[Maria do Rosário Pedreira]

Estou sempre a ser avisada no Facebook quando os meus amigos fazem alterações ao seu perfil. Regra geral, não vou investigar, até porque a muitos destes «amigos», é bom que se diga, não conheço pessoalmente e, portanto, nem sequer tenho uma ideia muito concreta sobre qual era o seu perfil quando os adicionei, embora nessa altura tenha ido lá espreitar para ver se o que publico poderia interessar-lhes minimamente. Todavia, não são só as pessoas que vão mudando de perfil e, um destes dias – novamente em arrumações de livros –, apercebi-me de como mudaram enormemente os perfis de duas editoras que conheci bem. A primeira é a Gradiva, na qual trabalhei nove anos, que passou de editora de divulgação científica (Carl Sagan, Hubert Reeves, Richard Feynmann, Stephen Jay Gould) para editora que, além do fenómeno de vendas que é José Rodrigues dos Santos, publica sobretudo literatura estrangeira (McEwan, Ishiguro, agora Eco…) e ensaio de autores portugueses (quase sempre polémicos, como Nuno Crato). A segunda é a Presença, que nos meus tempos de estudante era, entre outras coisas, uma referência para universitários e hoje se tornou uma das mais cotadas chancelas de ficção comercial, tendo Nicholas Sparks como seu expoente máximo. O mercado desenha novos rostos e não há perfis que não estejam sujeitos à mudança.