[Maria do Rosário Pedreirra]

Hoje em dia, os jornais em papel tornam-se frequentemente obsoletos; quando, a caminho do emprego, o rádio do carro dispara as notícias da manhã, já muitos dos textos publicados no Público que trago dentro do saco e acabei de comprar no quiosque da esquina estão ultrapassados, sobretudo se dizem respeito a países com grandes diferenças horárias em relação a Portugal. Claro que é sempre possível consultar a versão online e actualizar a informação – e foi, aliás, o que muita gente passou a fazer, razão pela qual cada vez se vendem cada vez menos exemplares dos jornais em papel. Deveria talvez ter-se apostado mais no jornalismo de investigação para o suporte papel – artigos de fundo escritos por pessoas interessantes que toda a gente quisesse ler; mas os tempos actuais têm outra velocidade e, pelo menos durante a semana, não é crível que alguém que trabalhe possa tirar tempo suficiente para dedicar à leitura de um texto desenvolvido sobre certa matéria. O resultado, porém, é triste: depois do anúncio de que o Diário de Notícias vai ter de vender o seu belo edifício na Avenida da Liberdade; depois da notícia de que os jornais Sol e i vão despedir grande parte do seu pessoal, agora vem a notícia de que o Público tem uma política de rescisões amigáveis que prevê cortes sérios no pessoal (repetindo, no fundo, o que já aconteceu há três anos). Um ano que acaba mal para o jornalismo.