NÃO À IDEOLOGIA DE GÊNERO
Miguel Carqueija



Um dano terrível surgiu nos últimos anos na civilização: a ideologia de gênero, que agride a moral, o bom senso, os valores cristãos, a família e a própria Ciência. É uma coisa ainda mais estúpida que a ideologia do politicamente correto e, naturalmente, está ligada á mesma corrente revolucionária que avassala o mundo moderno.
Precisava estar entre nós um Gustavo Corção, um Gladstone Chaves de Melo, ou um Nelson Rodrigues, para dizerem o que merecem ouvir os defensores de tal descalabro.
Por esta excrecência chamada de ideologia, troca-se a palavra “sexo” por “gênero’. E assim dói no coração ver tanta gente se rendendo a essa moda, referindo-se às questões de gênero como se gênero, no sentido proposto, realmente existisse. Ora bem: eu costumo dizer que não tenho gênero porque não sou um poste, sou um homem e portanto o que tenho é sexo, sou do sexo masculino, não do gênero masculino. Meus cromossomos sexuais são XY, enquanto os femininos são XX. E só existem esses dois tipos. Como não se pode mudar o cromossomo segue-se que mesmo as pessoas que fizeram a tal operação para mudar de sexo, cientificamente não o fizeram: o sexo continua o mesmíssimo apesar das aparências.
É verdade, usa-se o termo gênero — sempre se usou — para fins gramaticais e por analogia com os seres sexuados. Explicando melhor, em nossa língua, ao contrário do Latim, não existe gênero neutro e consequentemente os substantivos que se referem a objetos, instituições ou conceitos abstratos devem por analogia ser relacionados com algum artigo definido: “a” e “o”.
É por isso que o poste seja do gênero (gramatical) masculino. Ele não é um macho, apenas foi convencionado que é uma palavra do gênero (não do sexo) masculino. E da mesma forma a panela não é uma fêmea. Essas convenções atingem também instituições, como a escola, o colégio; e conceitos abstratos como o amor, a raiva, a saudade, o ódio.
Mas agora, com a ideologia de gênero que o PT tentou implantar por lei nas escolas, e que sem dúvida está penetrando por baixo do pano, chegamos a esta aberração: ensina-se às crianças que elas não são nem meninas nem meninos, apenas crianças, e depois, quando crescerem, é que escolherão o gênero (não mais o sexo) a que pertencem, como se isso fosse uma coisa apenas subjetiva! O Professor Felipe Aquino, indignado, já observou que esse pessoal, na ânsia de impor a sua ideologia, passa por cima até da Ciência! E que nos Estados Unidos já foram inventados (inventar é a palavra certa) 50 gêneros! Se levarmos em conta que a prática sexual do ser humano pode ser muito imaginativa e muito aberrante, veremos que não há um limite definido e caímos numa verdadeira anarquia e estímulo à promiscuidade sexual.
No fundo o que essa gente da esquerda quer é acabar com a Família como instituição e de quebra, ou por via das consequências, acabar com a Igreja Católica que assim é apresentada como um baluarte do obscurantismo e como tal deve ser destruída. Mesmo que, muitas vezes, a Revolução ataque com ódio as confissões protestantes, não se enganem: o alvo final é a Igreja Católica.
Segundo Felipe Aquino (a grande mídia evita falar nisso...) na Alemanha, onde a ideologia de gênero virou lei, já existem pais sendo presos por proibirem seus filhos de assistirem tais aulas. Pelo visto, silenciosamente, a Alemanha de Angela Merkel retornou ao nazismo! Alguém já disse que hoje em dia nós elegemos nossos próprios ditadores. Pelo mundo afora a democracia, onde existe, está sendo corrompida e transformada em ditadura disfarçada, arrastando a civilização para a pior forma de tirania, que barbariza o corpo e a alma, que se volta contra a própria liberdade de consciência, nos moldes dos romances “1984” de George Orwell, “Admirável mundo novo” de Aldous Huxley e “Nós” de Evgeny Zamiatin.
Já deparamos nas fichas cadastrais que às vezes precisamos preencher a substituição de “sexo” por “gênero”, inclusive em fichas virtuais, que não podemos modificar, e isso é um desaforo. Por enquanto ainda são mantidos somente dois “gêneros” (masculino e feminino) como opções; não sabemos por quanto tempo. Talvez se trate apenas de uma dificuldade técnica: não seria fácil elencar 50 opções numa simples ficha. Mas essa gente tem criatividade: qualquer hora contornam essa dificuldade.
Note-se que não há fim à vista para tal descalabro. O simples comportamento sexual de um ser humano (existem até os que se dizem assexuados, ou seja sem libido e interesse, uma dessas pessoas deu entrevista tempos atrás no programa da Gabi) é tão variável que, se isto serve de pretexto para classificações discriminatórias (isto é, que vão separar a humanidade em muitos grupos sem necessidade, é como separar as pessoas por “raças” quando a raça humana é uma só) então, afora o que for habitualmente reconhecido, qualquer um poderá propor mais um gênero, e eles subirão a centenas ou milhares. Duvidam? Ora bem, se eu desse para isso, e pelo andar da carruagem, o que me impediria, pelo menos um pouco mais adiante, de me declarar membro do gênero dos ornitorrincófilos, ou seja, os adeptos de fazer sexo com ornitorrincos? Os ideólogos da ideologia de gênero não teriam moral para me impedir, pois foram eles que abriram as portas para essa loucura. No máximo haveria a dificuldade prática de encontrar no Brasil, ornitorrincos disponíveis.
Desculpem brincar um pouco com coisa séria. Mas tem vezes que a gente tem que rir pra não chorar.

Rio de Janeiro, 8 de abril de 2017.