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[Flávio Bittencourt]

O causo da bicicleta

Geraldinho de Bela Vista do Goiás está recontando um inesquecível causo.

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.4b.nl/c/geraldinho.html)

 

 

 

 

Neitson Carlos Santos - Enviado em 24/12/2011

Um antigo reclame da extinta Caixego, mas a mensagem continua atual

 

 

 

 

 

 "A IMPORTÂNCIA  da arte de Geraldo Policiano Nogueira, o Geraldinho, é confirmada pelos trabalhos acadêmicos que sobre essa produção cultural são feitos"

(C

 

 

 

 

 

GERALDINHO NOGUEIRA

O MAIOR CONTADOR DE CAUSOS QUE O BRASIL JÁ POSSUIU !

 

 

 

       

 

        "Quem nunca se divertiu ao ouvir os "causos" do morador mais famoso de Bela Vista de Goiás?

       Geraldo Policiano Nogueira, o Geraldinho, ficou conhecido nacionalmente por ser um homem simples da vida interiorana, mas cheio de histórias para contar.

        O ilustre bela-vistense nasceu no dia 18 de dezembro de 1918 [sic - 1913 (vide texto acadêmico, ao final, "Introdução", adiante transcrita)], na Fazenda Aborrecido. Viveu boa parte de sua vida na Fazenda Nuelo, localizada no município de Bela Vista de Goiás. Casou-se com Joana Bonifácio e com ela teve oito filhos.

        Geraldinho gostava muito de participar da Folia de Reis, onde dançava catira, tocava viola e também alegrava as pessoas com suas histórias. No ano de 1984, o contador de causos foi descoberto artisticamente por José Batista e Hamilton Carneiro.

        Os apresentadores levaram Geraldinho para as emissoras de televisão. Desde então, os brasileiros passaram a ouvir seus contos. Geraldinho era uma das principais atrações de programas regionais, como Frutos da Terra, e começou a participar de propagandas em Goiás.

        Esses trabalhos fizeram de Geraldinho uma figura goiana de destaque. Muitos exploraram o talento daquele homem simples e nem sempre o recompensaram pelo seu valor. O sucesso de seu trabalho não deu retornos materiais aos familiares do artista.

        Antes de Hamilton “descobrir” Geraldinho (isso foi em 1984, juntamente com José Batista, quando Hamilton quando gravava matérias para o seu programa Frutos da Terra), ele contava seus causos em todos lugares por onde passava: na roça (principalmente na fazenda Nuelo, onde viveu boa parte de sua vida e nas redondezas de Bela Vista de Goiás), em festas, botecos, folias, quermesses e pasmem, até em velórios!

        Depois do “reconhecimento”, Hamilton, conhecedor dos hábitos e costumes do interior goiano, não deixou o humorista perder sua naturalidade e originalidade, mas tratou de fazer uma adequação na linguagem usada por ele para os meios de comunicação. Uma vez feitas essas pequenas alterações, Geraldinho passou a se apresentar em teatros (inclusive no Nacional, de Brasília), rádios e televisão (sobretudo no programa Frutos da Terra, da TV Anhangüera, já fazendo as parcerias presentes nos discos).

        Em 1993, Geraldinho faleceu por conseqüência de uma trombose intestinal. Sua história e sua contribuição cultural estão na memória da população de Bela Vista de Goiás.

        Os shows do espetáculo “Trova, Prosa e Viola”, mesmo com a morte da sua figura principal, ainda continuam com o mesmo trio e com Geraldinho em imagens no telão, isso graças à sincronia e à tecnologia de hoje, que permitem também que Hamilton, André e Andrade consigam até mesmo conversar com Geraldinho. A montagem e o impacto ao mesmo tempo em que fazem rir, emocionam a platéia."

 (http://www.lucianoqueiroz.com/geraldinho%20nogueira.htm)

 

 

 

 

 

19.12.2012 - Ele foi o maior contador de estórias do Brasil -    GERALDINHO NOGUEIRA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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"GERALDINHO: ENTRE PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES DA CULTURA
SERTANEJA GOIANA


Carolina Do Carmo Castro1,3; Eliézer Cardoso De Oliveira2,3.


1- Bolsista PBIC/UEG
2- Pesquisador – Orientador
3- Curso de História, Unidade Universitária de Ciências Sócio- Econômicas e Humanas, UEG.
RESUMO:
Esta pesquisa visou estudar a cultura sertaneja em Goiás, suas práticas e suas
representações, a partir do estudo biográfico de Geraldo Policiano Nogueira. Geraldinho, como é
conhecido, foi um pequeno sitiante caipira que residia na área rural do município de Bela Vista
(GO); pelo seu modo de falar, caracteristicamente sertanejo, e pela sua habilidade em prender
atenção do público com seus divertidos causos, foi convidado a participar de um programa de TV
(Frutos da Terra, do apresentador Hamilton Carneiro) em 1987. Seu sucesso na mídia foi
imediato: participou de comerciais de TV e rádio, de shows em teatros, de programas de auditório
e da gravação de discos. Faleceu em 1994.
A hipótese básica dessa pesquisa é que os causos de Geraldinho não são apenas um espetáculo de
humor, embora sejam vistos assim pela cultura urbana. Eles são manifestações da cultura popular
rural. São ritos populares, assim como os provérbios, as modinhas, as festas religiosas, os carros
de boi. Esses causos são formas de acesso metodológico para as práticas e representações da
cultura popular rural em Goiás, demonstrando uma postura crítica à modernização
(principalmente tecnológico) e possuindo características estéticas (principalmente relacionadas às
funções corporais, à sexualidade e devoção religiosa), do conceito bakhtiniano de "realismo
grotesco".
Palavras-chave:
Geraldinho, cultura caipira, humor.
INTRODUÇÃO
Geraldo Policiano Nogueira nasceu em 18 de dezembro de 1913, na fazenda Aborrecido
em Sussuapara (atual Bela Vista – GO). Durante grande parte de sua vida, foi um caipira típico:
trabalhou em atividades rurais, casou-se cedo, teve muitos filhos1, foi um exímio especialista nas
1 Casou se com dona Joana Bonifácio e tiveram 8 filhos, Alcides, João, Divino, Dalva, Benedita, Sebastiana,
Aparecida e Sebastião.
2
manifestações culturais sertanejas (como a Folia de Reis e a Catira) e um apreciador da
brasileiríssima cachaça. Geraldinho seria apenas mais um dos inúmeros sertanejos goianos se
não fosse a sua ímpar habilidade em contar engraçados causos, numa linguagem tipicamente
sertaneja. Graças a isso, em 1984, os produtores do programa Frutos da Terra (José Batista e
Hamilton Carneiro), convidaram- no a participar do programa. O sucesso foi imediato: a partir
daí, seus causos foram apresentados em teatros (inclusive o Nacional, de Brasília), rádios e
televisão. De uma hora para outra, Geraldinho tornou-se uma celebridade, até que faleceu em 1o
de dezembro de 1993, vítima de trombose intestinal, faltando apenas 18 dias para completar 80
anos.
Qual o interesse de Geraldinho para o conhecimento histórico?
A biografia de Geraldinho é de grande importância para o estudo da cultura sertaneja em
Goiás. Seus causos são resquícios do dialeto caipira2, modo de falar predominante em Goiás no
século XIX e início do XX. Gradualmente, com o desenvolvimento urbano e, conseqüentemente,
com o desenvolvimento do sistema educacional e a implantação de um modo de expressar
baseado na gramática normativa, o dialeto caipira foi se extinguindo. Atualmente, apenas em
raras ocasiões, pode-se encontrar alguém (quase sempre um ancião) que utiliza esse dialeto,
embora não o faça mais de forma pura, mas sim mesclando a fala caipira com expressões
urbanas. Assim, uma linguagem que era usual, tornou-se exótica, provocando risos naqueles que
se expressam conforme as regras do português culto.
Além da linguagem caipira, os causos de Geraldinho são depositários das práticas e das
representações da cultura rural em Goiás. Por meio deles, é possível compreender aspectos da
mentalidade da cultura popular dos homens e mulheres dos séculos passados. Pode-se, portanto,
afirmar que os causos são instrumentos para a análise da representação coletiva sertaneja em
Goiás, e não meramente uma produção individual.
Geraldinho soube, como ninguém, absorver esse saber e essas experiências populares. Ele
constitui uma personalidade-síntese da cultura popular; foi, conforme a expressão imortalizada
por Walter Benjamin (1994: 197-221), um grande narrador, um dos últimos caracteristicamente
sertanejo, que possuía total domínio da narrativa, da arte do improviso, deixando o público
2 Os lingüis tas consideram regionalismo a preferência de certas expressões ou construções a outras em uma
determinada região do país; quando elas se aprofundam, temos o dialeto. A maioria dos autores que estuda essa
forma de expressar do sertanejo, considera-a como um dialeto. Para maior aprofundamento sobre a linguagem
caipira, ver as obras de Veado (1982) e Vilefort (1985).
3
dominado por sua retórica. Narrador é aquele que sabe contar histórias, porque viveu numa época
em não havia uma especialização funcional radical: as pessoas podiam trabalhar, ouvir e contar
histórias ao mesmo tempo. Uma época, como em Goiás do início do século XX, de pouca leitura,
sem rádio e televisão, no qual ouvir causos era uma das poucas oportunidades de se deixar levar
pela fantasia e pela imaginação.
Portanto, utilizar-se-á os causos de Geraldinho para compreender vários aspectos da
mentalidade sertaneja em Goiás: a sexualidade, a religiosidade, a crítica às inovações
tecnológicas da modernidade e aos especialistas da ciência moderna (médicos).
MATERIAL E MÉTODOS

(...)"

 

[http://www.prp.ueg.br/06v1/conteudo/pesquisa/inic-cien/eventos/sic2007/flashsic2007/arquivos/resumos/resumo47.pdf]