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- Pierre temia viajar naquelas águas cheias de paus, troncos, bancos de areia, torrões, pedrais, salões e muiunas, rebojos, ituranas, panolas, panelões, praias, sacados, jupiás, ipuêras, baixios, cambões, caldeirões, esqueletos, praias de duas cabeças, voltas - todos obstáculos e perigos da navegação ordinária, de grande ou de pequeno calado, para navios, motores, canoas, montaria e igarités, tudo, toda uma massa de uma teoria infernal de perigos a evitar, a contornar, a vigiar, a desafiar, a temer.

Súbito silêncio de morte caiu em todo o espaço do Palácio, estático como se a Amazônia inteira se imobilizasse sobre suas telhas de Marselha. Pierre mergulhou em si e desapareceu. A mãe-da-lua emitiu suas quatro oitavas. Á distância, um pescador agitou na água o pindá-uauaca.

- UM dia, disse Pierre, um funcionário de Santarém perguntou ao Bates de que lado do Rio Amazonas ficava a cidade de Paris. Imaginava que o Universo inteiro seria cortado pelo grande rio, e que todas as cidades se levantariam de uma ou de outra margem

- O senhor espera regressar? perguntou Ferreira.

- Não sei, respondeu o velho. Creio que deva, um dia. E voltando-se para o jovem com os ombros: Sabe o senhor por que vim para cá?

- Não, respondeu Ferreira.

- Por minha saúde. Tenho que viver nas regiões quentes.

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