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Minha coluna de Natal

Rogel Samuel

Eu adoro Natal. Apesar de não ter família, ou por causa disso.

Minha família é o mundo.

Lembro-me de que, morador de Copacabana, na noite de Natal saí para jantar, bem tarde, num restaurante próximo que eu sabia aberto.

Bebi champanhe, saudei os meus mortos, desejei feliz Natal para a humanidade.

No fim, mandei embrulhar numa “quentinha” o meu jantar quase inteiro, que quase nada comi.

E vim andando pela Barata Ribeiro deserta em direção à minha rua.

Poucos carros passavam.

Pessoas gritavam e riam em alguns apartamentos.

Gritavam da alegria do Natal.

Súbito eu vi um velho mendigo do outro lado da rua, sentado na calçada, como que dormindo.

Com quem sonhava aquele homem?

Eu me aproximei e ele acordou rapidamente assustado, mas alegre ao receber aquela sua ceia natalina.

Por isso, adoro o Natal.

As pessoas ficam inspiradas. As estrelas brilham. O mundo respira uma atmosfera nova.

Acredito que, não existisse o Natal, o mundo já se teria autodestruído.

No Natal a humanidade do mundo se renova.

Voltamos a ser compassivos, bondosos, pacíficos.

Purificamo-nos.

E sempre há de aparecer um mendigo na calçada para ser nosso parente, nossa família, e receber nossos melhores presentes.

O nosso sorriso.