O confronto entre o Bem e o Mal
Por Miguel Carqueija Em: 03/10/2014, às 10H27
Miguel Carqueija Resenha do volume 3 de “Pretty Guardian Sailor Moon” (A linda guardiã Sailor Moon), edição brasileira da JBC (São Paulo), 2014; edição original da Kodansha (Tokyo, Japão), 1992, republicada em 2003. Mangaká: Naoko Takeushi. “Precisamos selar e deter a Rainha Metalia! É chegado o momento, Sailor Moon!” (Sailor Vênus) “Quando esta espada brilhar, terá chegado o momento em que o “cristal de prata” guardado no interior daquela que será a rainha... será movido pelos ditames de seu nobre coração.” (Sailor Vênus) “Eu, a Princesa Serenity... que também sou a Guerreira do Amor e da Justiça, Sailor Moon... selarei você com o poder da Lua!” (Sailor Moon, no confronto final com o demônio Metalia) O terceiro livro em quadrinhos “Sailor Moon”, com mais de 200 páginas, apresenta os atos 12 a 16 e uma abrupta transição do primeiro para o segundo arco. Usagi Tsukino, a Sailor Moon, enfrenta o maior dilema de sua vida, quando o seu grande amor, Mamoru Chiba — o Tuxedo Mask ou Tuxedo Kamen (“Mascarado de Fraque”), que na verdade é o Príncipe Endymion do antigo Reino da Terra — tendo sofrido uma lavagem cerebral, agora é um servidor do Reino Escuro. A maléfica Rainha Beryl lança Mamoru contra a Princesa da Lua Branca. A terrível situação leva Sailor Moon ao desespero, mas a força do amor que palpita em seu peito dará uma solução ao impasse. Entretanto, a batalha final contra o Reino Escuro — onde a poderosa e nefasta Rainha Beryl é confrontada pela heróica Sailor Vênus, armada com a excalibur lunar — decidir-se-á entre Sailor Moon e Metalia, o demônio que, assediando a Terra, lança uma sombra negra sobre o mundo. A história adquire um aspecto religioso evidente. O nome de Deus só aparece esporadicamente na franquia Sailor Moon; as referências religiosas porém são constantes em metáforas ou mesmo explicitamente. No seriado de imagem real produzido entre 2003 e 2005, por exemplo, há uma cena tocante em que Sailor Marte e sailor Vênus entram numa igreja católica e, ajoelhadas no banco, rezam de mãos postas e com grande respeito. Aliás, a Sailor Marte é uma sacerdotisa de um templo xintoísta. A Lua é vista como um astro sagrado, espécie de fortaleza divina, sentinela contra o mal; e nela estão a espada sagrada, a sagrada torre de cristal, a ala de orações do castelo lunar, e o próprio reino lunar do passado remoto, visto como uma coisa sagrada. E é por isso que Sailor Moon, ao enfrentar o demônio, adquire uma aura sobrenatural que, como super-heroína, a diferencia radicalmente dos super-heróis norte-americanos da DC e Marvel que — fora aqueles como Batman, isentos de poderes — apenas possuem poderes paranormais, mas não sobrenaturais. De fato o Super Homem, o Homem Aranha, Aquaman, Flash e outros têm seus poderes materialistas, baseados em explicações pseudocientíficas. Em Sailor Moon, porém, encontramos uma guerreira mística, e nela o milagre de fato acontece. Neste terceiro volume entra também em cena a pequena Chibiusa, a filhinha do futuro de Sailor Moon, que aparece quando a Terra começa a ser atacada pelo clã da Lua Negra, vindo do distante porvir atrás do cristal de prata. Chibiusa é uma das figuras mais fascinantes do universo Sailor Moon. O ponto alto do volume, sem dúvida, é o duelo de Sailor Moon com Metalia. O demônio parece invencível porque absorve e se alimenta de toda a energia lançada contra ele; mas a Princesa da Lua, com o poder sublime que emana de seu coração, faz surgir a luz sagrada pelo cetro da sua realeza. Nesse momento a adolescente Usagi Tsukino, de aspecto quase infantil, ingênua e pura, mostra-se majestosa e dona de uma coragem sobre-humana. A sequência é apocalíptica, grandiosa e inesquecível.