Mais alguns poemas do livro estribilho |: a propósito de tudo :|

 

goiabeira

 

sem ainda

frutos,

sufocada

por arbustos e

trepadeiras.

 

é o que

se via

da janela

junto à pia

de lavar louças.

 

 

curriola

 

bagas

ovala

das

 

piloso

fruto

amar

elo:

 

abiu

 

 

Ẹ mo ri O

 

eu te vejo

luz do sol, som de tambor

eu te vejo

água do mar, canto nagô

 

            negro som, negra luz

            negro canto, negra água

 

eu te vejo

luz do sol, som de tambor

eu te vejo

água do mar, canto nagô

 

            navios negreiros, cais do Valongo

            cais do Valongo, navios negreiros

 

(musicado por Liege Fonseca)

 

(A Câmara dos Deputados aprovou o título de Patrimônio Histórico e Cultural para o Cais do Valongo)

 

 

txaí

 

              à luta do povo kaxinawá pela preservação de sua cultura, sua existência e conservação da floresta amazônica

 

kawa, kawa

cantam as mães kaxinawá

balançando as redes dos filhos

 

huni kuin

homens verdadeiros

velhos marcados com as iniciais FC

 

kawa, kawa

cantam as mães kaxinawá

balançando as redes dos filhos

 

cantos do katxanawa

desenhos kene kuin

yuxi buki tsauni

 

kawa, kawa

cantam as mães kaxinawá

balançando as redes dos filhos

 

Poemas do livro “estribilho |: a propósito de tudo :|”, outubro 2019, ASIN: ‎B07ZVSF8DV, 130 pág., ISBN-13: ‎ 978-1704507750.

estribilho |: a propósito de tudo :| eBook : Freitas, Marcos, Freitas, Marcos, Giusti, André: Amazon.com.br: Livros

 

"Sempre imaginei que ler poesia é semelhante a ouvir algum som, ruído, voz.
Pode ser um rife de guitarra, uma escala de piano, um copo quebrando, uma sirene, uma buzina, alguém gritando de alegria, de gozo, ou de desespero.
Quando li essa reunião dos poemas de Marcos Freitas, ouvi folhas secas. Melhor, me ouvi pisando em folhas secas, aquelas que ficam dias e dias no quintal por nosso relaxamento e preguiça.
E aí descobri que ler poesia não é só áudio, é também imagem.
Tudo porque me vi, além de me escutar, pisando as folhas no quintal quando li os poemas de Marcos Freitas."
Prefácio: André Giusti