Meus Olhinhos de Brinquedo
Por Dílson Lages Monteiro Em: 22/02/2016, às 12H44
ENTREVISTADO:
de Dílson Lages MonteiroEscrevendo sobre a memória em Graciliano Ramos, o crítico literário Álvaro Lins diz:
“Ao abandonar certos aspectos da infância, ao fixar-se em outros, o artista não o faz arbitrariamente, mas determinado pelas impressões que se prolongaram nele, que o influenciaram, que marcaram depois os seus sentimentos, ideias e visões de adulto.”
A literatura infantil, talvez mais do que qualquer outra forma literária, particularmente, é feita de impressões, das impressões que se estendem por toda a vida. Nela a capacidade de abstração vem da lógica das associações. Nela, a habilidade de manipular tropos é mais exigente; porque tudo é feito para que, lendo, a criança possa brincar.
Trata-se Meus olhinhos de brinquedo de uma tentativa de ir à essência do ser criança.:
“Venha
Venha comigo,
Você, meu amigo,
Correr, pular, dançar.
Criança gosta de brincar.
Criança gosta de olhar.
A manhã
Nascendo nos telhados,
Minguante, crescente, nova,
A luas, as asas de meus brinquedos
(...)”
Trata-se de um convite para a valorização da brincadeira e da amizade. Nesse poema infantil, a brincadeira é a percepção do mundo, um ato saudável cuja condição é, em primeiro lugar, a capacidade de imaginar e perceber a própria realidade objetiva e os seus reflexos na subjetividade. A brincadeira que não necessita dos aparatos das tecnologias. A brincadeira que está na luz do dia, no tocar do vento, na fisionomia das casas e ruas, em brinquedos simples como o barquinho de papel e, principalmente, na interação com a natureza da qual nós mesmos fazemos parte e, quase sempre, hoje, a isso não concedemos importância.
A brincadeira de meus olhinhos de brinquedo é a própria e inadiável capacidade de sentir. Inclusive a presença amiga.
Trata-se de um livro concebido para que seja também um brinquedo. Para que a criança se sinta como parte de uma estória que é a sua estória. Nela, o pequenino gigante pode não apenas ler, mas fotografar, colar, pintar, desenhar, contar, recortar e tudo o que a imaginação mandar. Nela, a ordem é inventar sem limites para a criação e para a sensibilidade.
Onde comprar: