[Flávio Bittencourt]

Mensalão focalizado em detalhes

Matéria histórica do Estadão (2.8.2005)

 

 

 

 

 

 

 

 


"MATRICULE SEU FILHO NO ESTÁDIO"

(MANIFESTAÇÃO-SÍNTESE DA REVOLTA

BRASILEIRA, ATUAL [JUN. / 2013])

 

 

 

 

 

 


BRASIL INTEIRO MUITO PIOR DO QUE A

SOMÁLIA "ACÉFALA" - VIVA A

REPÚBLICA DA SOMÁLIA

(Jamhuuriyadda Federaalka Soomaaliya)

LIVRE!


 

 

 

 


 

 

BRASIL EM ESTADO PRÉ-REVOLUCIONÁRIO:

 

"GOVERNO COGITA RECUAR DE CONVOCAR CONSTITUINTE,

DIZ MINISTRO DA JUSTIÇA [essa decisão cabe ao Congresso Nacional]"

BOL NOTÍCIAS, HOJE, onde se lê:

...

O presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, havia dito aos jornalistas após o encontro que governo federal iria recuar da ideia, anunciada ontem pela presidente em reunião com prefeitos e governadores de todo o país.

...

http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2013/06/25/apos-reuniao-com-dilma-oab-diz-que-governo-recua-de-plebiscito.htm

 

 

 

 

 

 

 

"NÃO-GOVERNO NÃO COGITA COISA ALGUMA,

DEMITE-SE ou o povo o depõe, CARAMBA!"

(esta singela coluna)

 

 

 

 

 

 

"O PIOR ERRO DE ROUSSEFF FOI

ACHAR QUE TINHA PODER E SUA PIOR DECISÃO

REDUNDOU EM GRAVE OFENSA AOS DOUTOS MÉDICOS

BRASILEIROS (recentemente, dois deles salvaram a minha vida,

aliás)"

F. A. L. BITTENCOURT

 

 

 

 

 

 

 

 

MÃE E FILHAS NUMA PASSEATA,

NO BRASIL, EM JUNHO DE 2013:

(http://seguindoadiante.blogspot.com.br/2009/07/nao-ha-galinha-de-angola-em-angola.html)

 

 

 

 

 

 

 

"- SOCORRO,

TRAGAM MEUS SAIS!"

(SE A ROUBALHEIRA ERA TANTA,

NOS CENTROS ESPÍRITAS, ESPÍRITOS

DESENCARNADOS QUE VIVERAM NO

SÉCULO DEZENOVE DISSERAM, EM

AGOSTO DE 2005, APARELHANDO MÉDIUNS,

SEJA POR MEIO DA INCORPORAÇÃO DIRETO-VERBAL,

SEJA PELA MANIFESTAÇÃO PSICOGRÁFICA)

 

 

 

 

 

 

 

"(...) Nas doze vezes em que foi ao Planalto, Valério disse na recepção que ia à Casa Civil. Ao se identificar, forneceu o nome de três secretárias de Sandra. Em outras três ocasiões, deu diretamente o nome de Sandra e, em duas visitas, o de Sereno.
Duas idas de Marcos Valério à Casa Civil coincidem com registros de saques em dinheiro das contas da SMP&B no Rural, feitos na véspera das visitas.
Em dois dias de janeiro de 2004, saque de R 950 mil
No dia 6 de janeiro de 2004, foram sacados R$ 500 mil e, no dia 7, R$ 450 mil, segundo o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro ligado ao Ministério da Fazenda. Valério foi à Casa Civil no dia 8. Em 27 de setembro de 2004, foram sacados R$ 145 mil em dinheiro da conta da SMP&B. O empresário esteve na Casa Civil no dia 28.
(...)"

[TRECHO DO ARTIGO ADIANTE INTEGRALMENTE REPRODUZIDO,

http://www.estadao.com.br/nacional/noticias/2005/ago/02/64.htm]

 

 

 

 

 

 

 

Países, visitei vários:
França, Espanha, Cuba, China…
E a farra, quem patrocina?
Os impostos dos otários!
Vão caciques e empresários
Da comitiva no meio,
E a mordomia eu custeio
Com suor dum povo escravo!
Se o peão poupa centavo,
Eu gasto tudo em passeio!

GLAUCO MATTOSO

(http://www.luizberto.com/repentes-motes-e-glosas/quatro-glosas-de-glauco-mattoso-e-um-poema-de-jessier-quirino)

 

 

 

 

 

 

 

DA SÉRIE "Cartazes que poderiam aparecer por lá":

A mãe que vai pras  ruas, chama seu filho, mas nunca deixa de ser mãe (colaboração de Guilherme Santos):

Imagem4

"APARELHANDO"

 

 

 

 

 

G1 GLOBO /

SÃO CARLOS E ARARAQUARA - SP:

 

"22/06/2013 15h12 - Atualizado em 22/06/2013 15h12

Manifestação com crianças chama a atenção na praça de Pirassununga

Apesar do frio, cerca de 50 pessoas, entre pais e filhos, estiveram presente.
Com rostos pintados e cartazes feitos pela meninada, protesto foi pacífico.

 

Do G1 São Carlos e Araraquara

Manifestação em Pirassununga contou com pais e filhos na Praça Central (Foto: Ademir Naressi)
Manifestação em Pirassununga contou com pais e
filhos na Praça Central (Foto: Ademir Naressi)

A manifestação realizada em Pirassununga (SP) chamou a atenção de quem passou pela Praça Central Conselheiro Antônio Prado, neste sábado (22). Os gritos de protesto na cidade saíram da boca de crianças de até 10 anos. Apesar do tempo frio e nublado, cerca de 50 manifestantes, entre pais e filhos, marcaram presença no local segundo a Polícia Militar e não houve nenhuma ocorrência registrada durante a manhã.

O protesto foi idealizado por um grupo de mães da cidade. “Nós tínhamos medo de levar as crianças nessas manifestações grandes, mas por outro lado, elas não deveriam deixar de participar e saber a importância de lutar pelos seus direitos, porque afinal, elas são o futuro do país. Então, nada mais justo do que elas entenderem isso”, justificou a organizadora do protesto, Gláucia Fernandes de Lima Pescara.

Com rostos pintados, gritos de ‘vamos cuidar do Brasil’ e cartazes feitos pelas próprias crianças, a manifestação durou cerca de uma hora e meia e agradou. “Foi muito gostoso. As crianças se divertiram, cantaram o hino nacional e começaram a entender o que é ser cidadão, ser brasileiro”, falou Gláucia."


Cartazes foram confeccionados pelas próprias crianças em Pirassununga (Foto: Ademir Naressi)Cartazes foram confeccionados pelas próprias crianças em Pirassununga (Foto: Ademir Naressi)

 

(http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2013/06/manifestacao-com-criancas-chama-atencao-na-praca-de-pirassununga.html)

 

 

 

                                                                AO ALFERES TIRADENTES,

                                                                QUE VIVE, AGORA, NAS PRAÇAS,

                                                                ARTÉRIAS, RIOS E NA

                                                                BANDEIRA DO BRASIL, UNIDO!

                                                                

 

 

25.6.2013 -    F.

 

 

 

"Lula:`PT fez o que é feito no Brasil sistematicamente`
 

Publicado em 02 de agosto de 2005 - 11h48m
Jander Ramon
MP pede investigação da denúncia de caixa 2 de Azeredo
Azeredo se defende e diz que todos usam Valério
Brasília - O presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), aproveitou a abertura da reunião administrativa da CPI dos Correios para defender-se das denúncias de que teria usado na campanha eleitoral de 1998, na qual disputou a reeleição ao governo de Minas, recursos de caixa 2, contando com auxílio do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser operador do mensalão.
Azeredo afirmou à CPI que, em 1998, teve como candidato a vice-governador em sua chapa o empresário Clésio Andrade, indicado pelo PFL e que, na época, era sócio das agências de publicidade DNA e SMPB. Segundo ele, Clésio afastou-se das agências quando assumiu a candidatura.
Azeredo ressaltou que todos os maiores partidos do País, citando especificamente PSDB, PFL, PMDB, PTB e PT, também utilizaram os serviços profissionais das duas agências em campanhas eleitorais em governos de Estados e municípios. “Nunca, jamais, em nenhuma hipótese, admitiria que o meu governo autorizasse um empréstimo da natureza que noticia a imprensa. Também não há aval meu, do meu governo ou do meu partido em qualquer empréstimo de agência“, declarou. “Isso seria, no mínimo, uma insanidade ou algo inaceitável, que eu não permitiria ocorrer“, complementou, referindo-se à inexistência de anuência do seu governo a empréstimo tomado pela DNA ao Banco Rural.
Dizendo-se indignado com a o noticiário que o ligou a Marcos Valério, o senador tucano disse que reportagens na imprensa contêm equívocos, pois os faxes publicados foram extraídos de documentos diferentes: um de um termo de garantia, outros de assinaturas que não pertencem ao termo de garantia, mas sim a um aditamento de renegociação de empréstimo, quase um ano depois. “Em 30 de junho de 1999 (na data do aditamento), eu não era mais o governador de Minas“, defendeu-se.
“Coordenação de campanha administrava recursos“
Eduardo Azeredo apresentou ainda à CPI dos Correios uma carta recebida por ele de Cláudio Mourão da Silvera, coordenador administrativo e financeiro de sua campanha de reeleição em Minas. No documento, Mourão afirma que, como gerenciador das finanças, tomou a decisão de apoiar candidatos a deputado e que foi ele quem pediu à SMPB o apoio a essas candidaturas. Mourão acrescenta no documento que as campanhas dos candidatos a deputados fariam as prestações de contas, mas que os valores não seriam incluídos na prestação de contas da campanha majoritária (de Azeredo).
Dessa maneira, Azeredo argumentou que a responsabilidade de administração dos recursos da campanha caberia à coordenação e que ele não tinha conhecimento sobre a captação e o uso dos recursos. Ele argumentou também que, enquanto disputava a reeleição, permaneceu à frente do governo mineiro e por isso não tinha como acompanhar a administração da campanha.
O presidente nacional do PSDB citou ainda, na sessão administrativa da CPI dos Correios, a defesa apresentada pelo presidente Lula para também reforçar a sua própria defesa: “o presidente Lula também tem deixado entender que não sabia de todos os fatos que o cercam e que se relacionam com as denúncias agora trazidas à luz“, afirmou Azeredo.

Publicado em 02 de agosto de 2005 - 17h46m
http://www.estadao.com.br/nacional/noticias/2005/ago/02/179.htm
Eduardo Kattah
MP pede investigação da denúncia de caixa 2 de Azeredo
Belo Horizonte - O Ministério Público Federal em Minas Gerais encaminhou hoje ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, um pedido de investigação das denúncias de caixa 2 no financiamento de campanhas eleitorais do PSDB 1998, feito por meio das agências SMPB e DNA, que têm como sócio o empresário Marcos Valério. Uma representação foi encaminhada pelo deputado estadual Rogério Correia (PT) ao procurador-chefe do MP em Minas, Eduardo Morato Fonseca, que determinou o envio da denúncia para Brasília.
Conforme a denúncia, a DNA obteve um empréstimo de R$ 9 milhões no banco Rural, em 12 de agosto de 1998, com vencimento previsto para 19 de outubro daquele ano. A agência ofereceu como garantia um contrato firmado com o governo mineiro - na época ocupado pelo atual senador e presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo - por meio da Secretaria de Estado da Casa Civil e Comunicação Social (Secom).
Políticos ou pessoas ligadas a políticos mineiros da coligação que apoiava a campanha de Azeredo à reeleição admitiram que receberam recursos “não contabilizados“ da SMPB. O candidato do PSDB tinha como vice em sua chapa o atual vice-governador de Minas e presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Clésio Andrade, que deixou a sociedade na SMPB e na DNA para disputar a eleição. A SMPB também já admitiu que fez doações “não oficiais“ para partidos e políticos em campanhas eleitorais a partir da entrada de Marcos Valério como sócio da empresa, em 1999.
O deputado estadual mineiro apresentou documentos de transferência bancárias que comprovariam a doação da SMPB a políticos que apoiavam Azeredo. A mesma documentação foi entregue ao Ministério Público Estadual, que também instaurou um inquérito civil público para investigar o caso. “É o mesmo esquema do Delúbio. Exatamente a mesma coisa que está sendo investigada nacionalmente foi feita aqui“, disse Correia, que solicitou que os atuais contratos das agências de Marcos Valério com o governo mineiro sejam investigados.
Publicado em 02 de agosto de 2005 - 17h05m
Globo Online
Jaílton de Carvalho - O Globo
Ex-tesoureiro do PL diz que passava dinheiro dos
saques a Costa Neto

BRASÍLIA - O ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas disse em depoimento à Polícia Federal que fazia saques no Banco Rural e nas contas de empresas de Marcos Valério e repassava os recursos para o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que na segunda-feira renunciou ao mandato de deputado. Jacinto disse que buscava o dinheiro no banco e levava até a casa do ex-deputado em Brasília.
Costa Neto é um dos parlamentares citados pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como beneficiário do mensalão, que seria pago pelo PT a parlamentares da base. Ele foi o primeiro parlamentar envolvido no escândalo do mensalão a renunciar ao mandato.
Pelas contas da CPI dos Correios, Jacinto sacou R$ 1,25 milhão em contas de empresas de Valério, apontado por Jefferson como um dos operadores do mensalão, suposta mesada que seria paga pelo PT a parlamentares da base governista.
A diretora de operações da SMP&B em Brasília, Eliane Alves Lopes, confirmou que fez um saque no valor de R$ 430 mil e entregou o dinheiro a Valério. Eliane disse que não sabe o que o empresário fez com o dinheiro.
- Eu só entregava o dinheiro a ele - afirmou Eliane, ao sair da Polícia Federal.

Publicado em 02 de agosto de 2005 - 19h40m
Globo Online
Adriana Vasconcelos - O Globo
Gerente da SMP&B diz que esquema de repasses ao PT
e aliados foi alterado em 2004

BRASÍLIA - A gerente administrativa da SMP&B, Simone Vasconcelos, revelou em depoimento à Polícia Federal que o esquema de repasse de recursos ao PT e seus aliados foi alterado em 2004 por determinação do empresário Marcos Valério. O sistema de saques em dinheiro na agência Brasília do Banco Rural, iniciado em janeiro de 2003, foi substituído no ano passado por depósitos nas contas da empresa Bônus Banval, quando o dinheiro era destinado ao PT, e para a Garanhuns Empreendimentos, Intermediações e Participações Ltda, quando destinados ao ex-deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP), que renunciou ao mandato.
A gerente administrativa, que será ouvida nesta quarta-feira na CPI dos Correios, revelou ainda a conexão do publicitário Duda Mendonça com o esquema de saques montado por Marcos Valério. De acordo com Simone, seguindo orientação da sócia do publicitário, Zilmar Fernandes da Silveira, a SMP&B autorizava o policial civil David Rodrigues Alves a sacar recursos no Banco Rural em seu lugar. Identificado como o segundo maior sacador das contas da SMP&B, o policial também será ouvido nesta quarta na CPI dos Correios. A revelação de que Duda Mendonça teria sido beneficiado com mais de R$ 15 milhões surpreendeu integrantes da CPI.
- Realmente é uma quantia muito elevada recebida por Duda Mendonça. Mas o mais importante do conjunto do depoimento de Simone é que ela confirma a existência do mensalão, na medida em que revela que os saques não eram esporádicos, mas periódicos - observou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).

Publicado em 2 de agosto de 2005 - 09h14m
Folha Online - Brasília
Pessoas ligadas a Duda Mendonça sacaram R$ 15,5 mi
A listagem de pessoas indicadas pelo PT para receberem recursos de empréstimos de Marcos Valério Fernandes de Souza inclui não só Zilmar Fernandes da Silveira, sócia de Duda Mendonça, mas o próprio publicitário.
Segundo essa listagem, R$ 15,5 milhões, entre fevereiro e novembro de 2003, foram repassadas a pessoas ligadas a Duda Mendonça. Entre os beneficiários, também aparecem os nomes de Antonio Kalil Cury, David Rodrigues Alves --policial civil em Minas Gerais-- e Luis Carlos Costa Lara.
Rodrigues Alves, em depoimento à Polícia Federal, afirmou que fizera saques a mando de um sócio de Valério, Cristiano Paz.
Até ontem, o nome de Zilmar era relacionado apenas a saques que totalizavam R$ 500 mil.
Em depoimento à Procuradoria Geral da República, no mês passado, Valério admitiu ter repassado dinheiro para o caixa dois do PT. A origem dos recursos seriam empréstimos bancários feitos por empresas de Valério e repassados a petistas ou a terceiros indicados pelo PT.
Na época, Zilmar disse que o dinheiro era pagamento de despesas de propaganda partidária gratuita para qual o comando petista havia contratado o serviço do publicitário.
Duda é o principal publicitário ligado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tendo feito sua campanha em 2002 e o orientando com freqüência. Ele tem contratos com Secretaria de Comunicação de Governo, Ministério da Saúde e Petrobras.
Despiste
O terceiro depoimento da gerente administrativa Simone Vasconcelos estava previsto para ocorrer em Belo Horizonte, segundo a assessoria da PF. A própria polícia chegou a divulgar que o depoimento havia sido suspenso. Mas Simone entrou na sede da PF em Brasília às 13h21.
O advogado de Simone tenta negociar com a CPI dos Correios para que seu depoimento, marcado para amanhã, seja reservado.
Depois de quase oito horas na sede da Polícia Federal em Brasília, ela deixou o local às 21h em um carro de vidros com película escura. Estava deitada no banco de trás do veículo.

Publicado em 2 de agosto de 2005 - 09h00m
Folha Online - Brasília
Marcos Valério revela destino de R$ 56 mi
A gerente administrativa da agência de publicidade SMPB Comunicação, Simone Vasconcelos, apresentou ontem, à Polícia Federal em Brasília, uma lista de 31 nomes na qual estão discriminados sacadores e beneficiários, autorizados pelo PT, de R$ 55,8 milhões retirados das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Entre os destinatários do dinheiro sacado, diretamente ou por meio de assessores ou familiares, estão os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), com R$ 200 mil; Paulo Rocha (PT-PA), com R$ 920 mil; João Magno (PT-MG), com R$ 350 mil; Vadão Gomes (PP-SP), com R$ 3,7 milhões; Josias Gomes (PT-BA), com R$ 100 mil; Romeu Queiroz (PTB-MG), com R$ 350 mil; Professor Luizinho (PT-SP), com R$ 20 mil; José Borba (PMDB-PR), com R$ 2,1 milhões; José Janene (PP-PR), com R$ 4,1 milhões; e Carlos Rodrigues (PL-RJ), com R$ 400 mil.
Também consta da lista Valdemar Costa Neto (PL-SP), com saques de R$ 10,8 milhões feitos por intermédio de assessores ligados a seu partido, como Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL. Costa Neto renunciou ontem ao mandato de deputado federal.
No depoimento de seis horas que prestou ontem na PF, Simone disse que Costa Neto recebeu dinheiro também por meio da Guaranhuns Empreendimentos, Intermediações e Participações Ltda, com sede em São Paulo. Segundo a CPI dos Correios, a firma teria sido montada por doleiros.
A lista, produzida com base em anotações de Marcos Valério, registra R$ 4,9 milhões em repasses destinados ao diretório nacional do PT e que teriam sido repassados, entre outros, ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, ao ex-secretário-geral do partido Sílvio Pereira, ao ex-secretário de Comunicação da legenda Marcelo Sereno e à “campanha São Bernardo/Osasco“.
Marcos Valério, autor da lista de 31 nomes, será ouvido pela PF ainda nesta semana. Sua relação foi montada para tentar provar que os R$ 55,8 milhões tomados em empréstimos por suas empresas foram totalmente repassados a pessoas indicadas pelo PT.
Segundo o documento elaborado pelo empresário, também teriam recebido dinheiro de Valério os diretórios do PT no Distrito Federal (R$ 605 mil), Rio Grande do Sul (R$ 1,2 milhão), Rio de Janeiro (R$ 2,67 milhões) e Santa Catarina (R$ 550 mil).
Aparecem na lista, entregue ontem também à Procuradoria Geral da República, pessoas ligadas ao publicitário Duda Mendonça, entre eles sua sócia Zilmar Fernandes da Silveira.
Ao deputado estadual petista José Nobre Guimarães (CE), irmão do ex-presidente do PT José Genoino, é atribuído um saque de R$ 250 mil.
Constam ainda da relação os nomes de Emerson Palmieri, tesoureiro informal do PTB, com saques de R$ 2,4 milhões, e José Carlos Martinez, presidente do PTB que morreu em acidente aéreo em 2003 e a quem teria sido entregue R$ 1 milhão. Somando-se esses valores, mais um saque de um deputado petebista, chega-se a R$ 3,818 milhões, próximos aos R$ 4 milhões citados por Roberto Jefferson (PTB-RJ) como dinheiro destinado ao partido pelo PT.
Márcio Lacerda, secretário-executivo do ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), teria recebido R$ 1 milhão.
Diante dos investigadores, Simone reafirmou o que Valério havia dito anteriormente ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza: as fontes do dinheiro, repassado a pessoas ligadas ao PT ou mediante indicação do partido, seriam empréstimos bancários tomados pelo empresário.
Segundo a procuradora Raquel Branquinho, do Ministério Público Federal em Brasília, que acompanhou parte do depoimento, Simone não esclareceu na totalidade os beneficiários do dinheiro.
Além da lista elaborada por Valério, Simone entregou aos policiais uma segunda relação, com sete nomes, que teriam recebido cerca de R$ 7 milhões em saques pelos quais ela seria responsável.
Ainda conforme a procuradora, Simone não confirmou a referência a uma pessoa chamada Roberto Marques, indicado como um dos sacadores, cujo nome é o mesmo de um assessor e amigo do ex-ministro José Dirceu.
De acordo com os registros do Banco Rural, Roberto Marques seria o destinatário de um saque de R$ 50 mil. No entanto, o dinheiro foi retirado de uma agência do Rural em São Paulo por Luiz Masano, funcionário da corretora Bonus-Bonval, que teve entre os seus estagiários Michele Janene, filha do deputado Janene.
Ontem foi o terceiro depoimento de Simone à Polícia Federal. No primeiro, no dia 1º de julho, ela negou ter feito saques para entregar a pessoas indicadas por Marcos Valério. Doze dias depois, mudou sua versão e admitiu retirar grandes quantias no Banco Rural em Brasília.
Ela disse que, a mando do empresário, entregava o dinheiro a pessoas “desconhecidas“ que chegavam na agência. Na ocasião, porém, Simone afirmou que não seria capaz de reconhecer nenhum dos beneficiados, versão também modificada ontem.

Publicado em 2 de agosto de 2005
O Globo
Genu combinou depoimento com PP
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. O depoimento do assessor parlamentar João Cláudio Genu à Polícia Federal, na sexta-feira, foi acertado previamente com a cúpula do PP. Genu é chefe de gabinete do líder do partido na Câmara, José Janene (PR). A estratégia do PP é limitar as acusações ao partido à esfera de crime eleitoral. No depoimento, Genu confirmou que recebeu remessas de dinheiro do empresário Marcos Valério de Souza para o PP e repassou-as a dirigentes do partido. Além de Janene, ele citou o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE) e o ex-líder da bancada deputado Pedro Henry (MT).
Segundo parlamentares do PP, o acerto entre Genu e Janene foi feito há duas semanas. Eles tiveram um encontro no apartamento do líder do PP, apelidado pelos colegas de bancada como “pensão do Janene“. Nessa conversa, Genu pediu orientação e Janene foi direto:
— Você não tem que ter medo. Fale que você cumpriu ordens na função de meu assessor. O dinheiro não era para você.
Foi exatamente o que Genu fez no depoimento à PF. A defesa do PP vai insistir na tese de que Genu enviava o dinheiro para a sede do partido, uma evidência de que era um acerto com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, para pagar dívidas de campanha. Os advogados do PP também devem usar o mesmo argumento de Delúbio de que era dinheiro não contabilizado na receita oficial.
Estratégia do PP é centrar fogo em três deputados
A estratégia do PP também foi de centrar fogo exclusivamente em Janene, Corrêa e Henry. Com isso, todos os outros integrantes do partido serão preservados, inclusive o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).
O assessor parlamentar confirmou que foi diversas vezes à agência do Rural em Brasília para buscar dinheiro remetido de Belo Horizonte por empresas de Valério. Segundo ele, o dinheiro era empacotado em envelopes e levados para a tesouraria do PP, no 17 andar do anexo II do Senado, em malas. Até então, a CPI tinha a informação de que o dinheiro era entregue no apartamento de Janene. A versão de Genu tira do foco as denúncias de que Janene operava o mensalão em casa.

Publicado em 2 de agosto de 2005
O Globo
Lula diz a aposentados que Delúbio enterrou o PT
Luiza Damé
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou encontro com aposentados, no início da noite de ontem, para fazer um desabafo em relação à crise política. Segundo relato de participantes, Lula disse que Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, “enterrou o partido”. Lula disse não acreditar na existência do chamado mensalão. No entanto, o presidente admitiu, conforme participantes da reunião, que alguns deputados do PT e de outros partidos aliados podem ter recebido dinheiro, mas sem a sua autorização.
No encontro, ao ser abordado sobre a existência de caixa dois nas campanhas eleitorais, Lula voltou a dizer que a prática é recorrente no país, perguntando: “Qual o deputado que não pega dinheiro para fazer campanha?”. Mas afirmou que, oficialmente, na sua campanha isso não existiu. Nesse momento, ele reclamou da atuação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, mentor do esquema de financiamento das campanhas petistas por meio de caixa dois. Para Lula, Delúbio “enterrou” o PT, criando uma dívida de R$ 65 milhões.
Lula diz que nãotem “rabo preso”
Ele voltou a dizer que as denúncias não o atingirão. No encontro, Lula teria afirmado que não tem “o rabo preso”.
A assessoria disse que o Palácio do Planalto não comentaria as declarações.
Lula afirmou, segundo os aposentados, que só disputará a reeleição se a situação estiver boa e que não vai negociar com o capeta, nem leiloar o governo para vencer.
Mais cedo, Lula havia participado de uma esvaziada solenidade no Sindicato dos Taxistas do Distrito Federal. Numa categoria com dez mil trabalhadores, cerca de 200 participaram do ato em que o presidente assinou projeto de lei, que será encaminhado ao Congresso, prorrogando até 2009 a isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na compra de carros pelos taxistas.
Lula falou de improviso para uma categoria dividida, que cobrou linha de financiamento dos táxis com juros mais baixos, repetindo o discurso de que o maior valor do homem é a honra, especialmente dos pobres. Numa referência indireta aos reflexos da crise política, Lula disse que as conquistas dos trabalhadores independem de ele ser ou não reeleito.
— Eu quero, companheiros da Federação dos Sindicatos Nacionais, dizer para vocês: estejam certos de uma coisa, independentemente do que aconteça daqui para frente neste país, independentemente de ser candidato ou não, isso não está em jogo. O que é importante é o seguinte: é que todos os trabalhadores brasileiros conquistem, neste nosso mandato, o direito de viver com a dignidade e a decência que todo trabalhador precisa ter neste país.

Publicado em 2 de agosto de 2005
O Globo
Valério foi 12 vezes ao Planalto quando Dirceu era ministro
Demétrio Weber
BRASÍLIA. O empresário Marcos Valério de Souza esteve 12 vezes no Palácio do Planalto no governo Lula. Em todas, dirigiu-se à Casa Civil, quando era ministro o deputado José Dirceu (PT-SP), conforme registrado na recepção do palácio. A primeira ida do empresário ao Planalto coincide com a data de assinatura do empréstimo de R$ 2,4 milhões do PT no Banco Rural — cujo avalista foi Valério — em 14 de maio de 2003. Essa é a única visita registrada em 2003.
Na ocasião, o empresário informou que iria falar com a então assessora especial da Casa Civil Sandra Cabral, que deixou o cargo em julho acusada de envolvimento no esquema de caixa dois comandado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Doze dias após a primeira visita ao Planalto, a SMP&B Comunicação, agência de Valério, contraiu empréstimo de R$ 18,2 milhões no Rural. O dinheiro, segundo o empresário, foi repassado ao PT.
A assessoria de imprensa de Dirceu confirmou que ele recebeu Valério na Casa Civil, em ocasiões em que o empresário acompanhava pessoas com audiência marcada. Outros esclarecimentos, segundo a assessoria, serão dados hoje pelo próprio ex-ministro em seu depoimento no Conselho de Ética da Câmara.
Assessoria diz que Valério não esteve com Lula
Já a assessoria do empresário divulgou que ele esteve duas vezes com o ex-chefe da Casa Civil no Planalto e outras quatro com Sandra. Segundo a assessoria, o número de visitas não chega a doze e em nenhuma delas Valério esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Valério voltou ao Planalto em 8 de janeiro de 2004 para um encontro com Marcelo Sereno, então chefe de gabinete de Dirceu. Nesse mês, a SMP&B e outra empresa do publicitário, a Grafitti Participações, contraíram dois empréstimos no BMG, no total de R$ 19,120 milhões. O dinheiro, mais uma vez, teria sido repassado ao PT, segundo o empresário.
A visita seguinte ocorreu em 20 de abril de 2004. Marcos Valério esteve duas vezes no palácio, pela manhã e à tarde. Primeiro disse que falaria com Sandra Cabral. À tarde, procurou Marcelo Sereno, cuja sala era contígua à de Dirceu.
Seis dias depois dessa visita, há registro de mais uma coincidência entre as idas do empresário à Casa Civil e a data da assinatura de empréstimos que teriam sido feitos para beneficiar o PT. Dessa vez, a empresa endividada foi a Rogério Tolentino & Associados, que assinou contrato de R$ 10 milhões com o BMG, no dia 26 de abril de 2004.
O publicitário voltou ao Palácio do Planalto mais três vezes em 2004: nos dias 28 de setembro, 10 de novembro e 7 de dezembro. Em 2005, foram mais cinco visitas: a primeira em 11 de janeiro e a última em 19 de abril.
Nas doze vezes em que foi ao Planalto, Valério disse na recepção que ia à Casa Civil. Ao se identificar, forneceu o nome de três secretárias de Sandra. Em outras três ocasiões, deu diretamente o nome de Sandra e, em duas visitas, o de Sereno.
Duas idas de Marcos Valério à Casa Civil coincidem com registros de saques em dinheiro das contas da SMP&B no Rural, feitos na véspera das visitas.
Em dois dias de janeiro de 2004, saque de R 950 mil
No dia 6 de janeiro de 2004, foram sacados R$ 500 mil e, no dia 7, R$ 450 mil, segundo o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro ligado ao Ministério da Fazenda. Valério foi à Casa Civil no dia 8. Em 27 de setembro de 2004, foram sacados R$ 145 mil em dinheiro da conta da SMP&B. O empresário esteve na Casa Civil no dia 28.

Publicado em 1 de agosto de 2005
http://www.estadao.com.br/nacional/noticias/2005/ago/01/202.htm
Procurador sinaliza que não atenderá pedido de Valério
Ana Paula Scinocca e Mariangela Gallucci
Brasília - O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, sinalizou que não vai conceder a delação premiada ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, que voltou a pedir o benefício nesta segunda-feira. Esse instituto prevê que, em troca de colaborar com as apurações, o investigado conquiste a redução de uma eventual pena aplicada pelo Judiciário. A primeira vez que a defesa de Marcos Valério fez esse pedido ao procurador foi no mês passado.
Os advogados do empresário também protocolaram nesta segunda-feira na Procuradoria Geral da República petição para que não seja acolhida a proposta do pedido de sua prisão preventiva. Antônio Fernando não deverá se manifestar pela prisão do acusado de operador do mensalão.
Outra solicitação feita pelos advogados de Marcos Valério ao procurador-geral foi o desbloqueio de uma conta da mulher do empresário, Renilda Santiago Fernandes de Souza, no BankBoston. Uma decisão tomada no último dia 20 pelo presidente do STF, Nelson Jobim, bloqueou R$ 1,89 milhão da conta de Renilda.
Antônio Fernando também sinalizou nesta segunda-feira que estuda requerer ao Supremo Tribunal Federal o bloqueio dos bens de Marcos Valério. “A indisponibilidade de bens dá uma certa garantia (de que recursos desviados sejam devolvidos)“, comentou.
O procurador-geral não confirmou se junto com os pedidos protocolados pelos advogados de Marcos Valério havia uma lista com os nomes dos parlamentares que recebiam mesada em troca de apoio ao governo. “Não analisei os documentos ainda“, disse ele à noite.
Antônio Fernando vai decidir nesta terça-feira se Marcos Valério voltará a ser ouvido na Procuradoria. Provavelmente, segundo antecipou o procurador-geral, o empresário deverá prestar novos esclarecimentos a um dos três procuradores destacados por ele para acompanhar as investigações e exames de documentos. Fazem parte do grupo de trabalho os procuradores: Raquel Branquinho, Alexandre Espinosa e Claudia Sampaio.
Em julho, o procurador-geral ouviu em seu gabinete Marcos Valério e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT). Juntos, segundo denunciou o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), Marcos Valério e Delúbio Soares operavam o esquema de pagamento de mesada a parlamentares em troca de apoio ao governo.
O ministro Joaquim Barbosa foi escolhido nesta segunda-feira relator do inquérito do mensalão aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Oriundo do Ministério Público Federal (MPF), Barbosa foi um dos quatro ministros nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Publicado em 1 de agosto de 2005 - 16h04m
www.estadao.com.br
Valdemar Costa Neto renuncia ao mandato de deputado
Denise Madueño
Brasília - Depois de admitir em discurso o uso de caixa 2 na campanha de 2002, Valdemar Costa Neto renunciou ao seu mandato de deputado federal pelo PL, partido do qual era presidente. Ele negou o pagamento do mensalão aos parlamentares da legenda e reafirmou seus ataques ao deputado Roberto Jefferson, presidente licenciado do PTB. “Exijo que Roberto Jefferson sente no banco dos réus para responder por seus crimes“, afirmou. O petebista é acusado de receber mesada em troca de apoio ao governo federal.
Valdemar Costa Neto é o primeiro a renunciar ao mandato, depois das denúncias feitas por Jefferson. De acordo com Valdemar, a decisão foi tomada há quinze dias. No discurso, ele assume a responsabilidade pelo dinheiro que foi doado ao partido pelo PT, e acusa o partido do presidente Lula de nunca ter apresentado os documentos referentes às doações. Portanto, não foi realizada a contabilidade oficial do dinheiro.
“Assumo a única e absoluta responsabilidade por esse ato. Isto quer dizer que nenhum membro do partido liberal pode ser responsabilizado pelo que foi decidido ou praticado por mim“, disse. “Os atos de qualquer subordinado no recebimento do dinheiro no partido dos trabalhadores são de minha única e exclusiva responsabilidade, uma vez que os mesmos se encontravam no estrito cumprimento de ordem“.
O deputado Valdemar Costa Neto afirmou ainda que, apesar de renunciar a seu mandato parlamentar, continuará no seu mandato como presidente do PL. Ele colocou-se a disposição da CPI, do Conselho de Ética para prestar esclarecimentos. “Posso garantir que os recursos que o PL recebeu do partido dos Trabalhadores não serviram para pagar mesada a deputados“, afirmou. Ele votou a atacar Roberto Jefferson e disse que mais uma vez que irá denunciá-lo por quebra de decoro parlamentar na prática de corrupção. “Não podemos permitir que um delinqüente que foi o primeiro a ser acusado nesta casa possa sair livre das penas da lei e do julgamento político“, afirmou. Ele disse que está completando o requerimento que apresentou ao Conselho de Ética pedindo a cassação de Jefferson.
Leia a íntegra do discurso de renúncia:
Senhor Presidente, senhoras e senhores deputados.
A natureza da crise política, que hoje enfrentamos, não tem precedentes na história brasileira.
Ela já produziu o aparecimento de uma inversão de valores, capaz de atribuir verdade aos mentirosos; civismo aos mercenários; sinceridade aos cínicos; e, até mesmo, virtude aos políticos mais ardilosos.
Portanto, senhoras e senhores deputados, diante da ascensão de um critério moral, que descarta a necessidade de provas ou coerência, é preciso assumir a responsabilidade de estabelecer a diferença entre a inconseqüência da bravata e o comportamento digno de um homem público.
Durante a campanha eleitoral de 2002 tive a promessa do Partido dos Trabalhadores de que receberia recursos financeiros para fazer frente às despesas da coligação PT-PL.
Sob o signo da nefasta verticalização, formávamos uma aliança partidária que disputava eleições proporcionais e majoritárias, tendo como principal bandeira a conquista da Presidência da República.
Nove meses após o início dos mandatos vitoriosos, o Partido dos Trabalhadores passou a honrar os compromissos que assumiu durante a campanha de 2002.
Assim procedeu, pagando parte dos compromissos daquela eleição.
Contudo, Senhoras e Senhores deputados, tínhamos e temos a clara certeza de que enquanto não fosse recebido o instrumento de legalização daquele dinheiro doado, os recursos não poderiam dar entrada no caixa do Partido Liberal.
A cada parcela transferida ao PL, cobrávamos a apresentação do documento de doação, para a realização da contabilidade oficial do dinheiro.
Aguardamos por todo esse tempo pela documentação que oficializasse as doações do PT, mas as circunstâncias, como sabemos, reivindicam o fim de qualquer espera.
Esse dinheiro que nos foi doado, Senhoras e Senhores deputados, foi destinado para atender aos compromissos financeiros das eleições de 2002. Contudo, jamais poderia ser declarado oficialmente, enquanto não tivéssemos os documentos que permitissem sua contabilização.
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores deputados, admito que recebi esses recursos. Entretanto, por direito, senhoras e senhores, esses valores se destinavam, especificamente, aos compromissos da campanha da aliança PT-PL.
Neste momento, Senhor Presidente, assumo a única e absoluta responsabilidade por esse ato. Isto quer dizer que nenhum membro do Partido Liberal pode ser responsabilizado pelo que foi decidido ou praticado por mim.
Que fique claro: Os atos de qualquer subordinado no recebimento do dinheiro do Partido dos Trabalhadores são de minha única e exclusiva responsabilidade, uma vez que os mesmos se encontravam no estrito cumprimento de ordens.
Não tínhamos razões para suspeitar da origem dos recursos que recebíamos.
Em nenhum momento, poderíamos colocar sob suspeita as ações de um partido aliado, que junto conosco venceu as eleições.
Reconheço que fui induzido ao erro.
Fui induzido ao erro quando aceitei receber recursos destinados à campanha, sem a devida documentação que oficializasse a doação.
Errei mais uma vez, quando aceitei a pressão dos credores e concordei em fazer os pagamentos informalmente.
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, ainda que convencido da correção dos meus princípios, venho à público reconhecer meus erros e tomar as providências para corrigi-los com seriedade e justiça.
Venho à público para reconhecer, senhoras e senhores, mas também para ter a oportunidade de demonstrar que jamais comunguei com qualquer ato ilícito.
Estou determinando, aos nossos advogados e contadores, o levantamento dos eventuais débitos fiscais junto à Receita Federal.
Corrigirei, portanto, mais uma vez, o erro a que fui induzido, com humildade e desprendimento.
Um representante do povo, eleito pelo voto direto, deve explicações sobre seus atos à sociedade e, diante das circunstâncias, não pode buscar a proteção da imunidade que só existe, justificadamente, para preservar a democracia.
Devo, no mínimo, uma satisfação aos 158 mil 510 cidadãos do Estado de São Paulo que, tenham certeza, não terão motivos de deixar de acreditar na dignidade e na honra de meu nome.
Para provar, sem qualquer subterfúgio, perante a CPI e a Justiça, a boa fé de meus atos e a inocência de parlamentares que compõem a bancada do Partido Liberal, comunico à Mesa da Câmara a renúncia do meu mandato de deputado federal.
Portanto, senhor Presidente, conforme determina o artigo 239 do Regimento Interno desta Casa, solicito a leitura da presente comunicação no Expediente, e a devida publicação no Diário da Câmara dos Deputados.
Renuncio ao meu mandato, senhor Presidente, mas não renunciarei aos objetivos e a inspiração que me trouxeram a essa Casa por quatro vezes.
Como presidente do Partido Liberal, continuarei na vida pública. Usarei todos os poderes, que meu cargo permite, para fiscalizar e trabalhar pelo bom andamento das investigações que hoje afetam a toda a classe política.
Coloco-me à disposição da CPI, do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, para dar os esclarecimentos que a opinião pública está exigindo de todos os partidos políticos.
Posso garantir que os recursos que o PL recebeu do Partido dos Trabalhadores não serviram para pagar mesada a deputados.
Entretanto, para qualquer partido, e inclusive o PL, pedirei a punição de quem se valeu de recursos públicos para desonrar o decoro parlamentar e a confiança do povo.
Os culpados, estejam onde estiverem, não terão a tolerância do Partido Liberal.
Não podemos permitir que um delinqüente, que foi o primeiro a ser acusado nessa Casa, possa sair livre das penas da lei e do julgamento político.
Como presidente do Partido Liberal, usando as prerrogativas que o cargo me confere, denuncio, mais uma vez, o deputado Roberto Jefferson, pela quebra de decoro, na prática de corrupção.
Criou-se uma CPI para apurar o envolvimento de Roberto Jefferson com a cobrança de propinas nos Correios e no Instituto de Resseguros do Brasil. As investigações conquistaram progressos relevantes para o país, mas a apuração dos fatos produziu o afastamento de seu objetivo original, que é investigar as denúncias de corrupção praticadas pelo deputado Roberto Jefferson.
Exijo que Roberto Jefferson sente na banca dos acusados para responder por seus crimes.
Crimes que foram denunciados a milhões de brasileiros pela força das imagens, o impacto da televisão e o flagrante de um suborno.
Estou complementando meu requerimento ao Conselho de Ética, com novas denúncias contra o deputado Roberto Jefferson, para que a honra do Poder Legislativo seja preservada.
Esse é meu dever como presidente de um partido, esse é meu compromisso com a sociedade.
A falta de um mandato não tirará de mim as responsabilidades de homem público.
Não esperem minha tolerância com a corrupção e com o desrespeito ao dinheiro do povo.
Faço minha despedida desse plenário com a humildade dos que erraram.
Aos meus eleitores, peço a compreensão do meu gesto.
À classe política, a coragem de mudar o Brasil.
Não precisamos apenas mudar os políticos; a Nação exige que mudemos a política.
Ofereço, ao julgamento do povo, meu gesto e a dignidade de minha decisão.
Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigado.

Publicado em 30 de julho de 2005
O Globo
Genu confirma malas para PP
Jailton de Carvalho, BRASÍLIA
O depoimento do assessor parlamentar João Cláudio Genu à Polícia Federal poderá complicar ainda mais a situação do líder do PP na Câmara, José Janene (PR), do ex-líder Pedro Henry (MT) e do presidente nacional do partido, Pedro Corrêa (PE), todos acusados de receber o suposto mensalão que o PT pagaria a parlamentares aliados. Para surpresa dos investigadores do caso, Genu confirmou que recebeu remessas de dinheiro do empresário Marcos Valério e que levava os recursos em malas para o PP. Ao longo do interrogatório, citou os nomes de Janene, Henry e Corrêa.
Sumido desde o início do escândalo, Genu reapareceu ontem e, diante de delegados e procuradores, revelou boa parte do esquema. Chefe de gabinete de Janene, Genu disse que foi várias vezes à agência do Banco Rural em Brasília para buscar dinheiro remetido de Belo Horizonte por empresas de Marcos Valério, apontado até agora como um dos operadores do mensalão. O assessor não informou os valores dos repasses, mas os investigadores suspeitam que foram somas expressivas.
Simone distribuía o dinheiro, diz Genu
O dinheiro era empacotado em envelopes e levado para a tesouraria do PP, no 17 andar do anexo II do Senado, em malas. Pelos dados da CPI dos Correios, Genu fez pelo menos cinco saques na agência do Rural no valor total de R$ 1,15 milhão entre setembro de 2003 e janeiro de 2004. O dinheiro era entregue a Genu por Simone Vasconcelos, funcionária de uma das agências de publicidade de Valério. Ela viajava a Brasília com a missão de distribuir o dinheiro para pessoas indicadas pelo patrão.
Genu disse ainda que as ordens para buscar o dinheiro eram dadas por um funcionário da tesouraria do PP, identificado como Barbosa, e que checava as ordens principalmente com o deputado Pedro Corrêa, presidente do PP. Barbosa será chamado para depor. Ele responsabilizou também Janene e Pedro Henry pelos saques. Mas o assessor nada disse sobre o que a cúpula do partido fazia com o dinheiro.
— Meu papel era buscar o dinheiro e entregar na tesouraria. Eu era assessor, não sou da executiva do partido — disse Genu, segundo um dos investigadores do caso.
A procuradora da República Raquel Branquinho, que participa das investigações, considerou muito importante o depoimento de Genu, que reforça os indícios de que parlamentares foram beneficiados com recursos repassados por Valério.
— As declarações dele dão materialidade às denúncias investigadas — disse Raquel.
Genu foi intimado de manhã e algumas horas depois se apresentou à PF. O depoimento ao delegado Luís Flávio Zampronha começou por volta das 15h. O assessor de Janene foi apontado, no início do mês passado, como um dos intermediários dos repasses de Valério para o líder do PP. Janene foi incluído na lista de beneficiários do suposto mensalão pelo ex-presidente do PTB Roberto Jefferson (RJ), que rompeu com o governo e denunciou o pagamento de mesadas.
A PF pretende ouvir ainda o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas e os demais assessores e parlamentares acusados de receber repasses de Valério. A PF já identificou ao menos 30 beneficiários dos saques, cujos nomes estão em faxes enviados por empregados de Valério para o Banco Rural em Brasília. Os documentos foram apreendidos no dia 15 deste mês em Belo Horizonte. A PF informou que ainda ontem enviaria uma cópia do depoimento de Genu à CPI dos Correios.
Depois de seis horas de interrogatório Genu deixou a PF acompanhado de dois advogados. Ele não quis dar entrevistas. Ao longo do depoimento, o assessor disse que estava aborrecido com o envolvimento de seu nome com as denúncias do mensalão. Ele se apresentou como funcionário público, sem influência partidária.
Informações em poder da CPI dos Correios indicam, porém, que Genu teve expressivo aumento no patrimônio desde que deixou um cargo no Ministério da Agricultura para atuar com assessor parlamentar na Câmara.
A PF vai aprofundar as investigações sobre supostas relações do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares com o empresário Márcio Pavan, preso em Porto Alegre por suposto envolvimento com a organização do argentino César de la Cruz Arrieta, acusado de fraudes milionárias contra Previdência Social e contra a Receita Federal. Pavan deverá ser interrogado pelo delegado Praxísteles Praxedes na próxima semana.
Em janeiro e fevereiro deste ano, Pavan comentou com o advogado Marcelo Fontoura Valle e um interlocutor identificado apenas como Dênis que Delúbio estava arrecadando R$ 10 milhões para pagar o PTB de Jefferson. Em negociações intermediadas por Dênis, Delúbio teria pedido R$ 70 mil ao grupo de Pavan. COLABOROU Evandro Éboli.

Publicado em 29 de julho de 2005
O Globo
Berzoini confirma uso de dinheiro avalizado por Valério na posse
Cristiane Jungblut e Tatiana Farah (Especial para O GLOBO)
BRASÍLIA e SÃO PAULO. O secretário-geral do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), confirmou ontem que parte dos empréstimos contraídos pelo PT em março de 2003 com aval de Marcos Valério foi usada para pagar despesas do partido na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, ainda não é possível saber o montante gasto pelos petistas na posse:
— A posse foi paga pelo governo federal. Na contabilidade oficial do partido constam despesas que o PT teve com a posse, de dirigentes para assistir à posse do presidente em Brasília. O PT pagou a sua parte.
Berzoini pediu um levantamento dos gastos do PT entre o dia 15 de dezembro de 2002 e o dia 5 de janeiro de 2003.
— As informações que temos até o momento indicam que não há vínculo entre as despesas normais de um partido que ganhou as eleições e que precisa pagar suas despesas e as operações de crédito em suspeição. A primeira operação de crédito que aparece é em março —- disse Berzoini sobre as declarações do ex-tesoureiro Delúbio Soares, que afirmou em depoimento ao Ministério Público que os empréstimos serviram para pagar os gastos do PT na posse de Lula e no governo de transição.
Ministério diz que pagou a cerimônia oficial.
Integrantes do Planalto ficaram irritados com as declarações de Delúbio de que R$ 5,4 milhões de dois empréstimos avalizados por Valério foram usados para pagar despesas da transição e da festa de posse.
Ministros avaliaram que Delúbio foi infeliz ao envolver o nome de Lula em suas declarações e ao fazer confusão entre gastos com festas para populares e petistas e as despesas com a cerimônia oficial de posse. O Ministério das Relações Exteriores informou que pagou as despesas de toda a cerimônia oficial.
O presidente nacional do PT, Tarso Genro, disse que, se comprovado, o fato é o mais grave até agora:
— É de uma gravidade maior do que aquilo que foi destacado até agora. Se ficar provado, demonstra a gravidade e a capilaridade dos erros que foram cometidos.

Publicado em 29 de julho de 2005
Folha de S. Paulo
José Nilson dos Santos confirma retirada de R$ 20 mil e envolve Delúbio; deputado diz que dinheiro era para pré-campanhas de vereadores
Assessor de Luizinho admite saque no Rural
CHICO DE GOIS, GILMAR PENTEADO, ENVIADOS ESPECIAIS A BRASÍLIA, FÁBIO ZANINI, DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de negarem ter sacado R$ 20 mil no Banco Rural e de afirmarem que documentos em poder da CPI dos Correios eram falsos, o deputado federal Professor Luizinho (PT) e seu assessor José Nilson dos Santos voltaram atrás e admitiram a retirada do dinheiro da conta da SPMB Comunicação, da qual Marcos Valério Fernandes de Souza é sócio.
Em nota encaminhada no começo da noite de ontem, Santos -que assina o documento- lembrou que esteve na agência do Banco Rural na avenida Paulista, em São Paulo, em dezembro de 2003, e envolveu o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares na operação financeira.
Anteontem, o assessor tinha afirmado à Folha que nunca estivera no banco.
“No final de 2003, procurei o sr. Delúbio Soares para tratar deste assunto. Ele me orientou que retirasse o valor de R$ 20 mil em uma agência bancária na avenida Paulista. Só fui me dar conta que era o Banco Rural agora“, diz trecho da nota de José Nilson dos Santos. Santos também declarou na nota que, em 2003, Professor Luizinho o mandou procurar Delúbio para a “organização das pré-candidaturas internas de cerca de 90 apoiadores do mandato“.
Pela manhã, durante entrevista em seu gabinete para emissoras de rádio e televisão, Professor Luizinho já admitia a possibilidade do saque. Ele disse que o dinheiro seria usado para preparação de pré-campanhas de vereadores em municípios paulistas.
O deputado não atendeu aos pedidos de entrevista feitos pela Folha ontem. Nos últimos dias, ele vinha repetindo que o sacador poderia ser um homônimo de seu assessor. Anteontem, quando a Folha antecipou a ele que o número de identidade citado no saque correspondia ao de seu assessor, Professor Luizinho afirmou que esses documentos eram falsos e ameaçou processar o responsável pela suposta fraude.
“Se eu, até o momento havia dito que achava que era homônimo, foi porque ele me garante e continua me garantindo que não tinha comparecido ao Rural“, afirmou Professor Luizinho pela manhã, antes da nota de seu assessor.
Documentos falsos
Ontem pela manhã, apesar de admitir a possibilidade de o saque ter sido realizado por seu assessor, Professor Luizinho continuava questionando a autenticidade dos documentos. Ele chegou a fornecer ao deputado Carlos Abicalil (PT-MT), sub-relator da CPI dos Correios, cópia da assinatura de seu funcionário na tentativa de provar que não se tratava de seu assessor. Abicalil, antes de saber da nota de Santos, afirmou que a assinatura era semelhante à contida em um fax do Banco Rural que autorizada o saque.
O sub-relator, no entanto, questionou o fato de que, entre os documentos dos sacadores encaminhados à CPI dos Correios, não consta cópia do RG do assessor do Professor Luizinho. Além disso, outra dúvida de Abicalil é que o fax do banco em Minas Gerais que foi encaminhado para a agência em São Paulo já continha a assinatura de Santos.
A retirada reconhecida pelo assessor ocorreu no dia 23 de dezembro de 2003, seis meses antes do início oficial da campanha eleitoral. Pelo artigo 19 da Lei Eleitoral, só pode ser considerada recurso de campanha doação recebida depois de formado o comitê financeiro dos candidatos. Isso só ocorre dez dias úteis depois das convenções oficiais dos partidos.

Publicado em 28 de julho de 2005 - 19h13m
http://www.estadao.com.br/nacional/noticias/2005/jul/28/167.htm
Vice-presidente da Câmara diz que Lula sabia do mensalão
Maceió - O deputado federal José Thomaz Nono(PFL-AL), vice-presidente da Câmara, disse, durante debate sobre a crise política, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia “rede de corrupção montada pela cúpula do PT para pagar mensalão“. Segundo Nonô, o presidente foi alertado diversas vezes sobre a existência do mensalão, inclusive pelo deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), mas não tomou providencias para combater o esquema.
O debate, organizado por estudantes de economia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), aconteceu no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas, no Centro da cidade. Nonô debateu com o presidente do PT em Alagoas, deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, o Paulão. O tema proposto foi “Turbulência política e calmaria econômica - até quando?“.
Sorteado para ser o primeiro a falar, Paulão defendeu punição para os petistas envolvidos em atos de corrupção, mas não acredita que o presidente Lula sabia do esquema de compra de parlamentares - o mensalão. No entanto, disse que está preocupado com a crise política vivida pelo governo federal.
Ricardo Rodrigues

Publicado em 28 de julho de 2005
Folha de S. Paulo
Presidência pagou despesas da festa, afirma assessoria
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A assessoria do Palácio do Planalto informou ontem que o cerimonial da Presidência bancou as despesas da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2003, mas não divulgou os valores exatos gastos em cada evento nem se manifestou sobre as declarações feitas pelo ex-tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, ao procurador-geral da República, Antonio Fernando e Silva de Souza.
Delúbio disse que dois empréstimos contraídos pelo PT no início de 2003, no valor total de R$ 5,4 milhões, foram usados para quitar gastos com a posse de Lula.
Segundo a assessoria, o cerimonial bancou gastos “com a posse no Congresso, com a transição de cargo no Planalto, com o jantar da posse e com transporte e hospedagem“ de autoridades. O diretório nacional do PT não se manifestou sobre as afirmações de Delúbio. A assessoria informou que faria um levantamento com o novo tesoureiro nacional, deputado José Pimentel. O advogado de Delúbio, Arnaldo Malheiros, também procurado, não retornou.

Publicado em 28 de julho de 2005
Folha de S. Paulo
Empréstimos avalizados por publicitário custearam gastos do partido, diz Delúbio
Valério ajudou PT a cobrir despesas na posse de Lula
RUBENS VALENTE, MARTA SALOMON, DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-tesoureiro Delúbio Soares disse que dois empréstimos contraídos pelo PT em 2003, com aval do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, foram usados para custear despesas do partido durante a transição do governo e até com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A revelação foi feita no depoimento que Delúbio prestou no último dia 15 ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, cuja cópia foi obtida ontem por parlamentares da CPI dos Correios.
Na época da posse, o PT informou ter gastado pelo menos R$ 1,5 milhão no evento organizado pelo marqueteiro Duda Mendonça na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
No depoimento, Delúbio alegou que a União não tinha dinheiro para bancar todas as despesas com a posse. Procurada ontem pela Folha, a assessoria do Palácio do Planalto listou gastos que teria custeado.
“O PT custeou todas as despesas referentes à transição do governo federal e a própria posse, já que o cerimonial não dispunha de todas as condições necessárias“, disse Delúbio ao procurador.
De acordo com a versão do ex-tesoureiro, a falta de recursos levou o partido a buscar a ajuda de Valério. Foram dois empréstimos “utilizados para pagamento de despesas na transição e na posse presidencial“, segundo Delúbio. O primeiro, de R$ 2,4 milhões, foi contraído em fevereiro de 2003 no banco BMG. O segundo, de R$ 3 milhões, foi obtido no Banco Rural em maio de 2003. Em seu depoimento, Delúbio confirmou que Valério foi apresentado a ele por “amigos de Minas“, incluindo o deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG), mas acrescentou que “petistas“ teriam lhe orientado a procurar o publicitário porque ele teria “experiência na captação de recursos para campanhas eleitorais, como fizera na de 1998, na eleição do então governador Eduardo Azeredo e do deputado Aécio Neves [ambos do PSDB]“.
No depoimento que prestou também ao procurador-geral da República, um dia antes do depoimento de Delúbio, Valério nada falou sobre os dois empréstimos que avalizou para o PT nem explicou o destino desse dinheiro.

Publicado em 28 de julho de 2005
Folha de S. Paulo
PSDB admite esquema “paralelo“ em 1998
Presidente do partido em Minas reconhece que “houve aporte de recursos numa ação paralela de fortalecimento da campanha“
ELVIRA LOBATO, ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE
O presidente regional do PSDB de Minas Gerais, Narcio Rodrigues, admitiu, em entrevista à Folha, que houve um esquema paralelo de financiamento no segundo turno da campanha eleitoral para governo do Estado, em 1998, quando o então governador, Eduardo Azeredo, disputou a reeleição e foi derrotado pelo ex-presidente Itamar Franco. “Faço conjectura de que houve uma ação de campanha no segundo turno. Houve aporte de recursos numa ação paralela de fortalecimento da campanha, para reversão do quadro, mas que não era uma coisa institucionalizada nem dentro do PSDB, nem na campanha majoritária do governo à reeleição“, afirmou. O vice na chapa de Azeredo, na ocasião, foi o empresário Clésio Andrade, que até um mês antes da oficialização da candidatura era sócio do publicitário Marcos Valério nas empresas de publicidade SMPB e DNA. Andrade é o atual vice-governador de Minas. Segundo Narcio Rodrigues, o senador Eduardo Azeredo está encarregado de esclarecer de onde vieram os recursos e quem foi responsável pela “′ação paralela“. A posição atual do partido é de que o esquema não foi arquitetado nem comandado pelo PSDB, o qual não estaria diretamente envolvido na captação do dinheiro. “É completamente diferente do que aconteceu no PT. Não há nenhuma marca, nenhuma digital do PSDB“, afirmou. “De onde veio o dinheiro, é uma pergunta que ainda está sendo averiguada. O senador Azeredo está procurando se inteirar do quadro com quem coordenou a campanha na ocasião... Estamos explicitando nossa confiança na conduta de Eduardo Azeredo, cuja biografia fala por si só. Ele é uma referência ética para o partido. Confiamos plenamente nele e sabemos que terá uma resposta convincente de como as coisas se conduziram. Uma resposta que isenta o PSDB e ele mesmo de qualquer responsabilidade.“ Azeredo reafirmou ontem que foi surpreendido pelas informações publicadas pela imprensa sobre os pagamentos efetuados pela SMPB na campanha de 98. Indagado sobre quem coordenou as finanças da campanha, Narcio Rodrigues disse que não sabia informar porque disputava a eleição para deputado federal, mas que Walfrido Mares Guia (ministro do Turismo, do PTB) e Clésio Andrade (PL) participaram da discussão da estratégia. Até agora, Clésio Andrade tem insistido que não fez parte da coordenação financeira da campanha e que sua atuação foi confinada ao interior do Estado. Ele aponta o ministro Mares Guia como responsável pela coordenação da campanha. A declaração de Clésio já foi contestada pelo ministro que, anteontem, responsabilizou o atual vice-governador pela distribuição de recursos da agência SMPB para a coligação do PSDB. Segundo o ministro, só uma parte dos recursos foi para a campanha de Eduardo Azeredo.
Nota
O PSDB de Minas Gerais distribuiu nota ontem em que diz que está sendo alvejado com acusações e que está convencido de que há uma articulação nacional para envolver o partido na crise deflagrada pela descoberta do repasse de verbas pelo PT a partidos da base aliada. A nota diz que criou-se um clima de denuncismo que visa confundir a opinião pública e desviar o foco das acusações investigadas pelo Congresso. “À parte a necessidade da discussão de uma nova forma de financiamento eleitoral (...) é importante dizer que o conteúdo desta crise não está centrado, como querem induzir alguns setores da opinião pública, em processos eleitorais. Há, por trás de todo este quadro, uma acusação consistente de atos de corrupção cometidos pelo governo Lula, através do seu partido, o PT, ao implementar sua relação política com a base aliada“, prossegue a nota. Rodrigues disse que seu partido está disposto a discutir “eventuais erros“ cometidos em campanhas, mas sem desviar o foco da investigação. Na avaliação dele, há um plano para envolver o PSDB nas denúncias. O depoimento da mulher de Marcos Valério faria parte desse plano. “A convocação [de Renilda] teve dois objetivos: envolver definitivamente José Dirceu e espalhar que o PSDB teria participado de atos ilícitos“.