No Facebook: entre o comentário e o artigo
Por Cunha e Silva Filho Em: 18/11/2018, às 12H37
Cunha e Silva Filho
Habituado que fui, desde adolescente, a escrever em jornais de Teresina, mais do que receber feedback ou comentários por escrito do tipo dos que hoje sefazem, sobretudo no Facebook, não ignoro o fato de que, nas redes sociais em tempos de intensas e velocíssimas virtualidades, ainda sinto um certo incômodo ou mal-estar com algumas reações de usuários intempestivas e nada civilizadas. Vemo-nos amiúde com uma desvantagem, a de sermos por vezes alvos de comentários desairosos, repugnantes e pernósticos, partidos de qualquer indivíduo desconhecido.
Ao passar daquela antiga experiência de jornal que, de ordinário, é mais independente e muito menos exposto à pluralidade de público-leitor, percebi um sinal de iminentes ameaças e verifiquei que, nas redes sociais, o alvo é mais vulnerável se não observarmos as devidas precauções.
Na experiência do Facebook, redes rede social a que já me ajustei em alguns aspectos da comunicação instantânea e ao mesmo tempo efêmera, por umas três ou quatro vezes me defrontei com pessoas, por exemplo, do universo acadêmico brasileilro que adentraram a minha página do Facebook e tentaram me desancar até do ponto de vista intelectual, ou seja, perversa e gratuitamente, sem demonstrar o mínimo senso de ética profissional. Tal foi o caso de um tal de Pós-doutor Camilo de não sei das contas.
Procurou me desqualificar esse mentecapto de Letras Falidas e Hipotecadas do invólucro de conhecidos feudos universitários desalojados de humanidade (máxime da vocação das Letras, campo da sensibilidade exigida pela própria condição de servidor das Letras) e de respeito aos pares que não se alinham às suas preferências e gostos literatoides e teoricatras. Vade retro, capadócio da contraliteratura e dos sentimentos invertidos e avessos do seu caráter crapuloso e escrofuloso prematuramente sepultado ainda vivo por felonia intelectual, a pior mácula que um docente universitário pode exibir de um professor público de um anônimo campus universitário do rincões baianos.
A esse tipo de cafajestismo de “qualificado” professor de universidade pública, o meu repúdio veemente e a minha consciente constatação de que não passa de um mestre-escola de fancaria, um mero copiador de papel carbono do mais abastardado valor moral e ético.
O pior é que um energúmeno desses anda praticando os desmandos no domínio da Literatura e da Linguagem. Indivíduos desta laia somente merecem o desprezo e os açoites devidos ao mau-caratismo do qual esse pulha perfila um paradigma de desrespeito à sua própria classe. Diria dele como faria esse guru da alma humana, o chamado Bruxo do Cosme Velho, através da boca de um dos seus personagens: ”Que a terra lhe seja leve.”
Depois dessa digressão que não podia silenciar, volto ao centro semântico deste artigo. É preciso diferenciar o comentário de um usuário-escritor de um artigo por ele escrito no espaço de um jornal, revista livro. O primeiro expressa apenas um reação intelectiva espontânea, mas quase sempre pouco densa; o segundo, é uma escrita de caso pensado, um vontade de desenvolver com mais fundamento um determinado tema que necessite de mais elevado tratamento de linguagem e da maneira de aproximação do tema a ser abordado. O comentário, usualmente é feito com menos rigor, mormente por ser fruto da impulsividade de, num átimo, ser alinhavado no espaço vertiginoso da página do Facebook.
Por outro lado, no tipo de escrita como é o comentário feiciano, da mesma forma não se pode negligenciar certos princípios básicos de redação: correção gramatical (ortografia, concordância, uso da crase, regência, pontuação, uso do hífen etc.), e cuidados com a coesão e a coerência textuais e, finalmente, revisar o que ficou impresso antes de clicar o “enter.”
No artigo, o usuário da língua, ao se dispor a escrever acerca de um assuntorelativo à natureza de seu texto, deve observar com extremo cuidado o seu repertório de conhecimentos, a consulta a fontes, a verificação dos dados referenciais, o seu estilo de escrita, a contribuição pessoal a ser incorporada ao texto e uma maneira toda particular de captar a atenção do leitor e seduzi-lo a dar continuidade à leitura do seu texto.
Portanto, no comentário, a ênfase dever ser posta na página virtual com elegância, apreço a quem se dirige o seu comentário, sem o vezo de sofomania tão encontradiço nas pessoas pernósticas. Mais: respeito à inteligência alheia, sem o recurso abominável de uma mente estiolada pela ausência de ética e de acato ao pensamento alheio dissonante. Uma outra boa dica ao usuário do Facebook: ao ser atacado verbalmente por um conhecido ou estranho, o primeiro passo deve ser o do bloqueio do intrigante e a sua eliminação sumária da lista de amigos ou conhecidos.
Essas ponderações que estou fazendo aqui nasceram de experiências desastrosas por não haver selecionado com critério as pessoas que me permiti serem arroladas à minha lista de amigos feicianos.Por não ter eu me acautelado a fazer essa seleção, por algumas vezes me tornei vítima de maus usuários ou até mesmo por usuários que julguei serem meus amigos. Com uns poucos encetei breves polêmicas que reusultaram no aumento de desafetos que venho infelizmente colhendo até de conhecidos ou daqueles que se rotulavam meus amigos. Só com o sofrimento e a experiência, passamos a separar cautelosamente o joio do trigo.
Para finalizar este texto, eu diria que preferencialmente me sinto mais à vontade quando escrevo meus artigos ou outros tipos de textos, sem o caráter algo improvisado do comentário feiciano – uma espécie de composição escrita sob o calor da discussão desencadeada por uma primeira e ligeira leitura, ao contrário do artigo, deliberadamente amadurecido e mais alicerçado nas ideias expendidas.