Meus Olhinhos de Brinquedo

ENTREVISTADO:

de Dílson Lages Monteiro

 Escrevendo sobre a memória em Graciliano Ramos, o crítico literário Álvaro Lins diz:

“Ao abandonar certos aspectos da infância, ao fixar-se em outros, o artista não o faz arbitrariamente, mas determinado pelas impressões que se prolongaram nele, que o influenciaram, que marcaram depois os seus sentimentos, ideias e visões de adulto.”

A literatura infantil, talvez mais do que qualquer outra forma literária, particularmente, é feita de impressões, das impressões que se estendem por toda a vida. Nela a capacidade de abstração vem da lógica das associações. Nela, a habilidade de manipular tropos é mais exigente; porque tudo é feito para que, lendo, a criança possa brincar.

Trata-se Meus olhinhos de brinquedo de uma tentativa de ir à essência do ser criança.:

“Venha

Venha comigo,

Você, meu amigo,

Correr, pular, dançar.

 

Criança gosta de brincar.

Criança gosta de olhar.

 

A manhã

Nascendo nos telhados,

Minguante, crescente, nova,

A luas, as asas de meus brinquedos

(...)”

 

Trata-se de um convite para a valorização da brincadeira e da amizade. Nesse poema infantil, a brincadeira é a percepção do mundo, um ato saudável cuja condição é, em primeiro lugar, a capacidade de imaginar e perceber a própria realidade objetiva e os seus reflexos na subjetividade. A brincadeira que não necessita dos aparatos das tecnologias. A brincadeira que está na luz do dia, no tocar do vento,  na fisionomia das casas e ruas, em brinquedos simples como o barquinho de papel e, principalmente, na interação com a natureza da qual nós mesmos fazemos parte e, quase sempre, hoje, a isso não concedemos importância.

A brincadeira de meus olhinhos de brinquedo é a própria e inadiável capacidade de sentir. Inclusive a presença amiga. 

Trata-se de um livro concebido para que seja também um brinquedo. Para que a criança se sinta como parte de uma estória que é a sua  estória. Nela, o pequenino gigante pode não apenas ler, mas fotografar, colar, pintar, desenhar, contar, recortar e tudo o que a imaginação mandar. Nela, a ordem é inventar sem limites para a criação e para a sensibilidade.

Onde comprar:

Livraria Entrelivros