Morre Esdras do Nascimento, aos 81 anos

Romancista sofria de enfisema pulmonar há um ano e não resistiu a uma infecção na última sexta-feira

 

Apesar de ter trabalhado por anos no Banco do Brasil, era à literatura que ele queria se dedicar integralmente. Com 19 obras publicadas, entre romances, coletâneas de contos e ensaios, Esdras do Nascimento morreu na última sexta-feira no hospital Copa D’Or, onde estava internado há vinte dias para se tratar de uma infecção pulmonar. Ele sofria de enfisema pulmonar há um ano. Seu corpo foi cremado no Memorial do Carmo, no Caju, no sábado.

Nascido em 1934, em Teresina, no Piauí, e radicado por muitos anos no Rio de Janeiro, o escritor atuou também como crítico literário e professor de escrita e literatura. Recentemente ele concluiu o livro “Rerom Novarum — Opus 18”, que contava um pouco de sua própria história. A obra ainda está em processo de publicação.

— Depois de se aposentar ele veio fazer o que gostava, dar a caminhada em Copacabana, beber vinho com a minha mãe e escrever. Há cerca de cinco semanas ele disse: “Acabei meu livro, agora posso descansar” — lembra o filho Daniel Nascimento.

O amor pelas palavras também é citado por Esdras Costa Nascimento, irmão de Daniel: — Ele escrevia diariamente oito horas por dia. As vezes reclamava que no Brasil era difícil de se viver da literatura, mas sempre quis isso.

O livro de maior repercussão do autor foi “Lição da noite”, lançado em 1998 pela editora Record e premiado como romance do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). A obra traça um panorama da classe média carioca, com uma narrativa que se alterna entre o ponto de vista de quatro mulheres e três homens.

Além de “Lição da noite”, Esdras publicou romances como “Solidão em familia” (1963) e “Variante Gotemburgo” (1978), resultado de sua tese de doutorado em Letras pela UFRJ. É autor ainda de um livro de ensaios sobre Henry Miller e do volume de contos “Vinte histórias curtas” (1960), entre outros.

Por mais de 20 anos, Esdras foi professor em oficinas literárias no Rio e em outras cidades. Defendia a necessidade de estimular em seus alunos a leitura atenta de grandes romances e contos da literatura brasileira e universal.

Esdras do Nascimento deixa a mulher Dalva e três filhos, Daniel, Esdras e Andrea.

(Fonte: O Globo)