Nova estação das águas

[Dílson Lages Monteiro]

 

O cheiro da terra

renovada de reflexos

recompõe de cores

o corpo do chão.

 

Chove em minha audição

o tilintar do céu

desabando nas matas

na areia no barro

a força de sua fúria

(in)contida.

 

Caminham por entre meus olhos

borboletas em ondas

o orvalho levitando

verde em tudo.

 

Até a noite baixa lenta e límpida

sob a luz tímida da lua

sua camada escura

de sons sombras

assombrações.

 

No arado de meu peito

chove a abundância de águas

transbordando correntezas

nos limites das sensações. 

 

Do livro inédito Cantos das entranhas da terra.