MULHER
Deus, quando a mulher criou,
por certo, pensou assim:
muitos, logo se esquecerão de mim,
mas, ao olharem para ela,
dirão: que imagem bela!
Só pode ser obra do Criador.
Incumbiu o sol de iluminá-la,
de mostrá-la mais que perfeita.
E, à noite, enquanto se deita,
lá fora uma lua encantadora
faz dela uma sonhadora
e, de nós, uns bobos, a admirá-la.
Na natureza ela é,
das fêmeas, a mais formosa.
Nem a flor,  tão maravilhosa,
obscurece-lhe a beleza do semblante;
pode até igualar-se-lhe um instante;
afinal, dizem, que ela é também uma mulher.
Tem alegria para hipnotizar.
E o perfume que exala?
E o sorriso, ou quando fala?
E o colo? Que coisa louca!
E os lábios?  Meu Deus! E a boca,
que não me deixa calar?
Inteligência é mais um atributo.
Sabe onde pisa e, o que quer, faz.
Desacatada, é Satanás.
Satisfeita, é puro veludo;
raivosa, um demônio peludo,
pior que o animal mais bruto.
Meu Pai por que tanto esplendor?
Será que não fizeste um mal maior
colocando-a ao nosso redor
para lhe atendermos os pedidos,
os confessos, os escondidos?
Deverias ter tido dó de nós, Senhor.
Não foste Tu capaz de tal ordem dar,
mas o homem, um  tolo asqueroso;
esse animal fedegoso,
idiota e mal educado;
ainda que absurdo, um pecado,
maltrata-a e a faz chorar.
Egoísta, descompensado;
peçonhento, cachorro louco.
Por que submetê-la a tanto sufoco?
Que tal tratá-la com muito amor -
somos seu homem, sim, não o predador -
esquecendo as aberrações do passado?
ANTÔNIO FRANCISCO SOUSA – Auditor-Fiscal e escritor piauiense