Nosso menestrel João Ferry

Carlos Evandro M. Eulálio[i]

 

Herculano Morais, na obra Visão Histórica da Literatura Piauiense: 1808 -1978, situa Ferry no chamado “Modernismo Piauiense”, período a que denominou de resistência, que vai de 1927 a 1940, na transição entre modelos já consagrados e o espírito da temática regionalista, onde as lições de poesia universal se misturariam ao sentimento cívico de amor à terra. Nesse cenário, incluiu também os poetas Júlio Antônio Martins Vieira e Isabel Gonçalves de Vilhena.     

Para o escritor Francisco Miguel de Moura, Ferry

“Era uma personalidade versátil, multifacetada. Além da técnica de guarda-livros, sabia inglês e francês, praticava o jornalismo assiduamente, tanto quanto a poesia e o teatro, tendo inclusive fundado O Lépido (em Valença) e Cidade de Floriano, jornais de sua juventude. Além disto, era declamador, seresteiro e tocava flauta.[ii]

 

A relação da música com a poesia persiste desde a antiguidade. São praticamente inseparáveis. Na idade média, menestrel e trovador eram sinônimos de poeta. Por esse motivo, creio que a música tenha contribuído como poderoso instrumento para que Ferry realizasse sua notável obra literária.  Daí, em seu discurso de posse na Academia Piauiense de Letras, em 28 de agosto de 1967, M. Paulo Nunes enfatizou:

João Ferry, senhores acadêmicos, foi o nosso menestrel. Viveu como ninguém a sua poesia, e viver foi nele uma forma de cantar. Como os menestréis da Idade Média, colocando o instrumento à altura do peito para melhor desferir o seu canto. Ferry foi o mais puro cantor dos seus versos. Revejo-o declamando nas solenidades cívicas o seu “Poço Azul” ou o poema dedicado ao bicentenário de sua terra natal, com aquela unção religiosa que somente possuem os poetas e os santos. Ferry, homem do povo, era daqueles que se aproximam do povo para cantar poemas, modulando as vozes mais afinadas de sua sensibilidade.” (NUNES, 1979)

 

Como letrista, Ferry compôs o Hino Escolar, adotado na Escola Normal Oficial do Piauí, posteriormente Instituto de Educação Antonino Freire, escrito por solicitação da diretora, professora de música Firmina Sobreira Cardoso. Esta, parceira de Leopoldo Damasceno Ferreira, na música do Hino do Piauí de autoria do nosso poeta maior Da Costa e Silva. Além do Hino Escolar, Ferry é autor do Hino à Escola Modelo Artur Pedreira de Teresina e da Canção do Centenário, ambas composições com música do maestro Sebastião Simplício.

Como poeta, em suas múltiplas modalidades de expressão, João Francisco Ferry soube adaptar-se aos mais diferentes estilos de época, do romantismo ao modernismo, acompanhando as transformações literárias de seu tempo. Sua obra contempla múltiplos gêneros, sempre imprimindo nos textos uma marca peculiar que o afastou da imperiosa subserviência e do rigor formal das escolas literárias. Ele se insere entre os nossos autores da literatura finissecular, com uma dicção própria, em sintonia com as conquistas liberalizantes da era contemporânea. Em sua produção poética perpassam traços temáticos e estilísticos de poetas que certamente povoaram o universo de suas leituras, como Cruz e Sousa, Raimundo Correia, Félix Pacheco e Da Costa e Silva.   

 

Para Assis Brasil, Ferry produziu uma

“Poesia simples, sem rebuscamentos das escolas em voga, embora a paga do tributo da rima, João Ferry desenvolve também uma espécie de ironia diante dos problemas da existência, com a compreensão dos simples e dos ingênuos que tanto marcaram a poesia popular de Hermes Vieira, Hermínio Castelo Brando e mesmo Ovídio Saraiva. Gostava de juntar prosa e versos nos seus livros, como é o caso de “Em busca de luz”, de 1922, que traz a comédia “Quem tudo quer tudo perde”, já encenada em quase todos os municípios do Estado do Piauí.” (BRASIL, 1995)

 

 Valença, sua cidade natal, inspirou-lhe um belo soneto petrarquiano, todo ele em decassílabo e de uma excepcional musicalidade, pelo ritmo de seus versos.  Ei-lo:

 

Minha Valença é como uma rainha

Exilada no centro dos sertões...

Corre em seu seio o riacho Caatinguinha,

Que a divide em dois meigos corações.

 

De um lado vê-se, linda, uma capela,

Desde mil oitocentos e quarenta.

Do outro lado, a Matriz, simples e bela,

Duas torres lindíssimas ostentam.

 

Nos telhados, na branca casaria,

Nos flamboyants esparsos pelas ruas,

Em tudo se denota uma alegria.

 

Para pintá-la ê pouco este folheto,

Descrevo-a, mas bem sei que as cores suas

Não se podem conter neste soneto.

                                                                       (FERRY, 2016, p. 44)

O poeta, como também o fez Da Costa e Silva, no antológico poema Amarante, recupera pela subjetividade a atmosfera telúrica, que traz para o texto a vivência do eu lírico em seu encontro com o mundo.

Em 2016, a Academia Piauiense de Letras publicou Chapada do Corisco, em que o poeta reuniu os livros de poesia, prosa e teatro. Poesias: Mistérios D’Alma, Marias, As outras, Ocaso e Musa do Sertão; prosa: a crônica As pragas e o conto Os Empréstimos; teatro: 7ª Secção Eleitoral de Buraco Fundo.

Nesse livro destacamos as poesias que homenageiam a nossa Cidade Verde, por ocasião do centenário, e os poemas narrativos “A Não se Pode”[iii] e “O Cabeça de Cuia”,[iv] numa referência às duas lendas piauienses. Eis dois trechos dos citados poemas:  

Quando eu era menino, andava em voga

A história da “Não se Pode”

Uma mulher esguia, que de toga,

Como um fantasma à toa, de pagode,

Altas horas da noite, então vagava.

E, quando alguém seu nome perguntava,

Invariavelmente respondia,

Com voz cava e cheia de agonia

 - “Não se Pode”, “Não se Pode”!

                               (FERRY, 2016, p.35)                                            

 

[...]

Filho maldito, o rio há de tragar-te,

E entre todas as tuas agonias,

De monstro que tu és, para salvar-te,

Haverás de engolir sete Marias

[...]

E é voz corrente que o Poti gemendo,

Quando a cheia do rio em fúria desce,

O Cabeça de Cuia, um monstro horrendo,

Nas águas a boiar sempre aparece.

 

E ao que consta, até hoje, o imprudente

Não conseguiu tragar uma só Maria...

E há de viver assim eternamente,

Um fantasma da dor e da agonia.          

                               (FERRY, 2016, p.36)                                            

                                              

Ferry, ao recuperar e recriar poeticamente essas narrativas do nosso folclore, segue exemplo de outros escritores, como José de Alencar, Gonçalves Dias, Juvenal Galeno, Melo Morais Filho, Machado de Assis, Olegário Mariano, Martins Fontes e Olavo Bilac que, no século XIX, delinearam a Lenda da Iara em suas obras.

O poema-título “Chapada do Corisco” merece atenção especial pelo tom memorialista com que presentifica no texto o passado, através da recordação, atitude essencial do eu lírico: o não distanciamento, isto é, a fusão do sujeito e do objeto, do mundo interior e exterior, do passado e presente, como se constata neste trecho do poema, em que a voz enunciativa recupera momentos da infância do poeta, vividos em Teresina:  

 

“[...]

Era um velho coreto, onde eu menino,

Trepava pelas grades, que delícia,

Para escutar de perto o som de um hino

Das retretas da banda da polícia.  

[...]

Nesses dias, felizes namorados

Em constante algazarra e burburinhos,

Invadiam as quintas e os cercados

Como um bando de alegres passarinhos

[...]

Chapada do Corisco que saudade

Dos tempos idos de ilusões perdidas;

Cantemos o presente que a cidade

Hoje freme de glórias merecidas.”

                                (FERRY, 2016, p.31)

 

As 27 quadras que constituem esse poema, em versos decassílabos, com cesura na 6ª sílaba, rimas consoantes, ricas e alternadas, mostram a versatilidade e o domínio de João Francisco Ferry na arte de fazer poesia. A musicalidade do texto tem como elemento auxiliar o uso de enjambement (em português encavalgamento), processo sintático que consiste em colocar no verso seguinte uma ou mais palavras que completam o sentido do verso anterior. Esse tipo de criação é bastante frequente entre os parnasianos.

A poesia neossimbolista, em diálogo com Cruz e Sousa, comparece nos poemas transcendentais do livro Mistérios D’Alma. Eis o poema-título de abertura, em que o eu-lírico, num processo sinestésico, enleia-se entre matéria e espírito:

 

Mistérios d’alma, ilusões perdidas,

Lindas miragens ao sabor do vento,

Imagens vaporosas permitidas,

Ditosos sonhos que nos dão tormento!

 

Mistérios d’alma, forças que dão vida,

Que fornecem, que morrem num momento,

Serenas vibrações de amor floridas,

Sarças de fogo do meu pensamento!

 

No acre-doce consolo de um tugúrio,

Mistérios d’alma, buscam sempre em vão

Melhor conforto para o meu murmúrio.

 

E cautelosos, recorrendo aos drenos,

Querem vida e calor num coração

Que se deprime em doloridos trenos.

                                           (FERRY, 2016, p.51)

 

Nesse e em outros poemas da série, agora acrescidos de traços ultrarromânticos, o poeta expõe conflitos pessoais e os sentimentos amorosos mais íntimos e angustiantes que o magoam e o fazem sofrer, como nestes versos do poema “Divagações” de extremo subjetivismo:

[...]

Vem, meu amor!...

Sossega o meu viver,

Afaga a minha angústia e a minha dor,

Perscruta o meu ser e o abrasamento

De um peito dolorido e sofredor.

 

Vem, meu amor!...

Acalma, afinal minha amargura

E ao encontro do meu desejo

Dá-me a graça e a doçura do teu beijo

E a carícia sem par desta ventura.  

                                       (FERRY, 2016, p. 56)

 

O livro Ocaso assinala a fase de maturidade de João Francisco Ferry, em que os poemas intimistas e confessionais, celebram a condição humana, na expressão de José Guilherme Merquior[v], ao analisar na obra de Da Costa e Silva os poemas sobre temas éticos e morais. De igual modo, no soneto “A Garça”, Ferry recupera a musa filosófica em diálogo com os versos do soneto “Mal Secreto” do celebrado poeta parnasiano Raimundo Correia:

 

No tanque de um jardim, imóvel, queda e muda,

Contemplei certo dia, esbelta e linda garça;

Não sei se nela estava envolta alguma força,

Ou as vibrações fatais de dor ferina e aguda.

 

E ao ver a pernilonga, assim de alma desnuda,

Tristonha e pensativa, à toa, em mim se esgarça

A dor que me acompanha e arvoro-me em comparsa,

A imitar-lhe a atitude, o gesto e pose ruda.

 

Mas de momento, a esguia e excêntrica pernalta,

Alonga o seu pescoço, eriça as suas plumas

E cheia de altivez, de orgulho vão, se exalta.

 

Muita gente, também, embora alegre ou triste,

O seu viver transforma em bolhas e em espumas,

Vaidosa do clarão de um sol que não existe.

                                                           (FERRY, 2016, p. 93)

 

Nos poemas reflexivos de Ferry observa-se a temática de cunho pessimista, diante da existência humana, largamente praticada entre os poetas simbolistas e os românticos da segunda geração.   

As poesias dedicadas à mulher, nos textos dos livros Maria e As outras, convergem para uma visão universal da mulher representada por influência de Camões, seguindo as ideias de Petrarca:

 Ora como um ser superior, símbolo de pureza e beleza angelical, distante e quase inacessível:

 

  Sublime perfeição do sonho e da beleza,

  Do amor, da sedução, de eflúvios imortais,

  És tu, linda Nair, que és dona da leveza

  Dos cicios da brisa e surtos divinais.

                                             (FERRY, 2016, p.83)

 

           

Ora associada ao ideal de Vênus, perante a qual o eu-lírico se sente irresistivelmente atraído: 

 

Meu pobre coração treme e se agita

Quando vê Rosália tão formosa,

 Rosália é como o amor, onde palpita

 Um sonho azul de forma vaporosa.

                                              (FERRY, 2016, p. 84)

                                                                                                  

Em Musa do Sertão, Ferry resgata a tradição oral das contações de histórias de índole popular e sertaneja, à semelhança dos cordéis, com rima, ritmo e estética própria. Nesse estilo, ele compõe os poemas através de oitavas em redondilha maior, abordando com espontaneidade cenas do cotidiano, histórias sobre os costumes locais, com forte utilização do humor e da ironia.

Em alguns textos desse gênero, Ferry utiliza o método da transcrição da fala para a escrita, conservando marcas perceptíveis da oralidade, ao inserir nos poemas expressões populares de uso corrente em algumas regiões do Nordeste brasileiro. Também o resgate da identidade sociocultural dos falantes é outro traço presente nessas poesias. Eis uma estrofe do poema “Adeus Cachaça”, em que se constata essa peculiaridade do poeta:

          

Vou acabá ca desgraça

In quê mi vejo invulvido,

Pois estou arrizulvido

A num bebê mais cachaça...

Cachaça é um bicho assanhado,

Que pega um home decente

E deixa assim de repente

Cuma um ponto inlamiado.

[...]

Eu vou deixá esta sorte

De andá bebendo cachaça,

Num lhe quero nem de graça

Pra sê home limpo e forte.

Num quero andá mais à toa

Mais pra triminá cum isso

Vou honrá meu cumprimisso

Bebendo um trago da boa.

                                    (FERRY, 2016, p.113)

 

Esse gênero de poesia, denominado “poesia matuta” foi seguido na literatura brasileira por Antônio Gonçalves da Silva (o Patativa do Assaré), Cornélio Pires, Catulo da Paixão Cearense entre outros. Sobre essa modalidade literária praticada por Ferry, observa M. Paulo Nunes:

“Em um Casamento na Roça, Mundica Badeja e muitos outros procurou o poeta fixar cenas e costumes populares, exprimindo-se, em alguns deles, talvez, como no poema Um Novo Decreto-Lei, em discutível linguajar matuto, valendo, entretanto, a experiência como tentativa de aproveitamento estilístico da linguagem oral, realização literária em que hoje se esmeram escritores como Guimarães Rosa e Mário Palmério.” (NUNES, 1979)

 

É vasto o legado intelectual e artístico deixado por João Francisco Ferry.  Sua produção literária é ainda pouco explorada e difundida entre leitores e estudantes, requerendo da crítica um estudo mais completo e minucioso para que o poeta tenha o merecido reconhecimento como um dos escritores mais representativas da literatura piauiense.

 

Dados biográficos: João Francisco Ferry era natural de Valença (PI). Nasceu no dia 16 de abril de 1895.  Filho de José Francisco Ferreira da Silva e Maria Constância da Silva. Estudou as primeiras letras no Colégio São José, onde o pai era diretor e professor. Ferry possuía apenas instrução primária. Como autodidata, desenvolveu as atividades de jornalista, poeta, contista, cronista, ensaísta e dramaturgo. Com apenas 12 anos, iniciou atividades como comerciário. Foi guarda-livros em importantes firmas comerciais piauienses, como a Agência de Ross Bach Brasil Company, Joaquim Luz & Cia. e Ney Ferraz & Cia., de Teresina. É Patrono da Cadeira 38 da Academia Piauiense de Letras e foi membro da Associação Profissional dos Jornalistas e do Cenáculo Piauiense de Letras. João Ferry morreu em Teresina no dia 23 de setembro de 1962. 

 

Obras do autor: Princípios, versos em colaboração com Luiz da Paixão Oliveira, 1914.  Os Meus Sonetos, 1916; Em Busca de Luz, 1922; O Cabeção, 1937; Chapada do Corisco, 1952, reeditado em 2016, pela Academia Piauiense de letras, na Coleção Centenário, nº67.

 

 


[i] Professor de Literatura e membro da Academia Piauiense de Letras.

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

BRASIL, Assis. João Ferry: síntese biográfica.  In A Poesia Piauiense no Século XX.  | Antologia Teresina / Rio de Janeiro: FCMC / Imago, 1995.

 

CASEMIRO, Sandra Ramos. A lenda de Iara: nacionalismo literário e folclore. Dissertação de Mestrado. São Paulo: USP, 2012.

 

COSTA, Nelson Nery. Prefácio à 2ª edição de Chapada do Corisco de João Ferry. In FERRY, João. Chapada do Corisco, Teresina: APL, Coleção Centenário nº 67, 2016.

 

FERRY, João. Chapada do Corisco.2. ed. Teresina Academia Piauiense, de Letras, 2016, Coleção Centenário - nº 67.

 

MORAES, Herculano. Visão Histórica da Literatura Piauiense: 1808 – 1978. Teresina: Academia Piauiense de Letras, Coleção Centenário, nº 71, 2019, p. 195.

 

NUNES, M. Paulo. João Ferry – Cavaleiro Andante da Poesia, In A Geração Perdida. Teresina: Artenova, 1979.

 

NUNES. M. Paulo. In  http://franciscomigueldemoura.blogspot.com, acessado em 18/2/2022.

 

NOTAS

 

[ii] MOURA, Francisco Miguel de. http://franciscomigueldemoura.blogspot.com, acessado em 18/02/2022.

 

[iii] É uma lenda tipicamente teresinense. Conta a história de uma linda mulher que, tarde da noite, aparecia na Praça Saraiva. Movidos por aquela bela aparição, os homens se aproximavam dela, para aventurar uma conquista. Ao chegarem perto, a mulher pedia-lhes um cigarro e, quando recebia, começava a crescer, até atingir o topo do lampião de gás e nele acender o cigarro. Enquanto crescia, ela repetia: “num-se-pode, num-se-pode, num-se-pode.” (In https://semplan.pmt.pi.gov.br › cultura, acessado em 16/3/2022, adaptado).

 

[iv] A lenda do Cabeça de Cuia conta a história de Crispim, um pescador que morava nas margens do rio. Certo dia, a mãe, como de costume, serviu-lhe uma sopa rala, com ossos. Aborrecido, ele atirou o osso contra a mãe, atingindo-a na cabeça e matando-a. Antes de morrer ela o amaldiçoou a ficar vagando no rio, com a cabeça no formato de cuia. Só se libertaria da maldição, após devorar sete virgens de nome Maria.

 

[v] MERQUIOR, José Guilherme. Indicações para o estudo da obra de Da Costa e Silva. In Da Costa e Silva Poesias Completas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p. 43.