Mais uma vez a Síria

 

Cunha e Silva Filho


            Apesar de que Bashar al-Assad, ter sofrido tantos reveses dos revoltosos, o tirano ainda assim quer se manter no poder. Esse comportamento é bem típico dos governantes autoritários. O que mais anseiam é eternizar-se no poder, a qualquer custo, ainda que este signifique o repúdio de parte considerável da população síria.
           O que impressiona aos observadores atento pelo mundo afora é que Assad conte a seu favor com os seus seguidores e entre estes há no Brasil pessoas que o têm até na conta de herói da Pátria - essa pátria ensanguentada com mais de cem mil mortes provocados pelo conflito que parece não ter fim.
           O Secretário de Estado de Barack Obama, John Kerry, que me parece ter bom tino diplomático, uma figura física que me lembra os homens públicos do tempo do grande Lincoln, ofereceu uma proposta que, a meu ver, acena para uma passo firme a ser dado contra o ditador e seus crimes nefandos contra a humanidade: um governo de transição deixando Assad fora de qualquer pretensão de nele tomar parte. Essa proposta sinaliza uma posição do governo norte-americano segundo a qual não há mais possibilidade de o ditador permanecer no governo sírio.
           O que a diplomacia da ONU poderia fazer se esgotou em termos de negociações que  resultaram em magros  benefícios para o sofrido e massacrado povo sírio, hoje com um contingente de sua população vivendo as agonias de exilados em países que felizmente lhes abriram as portas da liberdade.
          A cidadania síria foi destroçada, cidades importantes, a própria capital, tornaram-se em parte ruínas, cidades-fantasma com seu povo sepultado pela infâmia desse mal que se alastra pelo mundo em forma conflitos armados, corrupção de governantes, fome, pobreza e calamidade nas suas economias. O cenário desses quase catorze anos do século 21 e, agora agravado com as atrocidades cometidas pelo governo da Ucrânia, com visíveis possibilidades de um “banho de sangue” entre concidadão, está longe da paz que tanto almejamos para a comunidade internacional.
          O que sempre me deixou intrigado nos desacertos de governos autoritários e sanguinolentos como é o exemplo mais lancinante da Síria é o fato de que cidadãos da mesma ou de nacionalidades diversas pátria não tenham discernimento, racionalidade de distinguirem a barbárie da civilização. Me recordo de algumas palavras de um jornalista brasileiro correspondente no exterior: à altura do progresso do nosso século não se pode entender como os povos ainda teimam em optar pelo lado da beligerância quando toda a História da Humanidade tem dado lições insofismáveis dos horrores causados pelas duas guerras mundiais e suas consequências deletérias que deixaram enormes cicatrizes no corpo e na alma de tanta gente.
         Os grandes feitos dos homens de bem, dos artistas, dos cientistas, dos pensadores, dos filósofos, dos sociólogos, dos antropólogos, dos políticos, economistas , dos escritores, dos poetas, dos compositores musicais, dos dramaturgos, enfim, de pessoas que lutam pela paz através de seus vários meios e possibilidades não podem ser deixados no esquecimento. Se os governos autoritários, prepotentes não repetissem os mesmos atos de covardia e de desamor ao próximo em tantas gerações do Passado, o mundo teria sido outro. A única via que nos leva à paz e à dignidade pública, em qualquer parte do Planeta Terra, chama-se respeito ao ser humano e, para isso, é dever de todos exercer com convicção uma postura ética aprendida sobretudo com a Educação e o conhecimento em todas as áreas do desenvolvimento.