No dia 1° de fevereiro de 2010 a extraordinária cantora-atriz italiana Rita Pavone transmitiu, para "download" gratuito e durante 24 horas, sua nova gravação "Vissi d'arte", ária da ópera "Tosca", de Puccini, e pudemos constatar que a sua voz continua em forma e inconfundível.

     Talvez alguém aqui deseje saber a idade da Rita Pavone. Ela nasceu em 23 de agosto de 1945 e tem, portanto, atualmente, 64 anos. Como o tempo passou; lembro-me bem de Rita brotinho, aos 18 anos, em junho de 1964, quando de sua primeira temporada no Brasil, uma temporada sensacional e arrasadora. Ela veio mais cinco vezes, e na última, na noite de 5 para 6 de dezembro de 1987, no Canecão, pude falar com ela nos bastidores. Não é só como artista que eu a admiro, mas também como pessoa, a pessoa iluminada que Rita Pavone é.

     Outra novidade é que acaba de ser lançado no Brasil, pela Continental, um DVD de Rita Pavone que está sendo vendido nas bancas de jornal. É o filme "Rita no Oeste" (Little Rita nel West), de 1967, co-estrelado por Terence Hill (no papel de Black Star), Lucio Dalla (cantor italiano célebre) e Teddy Reno (que descobriu Rita em 1962 e casou com ela em 1968; o casamento ainda permanece após quatro décadas, fato raríssimo no meio artístico). "Rita no Oeste" é o filme "pavonico" mais lembrado no Brasil, eis que foi lançado nos nossos cinemas em 1968, posteriormente saiu em VHS como "A rainha do gatilho" e em DVD da DVD World vendido pela internet ou nas lojas, com o título "Os pistoleiros do Oeste". A presente edição é bem melhor, com filmografias, título original e reprodução, na embalagem, do cartaz original.

     Sobre o filme: é uma mescla de gêneros. É um faroeste - na verdade uma paródia no faroeste italiano, muito em voga naqueles anos - e um musical (as músicas são muito boas, na voz estimulante da Rita, alguma participação de Dalla e Reno), mas também uma fantasia. Rita é Little Rita, uma figura mística, muito comum em certas fantasias - aquela personagem que vem não se sabe de onde, transforma (para mehor) o mundo ao seu redor e vai embora não se sabe para onde. Como Mary Poppins e Peter Pan. No caso em questão, temos a explicação do chefe indígena Touro Sentado: "Pequena Rita, você é uma lenda, uma bela lenda. Você veio do nada e ao nada retornará. Quando brilhar no céu uma estrela vermelha, você tornará ao lugar d eonde veio." E é o que acontece quando ela termina a sua missão na Terra. No fim do filme, o fator sobrentural: Rita cavalgando no céu, rumo à sua origem misteriosa. Mas Black Star, que era apenas humano, vai, com seu cavalo, atrás dela, pelo céu afora, pois se apaixonara pela mística pistoleira. Uma metáfora sobre o poder do amor.

    Em tempo: a página da cantora é www.ritapavone.it.

Miguel Carqueija