MÁXIMO GORKI (1868-1936)

 

Máximo Gorki (gorki em russo significa amargo) foi o pseudônimo de Aleksei Maksímovich Peshcov, que nasceu em uma pequeno lugarejo do interior da Rússia, rebatizado como Gorki, em 1932, por ordens de Stálin. O escritor estava então no apogeu de sua glória literária. Contudo, para chegar a esta posição, Gorki passara por um conjunto de experiências humanas de alta dramaticidade. Filho de uma família muita humilde, ficou órfão aos sete anos e, a partir daí, foi obrigado a trabalhar para prover o próprio sustento. Exerceu vários ofícios, atravessando a vasta região do Volga em busca de oportunidades. Desenvolveu uma espécie de espírito de andarilho, em que a curiosidade e a simpatia pela humanidade sofredora lhe permitiu a sobrevivência psicológica em meio a tantas dificuldades. Com isso adquiriu também um notável conhecimento das camadas populares russas, conhecimento que seria usado mais tarde na criação dos principais protagonistas de seus contos e romances.

Ao mesmo tempo em que vagava pelo imenso país, Gorki revelava grande interesse pela leitura, tornando-se um autodidata, isto é, um jovem de surpreendente cultura, apesar de ter freqüentado a escola primária somente por uns poucos meses. Sua inteligência, contudo, não impediu que atormentado pela luta da sobrevivência, pela infelicidade pessoal e pela solidão, tentasse o suicídio. A literatura, no entanto, o salvou. Pôs-se a escrever obsessivamente, e seus primeiros contos foram publicados a partir da década de 1890, obtendo grande repercussão. Sobre esta época de sua vida, deixou um comovente texto de memórias que é a sua obra-prima: Ganhando meu pão. Suas memórias continuaram em Minhas universidades, igualmente fascinantes, mas sem a mesma beleza poética do primeiro livro.

Logo a seguir, Gorki aderiu ao marxismo e militou em inúmeros grupos revolucionários. Em 1905, após o fracasso da primeira revolução que pretendia derrubar o Czar, acabou preso. No ano seguinte, porém, sob fortíssima pressão da comunidade internacional, as autoridades russas foram obrigadas a libertá-lo. Gorki viajou então para a Itália, onde morou até o triunfo da Revolução Soviética, em 1917. Apesar de sua amizade com Lênin, o escritor só retornou definitivamente à Rússia em 1928, transformando-se de imediato na maior figura literária do regime comunista. Sua morte, ocorrida em 1936, despertou suspeitas de envenenamento que nunca foram confirmadas.

A obra de Gorki centra-se no submundo russo. O ficcionista registrou com vigor e emoção personagens que integravam as classes excluídas: operários, vagabundos, prostitutas, gente humilde, homens e mulheres do povo. Autores realistas e naturalistas já tinham incorporado estes setores sociais à literatura, mas olhavam para os pobres de fora, apenas com piedade ou com frieza. Gorki, ao contrário, conhecia aquele universo por dentro – ele próprio era um desses desvalidos – e soube captar o que havia de mais profundo na alma do povo russo. Daí a impressão de autenticidade que suas obras nos transmitem. De certa forma, ele foi o criador da chamada literatura proletária que teve seguidores no mundo inteiro, em especial na primeira metade do século XX.

Fonte: educaterra.com.br