O ciclo de Bilac
Por Rogel Samuel Em: 09/11/2008, às 08H09
De manhã o sangue a promessa, o assomo, o sonho, a juventude, a força. Depois a flor e o noivado, perfume, árvore, cântico amor. De tarde o esplendor da glória e do triunfo, o pensar maduro. A noite de saudade, as lágrimas, as folhas, o passado, o dormir. A vida toda perpassa no poema de Bilac, com a elegância e sonoridade do príncipe dos poetas do Brasil.
Ciclo
Manhã. Sangue em delírio, verde gomo,
Promessa ardente, berço e liminar:
A árvore pulsa, no primeiro assomo
Da vida, inchando a seiva ao sol... Sonhar!
Dia. A flor, - o noivado e o beijo, como
Em perfumes um tálamo e um altar:
A arvore abre-se em riso, espera o pomo,
E canta à voz dos pássaros... Amar!
Tarde. Messe e esplendor, glória e tributo;
A árvore maternal levanta o fruto,
A hóstia da idéia em perfeição... Pensar!
Noite. Oh! saudade!... A dolorosa rama
Da árvore aflita pelo chão derrama
As folhas, como lágrimas... Lembrar!