Mais alguns poemas do livro estribilho |: a propósito de tudo :|
Por Marcos Freitas Em: 22/08/2025, às 16H34

goiabeira
sem ainda
frutos,
sufocada
por arbustos e
trepadeiras.
é o que
se via
da janela
junto à pia
de lavar louças.
curriola
bagas
ovala
das
piloso
fruto
amar
elo:
abiu
Ẹ mo ri O
eu te vejo
luz do sol, som de tambor
eu te vejo
água do mar, canto nagô
negro som, negra luz
negro canto, negra água
eu te vejo
luz do sol, som de tambor
eu te vejo
água do mar, canto nagô
navios negreiros, cais do Valongo
cais do Valongo, navios negreiros
(musicado por Liege Fonseca)
(A Câmara dos Deputados aprovou o título de Patrimônio Histórico e Cultural para o Cais do Valongo)
txaí
à luta do povo kaxinawá pela preservação de sua cultura, sua existência e conservação da floresta amazônica
kawa, kawa
cantam as mães kaxinawá
balançando as redes dos filhos
huni kuin
homens verdadeiros
velhos marcados com as iniciais FC
kawa, kawa
cantam as mães kaxinawá
balançando as redes dos filhos
cantos do katxanawa
desenhos kene kuin
yuxi buki tsauni
kawa, kawa
cantam as mães kaxinawá
balançando as redes dos filhos
Poemas do livro “estribilho |: a propósito de tudo :|”, outubro 2019, ASIN: B07ZVSF8DV, 130 pág., ISBN-13: 978-1704507750.
"Sempre imaginei que ler poesia é semelhante a ouvir algum som, ruído, voz.
Pode ser um rife de guitarra, uma escala de piano, um copo quebrando, uma sirene, uma buzina, alguém gritando de alegria, de gozo, ou de desespero.
Quando li essa reunião dos poemas de Marcos Freitas, ouvi folhas secas. Melhor, me ouvi pisando em folhas secas, aquelas que ficam dias e dias no quintal por nosso relaxamento e preguiça.
E aí descobri que ler poesia não é só áudio, é também imagem.
Tudo porque me vi, além de me escutar, pisando as folhas no quintal quando li os poemas de Marcos Freitas."
Prefácio: André Giusti