Na Toca do Velho Monge

Elmar Carvalho

Mais uma vez estive na Várzea do Simão, mais uma vez estive na Toca do Velho Monge, em companhia dos amigos Zé Francisco Marques, Carlos Eduardo Coutinho e Natim Freitas, para mais uma vez contemplarmos a lamentável degradação do Rio Parnaíba, nas proximidades dos Tabuleiros Litorâneos.

E mais uma vez não pude passear em meu pequeno barco Tremembé, de pequeno calado, tal a largura e pouca profundidade do rio, mesmo o período chuvoso tendo sido bom, como todo mundo sabe. Mas, pelo que notamos nesse trecho, a sua situação está pior do que a do ano passado.

Não custa relembrar: o Parnaíba é o mais importante patrimônio natural do Piauí e é o responsável pelo abastecimento d’água das mais populosas cidades do nosso estado, entre as quais Uruçuí, Floriano, Teresina e Parnaíba e várias outras menores em seu longo percurso.

Entra governo e sai governo, e nenhum faz nada para minorar a degradação do velho Rio Grande dos Tapuios. Talvez só adotem alguma providência quando o seu estado for quase irreversível e a sua recuperação for muito cara. E quando outros de seus afluentes forem rios mortos, rios extintos.

Após a contemplação da paisagem, tão bela quanto melancolicamente assoreada, voltamos à casa do Sítio Filomena, e fomos nos refugiar no Cantinho do Poeta, para a prática de sábia libação e degustação, em que ouvimos as melodias da trilha sonora de Histórias de Évora, que preparei, com as músicas e cantores citados nesse romance e mais as da trilha da despedida de solteiro, que Marcos Azevedo, protagonista do livro, supostamente havia preparado.

 

Por fim, ouvimos as lindas melodias interpretadas por Zé Francisco Marques, que se vem excedendo como cantor e violonista, com seu vasto e seleto repertório, que transita do brega clássico ao que há de mais sofisticado da Música Popular Brasileira, com ênfase agora nas músicas poemágicas imortalizadas pelo poeta, compositor e cantor Belchior.