Máscaras

Elmar Carvalho 

Era um baile de máscaras. Mas todas as máscaras eram iguais, e pelas roupas idênticas, folgadas, plissadas e talares não dava para se distinguir o sexo de quem as vestia. Apenas eu não usava nenhuma máscara, como se meu rosto fosse a minha própria máscara; ao menos era o que eu supunha. Como dono da casa, resolvi retirar todas as máscaras. Não houve oposição. Logo verifiquei que abaixo de uma havia sempre outra. Vendo que o meu esforço seria tão infindável quanto inútil, pois sempre havia uma nova (máscara) a ser retirada, encerrei esse trabalho de Tântalo.

Contudo, ao me olhar num espelho constatei que eu também usava uma máscara igual a todas as outras. Sequer tentei retirá-la. Agora já não sei se isso foi real ou se foi apenas um sonho ou pesadelo. Me restou a lição metafórica: ou todos usamos vários disfarces ou, na média, a humanidade somos todos uma só e mesma pessoa, sempre a interagirmos um com os demais, sem culpa e sem inocência; em que todos contribuem, em maior ou menor escala, para a formação de virtudes e pecados.

A máscara pode ser a nossa própria face, que, muitas vezes, é apenas um simulacro do momento.

Manaus, 04/05/2018