O amazonense que esculpe onças, peixes, cobras, antas e harpias

José Alcântara é um mestre na arte de esculpir em madeira. Ele e seus filhos entalham, com fidelidade às formas e cores de seus zoológicos modelos, animais amazônicos de diversas espécies, como também barcos de madeira, finamente trabalhados e, depois, pintados. É conhecido esse artista por sua produção de onças, que podem ser produzidas em tamanho do jaguar adulto, mas ele também fabrica harpias (gaviões-reais), corujas e garças que formam o conjunto - do qual fazem parte impressionantes e gordas antas -, das peças que mais são vendidas pelo artesão. Soube que Maria Bethânia encomendou a Alcântara um trono de madeira, com onça e serpente esculpidas, também. Visitei tanto a loja de José Alcântara na Central de Artesanato Branco Silva (fevereiro/2002), quanto a butique instalada em sua residência (julho/2004 e dezembro/2007), no bairro de Petrópolis, Manaus. Interessante que uma onça do tamanho de uma jaguatirica tanto pode ser a onça grande, esculpida em tamanho menor - mais barata, portanto - quanto pode ser um simulacro, em tamanho natural, da própria jaguatirica, que, adulta, "é pequena". Em resumo, José de Alcântara e seus filhos são craques na arte de esculpir.

Como expressão de grande amizade pelas estimadas Sras. Tereza Santos e Sígrid Santos, respectivamente nora e neta do pioneiro do cinedocumentário amazonense , Sr. Silvino Santos, sendo Dª Tereza viúva de meu falecido amigo Guilherme Santos, e Sígrid filha do Sr. Guilherme e de Dª Tereza, ofereci a elas um barco adquirido na butique dos Alcântara, a loja que funciona no bairro de Petrópolis (Manaus), no qual pedi que fossem pintados os dizeres "Lago do Ayapuá - Estado do Amazonas", região que hoje pertence ao município de Beruri. Foi nessa região, localizada no coração do Amazonas, que nasceram alguns de meus ancestrais, pelo lado materno. (Flávio Bittencourt - [email protected])

Consta no portal da Web de José Alcântara e seus filhos também exímios escultores:

"Quem entrar num jardim e se deparar com uma das esculturas dos Alcântaras, vai levar um susto duplo. O primeiro, por pensar que está diante de um animal de verdade; e o segundo, quando descobrir que o animal em questão é feito de madeira. É isso que acontece com a maioria das pessoas que vêem as onças, jacarés, garças e corujas esculpidas por eles. Essa perfeição nos detalhes rendeu a José Alcântara, o chefe da família, uma posição de destaque entre os escultores. Ele é um dos poucos que consegue sobreviver da arte. Até a cantora Maria Bethânia não resistiu à beleza das obras e encomendou quatro peças para os jardins de sua casa. As peças dos Alcântaras estão em exposição permanente na Central de Artesanato Branco e Silva, na rua Recife, bairro de Adrianópolis (Manaus).

Duas madeiras ganham a preferência de escultor: o piquiá e a guariúva ou guariúba, madeiras generosas, pois , segundo o artista, cada árvore representa matéria-prima por cerca de dois anos, para seu trabalho. Transformação hábil e sensível que José Alcântara consegue, quase que magicamente, ao traduzir nas toras, seus bichos da floresta.

Cada bicho nasce de longa e cuidadosa pesquisa em ilustrações de livros e revistas. Em visitas ao zoológico, o artista observa, ao vivo, o comportamento dos animais que representa em seu trabalho. Estudos de algumas ossadas de animais lhe permitem uma melhor e detalhada observação do real. A busca pelo realismo é constante. O resultado é um detalhismo de visível delicadeza, nas formas, nas cores, na assinatura estética reconhecível em cada peça.

José Alcântara busca sua matéria-prima nos desmatamentos ao redor da cidade de Manaus. Transporta as madeiras até seu local de trabalho, na Central de Artesanato Branco e Silva. Trabalha também em sua oficina, ampla e bem organizada, em sua ex-residência no bairro de Petrópolis, onde ainda moram seus filhos, artistas-herdeiros de sua técnica.

Em sua oficina, algumas etapas do trabalho, como o início do entalhe, preparação primeira da madeira, são executadas pelos filhos, havendo uma certa autoria coletiva ou personalizada por estilo próprio, ainda que seguindo temática e tendência visual orientadas pelas observações do pai.

Lá, José Alcântara seleciona no tronco alguns volumes, e já no corte da serra elétrica começa a definir o formato da escultura do bicho. Em seguida, com o uso de uma machadinha, vai desbastando a madeira e, sutilmente, começa a se identificar a futura escultura - uma onça, um pirarucu. Agora, com o enchó (ferramenta de lavrar), a madeira começa a ganhar algum refinamento, e com entalhadeiras, formões e maceta de pau, ele consegue imprimir formatos, desenhos plásticos complementados com diferentes lixas, pintura e pirogravação. Se o bicho escolhido for uma onça, ela ainda recebe bigodes de gatos. Quanto aos pigmentos utilizados, prefere os naturais, oriundos das próprias madeiras, embora empregue também tintas guache e acrílica.

Com um trabalho diário em torno de oito horas, geralmente em quase seis meses executa uma onça em tamanho natural; para esculpir as menores, de 50 a 60 cm de comprimento, leva cerca de um mês" (http://www.operahouse.com.br/jalcantara/tecnica.htm).

ONDE ENCONTRAR A ARTE DE JOSÉ ALCÂNTARA:

Rua Recife 1999 - Loja 7 - Parque 10
Central de Artesanato Branco e Silva
Manaus-AM ..CEP - 69057-002
Fone/Fax.: (92) 3642 5458

RESIDÊNCIA / BUTIQUE DE ARTESANATO:

Rua Bernardo Michiles 868 A
Petrópolis Manaus-AM
CEP - 69067-000 - Fone: (92) 3663 2316
Fone/Fax: (92) 3249-2926 - (92) 9122-0244

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