatunca Nara trazia turistas estrangeiros e faturava (US$...). Quando o explorador francês ‘Jack Cousteau’ pesquisou o Rio Amazonas, foi com Tatunca Nara, de helicóptero, ‘ver as pirâmides’. Mas tudo continuou em segredo. Parece que o único autorizado a escrever sobre o assunto foi Karl Brugger com o livro: Die Chronik von Akakor (Econ verlag Gmbh, Dusseldorf und Ween, 1976). Traduzido sob o título ‘A Crônica de Akakor’. Direitos de tradução, a Livraria Bertrand Sarl, Lisboa, 1980. Prefácio, Erich von Dâniken. Que tal uma entrevista especial, abordando somente sobre a ‘Pirâmide e cidades subterrâneas, que só o Tatunca Nara tem o segredo?’.

... O professor Roldão me contou que, ‘Conheci o Tatunca Nara, ele é guardião das pirâmides e cidades subterrâneas no Amazonas. Ficam nas cabeceiras do rio Padauiri, no alto rio Negro. Ele me pediu segredo; Vai pedir ao grão sacerdote ugha mongulala para me levar lá. Mas falou do perigo de encontrarmos índios canibais... Preciso de você para amansar os índios. Vou a Manaus conseguir recursos para a expedição’.  

... Em julho de 1979 o professor Roldão detonou a notícia de que havia descoberto as ‘Pirâmides do Amazonas’. Assim, atraiu a imprensa do Brasil que alugava pequenos aviões para fotografar as pirâmides. Mas, devido a serração, as fotografias não tinham boa definição. O Roldão me telefonou dizendo, ‘Venha logo, os estrangeiros estão saqueando as relíquias arqueológicas. O suíço Ferdinand Schmid foi preso contrabandeando cerâmica do rio Padauiri. Estou voltando para a região com dois agentes da Polícia Federal com metralhadora, um monge para conversar com os sacerdotes guardiões, um etnólogo e o índio mongulala Tatunca Nara’.

... Vamos por partes, porque o professor Roldão saiu numa expedição aparatosa com pessoas inexperientes; ficou estressado e num movimento brusco com uma carabina ela disparou acertando seu pé. Regressaram a Manaus e ele me chamou. Cheguei a Manaus no dia 17/09/1979, juntamos o que sobrou de material e viajamos de carona num barco até o Rio Padauiri. Na Cachoeira da Aliança, ele me apresentou a um individuo que falava português com forte sotaque alemão: Era o índio mongulala Tatunca Nara de quem falei... Surpreso, não contive a expressão: ‘Mas ele é um Alemão!...’. E o Tatunca tentou de todas as formas me convencer do que era óbvio. Convidou-me para ir a sua casa onde conheci sua esposa dona Anita, o casal de filhos loiríssimos e turistas falando alemão, examinando mapas de uso das Forças Armadas. No retorno da nossa hospedaria, ele parou a canoa no rebojo da cachoeira e contou uma estória rocambolesca que gravei em fita cassete e autorizo a reprodução a seguir.

‘- Essa tartaruga tatuada no meu peito é distintivo, sou ugha mongulala – chefe-religioso de um povo Inca; Minha mãe era alemã, médica e freira, em 1930, morava na Missão de Santa Maria, no Acre (minha nota: nasci em 1926, não havia Missão Religiosa); Meu pai chamava-se Sincáia Inca, era Ugha Mongulala – chefe religioso, numa cidade em ruínas tipo Machu Picchu, no alto rio Acre. (ruínas inexistentes); Meu pai atacou a missão, matou o bispo, os padres e toda população, poupando quatro freiras. (minha nota: não havia missão, não havia bispos, tinha um único padre que era itinerante); Em 1935, ela casou com meu pai e chamava-se Heina. Nasci em 1938, minha irmã Aharira, em 1944. Minha mãe morreu em 1956. Em 1957 Aharira casou-se com um mensageiro Mongulala que morava nas cidades subterrâneas, e foi ao Acre (minha nota: a distância é longa demais para uma aventura, sujeito às doenças e acidentes). Quando o mensageiro voltou, viemos com ele. Foi quando conheci as Pirâmides e cidades subterrâneas: AKAKOR é onde vivem os sacerdotes Mongulala, minha irmã Aharira e milhares de pessoas privilegiadas. Ali ficam as relíquias e tecnologia avançadíssimas; A iluminação é através da aura das pessoas. Nosso povo usa a telepatia e a força mental capaz de materializar pessoas e objetos em qualquer lugar; É equipado com imagens televisual, onde se pode conectar com planetas; os meios de transporte são discos voadores, tudo é controlado de forma robótica. A cidade AKAHIN, em ruínas fica mais próximo das nascentes do rio Padauiri. Ali vivem os escravos de AKAKOR, denominados ‘homens das cavernas’; quem chegar à região sem autorização é morto imediatamente. (O Tatunca me revelou tudo isso ancorando a canoa no rebojo, provavelmente para me impressionar ou assustar). E concluiu sua estória com um conselho: Acho bom o senhor não prosseguir viagem com o Roldão. Escutei os índios Yanomami dizendo que seus guerreiros vão atacar os piaçabeiros (extratores de piaçaba, o povoado) a qualquer momento. Isto porque os índios vem trabalhar por aqui, ganham espingarda e vão atacar os Yanomami da Venezuela. E morrem por lá, porque os índios de lá são treinados pelo Exercito para defender a fronteira, e muitos são traficantes. Eu vou mudar para Barcelos, para proteger minha família’.

... Em conversa ele informou: “O Tatunca Nara comentou que as Pirâmides só eram avistadas ao Por do Sol...”. Fizemos pesquisas, mas não encontramos materiais cerâmicos. No dia seguinte, seguimos pela trilha que subia a Montanha. Ao meio dia chegamos a um platô que estaria a uns 800 metros de altitude. Ali seria o acampamento do Tatunca Nara, quando atendia turistas. Podíamos descortinar até a linha do horizonte, e as nuvens formavam um lastro sobre a copa das árvores. Identificamos a Serra Tapirapecó que formava um semicírculo na direção Nordeste e chegava a Cordilheira Curupira, bem ao nosso lado, com mais de 1200m de altura. A vista era uma deslumbrante obra da natureza; tinha que ser sacrossanto para nós, simples mortais.

... O sol foi baixando no Oeste e as nuvens foram se dissipando. Mais ou menos a uns 12 km apareceram os picos das ‘pirâmides’ do professor Roldão Pires Brandão, na realidade do Tatunca Nara, o ‘índio’ ugha mongulala. Por fim elas apareceram de todo, e era tão grandioso que a Gizé, a Miquerinos, e Quéops, poderiam ser riscadas do mapa como maravilhas do mundo. Porém, as ‘pirâmides do amazonas’ tinham dimensões gigantescas entre 600m de altura e uns 2500m de extensão. Também podíamos avistar uma infinidade de pirâmides, pois com o sol se pondo no Oeste, todos os picos projetavam a sombra piramidal para o Leste... (risos)”.

Indiana Jones: o plagiato de 1,3 bilhões de dólares

Por Frederico Füllgraf – 7 de julho de 2008

“... Transcorrida mais da metade do filme, a perseguição atinge a apoteose em Akator, uma ‘cidade perdida’, em cuja grafia Spielberg trocou apenas o ‘k’ da Akakor de Brugger pelo ‘t’ de seu plágio. Alimentada por uma bizarra teoria da conspiração, a inspirada Crônica de Akakor de Brugger conta que certa ‘elite nazista’, acompanhada de dois mil soldados e (para delírio da tribo dos UFOlogistas) uma versão primitiva de discos-voadores, teria se refugiado numa ‘cidade perdida’, também conhecida como ‘o castelo do Gral dos Incas’, na Amazônia.

Já na versão de Spielberg não cabiam os ‘nazistas’ de Brugger porque, segundo a crônica, uma guerra entre os nativos e os primeiros teria virtualmente exterminado os povos de Akakor. Em seu lugar entraram os soviéticos, tão órfãos de materialismo dialético, quando catatônicos os gringos, face à horripilância da ‘cidade perdida’; úmida morada de múmias, morcegos, escorpiões e caranguejeiras. E então a seqüência final: aqui o auto-referido Spielberg faz desabar a montanha do ‘Gral andino’ e de seu interior decolar (‘ET is back’!) um gigantesco disco-voador – mais do que suspeita semelhança com ‘Eram os deuses astronautas’, do lunático Von Däniken, e com a crônica Babylõniaká (História da Caldéia) de Bérose, sacerdote de Bel-Marduk (330 a.C.), vagamente referida por Platão, segundo a qual o homem primitivo foi visitado pelos akpalos, extraterrestres pisciformes, que lhes transferiram o conhecimento para o despertar da Humanidade nas terras do atual Iraque.

Infelizmente, para a teoria da conspiração, o informante de Brugger foi um tal de ‘Tatunca Nara’, que em 1972 se apresenta como filho de um chefe indígena e de mãe alemã, ‘refugiada nazista’. Mas ‘Tatunca Nara’, que fala alemão sem sotaque, estava mal parado na foto: no final dos anos 80 a BKA, Polícia Federal alemã, reconhece o cidadão Günther Hauck com bronzeado de urucum, na roupagem do falso índio - alemão, nascido em 1941 em Coburg, na Baviera, procurado por dívidas de pensão alimentícia e por isso escondido, desde a década dos anos 60, em Barcelos, no Amazonas. Mediante declaração cartorial, emitida em 2003, ‘Tatunca Nara’, que já se naturalizou brasileiro, assume sua condição de ‘doente mental’ – foi a segunda morte de Karl Brugger.

Impassível, a inconfidência esotérica insiste que a ‘expedição amazônica nazista’ teria ocorrido entre 1942 e 1943, e que em 1984 Brugger foi liquidado como ‘queima de arquivo’. Mais aceitável é a hipótese de que Brugger tenha sofrido um assalto banal: levou um tiro quando esticou a mão ao bolso traseiro da calça. Certamente queria apanhar a carteira de dinheiro, mas o pivete fez outra leitura, pensou que seria uma arma – gesto fatal, mas não improvável, para quem já vivia há mais de dez anos no Rio de Janeiro. E desde então ‘os nazistas’ povoam a ‘cidade perdida dos Incas’, esculpida no subsolo da Amazônia, à qual Spielberg se mudou, sem pagar aluguel”.

A Crônica de Akakor - Karl Brugger

Prefácio de Erich Von Daniken

Os cientistas não são os únicos que enriquecem ao explorar o desconhecido. Karl Brugger, nascido em 1942, depois de completar os seus estudos de história e sociologia contemporânea, foi para a América do Sul como jornalista e obteve informações acerca de Akakor. Desde 1974 que Brugger é correspondente das estações de rádio e televisão da Alemanha Ocidental. Atualmente, é considerado um especialista em assuntos que dizem respeito aos Índios.

Em 1972, Brugger encontrou Tatunca Nara, filho de um chefe índio, em Manaus, na confluência do rio Solimões com o rio Negro, isto é, no início do Amazonas. Tatunca Nara é chefe dos índios Ugha Mongulala, Dacca e Haisha.

Brugger, investigador escrupuloso, ouviu a história inacreditável mas verdadeira que o mestiço lhe contou. Depois de ter verificado tudo conscienciosamente, decidiu publicar a crônica que tinha registrado no gravador.

Como estou habituado ao fantástico e sempre preparado para o extraordinário, não me emociono facilmente, mas devo confessar que me senti invulgarmente impressionado com A Crônica de Akakor tal como me relatou Brugger. Abre uma dimensão que obriga os céticos a verificar que o inconcebível é muitas vezes possível.

Incidentalmente, A Crônica de Akakor foca precisamente o quadro que é familiar aos mitologistas de todo o mundo. Os deuses vieram ‘do céu’, instruíram os primeiros humanos, deixaram atrás de si alguns misteriosos instrumentos e desapareceram novamente no ‘céu’. Os desastres devastadores descritos por Tatunca Nara podem ser relacionados até ao mínimo pormenor com Os Mundos em Colisão, de Immanuel Velikovsky, as suas extraordinárias descrições de uma catástrofe mundial e mesmo as referências às datas são simplesmente espantosas. Igualmente, a afirmação de que certas partes da América do Sul são cortadas por passagens subterrâneas não pode chocar nenhum conhecedor do assunto. Num outro livro referi-me ter visto as tais estruturas subterrâneas com os meus próprios olhos, A Crônica de Akakor dá resposta a muito do que é apenas aflorado noutros trabalhos sobre assuntos semelhantes

Veja o conteúdo completo do livro de Brugger no endereço abaixo.

(http://rodrigoenok.blogspot.com/200)8/01/karl-brugger-cronica-de-akakor-nazistas.html)

(*) Hiram Reis e Silva é Coronel de Engenharia, professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA), presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS), acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB), membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS) e colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional. Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br. E-mail: [email protected] ".

(http://www.roraimaemfoco.com/colunistas/clio-boriola-colunistas-37/13842-artigo-uma-fraude-chamada-tatunca-nara-hiram-reis-e-silva.html)

 

 

 

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OUTRO TEXTO CURIOSO SOBRE A CONFUSÃO AKAKOR / TATUNCA NARA,

com menção a quatro mortes suspeitas, pelo autor do texto (BRUNO FARIAS)

 

El otro lado de la historia

 
 

29 de diciembre de 2008

Desmitificando Akakor

 
Desmitificando Akakor
 


En el 2005 dimos a conocer, Akakor: La Leyenda de los Ugha Mongulala, artículo que se puede consultar en este blog. Este trabajo mostró que el famoso relato que tantos ríos de tinta hizo correr, sobre supuestas construcciones subterráneas de origen extraterrestre escondidas en las profundidades del Amazonas, solo fue una mentira ideada por Tatunca Nara, un supuesto descendiente de esa raza desaparecida, quién en realidad era un ciudadano germano, que había estado en prisión por algunos delitos cometidos, fugándose luego al Brasil en circuntancias que aún quedan por aclarar.
 


La delirante historia, que aún es citada como una realidad por muchos investigadores y estudiosos que desconocen los pormenores del caso, es un precedente importante para establecer los recaudos que se deben tomar cuando se trata de seguir creencias no siempre bien fundadas sobre el pasado del continente americano.
 
Que nuestra querida América esconde secretos, es algo que compartimos, así como la desinformación paralela que suele acompañar aquellos misterios. Nuestra tarea es separar lo real de los fantasioso, conservando siempre el norte en nuestra brújala personal, que evite cometer los errores que a tantos buscadores de estos enigmas perjudicó.
 


Presentamos aquí un trabajo realizado por el pesquisador de origen brasileño, Bruno Farías, que sobre Akakor vuelve a poner las cosas en su lugar, continuando aquel trabajo que iniciamos hace tres años. Se cita en su lengua original, que de todas maneras es de fácil comprensión.

 
Crímenes Reales tras la leyenda de Akakor


 
Espanhóis arrancam placas de ouro que cobriam as paredes de pedra da cidade inca de Cuzco, no Peru, em 1534 (Pintura de F. Blanch publicada no livro de Manuel Rodriguez Codolá)

Por séculos exploradores buscaram na região amazônica o esconderijo inca onde estariam as 650 toneladas de jóias e ouro que seriam pagas pelo resgate do imperador inca Atahualpa ao conquistador espanhol Francisco Pizarro. Essa história deu base à lenda de Akakor, uma suposta cidade localizada na região fronteiriça da Amazônia brasileira. O mito surgiu em 1976 com a edição de um livro baseado nos relatos do suposto príncipe Tatunca Nara, filho do rei índio Sinkaia com a missionária alemã Reina.

 

Mapa com as rotas de Jacques Costeau na Amazônia com indicações inseridas por B. M. Farias

Na obra “As Crônicas de Akakor”, do jornalista Karl Brugger, Tatunca fala de Lhasa, “...um filho dos Deuses, que governou no Sul do continente americano, às suas relações com o Egito, à origem dos Incas, à chegada dos Bárbaros [referindo-se aos vikings que chegaram à América do Norte no século X d.C.] e à aliança dos índios com dois mil soldados alemães”, durante a II Guerra Mundial. A publicação, com prefácio assinado pelo escritor Erich Von Däniken, mundialmente conhecido por “ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS?”), contava também sobre a história dos Ugha Mongulala, a aliança das 13 tribos indígenas escolhidas para proteger o império de Lhasa.Akakor, a capital do império, estaria na fronteira entre o Brasil e o Peru, nos sopés dos Andes, próxima à nascente do Rio Purus; e suas cidades, ocultas pela selva amazônica, seriam interligadas por amplas redes de túneis a antigos abrigos subterrâneos, tal qual é a crença de muitos pesquisadores, aventureiros e místicos do mundo todo. As ruínas, supostamente localizadas na região entre Brasil, Peru, Venezuela e Bolívia, foram localizadas nos anos 70 por um satélite e depois encontradas por um arqueólogo em uma expedição organizada por Däniken em 1977, que foi tema de uma reportagem da revista Veja em agosto de 1979. As supostas ruínas foram classificadas como morros de formato piramidal, mas a revista acreditou na suposta filiação alegada por Tatunca.




 
Tatunca Nara faz pose fantasiado de índio, e depois aparece vestido com roupas normais (Reprodução do vídeo de Wolfgang Brog "The Secret of Tatunca Nara")


Tatunca Nara: Índio ou alemão? - A história pode parecer ridícula, mas até hoje são encontradas ruínas incas proximas às fronteiras do Brasil. Brugger escreveu que “A história de Tatunca Nara só começou a parecer plausível quando, numa outra vez, encontrei um amigo, o oficial brasileiro M. Era membro do serviço secreto e fazia parte do ‘segundo departamento’. (...) A história de Tatunca Nara está documentada em jornais e começa em 1968, quando um chefe índio branco é mencionado por ter salvo a vida de doze oficiais brasileiros obtendo a sua libertação dos índios Haisha e levando-os para Manaus. Devido ao auxílio que prestou aos oficiais, Tatunca Nara foi recompensado com uma carteira de trabalho e um documento de identidade”.









Pesquisadores estrangeiros assassinados/desaparecidos depois de andarem com Tatunca Nara: Herbert Wanner, da Suíça - John Reed, dos EUA - Christine Reuser, alemã - Karl Brugger, Alemão (Reprodução dos vídeos de Wolfgang Brog e do Fantástico)


O livro foi lançado em vários países, mas Brugger foi assassinado em 1984 no Rio de Janeiro. O processo conta que ele e Tatunca estariam brigando pelos lucros da publicação. Gunther Hauck (nome verdadeiro do suposto índio) também foi acusado pela morte de outras 3 pessoas: do americano John Reed, em 1980; do suíço Herbert Wanner, em 1984; e da alemã Christine Heuser, em 1987. O padre Casimiro, missionário salesiano de Manaus especialista em linguas indígenas, foi encarregado de traduzir o que Tatunca falava em 1971, quando estava sob custódia dos militares. O religioso percebeu que, além de ser incapaz de se expressar como um índio, ele tinha sotaque germânico – minutos depois, o prisioneiro começou a falar alemão fluentemente. A ex-esposa alemã de Tatunca, Christa, foi trazida ao país em 1989 pela revista alemã Der Spiegel, encontrou o ex-marido e o reconheceu, mas ele negou ser Hauck, já que tem documentos brasileiros afirmando que ele realmente seria índio.



Registros de Hauck na Alemanha e no Brasil (Reprodução dos vídeos de Wolfgang Brog e do Fantástico, da Rede Globo)


Ligações com a guerrilha e com os órgãos de repressão da ditadura militar - De acordo com João Bosco Valente, da Procuradoria Geral do Estado do Amazonas, Tatunca pode ter adquirido o documento com a ajuda de alguém das forças armadas, pois ele morou em alojamentos militares, quando pode ter sido usado como agente infiltrado na guerrilha pelo exército brasileiro. O governo do Peru chegou até a pedir a sua extradição e, por ordem do governador do Acre, Tatunca foi preso em 1972. Mas, segundo Brugger, “Pouco antes da sua extradição para o Peru, os oficiais seus amigos libertaram-no da prisão de Rio Branco e tornaram a levá-lo para Manaus”. Um documento da procuradoria relata que o falsário usava mão-de-obra indígena em regime de exploração na colheita da piaçava, que ele trocava com os índios por bugigangas, e também que ele foi informante do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna, onde eram torturados os que se opunham à ditadura militar), do SNI (Serviço Nacional de Informações) e do CMA (Comando Militar da Amazônia) a partir de 1972: “... neste último tendo contato íntimo com o então Major Thaumaturgo, hoje General, que na época ajudou a criar a estrutura da 7ª Seção do CMA. Tatunka passava informações à respeito da atuação de funcionários da FUNAI, de políticos e do então prefeito de Barcelos, de nome Manoel”. Valente interrogou mais de 20 pessoas, inclusive Gunther e sua esposa brasileira, Anita, e disse que a Polícia Federal brasileira entrou no caso bem antes do ministério público, mas por algum motivo desconhecido, não prosseguiu com as investigações. Numa reportagem feita pelo Fantástico em 1990, o diretor-geral da Polícia Federal Romeu Tuma garantiu que, se Hauck realmente fosse um homicida, seria julgado pelo código penal brasileiro, e que se fosse comprovado o crime de falsidade ideológica, podendo inclusive cumprir a pena no Brasil antes de ser deportado. Entretanto, o alemão continua livre até hoje.



Relatório da Procuradoria Geral do Estado do Amazonas que denuncia a ligação de Tatunca Nara com órgãos de repressão da ditadura militar (Reprodução do vídeo de Wolfgang Brog "The Secret of Tatunca Nara")


Segundo Tatunca Nara, em entrevista no ano passado, pelo menos 80% do livro seria uma mentira criada por Brugger, Alegação que não procede, já que Hauck gravou o relato em fitas que viraram um programa de rádio. Existem registros, na prisão da cidade alemã de Nuremberg, de que o falsário já usava a alcunha de “Tatunge Nare” na Alemanha, antes de fugir para o Brasil em 1968. E, muitos elementos da história criada por Gunther para construir a lenda de Akakor encontram-se em obras da literatura da primeira metade do século passado. Segundo um morador de Barcelos não quis se identificar, o falsário teria inventado a história para que os turistas bancassem sua busca por diamantes, e em uma entrevista exclusiva, Tatunca disse que muita gente já morreu indo atrás dele e confirmou: “Eu não posso nem vender um diamante!”. Sua esposa Anita, que repetiu para o explorador Jacques Costeau as mentiras contadas pelo marido, é ligada à prefeitura do município de Barcelos, capital nacional do peixe ornamental, onde certos espécimens chegam a valer US$ 5 mil no mercado negro, e Tatunca já foi citado em jornais por envolvimento com a biopirataria, além de ter sido ser citado numa CPI de biopirataria ao ser pego pela Polícia Federal com uma coleta de 350 peixes e plantas junto a outros 6 “turistas” alemães. Mesmo assim, Tatunca continua guiando estrangeiros com autorização do IBAMA na região onde estariam as supostas pirâmides, nas montanhas do alto rio Padauari, entre o Amazonas e a Venezuela, local onde ele também enganou Jacques Costeau e a revista Veja.


 


Reprodução de trechos do relatório da CPITRAFI de 1997


Onde Tatunca Nara dizia estar Akakor, existe Chan Chan, a capital do império Chimu, declarada pela UNESCO como Herança Cultural da Humanidade, com uma importância comparável às do Egito, Mesopotâmia, Índia, China e de Teotihuacán no México. A cidade, que fica a 15 km da fronteira do Peru com o Brasil, foi escavada nos anos 60. Mas Tatunca agora nega a existência das cidades perdidas. Questionado quanto às ruínas de Chan Chan e a outros achados arqueológicos recentes, Tatunca mudou novamente de opinião e respondeu que “pode até demorar, mas a verdade sempre aparece”. Mentiras e informações desencontradas à parte, a maioria dos documentos escritos pré-colombianos foi destruída pela Igreja Católica, e o grande público sabe muito pouco sobre o que se passou por aqui antes da chegada de Colombo em 1500. Infelizmente, a impunidade poderá causar ainda mais mortes, e a escassez de provas históricas concretas unida à desinformação continuará gerando mais polêmicas...




Ruínas encontradas nas fronteiras entre o Brasil, o Peru, a Bolívia e a Venezuela: Fortaleza inca de Las Piedras, na Bolívia (Dr. Martti Parsinen); Serra da Muralha, em Rondônia (Reprod. do site Ziguraths Brasil) - Ruínas de Chan Chan, no Peru (George Delange)- Geoglifos no Acre (Dr. Alceu Ranzi)


BOX: ONG AKAKOR ENCONTRA TÚNEIS EM PIRÂMIDE NA BOLÍVIA A organização Akakor Geographical Exploring que, guiada por Tatunca Nara, localizou em 2007 a caverna com o maior desnível da América do Sul (670 metros), divulgou no início de setembro no boletim da Sociedade Brasileira de Espeleologia a descoberta de túneis nos subterrâneos de uma pirâmide a 70 Km de La Paz, na Bolívia. Ao ser questionada no ano passado pelo historiador paulista Celso Torres por ter usado um guia citado em uma CPI da biobirataria, a ONG respondeu que não tem nenhuma ligação com o passado dos guias que contrata e que sequer tinha conhecimento dos crimes atribuídos ao alemão.




Reprodução do informativo da Sociedade Brasileira de Espeleologia em 11-09-2008


Véase:




- “História de España y de los pueblos hispanoamericanos hasta su independencia” - Manuel Rodriguez Codolá – M. Seguí Editor – Barcelona - Espanha;
- "Exploration Fawcett" - by Lt. P. H. Fawcett, arranged from his manuscripts, letters, logbooks, and records by Brian Fawcett - 1953 Hutchinson & Co. Publishers Ltd. - Londres - Inglaterra;- "Civilizações Perdidas - Procuradas há milhares de anos, elas seguem despertando muita curiosidade. Explore com a gente os vestígios deixados por seis cidades lendárias" - Fabiano Onça - Revista Mundo Estranho - mar/2008 - Editora Abril - São Paulo, SP - Brasil;
- "Mysteryes of Ancient South America - Harold T. Wilkins - Adventures Unlimited Press - Kempton, Illinois - EUA;
- "Cidades Perdidas e Antigos Mistérios da América do Sul" - David Hatcher Childress - Siciliano - São Paulo, SP - Brasil;
- "O Segredo dos Incas" - Siegfried Huber - 1961 Editora Itatiaia - Belo Horizonte, MG - Brasil;
- "Die Chronik von Akakor" - Karl Brugger - 1976 ECON Verlag, Dusseldorf - Alemanha;
- "O Enigma da Floresta - Numa imensa planície amazônica, no alto Rio Negro, três morros em form de pirâmide - que o exame das fotos indica serem um capricho geológico" - Revista Veja de 01-08-1979 - Acervo da Fundação Biblioteca Nacional - Brasil;
- "Jacques Costeau´s Amazon Journey" Jacques-Yves Costeau e Mose Richards - Harry N. Abrams, Inc. - New York - EUA;
- "COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DESTINADA A `INVESTIGAR O TRÁFICO ILEGAL DE ANIMAIS E PLANTAS SILVESTRES DA FAUNA E DA FLORA BRASILEIRAS´ – CPITRAFI - RELATÓRIO" - Relator: Deputado Sarney Filho - Brasília, DF - Brasil;
- "Ministério Público promove audiência contra biopirataria" 24-11-1999 SITE MIDIANEWS acessado em set/2008 ( http://www.midianews.com.br/conteudo_imprime.php?sid=3&cid=2165 );
- "Peixes ornamentais garantem a economia de Barcelos-AM" - Site AMAZÔNIA: INTERESSES E CONFLITOS acessado em set/2008 ( http://www.comciencia.br/reportagens/amazonia/amaz21.htm );
- "Up the Rio Negro" - Site PACIFIC ISLAND TRAVEL Acessado em set/2008( www.pacificislandtravel.com/south_america/brazil/about_destin/uptherionegro.html );
- "Povos indígenas do Baixo Rio Negro reivindicam direitos em Assembléia da Asiba" -14/11/2001 - Site da ONG SOCIOAMBIENTAL acessado em set/2008 ( https://www.socioambiental.org/nsa/nsa/detalhe?id=95 );
- "Estabelecido novo recorde sul-americano de profundidade em cavernas" - Marcelo Augusto Rasteiro - Revista Ciência Hoje - 23-01-2007 - Brasil;
- Entrevista com João Bosco Valente, procurador do Estado do Amazonas em nov/2007;
- Entrevista com um morador anônimo de Barcelos/AM em dez/2007;
- Entrevista com Tatunca Nara em dez/2007;
- Entrevista com Osman Brasil, indigenista da FUNAI de Rondônia em fev/2008;
- Entrevista com o geólogo Carlos Giovanini em mar/2008;
- "Na Amazônia a polícia investiga o caso de Tatunca Nara, um homem de origem desconhecida, acusado de assassinato" - Reportagem do Fantástico de 07-10-1990 - Reprodução do pré-projeto do trabalho de conclusão de curso de jornalismo de B. M. Farias na Faculdade Estácio de Sá/SC;
- Documentário de Wolfgang Brog "The Secret of Tatunca Nara" - ONG Amazon Verde -Manaus/AM;
- "Fortifications related to the Inca Expansion" - Martti Pärssinen, Ari Siiriäinen and Antti Korpisaari - 2007 Instituto Íbero-Americano de Finlândia;
- "O Acre e o Império Inca" - Matéria publicada no Jornal Página 20, em 27/09/2006 Por: Alceu Ranzi;- "Geoglifos da Amazônia - Perspectiva Aérea" - Alceu Ranzi e Rodrigo Aguiar - 2004 Faculdades Energia - Florianópolis, SC - Brasil;- "Huaca del Dragón" The Delange Home Page acessada em abr/2008 ( http://www.delange.org/ ) - Reprodução do pré-projeto do trabalho de conclusão de curso de jornalismo de B. M. Farias na Faculdade Estácio de Sá/SC;
- "Equipe Zigurats Brasil - Segunda Expedição" - Site PORTAL PEGASUS acessado em set/2008 ( http://www.pegasus.portal.nom.br/noticias.htm );
- "Akakor descobre galerias na pirâmide de Akapana, na Bolívia" - Informativo da Sociedade Brasileira de Espeleologia SBE NOTÍCIAS, número 98 - set/2008.


Bruno Farías entrevista Tatunca Nara ( Parte 1)



Bruno Farías entrevista Tatunca Nara ( Parte 2)