[Flávio Bittencourt]

Nuvem radioativa do Japão avança para a Europa

Daniela Fernandes, de Paris, informa.

 

 

 

 

 

 

 

 

O FÍSICO ESTADUNIDENSE ROBERT OPPENHEIMER (1904 - 1967),

"O DOUTOR ATÔMICO"

 

 (http://mcmvanbree.com/dutchperspective/adams-doctor-atomic-at-the-lyric-a-review)

 

 

 

 

"(...) O maestro John Adams foi o compositor americano responsável pelo espetáculo ' Doutor Atômico' (2005), que conta a história do físico Robert Oppenheimer, lider da equipe de engenheiros do Projeto Manhattan, responsável pela construção da primeira bomba atômica. (...)".

(http://www.odiario.com/vivamaringa/cinema/filme/1422)

 

 

 

 

17.3.2011 - Daniela Fernandes, de Paris, informa - "Nuvem radioativa chegará à Europa semana que vem, dizem especialistas franceses", como escreveu Daniela Fernandes, da BBC Brasil.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

PORTAL Bol - Notícias

(17/03/2011):

 

"Nuvem radioativa chegará à Europa semana que vem, dizem especialistas franceses

17/03/2011 - 10h42 | do UOL Notícias

 
Daniela Fernandes
De Paris

Especialistas franceses afirmam que uma nuvem radioativa causada pelas explosões na central de Fukushima Daiichi, no Japão, deverá chegar à Europa na próxima semana, mas estimam, no entanto, que ela não será nociva à saúde.

Segundo Jean-Marc Peres, chefe do serviço de fiscalização da radioatividade no meio ambiente do Instituto de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN) da França, “é muito provável” que a nuvem seja detectada a partir da próxima semana no território francês”.

O IRSN criou o site “Criter Japon”, que permite à população ter acesso ao nível de radiação na França. A radiação é medida por sensores espalhados pelo país quase em tempo real, com apenas uma hora de defasagem em relação à coleta dos dados.

O site mostra as áreas do país onde estão situados os sensores, e legendas em cores explicam os níveis de radioatividade.

O site “Criter Japon” tem tido “um número tão grande de acessos” que tem ficado fora do ar, informa o IRSN. O especialista do instituto afirma, no entanto, que em razão do fenômeno de dispersão das partículas radioativas durante o trajeto de vários milhares de quilômetros entre o Japão e a Europa, “ é certo que o nível de radioatividade da nuvem ficará abaixo do limite nocivo à saúde”.
 

Áreas próximas da usina de Fukushima

  • O governo japonês pediu aos moradores de um raio de 20 a 30 quilômetros próximo da usina de Fukushima que permaneçam em casa e com as janelas fechadas. A medida serve como forma de proteção contra a radiação da usina nuclear de Fukushima, após acidente com os reatores

Em um debate no Parlamento francês na quarta-feira, a ministra do Meio Ambiente, Nathalie Kosciusko-Morizet, também não excluiu a possibilidade de que a Europa seja afetada pelo acidente nuclear em Fukushima, mas afirmou que o impacto radioativo “não deverá causar problemas”.

O governo francês pediu na quarta-feira ao órgão responsável por urgências de saúde no país para fazer um levantamento do estoque de pastilhas de iodo na França, substância que impede que a radioatividade tenha efeitos sobre a tiroide.

O objetivo, segundo as autoridades, é determinar se a França está pronta para enfrentar a passagem de uma nuvem radioativa, ou mesmo uma catástrofe nuclear.

Segundo jornais franceses, várias pessoas já procuraram comprimidos de iodo em farmácias.

 

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, organizou na quarta-feira uma reunião ministerial de crise sobre a ameaça nuclear no Japão.

“A situação é extremamente preocupante, muito grave”, disse Sarkozy. O ministro do Interior, Claude Guéant, anunciou nesta quinta-feira que a França “está pronta” para acolher japoneses que precisem de cuidados médicos por conta de exposição à radiação.

“Temos hospitais especializados, com serviços de hematologia adaptados. Os franceses que foram repatriados do Japão também terão, claro, um acompanhamento médico específico”, disse o ministro.

Nível de radiação a que estamos expostos e seus efeitos

  • Fonte: The Guardian e Radiologyinfo.org".

(http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2011/03/17/nuvem-radioativa-chegara-a-europa-semana-que-vem-dizem-especialistas-franceses.jhtm)

 

 

 

 

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RICHARD RHODES ESCREVEU

O ARTIGO CUJA TRADUÇÃO A SEGUIR

ESTÁ TRANSCRITA [texto publicado, no Brasil, em

Entre Livros ("A revista para quem gosta de ler") -

edição 3 - Julho 2005]

   

 

"Oppenheimer, o americano intranquilo que fez a bomba atômica
Biografias e livros de história nos Estados Unidos traçam a gênese do Projeto Manhattan, de onde surgiu a bomba que, há 60 anos, destruiu Hiroshima e Nagasaki
por Richard Rhodes
 
 
Nagasaki, em 9 de agosto de 1945
A história da descoberta de como liberar a energia nuclear, e sua aplicação para fazer bombas capazes de destruir, irradiar e queimar cidades inteiras, é a grande epopéia trágica do século XX. Para construir as primeiras armas, os Estados Unidos investiram mais de US$ 2 bilhões e construíram um complexo industrial, espalhado do Tennessee ao Novo México e ao Estado de Washington, que em 1945 era tão grande quanto a indústria de automóveis americana.

Sessenta anos depois, o Projeto Manhattan esmaece em mito. Os reatores para produção em massa e equipamentos para a extração de plutônio em Hanford, Washington; as instalações para separação de urânio de quase um quilômetro de extensão em Oak Ridge, no Tennessee; os 200 mil trabalhadores que construíram e operaram o vasto maquinário enquanto se esforçavam para manter seu propósito em segredo, tudo desaparece de vista deixando para trás um núcleo vazio de lenda: um laboratório secreto em uma típica colina do Novo México, onde as bombas de verdade eram projetadas e construídas; o carismático diretor do laboratório, J. Robert Oppenheimer, que conquistou reputação internacional até que seus inimigos o derrubaram; um solitário B-29, incongruentemente batizado em homenagem à mãe do piloto, Enola Gay; uma cidade arruinada, Hiroshima, e a pobre Nagasaki, quase esquecida.

Robert Oppenheimer morreu de câncer na garganta aos 62 anos, em 1967. Talvez porque ele fosse um homem complicado, American Prometheus é a primeira biografia completa de sua vida, rica em novas revelações. (J. Robert Oppenheimer and the American century, de David C. Cassidy, o autor de Uncertainty: the life and science of Werner Heisenberg [Incerteza: a vida e a ciência de Werner Heisenberg], trata principalmente do papel de Oppenheimer como cientista.) Nascido em uma rica família de judeus alemães na cidade de Nova York em 1904, ele cresceu com talento para idiomas e amizades, mas sozinho e cheio de auto-aversão. Embora sempre muito magro, fumante inveterado, desajeitado e nervoso, as mulheres amavam seus brilhantes olhos azuis e lhe davam atenção atraídas por sua vulnerabilidade. Sua difícil esposa, Katherine Puening, "Kitty", havia abandonado o marido por ele. Kai Bird e Martin J. Sherwin descobriram um longo caso amoroso com Ruth Tolman, uma psicóloga clínica que era mulher de um dos seus colegas mais próximos. Em 109 East Palace, Jennet Conant, cujo livro anterior intitulava-se Tuxedo Park: a Wall Street tycoon and the secret palace of science that changed the course of World War II (Parque Tuxedo: um magnata de Wall Street e o palácio secreto da ciência que mudou o curso da Segunda Guerra Mundial), relata que pelo menos duas das mulheres associadas ao laboratório secreto de Los Alamos, a secretária de Oppenheimer, Priscilla Greene, e a recepcionista do laboratório de Santa Fé, uma viúva mais velha chamada Dorothy McKibben, eram (como a própria Greene se descreveu) "mais do que ligeiramente apaixonadas por ele". Se por um lado, ele não foi capaz de salvar sua linda e melancólica primeira paixão, Jean Tatlock, das depressões profundas que a conduziram ao suicídio em 1944, ela ao menos abriu seus olhos ao sofrimento humano durante seus melhores anos de convivência em Berkeley, na década de 1930. A terapia de Tatlock era sua atuação no Partido Comunista. Oppenheimer, por sua vez, contribuiu com o partido e compareceu a pelo menos uma reunião, mas nunca se filiou, conclusão a que chegaram Bird e Sherwin depois de uma profunda análise dos arquivos de Oppenheimer no FBI: "Qualquer tentativa de rotular Robert Oppenheimer como membro do partido é um exercício fútil - como o FBI descobriu após muitos anos de investigação frustrada".
 
 
Oppenheimer, durante aula em fevereiro de 1956
Depois de Harvard, Oppenheimer permaneceu durante algum tempo na Universidade Cambridge, na Inglaterra, até que encontrou o seu caminho como físico teórico na Alemanha acompanhando desde o início, ali e na Dinamarca, a revolução que conduziu à mecânica quântica, uma nova e rica compreensão do mundo físico. Bird, autor de The chairman: John J. McCloy, the making of the American establishment (O presidente: John J. McCloy, o nascimento do establishment americano), e Sherwin, autor de A world destroyed: Hiroshima and its legacies (Um mundo destruído: Hiroshima e seu legado), trouxeram uma nova luz a esse período. Oppenheimer foi, em Cambridge, considerado erroneamente como portador de demência precoce (esquizofrenia) por um psiquiatra da Harley Street que o entendia menos que a si próprio. Sua dificuldade consistia numa crise profissional e de identidade da qual cuidou a seu modo por meio de uma criatividade corajosa. Um dos seus mentores era o físico teórico dinamarquês Niels Bohr, laureado com o Nobel em 1932, um homem profundo, sutil e honrado, que se tornaria uma figura central na vida de Oppenheimer. Com um trabalho de primeira linha em teoria quântica publicado em revistas européias, Oppenheimer, então com 23 anos, voltou à América em 1927 para fundar as primeiras grandes escolas de física teórica da nação em Berkeley e no Caltech, em Pasadena.

Em 1942, um competente general do corpo de engenheiros do Exército, Leslie R. Groves, escolheu Oppenheimer para dirigir o laboratório secreto de Los Alamos. Para seus colegas, a indicação de Oppenheimer parecia inadequada, mas Groves conhecia seu homem; o físico, que quase sempre tinha algo de ator, achou o seu melhor papel, dirigindo centenas dos cientistas mais famosos do mundo, muitos deles vindos da Europa, como também milhares de técnicos e outros profissionais. Até mesmo Edward Teller, o pior inimigo de Oppenheimer, contou-me certa vez que o homem era o melhor diretor de laboratório que ele já tinha visto. Em 28 meses - de abril de 1943, quando Los Alamos abriu suas portas, até agosto de 1945 - duas bombas com projetos completamente diferentes estavam prontas para uso.

A intenção era usá-las para forçar o intransigente governo japonês à rendição. O longo debate entre historiadores sobre os motivos americanos e os esforços japoneses para terminar a Segunda Guerra Mundial se resolve, finalmente, em Racing the enemy [algo como Competindo com o inimigo], o estudo brilhante e definitivo de Tsuyoshi Hasegawa sobre os registros americanos, soviéticos e japoneses das últimas semanas da guerra. Hasegawa, professor de história na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, revela que os esforços japoneses para nomear a neutra União Soviética como mediadora não poderiam ter tido sucesso, antes ou depois dos bombardeios atômicos, porque Stalin não tinha a intenção de permitir que a guerra terminasse até que os seus exércitos tivessem marchado sobre a Manchúria e amealhado os prêmios que haviam prometido e ele em Potsdam - Sakhalin e Kurils, e também Hokkaido, se eles pudessem arrebatar. As bombas deram ao imperador japonês, Hirohito, a desculpa que precisava para forçar seus militares à rendição, em 15 de agosto, e salvar a casa imperial; mas a guerra entre a União Soviética e o Japão continuou de forma brutal até 1º de setembro, quando as forças soviéticas ocuparam Shikotan, uma ilha próxima à costa nordeste de Hokkaido. No dia seguinte a rendição foi assinada.
 
 
Expulsão de judeus dos guetos durante ocupação nazista de Varsóvia, na Polônia, em 1943
Mesmo com o apoio do imperador, a rendição das forças japonesas não estava garantida; os militares japoneses não ficaram tão impressionados pela alta taxa de mortalidade de civis em Hiroshima e Nagasaki quanto pela taxa de mortalidade do primeiro bombardeio de Tóquio em março de 1945, quando cerca de 140 mil pessoas foram incendiadas até a morte e outro milhão foi seriamente ferido. O bombardeio inexorável de cidades japonesas entre março e agosto foi mais destrutivo em relação às vidas e propriedades do que os bombardeios atômicos.

Depois da guerra, Oppenheimer foi aclamado publicamente. Como conselheiro da recém-criada Comissão de Energia Atômica, ele trabalhou para moldar a paisagem da nova e estranha política da era atômica. "A bomba atômica foi o apertar do parafuso", disse ele na época. "Tornou a perspectiva de uma guerra futura intolerável. Nos conduziu aos últimos passos para atravessar a montanha; e além dela, existe um país diferente." Enquanto isso, Niels Bohr havia escapado da Dinamarca ocupada pelos nazistas em 1943 e viajado para Los Alamos com uma mensagem de esperança: o perigo comum imposto pelas armas nucleares forçaria as nações a se reunir e acordar em controlá- las, da mesma maneira que o perigo comum de uma doença epidêmica obriga as nações a trabalhar conjuntamente para o seu controle. Oppenheimer incluiu as idéias de Bohr no documento conhecido como o relatório Acheson-Lilienthal, que ele e um pequeno grupo de industriais e engenheiros conceberam para Truman em 1946. Truman designou o financista Bernard Baruch para apresentar o relatório às Nações Unidas, mas Baruch adicionou condições "formuladas," como Bird e Sherwin colocam, "para prolongar o monopólio americano" e, ao invés de uma negociação para dissipar um perigo comum, como se isso fosse possível já que os soviéticos ainda não dispunham da bomba, o mundo mergulhou numa corrida de armamentos nucleares.


Durante esse período, Oppenheimer conquistou inimigos que conspirariam para destruí-lo, especialmente desde que ele se opôs ao acelerado desenvolvimento da "super" bomba de hidrogênio como resposta ao primeiro teste atômico da União Soviética, em 1949. Oppenheimer duvidava que o programa da bomba de hidrogênio proposto por Edward Teller desde os dias do Projeto Manhattan funcionaria (não funcionou). Encorajar o programa, além disso, demandaria tempo de reator suficiente para produzir dúzias de bombas atômicas. De qualquer modo, Truman endossou o desastroso programa de hidrogênio. Não importa. Teller agora atacava Oppenheimer, assim como Lewis L. Strauss, membro e depois presidente da Comissão de Energia Atômica, que se exaltou com rancores particulares. (A biografia completa de Teller levará muito tempo para aparecer; em Edward Teller: the real Dr. Strangelove, Peter Goodchild, ex-chefe de um dos departamentos de jornalismo científico da BBC, reuniu com competência o material já publicado sobre a vida de Teller.) Bird e Sherwin mostram que Strauss franqueou o acesso ao arquivo de segurança de Oppenheimer a William Borden, um ex-funcionário do Congresso, do qual Borden extraiu informações que, acreditava ele, provavam que Oppenheimer era um espião soviético. A carta acusatória de Borden, de 1953, para J. Edgar Hoover deu início ao confronto que resultou numa audiência processual orquestrada por Strauss, em que o testemunho desfavorável de Teller foi bem-sucedido. Em 1954, a Comissão de Energia Atômica revogou o passe de segurança de Oppenheimer e o expulsou do governo.

Oppenheimer e Bohr compreenderam no início da era nuclear o que as nações do mundo, principalmente os Estados Unidos, ainda não estavam dispostos a fazer: que as armas nucleares não são armas de guerra, mas incorporações de um novo conhecimento da natureza, que no final das contas - antes ou, terrivelmente, depois que sejam novamente usadas - deve inevitavelmente forçar as nações a descobrir algum outro modo para resolver suas disputas. "Dois escorpiões numa garrafa," assim Oppenheimer sardonicamente defi- niu as superpotências em 1953, "cada um capaz de matar o outro, mas só ao risco da própria vida." Hoje, nove escorpiões enchem a garrafa. Apesar de sua vida trágica, Robert Oppenheimer é a única figura que será lembrada quando a história do Projeto Manhattan tiver se apagado.
Duas bombas, 140 mil mortos
 
 
Hiroshima fotografada depois de terem sido removidos os escombros das ruas, em 1945
Em 6 de agosto de 1945, às 8h15 da manhã, a primeira bomba nuclear usada contra civis foi lançada pelos EUA sobre a cidade de Hiroshima, no Japão. Três dias depois, uma segunda bomba arrasou a cidade de Nagasaki. Mais de 140 mil pessoas morreram nas duas cidades devido aos ataques. Em Hiroshima, apenas 10% das construções ficaram intactas -- 62,9% dos edifícios foram totalmente queimados ou destruídos. Uma bolha de fumaça, o famoso "cogumelo", atingiu 12 km de altura em minutos após a explosão.

O que torna essas armas diferentes é a enorme concentração de energia que poderia ser engendrada em um pequeno espaço, capaz de ser liberada de repente, com resultados devastadores. E também porque carrega um subproduto letal, que se extenderia por muitos anos: a radiatividade.

Para relembrar esse triste aniversário de 60 anos, o único bom motivo é que essas foram as duas únicas vezes que uma arma desse tipo foi usada contra alvos civis, desde sua invenção. Um dos criadores da bomba, o físico Philip Morrison (que morreu em abril deste ano) viajou ao Japão logo após a explosão, em 1945, e confessou ter ficado chocado com o que viu. "Não havia restado nada, apenas uma 'cicatriz' sobre o solo".
Nazismo quase teve bomba
O Projeto Manhattan começou como uma resposta dos Estados Unidos a um suposto investimento alemão na pesquisa e construção de uma arma (bomba) nuclear que poderia ser usada para vencer a Segunda Guerra Mundial. Mas ao final da guerra, enquanto os EUA tinham alocado milhares de cientistas e investido milhões de dólares, descobriu-se que o "projeto urânio" da Alemanha não reunia mais de uma dúzia de cientistas numa pesquisa que foi considerada, à época, ainda incipiente se comparada aos resultados alcançados pelos americanos.

Anos de pesquisa histórica e científica, porém, vêm trazendo resultados que mostram que os alemães estavam mais próximos de construir uma bomba atômica do que se imaginou. A mais recente descoberta nessa área foi divulgada em um artigo na revista eletrônica Physics Web, no mês passado, assinado pelo historiador alemão Rainer Karlsch e o pesquisador americano Mark Walker.

No artigo (http://physicsweb.org/articles/ world/18/6/3/1), os historiados publicam pela primeira vez o único diagrama - descoberto em um arquivo particular, sem identificação de autoria ou propriedade - até hoje conhecido de um projeto de bomba atômica alemã (veja reprodução acima). O texto, que estima que o desenho tenha sido elaborado por volta de 1945, sugere que os nazistas possam ter chegado mais perto de obter uma bomba funcional do que até então se supunha.

O diagrama encontrado faz parte de um relatório de pesquisa sobre fissão nuclear que contém cálculos razoavelmente discrepantes dos encontrados no trabalho da equipe do físico Werner Heisenberg, que chefiava a equipe alemã "oficial". Uma das conclusões do arquivo é que poderia haver mais de uma equipe trabalhando com o mesmo objetivo: chegar à bomba atômica.
NYT negligenciou o holocausto
 
 
Buried by the Times de Laurel Leff , Cambridge University Press, 426 págs., US$29
Como simples reportagem, Buried by the Times, de Laurel Leff , impressiona. Ela não é a primeira a criticar duramente o The New York Times por sua cobertura negligente do holocausto, mas, baseando-se no trabalho de historiadores como Deborah Lipstadt e David Wyman sobre a indiferença americana, é a mais completa. Leff é uma jornalista obstinada e ter trabalhado para o Wall Street Journal e o Miami Herald rendeu-lhe uma grande experiência.

Leff descreve de forma implacável e com riqueza de detalhes quão pouca atenção o Holocausto recebeu do jornal e, quando havia cobertura, como as histórias geralmente eram enterradas nas páginas internas. Reportagens sobre o massacre de judeus na Áustria e na Itália em 1943, por exemplo, apareceram respectivamente nas páginas 6 e 35. Também não havia muito espaço editorial reservado ao assunto, mesmo após ter sido comprovado que as "histórias de atrocidades" não eram exageros, como se temia antes. O editor, Arthur Hays Sulzberger, recebia críticas consideráveis. Como muitos outros judeus da época, ele tinha uma relação difícil com o judaísmo e era declaradamente oposto ao sionismo. Tudo isso o levou a tomar decisões jornalísticas infelizes, na medida em que se esforçava para assegurar que o jornal não fosse acusado de favorecer qualquer grupo, especialmente os judeus.

Mas o que falta a Leff é o que um historiador experiente teria feito com esse material complexo: contexto. Sua narrativa é construída por análises isoladas de fatos passados, o que tende a distorcer suas conclusões. Não há nenhuma dúvida que antes e durante a Segunda Guerra Mundial, o New York Times era o jornal predominante no país, mas Leff imagina sua influência, e a influência da mídia como um todo, como se fossem tão difundida como hoje. Ela também trata o anti-sionismo de Sulzberger como uma aberração. O anti-sionismo existiu entre judeus da esquerda e da direita política e religiosa, e todos tiveram as suas razões.

O pior erro de Leff, entretanto, é a sua abordagem sobre exatamente quais pessoas sabiam e compreendiam, nas décadas de 1930 e 1940, como os nazistas conduziram os judeus para a morte. Campos de extermínio - a contribuição dos nazistas para a modernidade - eram desconhecidos, e a extensão da matança não poderia ter sido determinada. De que modo Sulzberger ou qualquer outro executivo de jornal poderia ter compreendido a extensão do que acontecia na Europa?

Indignação moral é o motivo condutor desse trabalho de Leff. Um escritor mais sofisticado teria visto o quadro inteiro e não teria empreendido uma cruzada moral contra um jornal apenas, não importa quão poderoso, influente e humanamente imperfeito fosse, e continua sendo.

POR ROBERT LEITER, DO BOOK REVIEW'.

 (http://www2.uol.com.br/entrelivros/reportagens/oppenheimer_o_americano_intranquilo_que_fez_a_bomba_atomica_imprimir.html)

 

 

 

 

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PORTAL BOL - NOTÍCIAS

(17.3.2011) 

 

CHAMADA DE PRIMEIRA PÁGINA (eletrônica): 

"Tragédia no Japão - Moradora conta que fugiu a pé do tsunami: 'A onda estava atrás de mim' "

 

A MATÉRIA:

"Moradores de Ofunato tiveram 13 minutos para fugir de tsunami

17/03/2011 - 11h51 | da Folha.com

 

DA FRANCE PRESSE, EM OFUNATO

No porto pesqueiro de Ofunato, a casa de Masako Sawasato não foi alcançada pelo tsunami, mas faltou pouco: seu jardim está cheio de escombros das casas vizinhas, e três corpos apareceram nas imediações.

"Minha casa está intacta e minha família continuará vivendo aqui, mas para meus amigos é muito difícil ficar ou conseguir recomeçar", declarou à agência France Presse Masako Sawasato.

Quando o tsunami chegou, no dia 11 de março, ela estava dirigindo e percebeu rapidamente de precisava encontrar uma maneira de se salvar.

"A onda estava atrás de mim, e o trânsito estava lento. Por isso, decidi sair do carro e correr", contou.
 

 

Terremoto no Japão

 
 
 
 
 
 
Foto (...) - Veículos ficam pendurados em estrada nos arredores de Yabuki após tremor de 8,8 pontos na escala Richter que atingiu o Japão nesta sexta-feira (11/3/11). Mais Jiji Press/AFP


Seu marido, que estava em casa, observava em estado de choque enquanto a muralha de água negra avançava em sua direção. Mas as águas do tsunami apenas lamberam as paredes de sua casa, a uma altura de poucos centímetros, e em seguida, se retiraram.

Três corpos foram encontrados muito próximos à casa, entre eles o de uma idosa que era amiga de Masako. Ela diz que ainda não conseguiu ter notícias de muitos de seus amigos, e que vários perderam parentes.

"Minha colega perdeu três filhos. Estou muito preocupada com ela", disse.

Mais de 600 pessoas foram hospitalizadas em Ofunato desde a catástrofe, a maioria pessoas mais velhas, feridas por causa do tremor e do tsunami, além de pessoas evacuadas que ficaram doentes depois de chegarem aos abrigos de emergência.

Em Ofunato, nenhum morador foi resgatado com vida dos escombros.

"Depois do terremoto, houve pessoas que sobreviveram com uma perna ou um braço machucados, mas o tsunami foi tão colossal que ninguém se salvou", lamentou o diretor do hospital da cidade, Yoshiharu Murata.

Os habitantes de Ofunato tiveram 13 minutos para escapar da onda gigante. O maremoto arrastou nesta localidade mais pessoas do que em cidades próximas ao epicentro do tremor, no mar.

Murata lembra que o hospital, construído em um ponto alto da cidade, ofereceu a seus refugiados a macabra oportunidade de contemplar como suas casas desapareciam submersas pela onda gigantesca.

"Todo mundo tinha experiência de tsunamis, mas este foi realmente gigantesco", indicou o diretor do hospital.

Sabako Otu, por sua vez, teve a sorte de estar no centro médico no momento da catástrofe.

'Minha mãe, que tinha recebido alta, deveria sair do hospital nessa hora. Se ela tivesse saído cinco minutos antes, teria sido arrastada pelo tsunami', afirmou".

(http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2011/03/17/moradores-de-ofunato-tiveram-13-minutos-para-fugir-de-tsunami.jhtm)

 

 

 

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FOLHA PONTO COM / Mundo

15/03/2011 - 10h00

"Leste da Rússia registra ligeiro aumento na radiação

 

DA REUTERS, EM VLADIVOSTOK

 

Tragédia no Japão

Autoridades russas disseram nesta terça-feira que os níveis de radiação aumentaram ligeiramente no extremo leste do país, por causa do acidente nuclear no Japão, mas o índice ainda continua dentro do que é considerado normal.

Em Vladivostok, cidade com 600 mil habitantes, cerca de 800 quilômetros a noroeste da usina nuclear japonesa de Fukushima, a medição à 1h indicava um microroentgen por hora a mais do que a mesma região apresentava seis horas antes, segundo a secretaria regional de Emergências.

Militares russos disseram estar em alerta para eventualmente retirar moradores da ilha russa de Sacalina, cujo extremo sul é visível a partir do norte do Japão, e das ilhas Curilas do Sul, que são alvo de uma disputa entre Moscou e Tóquio, segundo a agência de notícias Interfax.

Chamadas de Territórios do Norte pelo Japão, as ilhas Curilas são habitados por russos. Uma delas, Tanfilyeva, fica a apenas seis quilômetros da costa japonesa. A ilha Sacalina tem a maior reserva comprovada de gás no extremo oriente russo.

O Ministério das Emergências para o Extremo Oriente da Rússia --um enorme território com 6,5 milhões de pessoas-- espera contudo que os ventos soprem a seu favor.

"Os ventos para leste irão soprar nos próximos dias, e os fluxos de ar [a partir da área de poluição] irão se mover para o oceano Pacífico, longe da costa russa do Extremo Oriente", disse a porta-voz ministerial Yekaterina Potvorova.

Ela disse que a radiação está sendo monitorada em 71 locais do Extremo Oriente. A empresa aérea russa Aeroflot informou que manterá normalmente seus voos para Tóquio.

O Japão alertou que os níveis de radiação tornaram-se "significativamente" superiores em torno da usina nuclear de Fukushima, que sofreu explosões em dois reatores depois de ser atingida por um terremoto na sexta-feira (11). Esse já é o maior acidente nuclear no mundo desde o vazamento de gás radiativo em Tchernobil, na Ucrânia, em 1986".

(http://www1.folha.uol.com.br/mundo/888842-leste-da-russia-registra-ligeiro-aumento-na-radiacao.shtml)