Mão Santa: Homenagem a Everaldo Moreira Veras
Em: 26/10/2017, às 14H33
A informação é do poeta parnaibano Diego Mendes Sousa: "O Escritor Everaldo Moreira Véras (1937-2011), nascido na PARNAÍBA, tornar-se-á nome de rua em seu torrão natal. A proposta é do Vereador Geraldinho Alencar, que em justo reconhecimento ao valor humano e literário de Everaldo Moreira Véras, concederá, aos parnaibanos, a oportunidade de cruzar diariamente por um espaço de memória digna". O poeta acrescenta que se, "São Luís do Maranhão possui a Avenida Poeta Ferreira Gullar. PARNAÍBA terá a Rua Poeta Everaldo Moreira Véras, a demonstrar as grandezas de um ideal e de uma permanência de vida exaltadas pelo Prefeito Municipal Mão Santa, que abraça este ato de justiça e de sabedoria".
Segundo Diego Mendes Sousa, "Todas as obras ficcionais e poéticas de Everaldo Moreira Véras trazem a inscrição PARNAÍBA, litoral do Piauí, cidade que o grande escritor jamais esqueceu. Everaldo morou em São Luís do Maranhão, em Olinda e em Recife. Publicou, em vida, 44 obras. Elogiado por Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Josué Montello, Mauro Mota, dentre outros nomes insignes de nossa cultura, Everaldo Moreira Véras é autor de "A Hora Anterior" e de "O Canto de Sal", verdadeiras obras-primas da Literatura Brasileira".
Everaldo Moreira Véras deixou um acervo imenso de obras publicadas. Dentre obras individuais e obras coletivas, é um legado de mais de 100 livros. Mas passou desconhecido e ausente por sua cidade de nascimento. Viveu em Pernambuco, de onde arrebatou grandes prêmios literários como o importantíssimo Casa de Las Américas de Havana, Cuba. Este escritor extraordinário terá a redenção na sua PARNAÍBA, infelizmente, não conquistada em vida.
Eis um dos poemas de Everaldo Moreira Veras, postado no facebook pelo escritor Diego Mendes Sousa.
VELHOS AMIGOS
Tem explicação: não é apenas a alegria
que veio correndo me abraçar.
Não é, não!
Sim,
porque ouço vozes chamando,
lá no fundo do quintal:
ei, venha brincar comigo!
Também chega, de mansinho,
o chiado da torneira,
molhando a grama do jardim, num chorar magoado.
Alguém acorda o vento do sul,
trazendo folhas amarelas e pedaços de amor
(uns verdes, outros azuis).
Não sei...
acho que ainda resta qualquer coisa
do dia,
do céu de ontem — apenas qualquer coisa!
Pois
a diferença continua,
que hoje tem luz demais!
Vivendo.
Queimando.
Mas não importa, não.
Este sol assim, brigão, arrogante, falante
...é muito meu amigo.
(VÉRAS, Everaldo Moreira. Fissuras. Recife, PE: Companhia Editora de Pernambuco, 1978.)