WASHINGTON RAMOS

 

     O abusivo preço dos combustíveis no Brasil, nos últimos quatro anos, é uma iniquidade, uma humilhação para o povo e uma exploração para beneficiar os acionistas da Petrobrás. Eu, porém, não me conformo com esse abuso. Sei que minha revolta contra essa injustiça absurda não vai adiantar nada. Mas, mesmo assim, procuro fazer o que está a meu alcance.

     A primeira coisa é procurar não me tornar um refém da gasolina. Para isso, só uso carro quando realmente não posso ir a pé ou de bicicleta. Só neste mês de fevereiro, já pedalei 73 quilômetros, indo a supermercados, a consultas médicas, ao centro da cidade para pagar contas e resolver outras coisas. Não usei ainda o aplicativo para medir quanto já caminhei neste mês, mas acredito que tenho palmilhado pelo menos uns 10 km. Sei que isso é insignificante na malha urbana de Teresina, que, como as demais cidades do país e do mundo, está também organizada muito mais para carros do que para pedestres e ciclistas.

     O abuso começou no governo Temer, que vinculou os preços da Petrobrás ao mercado internacional dos combustíveis como se os brasileiros ganhassem em dólar ou em euro. A partir de então, os preços começaram a disparar. Em 2018, os caminhoneiros, sentindo o baque, fizeram uma greve, que afetou pouco a economia. Não afetou mais porque não tiveram o devido apoio dos donos de automóveis e dos donos de postos de combustíveis. Muitos correram para os postos e abasteceram, pagando dez reais por um litro de gasolina. O que esperar de pessoas que fazem esse tipo de coisa? O que esperar de pessoas que só pensam em si mesmas?

     Não custa lembrar que a ex-presidente Dilma foi apeada do cargo, porque não aumentava o preço dos combustíveis como o mercado internacional queria. Esta foi a única razão de seu impeachment. Ela fazia isso para evitar que a inflação disparasse, coisa que está acontecendo agora. Não defendo Dilma nem o PT. Mas, se o problema eram os subsídios que ela dava à Petrobrás, por que, quatro anos depois de sua saída da presidência, essa empresa, com seus preços absurdos, ainda não se tornou superavitária ao ponto de termos combustíveis mais baratos?  Se o problema era a roubalheira do PT na Petrobrás, por que, quatro anos sem roubalheira e com preços absurdos, essa empresa ainda não se recuperou?

     O Brasil é autossuficiente na produção de gás e petróleo, o governo é o principal acionista da Petrobrás, mas não pode dar um pio sobre essa empresa, que uma grande parte da mídia vendida para o mercado internacional cai logo de pau em cima, dizendo que está havendo interferência indevida do governo na Petrobrás. Ora, bolas!!! É muita palhaçada!!!

     Sei que este texto será lido por poucas pessoas. Mas ele é uma maneira de eu reafirmar que não me conformo com os preços injustos dos combustíveis no Brasil, que servem muito mais para enriquecer ainda mais os tubarões da indústria petrolífera nos EUA e na Europa do que para o bem-estar dos brasileiros.