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BERNARDINA DE OLIVEIRA


"Menina síria!
Olhar que derruba mundo em partes desiguais.
Olhar sábio de cores ingênuas.
Lábios afinados de tristeza,
Mãos sobre cabeça,punhos de anjo forte.
Emolduram homem que foge,
Choro contido
Sangra noite enluarada.

Holofote de longas franjas constrange,
Sopro no curso dos mares,
Desvio no ventre dos rios.
Burburinho nas cidades!

Faces coradas e belas,
Extrema-unção de estrelas ,
Agasalhada  discrição,
Ponto cego no voo da águia ,
Contorcida árvore aprisiona cenário:
Tijolos, saibro e céus.

Insígnia  cravada neste milênio de amarras.
Muito quente! Muito quente! Gritara a vietnamita!

Olhares são flechas,
Olhares são rosas sem espinhos,
Espinhos são olhares dentro de nós,
Estilhaços de cobre e chumbo.

Acendam verdes semáforos!
Curvem-se todos:
- Essa menina precisa passar!"

Bernardina de Oliveira