Não confunda a moto Honda flex com a turbina flex da usina de Juiz de Fora

Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas ambas as inovações surgiram no Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

Demorou mas saiu. Vem ai a primeira motocicleta com sistema flex – gasolina e álcool do mundo, produzida pela Honda do Brasil. (...) [GRIFO DESTA COLUNA]

 

Depois dos carros “flex”, agora a termoelétrica bicombustível. Uma usina de [JUIZ DE FORA, EM] Minas Gerais [BRASIL] está sendo adaptada para funcionar tanto a gás, quanto a álcool, em projeto pioneiro no mundo. [IDEM, caracterizando a diferença sugerida no título da presente matéria de jornalismo cultural-tecnológico]

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

QORPO SANTO

(http://verbociadeteatro.blogspot.com/2009/10/qorpo-santo-duas-paginas-em-branco.html)

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PÁGINA DE CÉLEBRE POEMA DE MALLARMÉ

(http://www.roalonso.net/fotos/arte_y_tec/mallarme.jpg)

 

 

 

"Guillaume Apollinaire
 Wilhelm Albert Vladimir Apollinaris de Kostrowitzky
 (26 de agosto de 1880, Roma -
 9 de novembro de 1918, Paris)
 
Nasceu em Roma, Itália. Mas seria em Paris, França, que faria carreira como grande poeta e agitador cultural. Escreveu artigos, poemas, contos, romances eróticos e interessava-se bastante por pintura moderna. Em 1905 escreveu o artigo Picasso, Pintor. Em 1912 escreveu o catálago para a mostra de Delauney e em 1918 faria o mesmo para a mosta Picasso-Matisse. Engajou-se no Exército francês durante a 1ª Guerra mundial, sairia com um ferimento na têmpora direita, recuperando-se após duas cirurgias. Tornou-se um dos expoentes da vanguarda artística do início do século XX, defendeu e empresariou os pintores cubistas. Morreu em 1918, de gripe infecciosa em Paris. 
Fonte: (tanto)

 
'É pela quantidade de trabalho fornecida pelo artista que medimos o valor de uma obra de arte.' "
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NA RÚSSIA: DZIGA VERTOV  PARADO NO AR:
JORNALISTA E CINEDOCUMENTARISTA DE
VANGUARDA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CÉSAR LATTES fotografado por R. B. Barthem

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CÉSAR LATTES TRABALHANDO, à esquerda, E CÉSAR LATTES,
MENOS JOVEM, á direita, TAMBÉM EXCELENTEMENTE FOTOGRAFADO
POR R. B. BARTHEM
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ESCULTURA DE LYGIA CLARK

(http://design.senai.br/Default.aspx?tabid=168&idMateria=173)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ALBERTO SANTOS DUMONT E OUTROS CAVALHEIROS

(http://www.flickr.com/photos/rickipanema2/56930636/)

 

 

 

"(...) A Usina Termelétrica Juiz de Fora (UTE JF) será a primeira do mundo a gerar energia elétrica a partir do etanol, a primeira a usar combustível renovável para geração de energia e a primeira unidade flex fuel (bicombustível). Uma solenidade em Juiz de Fora (MG), promovida pela Petrobras, marcou a a mudança. A unidade está operando em fase de testes com o etanol desde o último dia 31 de dezembro e terá capacidade instalada de 87 megawatss (MW). (...)"

(http://erickfigueiredo.wordpress.com/2010/01/21/inaugurada-usina-termeletrica-bicombustivel-em-juiz-de-fora/)

 

 

 

 

 

                              Evocando a minha querida colega e amiga Maria Valquíria Alves Marques,

                              que, com argúcia, inteligência e sensibilidade, estudou as obras de

                              Qorpo Santo e Nelson Rodrigues, e ao dramaturgo

                              Gianfrancesco Guarnieri,

                              in memoriam

 

 

 

 

7.8.2010 - A continuar nesse ritmo de avanço vertiginoso, brevemente o Brasil fará, no campo da inovação tecnológico-industrial, o que o dramaturgo de vanguarda Qorpo Santo, no campo do teatro, produziu no século XIX e, na esfera visual-literária, o que os criadores concretos, a partir da segunda metade dos anos 1950, deflagraram, no campo do poético (ou pós-poético, talvez) - Quando algo que se aproxima de um sufixo, como a palavra FLEX ganha autonomia e, livre de inícios e meios de vocábulos, começa a designar coisas industrial-varguardistas, isso é sinal de que devemos nos debruçar sobre ela, quer dizer, sobre a palavra FLEX. E, também, se sobrar algum tempo, sobre o que está acontecendo na história da indústria mundial. Industria mundial? Sim, sobre a indústria mundial, que, às vezes, é inventada no Brasil. Difícil é não se lembrar de Qorpo Santo e dos artistas plásticos, músicos e poetas concretos, de meados do século passado, quando são evocadas essas questões impressionantes.  F. A. L Bittencourt ([email protected])

 

 

 

Honda do Brasil produz a primeira moto Flex do mundo  

 

 

Motocicletas - Quatro Tempos
Publicado por motokando.com   
Seg, 09 de Março de 2009 11:14

Moto será apresentada em encontro mundial nessa segunda-feira em Brasília

Moto FlexDemorou mas saiu. Vem ai a primeira motocicleta com sistema flex – gasolina e álcool - do mundo, produzida pela Honda do Brasil. O lançamento será nessa segunda-feira 9, em Brasília, em evento mundial que contará com a presença do Presidente Lula, dirigentes da Honda Japão e distribuidores da marca de todo o país. A montadora mantém segredo sobre o novo produto, mas o jornal Extra foi informado de que a primeira moto com sistema Flex será a CG Titan, líder de vendas no mercado brasileiro.

 

Testes realizados pela revista Duas Rodas com um modelo idêntico surpreendeu pelo desempenho e pela economia de combustível com uso do álcool carburante. “Se com gasolina a Titan pesa pouco no bolso, com álcool ela é o “pão-duro” em forma de moto”, diz a revista, ao informar que na estrada, ela percorreu 35,5 km com um litro de álcool, enquanto na cidade, o consumo foi de 30 km/litro.

Em dinheiro, a CG a álcool testada por Duas Rodas é capaz de rodar 100 km na estrada gastando pouco mais de R$ 3, valor irrisório até se comprado ao preço de uma passagem de ônibus.


“É o suficiente para ir de Maceió até Arapiraca gastando apenas R$ 3, comemora o empresário Moacir Acioly, da Convém, maior revenda Honda de Alagoas. Ele lembra que a Titan é líder de mercado e se realmente ganhar motor flex, o sucesso de vendas será maior ainda. Moacir, que participará do encontro mundial em Brasília, não confirmou o lançamento do sistema flex, mas acredita que esta será a grande inovação da Honda brasileira.

 

Fonte:

Dângelo Benn / Auto Extra http://www.autoextra.com.br/noticia.kmf?cod=940&canal=1

Agradecimentos ao Jerre Ferrarez por indicar e informar a respeito da reunião e desta matéria.

 (http://www.motokando.com/index.php/quatro-tempos/22038-honda-do-brasil-produz-a-primeira-moto-flex-do-mundo?jjpage=todos)

 

 

 

25/06/09 - 03h00 - Atualizado em 25/06/09 - 03h00

"Saiba como vai funcionar a primeira usina ‘flex’ do Brasil

Termoelétrica de Juiz de Fora usará álcool na produção de energia.
Complexo recebeu investimentos de R$ 11 milhões.

Do G1, com informações do Jornal da Globo

 

Depois dos carros “flex”, agora a termoelétrica bicombustível. Uma usina de Minas Gerais está sendo adaptada para funcionar tanto a gás, quanto a álcool, em projeto pioneiro no mundo.

 

Veja o site do Jornal da Globo

 

O término das obras está previsto para dezembro, quando começam os testes operacionais. A termoelétrica de Juiz de Fora, que vai compor o Sistema Interligado Nacional, será bicombustível e a primeira no mundo a usar álcool na produção de energia.

O novo modelo de usina permite que o sistema de energia funcione de forma mais eficiente, afirma a Petrobras. “É uma maior confiabilidade e segurança energética pelo fato de nós utilizarmos duas fontes de energia diferente: o gás e o álcool. Isso dá uma flexibilidade bastante grande, inclusive escolhendo qual é o melhor preço de combustível para você utilizar naquele momento, naquela situação”, explica o gerente executivo José Alcides Santoro.

As termoelétricas podem ser movidas por diferentes fontes de energia como carvão, óleo diesel ou combustível nuclear. A grande novidade é o uso do álcool.

Em uma termoelétrica convencional, movida a gás natural, o gás chega por tubos subterrâneos à usina. Dos compressores, o gás vai direto para a turbina, onde é queimado. O calor provocado por esta queima aciona um gerador que produz eletricidade que, por sua vez, entra diretamente no sistema através dos transmissores.

Na usina “flex”, o álcool chega por caminhões e é armazenado em tanques. De lá ele é bombeado para a turbina, onde acontece um processo semelhante ao do gás.

A diferença está em um equipamento modificado chamado combustor. Como o próprio nome diz, ele é responsável por acionar a queima do combustível e permitir a produção de energia. 

 

Investimento

Foram investidos R$ 11 milhões na troca dos equipamentos que permitem o recebimento, o armazenamento e a movimentação do etanol.

Por enquanto, só uma das duas turbinas em operação na termoelétrica vai funcionar com a nova tecnologia. Sozinha, ela vai gerar cerca de 42 megawatts de potência, o suficiente para abastecer uma cidade de 800 mil habitantes.

Durante os testes, que vão durar dois meses, a usina vai funcionar oito horas por dia, nos horários de pico.

Especialistas aprovam o uso do álcool em vez do óleo diesel, tradicionalmente usado como alternativa ao gás em algumas termelétricas. “Todo uso de energia gera algum impacto ambiental. Se você pode reduzir estes impactos ambientais, isto é sempre um fato positivo”, afirma o professor de engenharia elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora, Danilo Pereira".

(http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1206983-9356,00.html)

 

 

 

"Inaugurada Usina Termelétrica bicombustível em Juiz de Fora

21/01/2010
 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participou na tarde desta terça-feira (19/01) da inauguração da conversão da usina termelétrica Juiz de Fora (UTE JF), em Minas Gerais, para operar com etanol. A usina, que é inédita no mundo, faz parte do parque gerador da Petrobras, operava apenas com gás natural, e agora é flex-fuel (bicombustível). A cerimônia contou também com as participações da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, do ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, do presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli de Azevedo e da diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster.

A Usina Termelétrica Juiz de Fora (UTE JF) será a primeira do mundo a gerar energia elétrica a partir do etanol, a primeira a usar combustível renovável para geração de energia e a primeira unidade flex fuel (bicombustível). Uma solenidade em Juiz de Fora (MG), promovida pela Petrobras, marcou a a mudança. A unidade está operando em fase de testes com o etanol desde o último dia 31 de dezembro e terá capacidade instalada de 87 megawatss (MW).

O projeto da UTE foi desenvolvido em parceria com a multinacional General Electric (GE). Se os resultados forem positivos, surgirão oportunidades de negócios para uso em outros países, como o Japão, que têm turbinas semelhantes. “O Brasil será o primeiro país do mundo a produzir energia a partir de etanol”, observou a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, explicando que a turbina a ser utilizada terá capacidade para gerar 45 megawatts e foi adaptada pela GE para operar tanto com gás quanto com etanol.

“Temos as melhores expectativas para mostrar a viabilidade técnica e econômica da produção de eletricidade com uma fonte menos poluente”, afirmou Maria das Graças. Na sua avaliação, mesmo sendo um combustível mais caro que o gás para uso de geração de energia, “o álcool é uma alternativa aos combustíveis fósseis, estará à disposição em caso de necessidade e poderá ser beneficiado pelos projetos de incentivo à redução das emissões de poluentes”.

Outro fator destacado pela diretora é o fato de que há atualmente, em todo o mundo, uma grande expectativa sobre a redução de emissões de gás carbônico e, por isso, “o projeto deverá facilitar a entrada dessas usinas em países desenvolvidos”.

Fonte: Radiomineira, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Agrosoft".

(http://erickfigueiredo.wordpress.com/2010/01/21/inaugurada-usina-termeletrica-bicombustivel-em-juiz-de-fora/)

 

 

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O MOVIMENTO DA ARTE CONCRETA NO BRASIL

 

 

"Contexto de época

A década de 50 foi marcada no âmbito social, político e econômico, por uma série complexa de transformações que insinuavam o perfil de um momento de uma "nova modernidade", que forneceria um ambiente estimulante para o desenvolvimento de sugestões renovadoras nas artes.
Não apenas a sociedade brasileira, mas todo o sistema internacional, experimentou mudanças extraordinárias . Uma nova arrancada tecnológica ocorreu no interior de um processo de remanejamento das relações internacionais que permitia a certos países tipicamente "subdesenvolvidos", como o Brasil, alcançarem, dentro de certos limites e em determinados setores, um razoável padrão de modernização industrial.
O governo de Juscelino Kubstchek, cujo lema era "50 anos em 5", tinha como finalidade, com o seu "Programa de Metas", modernizar o Brasil dotando-o de indústrias de base e de bens de consumo.
É nesse período que a sociedade brasileira adquiria definitivamente sua feição urbana , movida pela ideologia do desenvovimento e pela associação com capitais externos, com a instalação de um novo e sofisticado parque industrial. Pela primeira vez em sua história, as massas urbanas despontavam no cenário político e a cidade transformava-se, sem possibilidade de retorno, no centro decisório da vida nacional.
Essa configuração de um setor urbano-industrial moderno estreitava, como nunca, os laços entre o processo social interno e a dinâmica do sistema internacional. Uma área considerável da população passava a desfrutar de uma experiência social cada vez mais próxima a dos habitantes dos maiores centros urbanos internacionais. Diminuíam as distâncias e aumentava a sensibilidade para as conquistas tecnológicas que repercutiam rapidamente na configuração do imaginário urbano e na própria conformação do cotidiano das grandes cidades. Em 1950, o Brasil já tinha transmissões regulares de TV, sabia que um certo Peter Goldmark inventou o Long-play, no mesmo ano (1948) em que três americanos formularam a teoria dos transístores e construíram os primeiros exemplares; já ouvira falar em cibernética e no "cérebro eletrônico", criado em 1946, na Universidade da Pensilvânia, tinha notícia de que a Força Aérea dos EUA havia feito o primeiro vôo a jato cruzando o país e admirava o gênio de Einstein que expandira a fantástica Teoria da Relatividade na Teoria Geral do Campo. Sete anos depois, já empolgados pela mobilização ideológica do desenvolvimento de JK, os brasileiros- que já haviam se surpreendido com a produção da primeira pílula anticoncepcional, (1952), com a exploração da primeira bomba de hidrogênio (1952), e com outras novidades incríveis como a vitamina B12 ou a invenção dos aparelhos de telefoto - ficaram sabendo que a URSS colocou em órbita um satélite artificial, uma nova lua chamada Sputnik.
Música, literatura, artes plásticas e as próprias jovens artes do século XX, como o cinema e a fotografia, voltavam-se para o espírito da invenção e da radicalidade dos grandes movimentos de vanguarda do início do século.
Após 1945, processou-se em alguns centros da Europa uma espécie de reavaliação e retomada de certos princípios das vanguardas que, de alguma forma, haviam-se perdido no emaranhado das duas grandes guerras. É o caso do grupo Nova Música (Neue Musik), na Alemanha, que desenvolvia um trabalho de recuperação das sugestões de Webern e Schönberg. Uma nova geração de músicos como Pierre Boulez, Luigi Nono, Bruno Madena e Stockenhausen, passava a generalizar a noção de "série", aprofundando a experiência da música dodecafônica.
No Brasil, em 1946, surgia o manifesto do grupo Música Viva, criado pelo regente alemão Hans Joachin Loeklreutter e integrado por jovens músicos, que atacava o conservadorismo nacionalista e retomava idéias de vanguarda, especialmente a partir de Schönberg. Da mesma forma em outras áreas, os primeiros anos do pós-guerra já sugerem a possibilidade de uma guinada no sentido da inovação. Alguns signos dessa possibilidade podem ser encontrados em fatos com a inauguração dos Museus de Arte Moderna do Rio e São Paulo (1949 e 1948), da I Bienal de Arte de São Paulo(1951) onde pela primeira vez o brasil fazia uma exposição de arte com efetiva repercussão internacional e que trazia ao contato do público e dos artistas locais o que de mais contemporâneo se realizava no exterior, nos trabalhos de Niemeyer com Le Corbusier, e até mesmo a disposição de setores da burguesia paulista de financiar a Cia. Vera Cruz numa tentativa de implantar uma indústria cinematográfica.




Movimento Concreto


E
m 1952 começaram os primeiros indícios do movimento concreto no Brasil. De um lado o grupo Noigandres, formado nesse momento por Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos. O surgimento do Grupo vem acompanhado do lançamento, em São Paulo, do primeiro número da revista, também com o nome Noigandres. De outro lado, o grupo Ruptura, formado por pintores e escultores também paulistas: Geraldo de Barros, Waldemar Cordeiro, Lothar Charoux, Kazmer Fejer, Haar, Sacilotto e Wladyslaw. As posições defendidas por estes artistas coincidiam, naquele momento, com muitas das formulações dos poetas de Noigandres. O grupo Ruptura iniciava uma reação, no campo das artes plásticas, a toda uma vertente subjetivista representada pela pintura figurativista de caráter expressionista. Ao mesmo tempo, o grupo reagia à tendência abstracionista, à concepção "hedonista da arte abstrata", nas palavras de Waldemar Cordeiro, baseada na criação pictórica anárquica, sem sentido visual e lógico (tintas jogadas na tela aleatoriamente). Assim, em nome de uma intuição artística dotada de princípios claros e inteligentes, de grandes possibilidades de desenvolvimento prático", o ideal plástico do Ruptura privilegiava a organização do espaço, a estruturação das formas e da cores, desvinculadas de conteúdos extra -pictóricos. O que interessava ao artista concreto, como observou o crítico Mário Pedrosa, era a "[...] exteriorização precisa da própria visualidade, uma objetividade formal que aspira o momento em que a própria mão poderá ser substituída na confecção do quadro". Do mesmo modo que a poesia concreta se afastava de suportes semânticos e sintáticos que permitiam uma decodificação mais discursiva dos poemas, a pintura concreta propunha uma nova visualidade que, orientada em princípios geométricos organizados segundo critérios de Gestalt (Teoria Geral da Forma), proporcionasse ao espectador, uma fruição objetiva - a composição observada no quadro deveria corresponder, exatamente, aquilo que o artista concebeu no projeto original da obra. Um quadro concreto de acordo com Max Bill, seria a "concreção de uma idéia", uma "realidade que pode ser controlada e observada". Inserindo-se, portanto, numa tradição construtiva que tinha como parâmetros o Neoplasticismo de Mondrian e Vatergerloo, o Suprematismo de Malévitch e as concepções estéticas de Theo Van Doesburg, as propostas de Max Bill e seus companheiros da Escola de Ulm, os artistas fundadores do grupo Ruptura atuaram, ao lado dos poetas concretos, na pesquisa de novas linguagem e formas de expressão.



A  designação Arte Concreta

A expressão arte concreta foi usada pela primeira vez no campo das artes plásticas, pelo artista Theo Van Doesburg, em 1930, e para ele denominava toda arte que se tinha desvinculado totalmente da imitação da natureza - ou seja, a arte não figurativa. A denominação passou a ser adotada por artistas, críticos e teóricos, mas ainda nesse momento, como sinônimo de arte abstrata. A diferença entre estas duas terminologias se estabeleceu de fato a partir de 1936, quando o artista plástico Max Bill formula a sua conceituação de uma arte construída objetivamente, fundada em problemas matemáticos. Com a criação da Escola Superior da Forma, de Ulm, em 1951, a expressão arte concreta passa a designar um movimento, uma tendência definida no campo das artes. Tomás Maldonado, um dos membros de Ulm, afirma em 1955: "Não obstante, essa diferença entre arte abstrata e arte concreta, que no campo era apenas nominalista, tende hoje a assumir outro significado. Cada dia, acreditamos, torna-se mais evidente que a arte abstrata difere da arte concreta; que as duas expressões designam fatos artísticos essencialmente diversos. Essa transformação, sem nenhuma dúvida, deve-se sobretudo à contribuição criadora do qualificado grupo de artistas suiços, Max Bill, Camille Graeser, Verena Loewnsberg, que abriram novas perspectivas a uma definição da arte concreta sobre novas bases."
A Escola de Ulm foi o mais importante centro europeu das experiências plásticas de vanguarda dos anos 50, reunindo expressivas tendências das artes e dando continuidade ao trabalho iniciado pela Bauhaus.


Exposição Nacional de Arte Concreta

T
endo a poesia concreta atingido o seu primeiro estágio de maturação - a plataforma teórica ganhava, cada vez mais, corpo e definição, o "paideum"e os procedimentos formais básicos já estavam estipulados - urgia o lançamento oficial do movimento. No final de 1956, mais precisamente dezembro, acrescida de um novo membro o jovem poeta carioca Ronaldo Azeredo, a equipe Noigandres, juntamente com os pintores e escultores aliados à mesma tendência, realiza a primeira Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Participaram da exposição os seguintes artistas plásticos: Geraldo Barros, Aluísio Carvão, Lygia Clark, Waldemar Cordeiro, João S. Costa, Hermelindo Fiaminghi, Judith Lauand, Maurício Nogueira Lima, Rubem M. Ludolf, César Oiticica, Hélio Oiticica, Luis Sacilotto, Décio Vieira, Alfredo Volpi, Alexandre Wollner, Lothar Charoux, Lygia Pape, Amílcar de Castro, Kasmer Fejer, Franz J. Weissmann, Ivan Serpa e os poetas: Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Ronaldo Azeredo, Ferreira Gullar e Waldimir Dias Pino, especialmente convidados.
A mostra se compunha de cartazes-poemas, apresentados ao lado de obras pictóricas e esculturas. As soluções gráficas dos cartazes (padronização de tipos, diagramação) foram sugeridas pelo artista plástico e publicitário Hermelindo Fiaminghi, que também participava do evento. Na ocasião a revista ad-arquitetura e decoração é contatada através de Waldemar Cordeiro e inclui no seu n 20 (novembro-dezembro), o material da exposição, funcionando, assim, como catálogo da mesma. Neste número escreveram artigos o próprio Waldemar Cordeiro, Décio Pignatari, Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Ferreira Gullar. Foram publicados também, poemas concretos e clichês reproduzindo os quadros e esculturas dos artistas expostos. No auditório do MAM, Décio Pignatari e o crítico Oliveira Bastos pronunciaram conferências sobre a nova poesia. Paralelamente ao evento, foi lançado o n 3 da revista Noigandres, trazendo como sub-título, o nome poesia concreta. A exposição, como era de esperar, repercurtiu nos meios artísticos e intelectuais da capital paulista. Porém, o impacto maior da eclosão do movimento concreto vai ocorrer, de fato, quando a mostra é levada para o Rio de Janeiro, em fevereiro do ano seguinte e montada no saguão do MEC. A esta altura, o movimento ganha espaço amplo na imprensa, e jornais e revistas de grande circulação deram cobertura ao evento.
Há muita controvérsia e muita discussão em torno da nova tendência e a Exposição Nacional de Arte Concreta se transformou, entre 4 e 11 de fevereiro de 57, no acontecimento mais importante da cidade maravilhosa. Foi realizado, sob o patrocínio do Teatro Universitário Brasileiro, um caloroso debate na UNE, em 10 de fevereiro. Nessa noite, Décio Pignatari faz uma conferência polêmica, assistida por importantes figuras da intelectualidade carioca. Mas talvez, o saldo mais positivo desses acontecimentos, para os poetas concretos, tenha sido o artigo "A Poesia Concreta e o Momento Poético Brasileiro", escrito por Mário Faustino e onde, após um rigoroso balanço da produção poética daquele momento, o autor de O Homem e sua Hora elegia os poetas criadores do novo movimento como representantes do que havia de melhor no campo da criação literária brasileira.

Após a realização da Exposição Nacional de Arte Concreta, o movimento ganha repercussão. O poeta Manuel Bandeira, por exemplo, então decano do Modernismo, adere as posições de equipe Noigandres, realizando alguma experiências poéticas concretas, ao mesmo tempo que em sua coluna diária de crônica comentava a renovadora tendência.
Mas uma cisão ocorre dentro do movimento. O poeta Ferreira Gullar e Reinaldo Jardim desindentificam-se das posições do grupo paulista, em defesa de uma poesia "subjetivista e intuitiva". Também o crítico Oliveira Bastos assinou o manifesto da cisão, embora reconhecendo posteriormente, a validade das propostas da poesia concreta.
A saída de Gullar, Jardim e Bastos do Movimento de Poesia Concreta foi motivada pela publicação do ensaio "Da Fenomenologia da Composição à matemática da Composição".
Dessa cisão, nasceria o movimento NeoConcreto, que dura de 1959 a 1961. Após esse período, o poeta Ferreira Gullar renuncia à poesia de vanguarda e parte para uma literatura de cunho político-participante

A partir da publicação, ainda nesse mesmo ano (1959), do "Plano- Piloto para Poesia Concreta", o movimento completa maturação e as irradiações de suas idéias começam a se fazer sentir não só no próprio ambiente literário, como também em outras áreas do contexto cultural brasileiro.
[ manifesto ruptura | manifesto neoconcreto | noigandres e contrutivismo| biografia ]".

(http://www.artbr.com.br/casa/)