[Flávio Bittencourt]

Luiz Alemany, colecionador espanhol, comprou a mais sensacional peça da filatelia brasileira

Paulo Comelli, no The London Philatelist, recontou essa estória tristemente verdadeira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2010/11/17/exposicao-de-selos-postais-no-rj-vai-apresentar-a-melhor-peca-de-2009)

 

 

 

 

(http://hermanohondurenho.blogspot.com/)

 

 

 

 

 

(http://topicos.estadao.com.br/fotos-sobre-touradas/o-toureiro-julio-aparicio-sendo-chifrado-por-um-touro-em-madrid,8b7d55d1-ef4d-4dad-bd7e-a9a38191c3ec;

foto: Bernardo Rodríguez/Efe)
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

  

TARSILA DO AMARAL: genial artista plástica brasileira

(http://tarsilavogue.blogspot.com/2010/08/tarsila-do-amaral.html)

 

 

 

 

 

A TELA ABOPURU, quase um símbolo na Nação Brasileira:

ESTÁ NA ARGENTINA

(SEM A LEGENDA ACIMA EXARADA:

http://serurbano.wordpress.com/2009/10/28/tarsila-do-amaral/)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

(http://www.oselo.com.br/index.php?cPath=422_55_201)

 

 

 

 

 

O BELO BLOCO COMEMORATIVO

do cinquentenário da Semana de Arte Moderna (São Paulo-SP),

COM CARIMBO DE FDC

(PRIMEIRO DIA DE CIRCULAÇÃO)

(http://www.brasilselos.com.br/index.php?cPath=221)

 

 

 

 

 

PARTES DE ALFINETES DE LAPELA,

EM OURO, QUEBRADOS

(sem o alfinete propriamente dito

OU A AGULHA DO ALFINETE)

(SÓ AS JÓIAS OLHOS DE BOI EM OURO,

SEM A LEGENDA ACIMA APRESENTADA:

http://images.quebarato.com.br/T160x160/vendo+pins+comemorativos+olho+de+boi+60+rj+brasil__5E1A1D_1.jpg)

 

 

 

 

 

"SE A TELA ABAPORU FOI EMBORA DO BRASIL PARA A ARGENTINA E

SE A FOLHA COMPLETA DO 60 RÉIS OLHO DE BOI FOI EMBORA

PARA A ESPANHA, NÃO É DE SE ESTRANHAR  QUE OS PERSONAGENS

MAIS CONHECIDOS DAQUI SEJAM OS IMAGINÁRIOS

MACUNAÍMA, JECA TATU E ZÉ PEQUENO  -

baseados, contudo, em possibilidades humano-pindorâmicas -,

aos quais não faltam defeitos de caráter (MENOS NO QUE SE

REFERE A JECA TATU, CUJA IGNORÂNCIA É TANTA QUE

NÃO SABE PORQUE É TÃO DOENTE E ATRASADO)."

(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

 

 

"A BURGUESIA NACIONAL VIVE ATACANDO O

GOVERNO FEDERAL, MAS NÃO TEM A CAPACIDADE

DE ADQUIRIR PEÇAS DO PATRIMÔNIO MATERIAL BRASILEIRO

CUJA SAÍDA DO BRASIL REPRESENTA PERDA DE UMA

PARTE ILUMINADORA DA CULTURA DO PAÍS: o Governo

nada pode fazer para evitar tais evasões, uma vez que

não há Lei Federal que possibilite que o País participe de um leilão,

por exemplo, de muito valiosas peças de coleção privada; E FOI ASSIM

QUE A PINTURA Abaporu FOI PARAR EM MUSEU MUITO

VISITADO EM BUENOS AIRES, ARGENTINA"

(IDEM)

 

 

 

 

MACUNAÍMA: um homem com graves desvios de caráter

(personagem nessa sequência interpretado pelo

imortal ator GRANDE OTELO, sendo que, no

mesmo filme, MACUNAÍMA ADULTO é interpretado -

também magistralmente - por Paulo José)

macunaima300

(http://sinapsecultural.wordpress.com/2009/07/01/filosofia-cibernetica-o-que-o-ocio-nao-faz/)

 

 

 

 

JECA TATU: por andar sem botinas,

contraí doenças, além de não saber

ler e escrever: 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.educacaoadventista.org.br/blog/professorgustavo/index.php?op=post&idpost=21&titulo=Historia+do+Jeca+Tatu)

 

 

 

 

NO PRIMEIRO PLANO,

O BANDIDO ZÉ PEQUENO

[FALA-SE DO PERSONAGEM, PORQUE

O ATOR, EXCELENTE, NÃO É DESONESTO:

LEANDRO FIRMINO DA HORA]:

hoje, no Brasil, uma grande quantidade

de pessoas acha que pode ser baleada

a qualquer momento (POR BALA PERDIDA,

não necessariamente em assalto à mão armada)

 CELEBRITY
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 (http://photosingers.blogspot.com/2011/03/ze-pequeno-photo-pic.html)

 

 

 

 

PAULO COMELLI, GRANDE COLECIONADOR E PESQUISADOR

DAS MAIS RARAS PEÇAS DA FILATELIA NACIONAL,

PATRIOTICAMENTE NOS EXIBE A MAIS VALIOSA PEÇA

FILATÉLICA BRASILEIRA (A FOLHA COMPLETA DO 60 RÉIS OLHO DE BOI),

MAS O PROBLEMA É QUE ESSA IMPRESSIONANTE E ÚNICA FOLHA POSTAL

VOOU PARA A EUROPA (é propriedade privada de um colecionador espanhol)

QUANDO DEVERIA ESTAR... ONDE? [ESSA AÍ, ALIÁS, É PATRIMÔNIO DA

HUMANIDADE - mas, mesmo assim, poderia ser repatriada! -, CONSIDERAM

ESPECIALISTAS - e, os patriotas, na consideração em caixa baixa

(letras minúsculas, lida logo acima - EM COLECIONISMO RARO-FILATÉLICO.]

 

(http://www.comelliphilatelist.com/gemas2.asp?id=61)

 

 

 

 

"A DIVULGAÇÃO, POR PAULO COMELLI,

DAS INFORMAÇÕES QUE ADIANTE ESTÃO

TRANSCRITAS O COLOCA COMO BENEMÉRITO

NÃO APENAS DA PESQUISA FILATÉLICA NACIONAL,

COMO DA PESQUISA HISTÓRICA DO PAÍS CHAMADO BRASIL,

QUE, INFELIZMENTE, NÃO ESTÁ CONSEGUINDO MANTER

EM SEU TERRITÓRIO AS JÓIAS MAIS PRECIOSAS DE

SEU TESOURO PICTÓRICO, NUMISMÁTICO E FILATÉLICO:

não se deve esquecer que a famosíssima tela ABAPORU,

de Tarsila do Amaral, foi vendida, há anos, para um

colecionador argentino, ferindo brios do patriotismo

da TERRA DE ANTIHERÓIS COMO MACUNAÍMA

(o herói sem nenhum caráter, das lendas Taulipang

recolhidas pelo Dr. Koch Grünberg e aproveitadas

por Mário de Andrade, em seu romance de

mesmo nome), JECA TATU (o agricultor

analfabeto e doente que foi popularizado por

Monteiro Lobato), E ZÉ PEQUENO (o bandido medonho

das favelas cariocas, personagem proeminente do livro

CIDADE DE DEUS, um romance do consagrado

escritor [nascido e criado na FAVELA HORIZONTAL

CIDADE DE DEUS, no bairro de Jacarepaguá, Rio (Brasil)]

Paulo Lins, e do filme de mesmo nome, dirigido por

Fernando Meirelles e co-dirigido por Kátia Lund,

[Brasil, 2002])"  

 

(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

 

 

"JULIO CASTRO, NO ARTIGO TRANSCRITO AO FINAL, MENCIONA O FATO DE QUE PAULO COMELLI É UM DOS MAIORES COLECIONADORES DO BRASIL. OCORRE QUE PAULO COMELLI É, TAMBÉM, UM GRANDE PESQUISADOR DA FILATELIA NACIONAL. COMO SE ESTÁ VENDO QUE GRANDES PEÇAS ESTÃO SENDO COMPRADAS NO EXTERIOR, TEMOS O TERCEIRO ATRIBUTO POSITIVO DE P. COMELLI: ALÉM DE EXCELENTE PESQUISADOR E GRANDE COLECIONADOR DE SELOS, ELE É UM PATRIOTA DE VERDADE, porque, ao adquirir valiosas peças da filatelia nacional, está impedindo a sua saída o Brasil (VEJA, por favor, A REFERÊNCIA DE J. CASTRO A P. COMELLI NO ÚLTIMO ARTIGO ADIANTE TRANSCRITO)."

(IDEM)

 

 

 

 

 

                QUANDO SÃO HOMENAGEADOS OS GRANDES ATORES

                PAULO JOSÉ E

                LEANDRO FIRMINO DA HORA,

                O NOTÁVEL ESCRITOR E PROFESSOR DE HISTÓRIA DA LITERATURA

                E TEORIA LITERÁRIA

                PAULO LINS,

                OS CONHECEDORES PROFUNDOS DA HISTÓRIA DA FILATELIA BRASILEIRA

                PAULO COMELLI E

                JULIO CASTRO [muito obrigado, amigo Julio, pelas pacientes

                explicações, por telefone, sobre o panorama filatélico nacional, nos dias hoje,

                assim como pela autorização expressa para transcrição de seus artigos

                neste espaço de discussões light e debates cultural-teóricos não-fundamentalistas !]

                OS MUNDIALMENTE CONSAGRADOS CINEASTAS

                FERNANDO MEIRELLES E

                KÁTIA LUND,   

                INCLUÍDO O NOME DO ÓTIMO ATOR

                que também foi dirigido pelos dois realizadores cinematográficos 

                citados logo acima, quando da realização do filme CIDADE DE DEUS -

                QUE APARECE AO LADO DE L. FIRMINO DA HORA NA

                FOTOGRAFIA ACIMA REPRODUZIDA (qual é o nome dele, por obséquio?

                respostas, por favor, para [email protected]), 

                O POVO DA COMUNIDADE CIDADE DE DEUS (RIO-RJ),    

                A QUEM SE DESEJA MUITA SAÚDE E VIDA LONGA, E

                EM MEMÓRIA DO SAUDOSO ATOR

                GRANDE OTELO, DO NÃO MENOS SAUDOSO ESCRITOR E EMPRESÁRIO

                MONTEIRO LOBATO,

                DA ABSOLUTAMENTE GENIAL ARTISTA PLÁSTICA

                TARSILA DO AMARAL,

                DO CIENTISTA ALEMÃO THEODOR KOCH GRÜNBERG,

                DO CINEASTA JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE E DO

                ESCRITOR MODERNISTA, ESTUDIOSO DO FOLCLORE E DA

                HISTÓRIA DA MÚSICA DO BRASIL E ADMINISTRADOR CULTURAL

                MÁRIO DE ANDRADE

 

 

 

19.4.2011 - Os artigos de Paulo Comelli são o resultado de sérias e trabalhosas jornadas de pesquisa na área de história da filatelia brasileira - Enquanto P. Comelli escreve sobre as mais valiosas peças do tesouro constituído por selos postais do Brasil, raros, tinha eu vontade de pesquisar a respeito da HISTÓRIA DAS PESQUISAS (espetaculares) DE PAULO COMELLI, e, quando for possível, divulgarei entrevistas sobre esse SEGUNDO ASSUNTO. (Afinal, quem é Paulo Comelli? Essa pergunta não é menos importante do que dúvidas como "- Qual são as peças mais importantes e valiosas da filatelia nacional?")  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

 

O ARTIGO DO PESQUISADOR

PAULO COMELLI, NO QUAL

É APRESENTADA:

"A FOLHA COMPLETA DO 60 RÉIS OLHO DE BOI

Paulo Comelli

Artigo originalmente publicado no The London Philatelist, da Royal Philatelic Society, London,
Inglaterra, edição nº 1319 – Outubro de 2004.
 
 
A mais sensacional peça da filatelia brasileira. ÚNICA.
Procedência: ex. Heitor Lyra, Mário de Souza, Kuyas, Kobylanski, Roberto Benevides
 
A HISTÓRIA

“...única folha conhecida do mundo e os pequenos defeitos apresentados em nada diminuem o valor desta peça única”. Informava o valor estimativo em SFR 40.000 (quarenta mil francos suíços) equivalentes à época a US$ 10.000 (dez mil dólares).

 
Sr. Heitor Lyra, membro do corpo diplomático brasileiro e que foi embaixador em Portugal no ano de 1956 e junto ao Vaticano no ano de 1958. O Sr. Lyra passou quase toda a sua vida no exterior e, certamente, montou sua coleção adquirindo peças brasileiras, entre elas a “FOLHA do 60 réis”, nas principais casas filatélicas da Europa. No Brasil era um ilustre desconhecido, pois jamais participou do circuito de exposições, sejam nacionais ou internacionais.Faziam parte de sua coleção colocada para venda outras excepcionais peças filatélicas dos Olhos de Boi, tais como: Bloco novo de 6 (2x3), canto inferior esquerdo da folha do 60 réis (Est. SFR 2.000); Bloco novo de 8 (2x4) do 60 réis (Est. SFR 1.500) e Bloco usado de 8 (4x2), canto inferior direito da folha do 90 réis (Est. SFR 8.000) com carimbo de“Correio Geral da Corte – 27.10.1844”, batido quatro vezes e com a indicação manuscrita na margem inferior de “Segura João Antonio...”.
O Sr. Lyra não deixou informações sobre o valor, a data do negócio e aonde comprara a folha completa do 60 réis. Realizado o leilão o lote 5627 não encontrou comprador.
Sr. Mário Guimarães de Souza, advogado, residente em Recife, à época presidente do Clube Filatélico de Pernambuco e em visita à Capital paulista, pediu a palavra para comunicar que adquirira a “Folha do Olho de Boi de 60 réis”, da coleção do Embaixador Heitor Lyra.
Disse ele que algum tempo após o término do leilão começaram, com sua autorização expressa, os entendimentos diretos com o Sr. Eduard Luder, proprietário da CORINPHILA, por intermédio o Sr. Abraão Haber, comerciante de selos, radicado no Rio de Janeiro.
A coleção do Sr. Mário de Souza sempre recebeu os maiores prêmios em exposições nacionais, sendo a última a SANPEX’63, realizada em Santos e onde obteve o Grande Prêmio da exposição. No circuito internacional obteve a Medalha de Ouro na FIPEX’56, realizada em Nova York e em 1960, já proprietário da “Folha”, obteve o Grande Prêmio da EFIMAYO, exposição filatélica internacional realizada em Buenos Aires, em 1960.
 
No catálogo de venda a “Folha” foi incluída como lote 557 e apresentava um valor estimado entre £ 2.200 e £ 2.500. Realizado o leilão essa raridade alcançou a cifra de £2.200 (duas mil e duzentas libras inglesas). Outro lote a ser destacado nesse leilão foi o 591 – painel completo de 18 selos novos do 90 réis Olho de Boi - que foi vendido por £ 1.200 (mil e duzentas libras inglesas).
Tevfix Kuyas.
O Sr. Kuyas era o mais importante colecionador e expositor turco de sua época. A sua coleção de selos do Brasil, denominada “Rio Collection”, ganhou o Grande Prêmio Internacional na HAFNIA’76. Dentre os Olhos de Boi estavam incluídos 17 blocos e tiras, muitos pares e uma gama importante de carimbos de raridade ímpar, além de 9 (nove) cartas. Na série dos Inclinados foi o mais completo e valioso conjunto de todos o tempo.
Quarto Período – 1978 a 1999
Em Frankfurt, 18 de maio de 1978, no leilão organizado e conduzido pela empresa Stanley Gibbons, sediada em Londres, a coleção Rio Collection foi colocada para venda e essa raridade mundial estava ofertada no lote 77.
Trechos da descrição explicitavam: “1-60 Impressão Intermediária. Única folha do 60 réis,... Em equivalência de raridade ao“Pack Strip” e sem dúvida a mais sensacional peça da filatelia brasileira. Ex Souza. Preço estimado: DM 120.000”.
Após uma batalha sucessiva de lances a “Folha do Olho de Boi de 60 réis” foi adquirida pelo Sr. Janusz Kobylanski, natural da Argentina e residente na República do Uruguay, pelo valor de DM 151.000 (cento e cinqüenta e um mil marcos alemães), equivalentes à US$ 72.000 (setenta e dois mil dólares).
Quinto Período – 1999 a 2001
Em Março de 1999, o comerciante brasileiro de selos, José Alberto Junges, residente em Porto Alegre, atuando como intermediário, vendeu em “Trato Privado” a raridade ao Sr. Roberto Seabra Benevides, residente no Rio de Janeiro, pelo valor de US$ 770.0000 (setecentos e setenta mil dólares).
Por esta última afirmação pode-se depreender que a “A FOLHA COMPLETA DOS OLHOS DE BOI DE 60 RÉIS” deixou o Brasil mais uma vez. Comenta-se, no mercado filatélico internacional, que a parte da coleção referente aos Olhos-de-Boi foi vendida ao mais importante colecionador espanhol da atualidade, Sr. Luiz Alemany, detentor de centenas de medalhas de ouro e ouro grande e possuidor de mais de quarenta coleções de nível FIP, pela importância de cerca de US$ 1.000.000 (um milhão de dólares). Comenta-se também que a “Folha” foi avaliada nessa transação pelo valor de US$ 750.000 (setecentos e cinqüenta mil dólares)".
 
 
 
 
 
 
 
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"O PAR XIFÓPAGO
Paulo Comelli

 

Artigo originalmente publicado no “The London Philatelist” da Royal PhilatelicSociety,
London, Inglaterra, edição nº 1306 – Junho de 2003 e na revista MOSAICO, Ano XIII,
nº 37 – Agosto de 2003, órgão da Câmara Brasileira de Filatelia – Belo Horizonte – Brasil.
 
 
 
 
 
 

 
 
 
Descrição: Selos de 30 e 60 réia - Olhos-de-Boi - em par vertical "se-tenant", da segunda chapa composta, Estado B (chapa regravada). O 30rs está localizado na posição 18 do painel superior e o 60rs na posição 6 do painel intermediário. Margens grandes, mostrando ambas as linhas divisórias externas e a linha horizontal que divide os painéis. O 30rs não é obliterado e o 60rs tem uma oblieração manuscrita à esquerda. O 30rs foi restaurado no canto superior direito.
 
"Uma das mais importantes e valorizadas peças filatélicas do Brasil - ÚNICA".
 
Procedência: ex. Moscoso, Pack, Sanchez, Pedroso, Moraes Júnior, Meyer, Ferreira da Costa, Araújo Ferreira, Benevides.  
A HISTÓRIA
Primeiro Período – 1843 a 1911
Sr. Isidoro Moscoso, residente no Estado da Bahia, era o proprietário de uma “curiosidade postal”, descrita como: “consistindo em dois selos do Brasil, da emissão de 1843, grandes algarismos de 30 e 60 réis, impressos na mesma folha”.
“como o que foi dito pelo Sr. Bernardo Alves Pinheiro, sobre as emissões dos Olhos-de-Boi, um outro par existe além do já noticiado...”. Referia-se ao “Pack Strip” como já noticiado. De 1897 até 1911 o “PAR XIFÓPAGO” retornou para a obscuridade.
 
O uso da palavra “PAR” para ambas as peças pode ser facilmente explicado: ambas as peças têm o “par” como previamente denotado, sendo 30 + 60, embora o “Pack Strip” tenha um segundo 30 réis do Olho-de-Boi. Nos dias de hoje, no Brasil, para diferenciar ambas as peças, são assim denominadas: “O Par Xifópago” e “O Terno Xifópago”.
Sr. Charles Lathrop Pack, distinguido com uma Medalha de Ouro Grande, pela apresentação de uma coleção de selos do Brasil. Mencionava, também, uma relação das peças por ele ali apresentadas, quais sejam: uma folha dos Olhos-de-Boi do 90rs; um bloco de 8 dos Olhos-de-Boi de 60rs e um par vertical dos Olhos-de-Boi de 30rs e 60rs.
Nada foi dito se as peças filatélicas eram novas ou usadas. Mais ainda, não foi possível apurar por quais valores o Sr. Pack adquiriu tais raridades e nem as datas das compras.
Terceiro Período: 1918 a 1920
Sr. Heitor Sanchez. Em carta datada de 29 de Julho de 1965 e dirigida ao Sr. Áureo G. Santos ele relata toda a história da sua compra. Não menciona de quem comprou, porém diz textualmente: “Adquiri esta peça no balcão da ‘Casa Filatélica J. Dolz’ de minha propriedade, na rua Barão de Itapetininga 69, juntamente com mais alguns selos do Brasil Império, pela soma de 200$000 (duzentos mil réis), valor este que tomei emprestado de uma vizinha, Sra. Hortênsia, proprietária de uma loja de coletes para senhoras. O selo de 30 réis tinha um grande rasgo no canto superior direito, alcançando quase um quarto do selo”. O valor acima representava FFR 570,00 (quinhentos e setenta francos franceses) ao câmbio da época.
“Vi a necessidade de enviar o selo para a Inglaterra, para F.B.Turpin, para ser restaurado. ...Imediatamente depois de receber a peça para ser restaurada o Sr. Turpin enviou um telegrama pedindo o preço pela peça. Minha resposta não foi outra que negativa. Não estava interessando em vendê-la. Quando o par retornou restaurado, vendi-o para um estimado amigo meu e o mais importante colecionador daquele tempo de São Paulo, Dr. Arnaldo Moraes Pedroso, pela importância de 600$000 (seiscentos mil réis)”. Valor este, à época, equivalente a US$ 420 (quatrocentos e vinte dólares americanos).
“Infelizmente meu estimado amigo, Sr. Pedroso, inesperadamente perdeu toda a sua fortuna nas mesas de jogo e foi obrigado a vender todos os importantes selos de sua coleção para satisfazer seus débitos. Não estando em condições financeiras para comprá-los, sugeri ao meu amigo que vendesse os selos em leilão e com sua aprovação fui designado para preparar e organizar todo o leilão”.
O “PAR XIFÓPAGO” foi oferecido como o lote número 23, no leilão da Casa Filatélica J. Dolz, em 12 de Junho de 1920. O catálogo tinha trinta e duas páginas, sendo dezesseis de textos descritivos e outras dezesseis páginas mostrando fotografias de todas as peças a serem leiloadas. Foram relacionadas 114 peças brasileiras e 33 peças estrangeiras, todas de propriedade do Sr. Pedroso.
“Lote 23 – 30 e 60 réis, números 1 e 2 ‘se-tenant’. O único exemplar conhecido. O selo de 30 réis foi restaurado no canto superior direito”.
para o mais proeminente colecionador brasileiro daquele tempo, Luiz de Moraes Júnior, do Rio de Janeiro.
Quarto Período – 1920 a 1954

O Sr. Moraes Júnior nasceu em Portugal e era um homem de negócios, construtor de casas e prédios no Rio de Janeiro. O “PAR XIFÓPAGO” permaneceu em sua propriedade por trinta e quatro anos. Foi mostrado pela primeira vez na Exposição Filatélica Nacional, realizada no Rio de Janeiro, em 1934.

 
“Colecionadores de selos do Brasil! Preparai-vos para a Exposição Filatélica Internacional de New York, em maio de 1947. Eis a oportunidade que vos ofereço. Os dois valores, 30 e 60 réis juntos! Apenas dois exemplares conhecidos! Para maiores informações e preço queiram dirigir-se à A. Pereira da Silva, Caixa Postal 2741 – Rio de Janeiro”. Ao que parece o Sr. Morais autorizara a venda da peça e o Sr. Pereira da Silva estava atuando como intermediário. O negócio não prosperou.
Rolf Harald Meyer, de São Paulo, depois de três semanas de muito esforço de argumentação, conseguiu comprar o “PAR XIFÓPAGO” pelo valor de Cr$200.000,00 (duzentos mil cruzeiros), equivalentes a US$ 3.000 (três mil dólares). Este foi o preço pedido pelo Sr. Moraes Júnior e era considerado acima do preço de mercado da época. Afirma-se que o Sr. Meyer sem pestanejar tirou o dinheiro do bolso e pagou a vista.
Poucos meses depois de vender tão importante raridade o Sr. Moraes faleceu.
“que a referida peça foi vendida de imediato ao Sr. Ivo Ferreira da Costa, médico e fazendeiro, residente em Alegrete, Rio Grande do Sul, ainda em dezembro de 1954, pelo valor de Cr$250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil cruzeiros)”, equivalentes a US$ 3.750 (três mil e setecentos e cinqüenta dólares).
“E que de fato o Sr. da Costa comprara e pagara o ”Xifópago” em dezembro de 1954, porém fizeram um acordo que a peça somente seria entregue em abril de 1955, pois era sua intenção, por não ser ainda um comerciante muito conhecido, fazer publicidade da aquisição para divulgar sua capacidade financeira de fazer negócio com selos”.
 
Sr. Maurino de Araújo Ferreira, mineiro, publicitário e dono de Agência de Propaganda, em 29 de Janeiro de 1972. O Sr. Araújo Ferreira foi pessoalmente a Alegrete e comprou, pela soma total de Cr$ 500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros), equivalentes a US$ 90.000 (noventa mil dólares), a coleção completa do Império do Brasil do Sr. Ferreira da Costa. Anos mais tarde, o Sr. Araújo Ferreira disse que o “PAR XIFÓPAGO” fora avaliado, durante a transação comercial, pelo valor de Cr$130.000,00 (cento e trinta mil cruzeiros), equivalentes a US$ 23.300 (vinte e três mil e trezentos dólares) e que ele decidiu pagar o valor pedido. Foi a mais importante venda privada realizada no Brasil até aquela data.
 
“Não se pode enfrentar o Maurino! O Homem não lhe dá a menor chance... Ele tem sido sempre um capeta!”.
Sr. Roberto Seabra Benevides. O negócio foi feito na base de troca de material. O Sr. Torres recebeu uma importante coleção de Macau e o Sr. Benevides o “Xifópago” e mais várias peças do Brasil Império de Olhos-de-Boi e Inclinados. Nenhum detalhe do negócio foi divulgado, entretanto é dito que a avaliação do “Xifópago” alcançou a cifra de US$150.000 (cento e cinqüenta mil dólares) para um total de negócio no valor de US$250.000 (duzentos e cinqüenta mil dólares).
um belo e exclusivo catálogo, todo a cores, e anunciava o negócio, para o outono de 2001, como de “Trato Privado”, estando ali incluídos as seguintes raridades brasileiras: o “Par Xifópago”, a “Folha Completa de 60 selos dos Olhos de Boi de 60 réis”, quadra nova do 30 réis (somente 3 conhecidas), carta do Rio de Janeiro para a cidade de Rio Grande com uma tira horizontal de 4 selos do 60 réis, carta do Rio de Janeiro para Cachoeira (RS) com uma tira horizontal de 4 selos do 60 réis + um 30 réis isolado e um painel completo do selo de 90 réis (18 selos – 6x3) obliterado com carimbos de “Cidade de Nicteroy. Entre os Inclinados pudemos notar: um bloco obliterado de 6 selos (3x2) do 180 réis, uma tira vertical nova de 3 selos do 300 réis, Bloco de 6 (2x3) obliterado do 600 réis, além de uma quadra obliterada e uma tira vertical nova de 4 selos do 600 réis (maior múltiplo conhecido). Realmente um impressionante acervo. De valores, o catálogo nada mencionava.
Por esta última afirmação pode-se depreender que o “PAR XIFÓPAGO” deixou o Brasil pela primeira vez, após ter permanecido em mãos de brasileiros por mais de cem anos. Comenta-se, no mercado filatélico internacional, que toda a coleção foi vendida ao mais importante colecionador espanhol da atualidade, Sr. Luiz Alemany, detentor de centenas de medalhas de ouro e ouro grande e possuidor de mais de quarenta coleções de nível FIP, pela importância de US$ 1.200.000 (um milhão e duzentos mil dólares). Comenta-se também que o “Xifópago” foi avaliado nessa transação pelo valor de US$ 200.000 (duzentos mil dólares)".
 
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"OS PAINÉIS DO 90 RÉIS OLHOS-DE-BOI
Paulo Comelli, RDP, AIEP

Artigo originalmente publicado na revista A FILATELIA BRASILEIRA, Ano 1, nº 1 – Julho/2004,
órgão da Federação dos Filatelistas do Brasil - FEFIBRA – São Paulo – Brasil.
Revisado e atualizado, em Janeiro e 2006, pelo próprio autor.
Revisado e atualizado pelo autor em Setembro de 2008.
 Atualizado em razão de novas evidências e informações encontradas pelo autor em Março de 2010.

A dedicação exclusiva aos estudos e às pesquisas filatélicas sempre leva a descobertas sensacionais. Com profundo orgulho e senso do dever cumprido apresento uma das mais belas descobertas, apesar de extremamente trabalhosa.
São apenas três os painéis completos e inteiros do 90 réis – Olhos-de-Boi, todos originalmente usados e um quarto painel completo, também usado, porém remontado.
1) O PAINEL DE 90 RÉIS (6 x 3) – USADO COM ANOTAÇÕES MANUSCRITAS
Durante minha visita à Royal Philatelic Society, London, em Setembro 2002, e após pesquisas realizadas em sua fantástica biblioteca encontrei, na revista “The Stamp Collectors’ Fortnightly”, nº 103 – Vol IV – página 225, editada em 3 de setembro de 1898, a foto de um bloco de 18 selos do 90rs Olhos-de-Boi (figura 1).
A publicação fora feita na forma de uma notícia dada pelos editores Harry Hilckes & Percy Bishop sob o título “Uma Importante Descoberta” e diz no texto: “Recentemente, um painel completo do 90 réis foi descoberto no Brasil e nossos editores foram bastante jubilados em poder adquiri-lo. Publicamos a foto em tamanho natural do painel e desta forma será mais fácil reconstruir as folhas. Para orientação de nossos leitores podemos afirmar que os três valores estão em uma única prancha. Cada folha possui dez fileiras e cada fileira contém seis selos. As primeiras três fileiras contém os 30 réis, as outras quatro próximas fileiras os 60 réis e as últimas três fileiras (compreendendo o painel aqui reproduzido) os 90 réis. Cada selo foi gravado separadamente na prancha e, portanto, existem dezoito variedades cada para os 30rs e 90rs e vinte quatro variedades para os 60rs. O painel acima está à venda e pode ser visto nos escritórios da ‘Fortnightly’. Provavelmente único”.
Na revista Jornal Filatélico, editado por M. Copenhagen, volume II, ano II, nº 15, São Paulo, em 1º de maio de 1898, página 97, o Sr. Thadeu R. Pestana publicou um artigo sobre a composição das chapas dos Olhos-de-Boi, do qual retirei a parte que explicita: “Parece-nos, porém, que a folha continha os três valores, 30, 60 e 90 réis, sendo 18 selos de 30 réis, 24 de 60 e 18 de 90 réis. Sobre os 18 selos de 90 réis temos certeza, pois já os vimos; supomos também que de 18 é o número dos de 30 réis e 24 os de 60 réis, visto ser esse o valor mais usado n’aquela época. Este nosso cálculo é baseado no testemunho do Dr. Henrique de Medeiros que dá como sendo de 60 selos cada folha dos selos de Olho de Boi. Esta opinião não foi, que nos conste, até hoje, contestada”.
Os editores Hilcks & Bishop cometeram um erro na descrição com relação à chapa mista de 30, 60 e 90 réis Olhos-de-Boi, tal como o fizera Thadeu Pestana poucos meses antes, afirmando existirem quatro fileiras e serem 24 os selos de 60 réis existentes na referida folha, quando, na verdade, são três carreiras de 6 selos, perfazendo o total também de 18 selos como os demais valores de 30 e 90 réis. Essa polêmica somente foi esclarecida por volta de 1920, quando Sr. Stanley Mann, que se juntou a firma Stanley Gibbons, adquiriu um bloco de 9 (3 x 3) selos do 60 réis Olhos-de-Boi, lateral esquerda da folha, em três carreiras com a linha exterior dos quadros dos três lados, como explicou o Cel Napier no artigo sobre o estudo da recomposição das chapas dos Olhos de Boi.
A revista “O Colleccionador de Sellos”, ano III, nº9-10, editado em Sorocaba, SP, em 30 de Outubro de 1898, por Remijio de Bellido, na página 167, informa o recebimento da revista “Stamp Collectors’ Fortnightly”, de Londres, e faz o seguinte comentário: “Dá o clichê de 18 selos olhos de boi, de 90 réis, bloco pertencente a um negociante de S. Paulo, o qual não tem valor algum por estar estragado, e por ter servido como selo fiscal, segundo se verifica pela conta do tabelião feita sobre uma parte dos selos”.
Baseado no que informa o Sr. Bellido poder-se-ia inferir tratar-se do comerciante indiano M. Copenhagen, o único comerciante filatélico estabelecido em São Paulo, àquele tempo, pelo menos assim ele se apresentava. Todavia, opto por acreditar ser o Sr Thadeu Rangel Pestana o descobridor e o vendedor do painel para a firma britânica. Isto devido ao fato de ser ele o autor do artigo que induziu os editores londrinos ao mesmo erro descritivo por ele cometido, certamente enviando juntos o referido artigo e a peça filatélica para a Inglaterra. Acresce-se, ainda, o fato de que esta peça é advinda de arquivos judiciais, normalmente vasculhados por pesquisadores, colecionadores e comerciantes individuais, caso específico do Sr. Pestana.Mais ainda, M. Copenhagen editou o “Jornal Philatélico” desde março de 1897 e em nenhum dos números publicados até março de 1900, e foram cerca de vinte e cinco, foi encontrado qualquer referência ao tal bloco. Por essa razão é difícil crer que fosse de sua propriedade.
Por outro lado, afasto, de modo definitivo, a possibilidade de o bloco ter servido como selo fiscal, conforme explicita o Sr. Bellido. Na verdade, trata-se de um bloco usado para pagamento do porte do correio quando da remessa dos autos do Tribunal Superior, no Rio de Janeiro, para o Tribunal da Comarca de origem. Nos dias de hoje já está comprovado, por inúmeras peças judiciais conhecidas, que várias vezes o porte de remessa dos autos judiciais era pago pela simples colocação dos selos, de modo geral, na última página dos autos, sem, no entanto, receberem qualquer carimbo postal sobre eles, ou seja, não eram carimbados pelo agente postal, pois, muitas vezes, esses mesmos autos judiciais eram transportados pelos próprios estafetas dos tribunais, sem usar o sistema dos correios que, quando ocorria, carimbavam com as marcas postais então existentes, os selos já aplicados nos autos pelos funcionários dos tribunais. Em geral, eram usados os blocos maiores ou grandes quantidades de selos isolados em função do volume de peso que possuíam esses autos.
Por isso, hoje os grandes blocos carimbados, tanto de Olhos-de-Boi como de Inclinados e de Verticais, e são vários, são considerados como usados em remessa de Autos pelos diversos tribunais existentes no Brasil e não mais peças que teriam sido usadas para pagamento de portes de grandes pacotes remetidos pelo correio.
Assim, é o caso desse bloco de 18 selos do 90 réis Olho-de-Boi. A dobra vertical notada na primeira coluna vertical direita do bloco (à esquerda, quando visto pelo observador) demonstra com clareza ser dobra proveniente do sistema de arquivamento dos processos judiciais. É evidente que a retirada do bloco de 90 réis do referido processo judicial deu-se sem muito cuidado, pois ocasionou defeitos múltiplos ao bloco, principalmente nas margens, ver a figura 1.
E a história continua. Recentemente, em minha última visita à Royal Philatelic Society, London, em outubro de 2003, e novamente dedicando-me às pesquisas em velhas publicações filatélicas, encontrei ainda no Stamp Collectors’ Fortnightly, editado em 17 de Março de 1900, um artigo escrito por Evan T. Roberts, sobre os selos do Brasil, relativos às emissões de 1843 a 1890. A mesma foto publicada em 3.09.1898, ali estava estampada e trazia a legenda: “Painel completo do 90 réis do Brasil, agora pertencente ao Sr. Evan T. Roberts, o autor deste artigo”.

 

 

 

 
1.a) Os três primeiros selos, à esquerda, da carreira superior do painel apresentam uma assinatura e cálculos matemáticos parciais.
1.b) Na margem superior pode-se notar vestígios de escrita.
1.c) Na carreira inferior do bloco, entre o segundo e terceiro selo, notar-se mais alguns cálculos matemáticos parciais.
1.d) Percebe-se com clareza uma dobra vertical acentuada atingindo a figura dos três selos da primeira coluna. Além de um rasgo na margem direita do primeiro selo da carreira inferior.
1.e) Ainda na lateral esquerda nota-se, na margem, em frente ao segundo selo da primeira coluna à esquerda, a falta de um pedaço importante do papel, tocando a linha do enquadramento e o selo, porém nota-se um reforço de papel.
1.f) Na lateral direita do bloco, entre o primeiro e o segundo selo da última coluna, é visível a falta de um pedaço da margem, porém nota-se um reforço de papel.
1.g)O selo central da terceira coluna da esquerda para a direita está desalinhado para cima em relação aos demais selos da carreira central do painel.
A casa filatélica Harmer, Rooke & Co, localizada na 560, Fifth Avenue, New York, emitiu um catálogo para leiloar a Coleção Charles Lathrop Pack, nos dias 6-8 e 13-15 de Dezembro de 1944.
Analisando com grande interesse tal catálogo deparei com a foto de grande bloco de 18 selos do 90rs Olhos-de-Boi. É o painel completo deste valor impresso pela Chapa de 54 selos dos três valores. Esta chapa é dividida em três painéis, um para cada valor com 18 selos. Cada painel possuía três tiras horizontais de seis selos. Cel. Napier fez referência a esta peça em seu estudo, como sendo a 2ª Chapa Composta – Estado B, e estando em 1920 na propriedade de C. L. Pack.
Este bloco foi listado como lote 873 e tinha a seguinte descrição: “90rs preto, folha completa de 18 selos. Alguns selos são levemente cancelados (obliterados) à pena. A folha está suja (manchada) e possui diversos defeitos, mas é uma espetacular peça e provavelmente única. (Foto: página 32). Valor de catálogo como selos isolados: US$ 2.700,00” (figura 2).
Trata-se, sem dúvida alguma, do mesmo bloco descoberto em 1898, que foi usado como selo postal pagando o porte do correio quando das remessas de Autos de Tribunais.
 
2.a) Os três primeiros selos, à esquerda, da carreira superior do painel apresentam uma assinatura e cálculos matemáticos parciais.
2.b) Na margem superior pode-se notar vestígios de escrita.
2.c) Na carreira inferior do bloco, entre o segundo e terceiro selo, notar-se mais alguns cálculos matemáticos parciais.
2.d) Percebe-se com clareza uma dobra vertical acentuada atingindo a figura dos três selos da primeira coluna. Além de um rasgo na margem direita do primeiro selo da carreira inferior.
2.e) A importante falta de um pedaço da margem da lateral esquerda foi reparada.
2.f) Na lateral direita do bloco, entre o primeiro e o segundo selo da última coluna, é visível a falta de um pedaço da margem, porém tendo sido usado um reforço de papel.
2.g)O selo central da terceira coluna da esquerda para a direita (Posição 9 no painel de 18 selos) está desalinhado para cima em relação aos demais selos da carreira central do painel.
A relação dos preços alcançados, fornecido pela casa leiloeira, informa que este bloco foi vendido por U$S 1.600,00 (mil e seiscentos dólares americanos).
É bem provável que o Sr. Pack tenha adquirido o painel ao Sr. Roberts, por volta de 1910, quando começou a comprar as peças de sua importante coleção de Olhos-de-Boi, e mandado fazer um único reparo, pois se percebe, com clareza, na fotografia que o bloco sofrera um reparo na margem lateral esquerda (item “e”), já que as fotos do primeiro (Hilcks & Bishop) e do segundo (Roberts) proprietários são idênticas.
Comparando esse painel com o painel número 3, que vamos mais frente historiar, nota-se tratar da mesma chapa de impressão que foi classificada por Napier como: 2ª Chapa Composta, Estado B.
Depois da realização do famoso leilão Pack, em 1944, essa peça desapareceu e nunca mais foi vista.
Desta forma, pode-se listar a procedência histórica deste painel de 90rs, a saber: ex. Tadeu Pestana, Hilcks & Bishop, Evan Roberts, Charles L. Pack.
 
2) O PAINEL DE 90 RÉIS (6 x 3) – ANTES USADO, HOJE COMO NOVO
O livro “Império do Brazil 1843-1889 Centenary Handbook Nº 3”, editado em 1943 pela American Philatelic Society, em artigo escrito pelo Dr. J. Fred Emerson mostra, na página 45, a foto de um bloco de 18 selos novos do 90rs citado como pertencente à Coleção do Dr. Djalma da Fonseca Hermes, Grande Prêmio da CITEX – Paris – exposição realizada em 1949 (FIGURA 3).O mesmo ocorreu na publicação do Collectors Club Philatelist, vol. XXII, Julho 1943, nº 3, página 156. É a primeira referência encontrada sobre esse painel.
Há que se perquirir: seria o painel novo do Dr. Fonseca Hermes, depois de lavado quimicamente, o mesmo painel que estava em mãos do Sr. Pack?
Penso que não. Na minha opinião e salvo melhor juízo, o painel é diferente, apesar de ser muito similar, o que inicialmente me gerou grande dúvida, pois apresenta a importante característica, a dobra vertical de arquivo, contida também no painel da coleção Pack (veja o detalhe “d”, nas figuras 2, 3 e 4 apresentadas). Por coincidência a dobra é quase no mesmo lugar, mas através de uma boa lupa pode-se verificar que as dobras estão em posições diferentes por questão de milímetros. Entretanto, o que realmente diferencia os dois painéis é o selo central da terceira coluna (posição 9 no painel), da esquerda para a direita. No painel do Sr. Pack a impressão da figura do selo está deslocada para cima (detalhe: 2.g) em relação ao mesmo selo contido no painel do Sr. Fonseca Hermes (detalhe: “3.e” e “4.e”).
Em conversas filatélicas com o Sr. Rolf Meyer à cata de informações que pudessem esclarecer dúvidas sobre a história das diversas e importantes peças filatélicas do Império do Brasil, disse-me ele que o painel do Sr. Fonseca Hermes foi lavado pelo Sr. Antônio Pereira da Silva, comerciante de selos radicado no Rio de Janeiro, inadvertidamente flagrado por uma visita de um cliente filatelista durante o ato ilegal. É mais um detalhe comprobatório que painel conteria detalhes manuscritos à pena e se assim não fosse porque a necessidade de lavá-lo?
Consequentemente, como o anterior, também esse painel é oriundo de papéis de foro e foi retirado de algum processo judicial e, em seguida, lavado quimicamente, apresentando-se hoje no estado de novo.
Outro detalhe que comprova serem dois painéis diferentes esta no fato de que a revista Brasil Filatélico, edição de setembro de 1943, nº 62, página 21, traz um artigo sobre as coleções expostas na BRAPEX II, realizada a partir de 31 de Julho de 1943, na qual o Dr. Djalma Fonseca Hermes levantou o Grande Prêmio da exposição. Nele encontramos a relação das peças expostas da referida coleção e dentre elas explicitado estava “1 Bloco de 18 selos do 90 réis novo”.
Assim, está definitivamente comprovado que em Julho de 1943 o painel de 90 réis, reparado e quimicamente lavado pelo Sr. Antônio Pereira da Silva, já fazia parte do acervo filatélico do Dr. Fonseca Hermes e não podia ser o mesmo painel da coleção Pack, pois o mesmo somente seria vendido no leilão realizado em Dezembro de 1944.
Analisando a figura 3 acima, ou seja, a foto publicada no Centenary Handbook nº 3, da APS, pode-se verificar:
3.a) As obliterações manuscritas foram retiradas quimicamente.
3.b)Nota-se restos de detalhes matemáticos manuscritos à pena entre o 2º e 3º selos da carreira inferior.
3.c) Durante a lavagem química alguns pontos das margens sofreram sérios problemas, inclusive perda de pedaços do papel do bloco, que foram recolocadas de maneira não profissional, tais como: canto superior direito do bloco, canto superior esquerdo do bloco e canto inferior esquerdo do bloco. Além disso, dois rasgos na lateral direita, bem em frente ao primeiro selo e ao segundo selo da coluna da direita podem ser notados.
3.d)Dobra vertical de arquivo na primeira coluna da esquerda (visto pelo observador).
3.e)O selo central da terceira coluna da esquerda para a direita (posição 9 no painel de 18 selos) está alinhado em relação aos demais selos da carreira central do painel.
A coleção do Dr. Hermes foi vendida no final do ano de 1949 a um comerciante estrangeiro que levou para o exterior a Coleção dos Olhos-de-Boi e cedeu ao comerciante filatélico do Rio de Janeiro, Santos Leitão, a de D. Pedro para ser retalhada no Brasil. Comentários da época dão conta que o preço total pago foi de Cr$ 1.250.000,00 (um milhão, duzentos e cinqüenta mil cruzeiros), equivalentes à US$ 160.000,00 (cento e sessenta mil dólares).
Em 31 de Janeiro de 1955, o bloco volta a ser oferecido através de leilão público, desta vez pela casa Corinphila, localizada em Zurique, como pertencente ao acervo do Embaixador José Joaquim de Lima e Silva Muniz de Aragão.
O Sr. Muniz de Aragão era, naquela época, residente na Europa e montou toda a sua coleção através de compras realizadas naquela região, desconhecendo-se aquisições por ele realizadas no Brasil.
O Embaixador J. J. Muniz de Aragão participou na Corte Real (Corte de Honra) da Exposição Mundial LONDON’1950, expondo o que de mais precioso possuía sua coleção do Império do Brasil, contida em 35 álbuns. Entre outros expositores, o anônimo “Sextus Afranius”, que oculto sob essa capa, expôs 69 páginas estonteantes raridades dentre as quais destacava-se duas magníficas peças; dois blocos dos Olhos de Boi 60 e 90 réis de 18 selos cada um, em três filas de 6 selos”. Assim nos relatou o periódico Santa Catarina Filatélica, nº 3, à página 11, edição de 1950.
É evidente que ambas as peças descritas na coleção de “Sextus Afranius” foram parte do acervo do Dr. Fonseca Hermes, já que o painel de 18 do 60 réis é peça única conhecida desse valor até os dias de hoje. Com relação ao painel de 18 selos do 90 réis o Dr. Hermes possuía dois deles, um usado e o outro um novo (quimicamente lavado), não se podendo, via de conseqüência, pela descrição do periódico, saber qual deles foi o exposto em Londres. Certamente, teria sido o painel do 90rs obliterado com o carimbo de Nicteroy, já que em 1963 fazia parte do acervo do Sr. Burrus, então leiloado.
Assim, podemos inferir a seguinte possibilidade como estória real: o filatelista que adquiriu a coleção Fonseca Hermes em 1949 foi Maurice Burrus, possuidor do perfeito nome romano pretoriano “Sextus Afranius”, que usava esse pseudônimo em várias exposições internacionais, inclusive na LONDON’1950 onde a apresentou a coleção de Olhos de Boi. Há que se fazer notar que o painel novo do 90rs não fez parte da coleção do Sr. Burrus leiloada em 1963. Dessa maneira, pode-se inferir, com alguma segurança, que o painel novo do 90rs Olhos de Boi não fez parte do pacote filatélico negociado entre esses dois importantes filatelistas.  A razão é fácil de ser inferida; a então má qualidade da peça e o fato que o Sr. Burrus fazia questão de qualidade nas peças novas.
Recusado o painel de 90rs pelo Sr. Burrus, o intermediário ou comerciante envolvido na transação ofereceu-o ainda em 1950 e mais provavelmente depois da realização da exposição London 1950 ao Embaixador Muniz de Aragão, que também participara da London 1950, a ele sendo vendido o ora painel novo do 90 réis Olhos de Boi. A conclusão de a venda desse bloco novo ter sido feita após a realização da London 1950 prende-se ao fato que o periódico Santa Catarina não o destacou dentre as peças do Sr. Moniz de Aragão expostas na London 1950. Se ali estivesse, em razão de sua raridade e importância, certamente o teria feito como o fez com os outros dois painéis expostos por “Sextus Afranius”.
 
O preço alcançado foi de SFr 11.500,00 (onze mil e quinhentos francos suíços), assim informou a casa leiloeira. Como podemos verificar, o bloco àquela altura foi oferecido em leilão como novo.
Estudando a foto acima (visto pelo observador) publicada no catálogo da Corinphila de 1955 (FIGURA 4) pode-se verificar que:
4.a) As obliterações manuscritas foram retiradas quimicamente.
4.b)Os restos de detalhes matemáticos manuscritos à pena foram minimizados, entretanto ainda podem ser notados
4.c) Durante a lavagem química alguns pontos das margens sofreram sérios problemas, inclusive perda de pedaços do papel do bloco, que foram recolocadas de maneira não profissional, tais como: canto superior direito do bloco, canto superior esquerdo do bloco e canto inferior esquerdo do bloco. Além disso, dois rasgos na lateral direita, bem em frente ao primeiro e segundo selos da coluna da direita podem ser notados.
4.d) A dobra vertical existente na primeira coluna esquerda foi minimizada.
4.e)O selo central da terceira coluna da esquerda para a direita (posição 9 no painel de 18 selos) está alinhado em relação aos demais selos da carreira central do painel.
4.f) As margens foram manipuladas. A inferior foi diminuída a partir do selo inferior da quarta coluna, da direita para a esquerda. A margem lateral direita também sofreu uma leve diminuição em sua largura. A margem esquerda sofreu um pequeno acréscimo de papel a partir do meio do primeiro selo superior. E a margem superior foi manipulada com acréscimo de papel a partir do terceiro selo superior da direita para a esquerda, sofrendo a seguir uma diminuição (por tesoura) até atingir o canto superior esquerdo.
A história prossegue. Em Fevereiro de 1962, a casa leiloeira Corinphila promove a Venda Nº 48 e oferece novamente esse mesmo bloco, desta vez sob o número de lote 3166 e a descrição assim explicitava: “90rs preto folha completa de 18 selos (primeira tiragem), novo sem goma, peça de grande raridade e provavelmente único (seis selos da borda com defeitos) = $6.3000 (Scott). Preço Estimado: 15.000 SFr.”.
É praticamente certo que o painel não encontrou comprador no leilão de 1955, retornando para posse do Sr. Muniz de Aragão (falecido em 1974) e voltando a ser oferecido pela mesma casa de leilões filatélicos em 1962. Desta vez o comprador teria sido o Prof. Mário Guimarães de Souza.
Em Outubro de 1966, novamente este bloco volta a ser leiloado, desta vez em Londres, pela casa H. R. Harmer Limited. O acervo era pertencente ao colecionador brasileiro residente em Recife, Prof. Mário de Souza. O bloco foi oferecido através do lote 591. E a descrição assim explicitava: “Painel completo não usado de dezoito selos da primeira impressão; três cantos com defeito afetando os três selos, dois outros estão centralmente defeituosos e possuem outras faltas. Uma peça atraente e espetacular. Única. Valor estimado entre £ 1.200 e £ 1.500,00”.
O bloco foi vendido por £ 1.200,00 (mil e duzentas libras esterlinas).
Estudando a foto (FIGURA 5) acima da referida peça apresentada no leilão londrino pode-se tirar as seguintes conclusões:
5.a)A dobra vertical existente na primeira coluna esquerda sofreu novo reparo e melhor minimizada, tornando-se quase imperceptível.
5.b) Os sérios defeitos apresentados em três dos cantos foram novamente reparados e se apresentam mais suaves e menos notados.
5.c)As margens, desta vez, não sofreram qualquer nova manipulação.
5.d) Os detalhes matemáticos manuscritos foram totalmente removidos.
Em março de 1984 o painel volta ao mercado filatélico oferecido novamente pela casa Corinphila. Na venda nº 70, apresenta o lote 4306 que assim explicitava: “90rs – Olho-de-boi, preto, folha completa de 18 selos, aparência espetacular e a maioria dos selos em perfeitas condições (poucas faltas restauradas por mãos de mestre), peça de exibição da maior raridade e para coleção de exposição. Preço estimativo: 25.000 SFr.”.
Pode-se depreender que o comprador no leilão londrino de 1966, ex. coleção Souza, fora o Sr. Reinhold Koester, pois a venda promovida pela Corinphila em 1984 era da coleção de Olhos-de-Boi do Sr. Koester.
Estudando a foto abaixo (FIGURA 6) da venda do leilão suíço de 1984 pode-se tirar a seguinte conclusão: o painel foi novamente reparado, desta vez totalmente e por um verdadeiro mestre e artista no reparo de material filatélico, como informa a própria descrição feita no catálogo. Praticamente, não se notam quaisquer dos detalhes antes identificadores do painel. Todavia, é garantido tratar-se do mesmo painel, desde sempre, pois os detalhes e a conformação das margens o denunciam.
O comprador do painel foi o industrial de Limeira, São Paulo, Sr. Ângelo Lima, que se tornou o maior expositor brasileiro, de todos os tempos, com sua coleção “Brasil Império 1843-1866” e o maior campeão nacional, expondo internacionalmente pelo Brasil, senão vejamos: Grande Prêmio Internacional e Medalha de Ouro Grande na PHILEXFRANCE’89 e o Grande Prêmio da Classe dos Campeões na PHILANIPPON’91. Além de duas Medalhas de Ouro Grande em anos anteriores a 1989.
Após obter os dois galardões máximos da filatelia internacional, O Grande Prêmio Internacional e o Grande Prêmio da Classe dos Campeões o Sr. Lima decidiu vender sua coleção. A empresa leiloeira escolhida foi David Feldman S/A, que preparou o catálogo e ofereceu o material à venda, por leilão público, no ano de 1993.
Entretanto, em momento algum, o painel foi oferecido ao público pela casa David Feldman, ou seja, não constou de qualquer catálogo de leilão que contivesse material advindo da coleção Lima. Felizmente, uma fotocópia da coleção do Sr. Lima estava disponível no Brasil àquele tempo, tendo sido preservada aos dias de hoje.
No ano de 1995 o painel foi oferecido, pela casa leiloeira, em trato privado, aos Srs. Everaldo Santos e Hugo Goeggel, quando ambos se negaram a adquiri-lo. Desconhece-se o proprietário atual desde aquele ano, entretanto, há rumores, todavia sem confirmação, que esse bloco foi parar nas mãos do colecionista americano Norman Hubbard em venda por trato privado. Em 5 de junho de 2008 essa peça foi posta em leilão por Siegel Auction Galleries, Inc., Nova york, sob o nº de lote 32, pelo valor estimado entre 100 e 150.000 dólares e alcançou o impressionante preço de arremate de $260.000. O comprador permaneceu no anonimato por algum tempo e em Março de 2010 seu nome foi revelado, trata-se do Sr. Armand Rosso, presente à sala do leilão. 
Desta forma, pode-se listar a procedência histórica deste painel de 90rs, a saber: ex. Djalma Fonseca Hermes, J. J. Muniz de Aragão, Mário de Souza, Reinhold Koester, Ângelo Lima, Norman Hubbard.
Prezados leitores, lamentavelmente, em algum momento, entre os anos de 1944 e 1945, esse importante bloco e uma das mais relevantes peças da filatelia brasileira, sofreu uma lavagem química criminosa, certamente com objetivos pouco confessáveis. Uma tentativa clara de fraude que buscava, tão somente, aumentar seu valor comercial. Todavia, a verdade, na maioria das vezes, demora aparecer, mas virá. Caso presente. Nos anos seguintes esse painel de 18 selos voltou a sofrer intervenções reparadoras melhorando substancialmente seu aspecto.
3) O PAINEL DE 90 RÉIS (6 x 3) – CARIMBO “CORREIO GERAL DA CORTE – 16.11.1843”
O Cel G. S. F. Napier, no trabalho publicado sobre as chapas dos Olhos-de-Boi, com referência à 1ª Chapa Composta do 90 réis – Estado A, informa que o Sr.C. H. Schill era o proprietário de um painel de 18 selos que serviu de base para seu estudo sobre essa chapa. Não explicita se era novo ou usado e que carimbo possuía. Corria o período da 1ª Guerra Mundial (1914-1918).
Entretanto, só poderia ser esse o painel que estamos a comentar, já que o outro, com contas matemáticas feitas pelo tabelião sobre os selos, nesse mesmo período, pertencia a C. L. Pack; o hoje novo, que pertenceu inicialmente ao Sr. Fonseca Hermes, era ainda desconhecido à época, só vindo a surgir na década de 40 do Século passado. O painel recomposto por dois blocos, sendo um de 12 e outro de 6, pertencia, também no mesmo período, ao próprio Cel. Napier.E finalmente, não acredito que o painel recomposto por um bloco de 15 + uma tira vertical de 3 selos, hoje existente, pudesse ser o que pertenceu ao Sr. Schill, pois o público filatelista dele só tomou conhecimento em 1963, no leilão da coleção Burrus e, mais ainda, dele não existe qualquer referência publicada em todos esses muitos anos pesquisados. Provavelmente, é um painel que foi recomposto em meados do século passado, por volta dos anos cinqüenta.
A primeira referência no Brasil a este terceiro painel usado do 90 réis data de dezembro de 1928, quando se volta a ter notícia de um bloco de 18 selos do 90 réis Olho-De-Boi, na publicação do “O Philatelico”, órgão oficial da Sociedade Philatelica Brasileira, ano IV, número XXXIX, página 3, em artigo assinado por ZAP (Dr. Manuel Venâncio Campos da Paz) onde afirma que “uma folha inteira do 90 réis Olho de Boi, pertencera ao Sr. Luiz de Moraes Júnior”, cuja coleção, fora vendida, em 1927, ao comerciante filatélico Julio Rachitoff por 1.000$000 (mil contos de réis) equivalentes à época a U$S 125.000,00 (cento e vinte e cinco mil dólares).
Entretanto, não diz se o bloco de 18 selos era novo ou usado. Em minha opinião seria o terceiro painel existente de 18 selos usados do 90 réis Olhos-de-Boi. Não podia ser o painel recomposto por Napier, pois o mesmo fora novamente aberto e o bloco de 12 selos vendido ao Sr. Guilherme Guinle.Também não podia ser o que estava em poder de Charles Pack, pois tal painel, conhecido em 1898, fora exportado e permaneceu no exterior até 1944. O painel de selos novos, dele só tomaríamos conhecimento em 1943, nas mãos de Fonseca Hermes. Resta então o painel obliterado com o circular do “Correio Geral da Corte – 16.11.1843”.
A revista Brasil Filatélico, nº 62, edição de setembro de 1943, página 21, traz um artigo sobre as coleções expostas na BRAPEX II, na qual o Dr. Djalma Fonseca Hermes levantou o Grande Prêmio da exposição. Nele encontramos a relação das peças expostas da referida coleção e dentre elas “1 Bloco de 18 selos do 90 réis usado”.Claro está que o comerciante Rachitoff vendeu o bloco ao Dr. Hermes, cuja coleção foi retalhada em 1949, por um comerciante filatélico estrangeiro.
Essa peça só voltou a aparecer para o público filatelista no leilão da coleção do brasileiro Reinaldo Bruno Pracchia, em 1987. Para apurar o desaparecimento por tão longo período apelei ao amigo Renato de Amaral Machado, na esperança de encontrar novas luzes.
Dr. Amaral Machado informou ser de seu conhecimento que esse bloco pertenceu ao Coronel A. Drexler, antes de 1950. E que foi, posteriormente, comprado por Heitor Sanchez, nos primórdios da década de cinqüenta, cujos herdeiros, aproximadamente em 1973, o venderam ao Sr. Reinaldo Bruno Pracchia por U$S 60.000,00 (sessenta mil dólares), fixados em moeda do Brasil e divididos em vinte pagamentos. É evidente que com a alta inflação então existente o valor final em dólares foi substancialmente reduzido.
O Sr. Pracchia obteve os mais importantes prêmios da filatelia brasileira até aquela data. No circuito internacional ganhou as três Medalhas de Ouro Grande que lhe deram direito a passar a expor na Classe de Campeões FIP, entre elas: ESPAÑA’75 em Madrid, ARPHILA’75 em Paris. No ano de 1980 alcançou o prêmio maior, “Grande Prêmio da Classe dos Campeões” na LONDON’80.
Em 1986, o Sr. Pracchia vendeu sua coleção completa dos “Numerais do Império” para a casa de leilões internacionais de selos “Habsburg, Feldman S/A”, sediada na Suíça pela soma de US$ 550.000,00 (quinhentos e cinqüenta mil dólares) cujo pagamento foi efetuado à vista. No conjunto estava incluído o painel de 90 réis obliterado com o carimbo “C.G.C. 16.11.1843”.
O leilão da “Coleção Amazonas”, assim titulada por David Feldman, realizou-se em Zurich, entre os dias 16 e 21 de novembro de 1987. Foi produzido um catálogo exclusivo para esta coleção e o “Painel de 90 réis” foi uma das peças mostradas a cores na última capa do catálogo, listada como o lote número 60.166 (FIGURA 7). A descrição explicitava: “Painel intermediário completo de 18 selos do 90 réis – Olhos-de-Boi – da chapa C2/C, mostrando um pliê no selo da 6ª posição, selo da posição 18 com corte, carimbo circular datado sem cercadura do” Correio Geral da Corte – 16.11.1843”, muito bela e uma notável peça de exibição. A estimativa de valor era de “SFr 50.000,00” (cinqüenta mil francos suíços).
Fig. 7
Compareci, pessoalmente, a este leilão para tentar comprar peças para minha coleção e recebi a incumbência do amigo Ângelo Lima, que muito me honrou, para comprar várias peças para sua coleção de numerais do Império.
A seleção de peças feita pelo Sr. Lima representava a nata da Coleção Amazonas. Cumpri a tarefa com galhardia, pois consegui comprar tudo que ele relacionara com lances vencedores em seu nome. Posso citar dentre várias peças: “o bloco de 6 (3x2), usado, do 180 réis Inclinado”, o “Interpanneau de 30 réis dos Olhos-de-Boi” e o “Painel completo, usado, de 18 (6x3) selos do Olho de Boi de 90 réis, carimbo Correio Geral da Corte” que, após uma batalha de lances sucessivos, foi comprado pelo lance maior de SFr 40.000,00 (quarenta mil francos suíços), equivalentes, à época, aproximadamente ao valor de US$ 18.000,00 (dezoito mil dólares).
O Sr. Ângelo Lima, português de nascimento e brasileiro naturalizado por opção, industrial no Estado de São Paulo, tornou-se o maior expositor brasileiro, de todos os tempos, com sua coleção “Brasil Império 1843-1866” e o maior campeão nacional, obtendo os dois maiores galardões expondo internacionalmente pelo Brasil, quais sejam: Grande Prêmio Internacional e Medalha de Ouro Grande na PHILEXFRANCE’89 e o Grande Prêmio da Classe dos Campeões na PHILANIPPON’91. Além de duas Medalhas de Ouro Grande em anos anteriores a 1989.
Depois ter obtido os maiores prêmios nacionais e internacionais, o Sr. Lima, em 1993, decidiu vender sua coleção e após um acerto comercial entregou a coleção à casa de leilões David Feldman S/A, sediada em Genebra, Suíça. O acordo inicial previa a venda por leilão público, o que, posteriormente, terminou em venda fechada, recebendo o Sr. Lima a impressionante soma de mais de dois milhões de dólares por todo o seu acervo de selos das primeiras emissões do Brasil, incluindo os D. Pedro.
David Feldman promoveu, entre 1 e 6 de novembro de 1993, um leilão com um volume expressivo das peças da Coleção Lima, entretanto, das peças importantes apenas o “Pack Strip” foi apresentado, ou seja: ali não estavam a “Carta de Belo Horizonte”, nem o “Interpanneau” e nem o painel completo usado do 90 réis Olho-de-Boi.
No inverno europeu de 1995, no mês de janeiro ou fevereiro, estava o Sr. Hugo Goeggel, suíço de nascimento, importante industrial colombiano, radicado em Santa Fé de Bogotá, passando férias em uma estação de esqui, na Suíça, quando recebeu uma ligação telefônica do Sr. Feldman oferecendo várias peças da coleção do Sr. Lima e entre elas o famoso bloco “Interpanneau” e o painel completo usado do 90 réis. O negócio foi fechado por telefone e a cifra alcançou o valor de US$ 550.000,00 (quinhentos e cinqüenta mil dólares) para todo o lote. O Bloco de 18 selos do 90 réis Olhos-de-Boi foi adquirido pelo preço entre US$ 25.000,00 e US$ 30.000,00.
A partir desta data o “Painel de 18 selos do 90 réis Olho de Boi” passou a pertencer à espetacular coleção da 1ª Emissão do Brasil do Sr. Hugo Goeggel. Além da coleção do Brasil, o Sr. Goeggel possui as melhores coleções, até hoje montadas, das primeiras emissões da Colômbia e do Equador, sendo, atualmente, considerado o maior colecionador de todos os tempos da Colômbia e o maior colecionador da atualidade da América do Sul. Detentor de várias medalhas de Ouro Grande com todas elas.
Com a coleção da “Primeira Emissão do Brasil” já obteve três Medalhas de Ouro Grande, sendo uma na “BRASILIANA’93”, sem o “Painel de 90 réis”, e mais duas, já com presença da famosa raridade: uma na PACIFIC’97 e outra MOSCOW’97.
Desta forma, pode-se listar a procedência histórica deste painel de 90rs, a saber: ex. C. H. Schill, Luiz de Morais, Fonseca Hermes, A. Drexler, Heitor Sanchez, Reinaldo Pracchia, Ângelo Lima.
4 - O PAINEL DE 90 RÉIS – TIRA VERTICAL DE 3 SELOS + BLOCO DE 15 (5 x 3)
A primeira referência sobre esse painel, com carimbo de legenda da “Cidade de Nicteroy”, batido dez vezes, aparece na famosa Coleção de Maurice Burrus, leiloada em 4 de abril de 1963, por Robson Lowe Ltd, em Londres.
Dele não existe qualquer referência publicada anterior a essa data em todos esses muitos anos pesquisados. Provavelmente, é um painel que foi recomposto em meados do século passado, por volta dos anos quarenta.

A revista Brasil Filatélico, nº 62, edição de setembro de 1943, página 21, traz um artigo sobre as coleções expostas na BRAPEX II, na qual o Dr. Djalma Fonseca Hermes levantou o Grande Prêmio da exposição. Nele encontramos a relação das peças expostas da referida coleção e dentre elas “1 Bloco de 18 selos do 90 réis usado”.
A coleção do Dr. Hermes foi vendida no final do ano de 1949 a um comerciante estrangeiro que levou para o exterior a coleção dos Olhos-de-Boi e cedeu ao comerciante filatélico do Rio de Janeiro, Santos Leitão, a de D. Pedro para ser retalhada no Brasil. Comentários da época dão conta que o preço total pago foi de Cr$ 1.250.000,00 (um milhão, duzentos e cinqüenta mil cruzeiros), equivalentes à US$ 160.000,00 (cento e sessenta mil dólares).
Entre outros expositores, o anônimo “Sextus Afranius”, que oculto sob essa capa, expôs 69 páginas estonteantes raridades dentre as quais se destacavam duas magníficas peças; dois blocos dos Olhos de Boi 60 e 90 réis de 18 selos cada um, em três filas de 6 selos”. Assim nos relatou o periódico Santa Catarina Filatélica, nº 3, à página 11, edição de 1950.
É evidente que ambas as peças descritas na coleção de “Sextus Afranius” foram parte do acervo do Dr. Fonseca Hermes, já que o painel de 18 do 60 réis é peça única conhecida desse valor até os dias de hoje. Com relação ao painel de 18 selos do 90 réis o Dr. Hermes possuía dois deles, um usado e o outro um novo (quimicamente lavado), não se podendo, via de conseqüência, pela descrição do periódico, saber qual deles foi o exposto em Londres. Certamente, teria sido o painel do 90rs obliterado com o carimbo de Nicteroy, já que em 1963 fazia parte do acervo do Sr. Burrus, então leiloado.
O filatelista que adquiriu a coleção Fonseca Hermes foi Maurice Burrus, possuidor do perfeito nome romano pretoriano “Sextus Afranius”, que usava esse pseudônimo em várias exposições internacionais, inclusive na LONDON’1950.
Esse painel completo, porém não inteiro, já que, na verdade, é uma peça remontada ou recomposta, como queiram, pois se trata de dois blocos, sendo um bloco de 15 (5x3) selos + tira vertical de 3 selos, tomou o número 1293 e possuía a seguinte descrição: “Impressão intermediária: painel completo (6 x 3) com a adição de uma tira vertical no lado esquerdo do bloco, margens completas e levemente obliterado com o alongado carimbo ‘Cidade de Nicteroy’, dobras naturais do papel sobre dois selos. Em excepcionais condições. Avaliação: £ 3.500” (FIGURA 8).
Fig.8
Não consegui apurar o valor da venda nem o comprador. Esse painel volta ser oferecido desta vez incluído como parte de uma grande coleção, pela casa H. R. Harmer Ltd, em “Trato Privado”, durante o período da realização da Exposição Internacional de Londres, entre 12 e 26 de setembro de 1970. E assim estava descrito o título: “Soberba coleção especializada dos tipos numerais em quatro álbuns”. Relacionava a seguir o material e dava como valor do negócio em £ 17.000 (dezessete mil libras esterlinas). Interessante notar que basicamente era o mesmo material constante do leilão Burrus, ocorrido em 1963.
Porém, sabedor que essa peça estivera nas mãos do comerciante filatélico Rolf Harald Meyer, radicado em São Paulo, fiz-lhe uma consulta telefônica e diz-me ele que comprara o painel do comerciante alemão Bartels, em 1973, durante uma visita comercial à Alemanha.
O painel permaneceu nas mãos do Sr. Meyer até 1997, quando o vendeu ao Sr. Roberto Seabra Benevides pelo preço deU$S 40.000,00 (quarenta mil dólares americanos).
O Sr. Benevides expôs apenas uma vez sua coleção “Brasil: Primeiras Emissões”, e foi na LUBRAPEX’2000, de caráter binacional, onde obteve o Grande Prêmio da Exposição. Estando presente pude verificar que ali estava exposto o referido painel.
Durante minha longa estada em Houston, final do ano de 2001, tomei conhecimento da entrega feita pelo Sr. Roberto Benevides de toda sua coleção “Brasil: Primeiras Emissões” ao Sr. Antonio Torres, negociante e leiloeiro, radicado em Londres, para vendê-la. Foi produzido um belo e exclusivo catálogo, todo a cores, e que anunciava o negócio, para o outono de 2001, como de “Trato Privado”, estando ali incluídos as seguintes raridades brasileiras: a “Folha Completa de 60 selos dos Olhos de Boi de 60 réis”, o “Par Xifópago”, quadra nova do 30 réis (somente 3 conhecidas), carta do Rio de Janeiro para a cidade de Rio Grande com uma tira horizontal de 4 selos do 60 réis, carta do Rio de Janeiro para Cachoeira (RS) com uma tira horizontal de 4 selos do 60 réis + um 30 réis isolado e o painel completo do selo de 90 réis (18 selos – 6x3) obliterado com carimbos de “Cidade de Nicteroy. Entre os Inclinados pudemos notar: um bloco obliterado de 6 selos (3x2) do 180 réis, uma tira vertical nova de 3 selos do 300 réis, Bloco de 6 (2x3) obliterado do 600 réis, além de uma quadra obliterada e uma tira vertical nova de 4 selos do 600 réis (maior múltiplo conhecido). Realmente um impressionante acervo. De valores, o catálogo nada mencionava.
Em conversas filatélicas com comerciantes locais, colecionadores e expositores internacionais concluiu-se que entre os valores de um milhão e um milhão e duzentos mil dólares o negócio poderia ser fechado. O Sr. Torres, consultado, pessoalmente, por telefone, escusou-se em fornecer detalhes sobre essa transação. Apenas mencionou que era um negócio liquidado e que não ocupava mais o seu tempo.
Por esta última afirmação pode-se depreender que “O PAINEL DE 90 RÉIS” deixou o Brasil mais uma vez. Comentou-se, no mercado filatélico internacional, que a coleção, apenas incluída a parte referente aos Olhos-de-Boi, foi vendida ao mais importante colecionador espanhol da atualidade, Sr. Luiz Alemany, detentor de centenas de medalhas de ouro e ouro grande e possuidor de mais de quarenta coleções de nível FIP, pela importância de cerca de US$ 1.000.000,00 (um milhão de dólares). Comenta-se também que o “Painel” foi avaliado nessa transação pelo valor de US$ 30.000,00 (trinta mil dólares).
Desta forma, pode-se listar a procedência histórica deste painel de 90rs, a saber: ex. Djalma Fonseca Hermes, Maurice Burrus, Rolf Meyer, Roberto Benevides.
Em síntese, são três os painéis completos e inteiros, sendo que um está desaparecido e apenas um painel completo remontado, todos usados.
COMENTÁRIOS ADICIONAIS
Alguns autores incluem a reconstituição da 1ª Chapa da Folha Composta pelos três valores, Estado B, do 90 réis de Olhos de Boi, produzida pelo Cel. G. S. F. NAPIER como sendo mais um dos painéis existentes, ou seja, seria o quinto painel conhecido do 90 réis. Este painel recomposto de fato existiu. Essa reconstituição fora feita pelo Cel. Napier com dois blocos obliterados pelo carimbo (PA. 1371) com cercadura da “CIDADE DE NICTEROY”, que eram de sua propriedade em 1920.
Na verdade, não era um painel inteiro, mas sim um painel que fora remontado ou recomposto, como no caso imediatamente acima citado. Tratava-se, pois, de um painel reconstituído através de um bloco de 12 (4x3), posicionando-se esquerda do painel, (FIGURA 9) e um bloco de 6 (2 x 3) selos compondo olado direito do painel (FIGURA 10).
Fig. 9 Fig. 10
Entretanto, esse painel não mais existe.
É dito que Guilherme Guinle foi o grande comprador das peças que pertenceram à coleção do Cel. Napier. A Revista Philatelica de Petrópolis, dezembro de 1925, número 16, em artigo sobre a 1ª Exposição Philatelica Nacional, lista o material exposto por Guilherme Guinle e menciona explicitamente a existência de dois Blocos de 12 do 90 réis, Olhos-de-Boi, sendo um usado e um novo, sem, entretanto, informar que carimbo obliterava o tal bloco usado de 12 selos. Depreendo e, data vênia, tomo a liberdade de inferir ser o tal bloco o mesmo bloco usado de 12 (carimbo de “Cidade de Nicteroy”) que pertenceu ao Cel. Napier.
Portanto, o painel deixou de existir a partir da compra efetuada por Guilherme Guinle.
Penso que posso afirmar que o painel foi desmontado no momento da compra feita pelo Sr. Guinle, pois ele, por certo, comprara o bloco usado de 12 selos, por ser a mais importante peça da coleção Napier e a relação fornecida pela revista de Petrópolis não cita qualquer bloco usado de 6 selos incluído na coleção Guinle. Mais ainda, por ser um colecionador muito exigente não adquiriu o bloco de seis selos por razão puramente de qualidade, pois o mesmo tinha um forte defeito no canto superior direito, visto pelo observador, no qual faltava um pedaço do selo e que teria sido recomposto, provavelmente, por uma parte de um outro Olho-de-Boi.
E para comprovar de forma definitiva não ser mais um painel, encontrei o bloco de 8 (4 x 2) referente ao canto inferior esquerdo (visto pelo observador) da chapa reconstituída por Napier, referente à Primeira Chapa Composta, Estado B, posições 7, 8, 9, 10, 13, 14, 15 e 16 (FIGURA 11). A tira horizontal superior de 4 selos foi removida do então bloco vertical esquerdo original de 12 selos. Indubitavelmente se trata da mesma peça constante da reconstituição promovida por Napier.
Fig. 11
Portanto, o bloco de 12 foi aberto e reduzido para um múltiplo de apenas oito selos (4x2). Pode-se notar na figura 9 que a tira superior de 4 selos não apresentava uma boa qualidade, razão pela qual foi retirada com o objetivo de valorizar qualitativamente o bloco de 8 remanescente.
Também encontrei o par superior direito do antigo bloco de 12 da chapa reconstituída por Napier (FIGURA 12). A possível tira horizontal de 4 selos foi aberta. Este par foi visto no leilão da casa Corinphila de 2002, lote 2696.
Fig. 12
O comerciante uruguaio Julio Rachitoff foi o comprador da coleção completa do Sr. Guinle, em 1937, pela a impressionante soma de 3.000$000 (três mil contos de réis) equivalente à época a cerca de U$S 500.000,00 (quinhentos mil dólares) e o mais importante comprador da peças da coleção Guinle foi o colecionador americano Saul Newbury.
Portanto, é quase certo ter sido o Saul Newbury o proprietário seguinte deste bloco de 8 até a coleção ser dispersa, inicialmente pelo leilão realizado por Robert Siegel em 1962 e a compra em trato privado realizada por Norman Hubbard, em 1973, junto aos herdeiros do Sr. Newbury. Os proprietários seguintes foram: Itamar Bopp, cuja coleção foi desfeita pelos herdeiros no início da década de 1990; Roberto Seabra Benevides, cuja coleção foi vendida em trato privado em 2001 por Antonio Torres. Esse bloco pertence hoje ao colecionador espanhol Luis Alemany.
Resumindo o histórico deste bloco de 12 e posteriormente um bloco de 8 temos: Napier, Guinle, Newbury, Bopp, Benevides.
Encontrei o bloco de 4 (2 x 2 = quadra) referente ao canto inferior direito da chapa reconstituída por Napier, referente à Primeira Chapa Composta, Estado B, posições 11, 12, 17 e 18(FIGURA 13). O par horizontal superior foi removido do bloco vertical direito original de 6 selos. Indubitavelmente se trata da mesma peça constante da reconstituição promovida por Napier. A retirada do par superior, em razão do forte defeito existente, foi feita com o objetivo de valorizar qualitativamente o múltiplo remanescente de quatro.
Fig. 13
Em algum momento entre a compra feita por Guilherme Guinle da coleção Napier e o aparecimento da outra parte do painel, agora uma quadra, nas mãos de Leon Dubus (leilão realizado em 1967) o bloco de seis foi aberto.
A quadra fez parte da Coleção Napier (1920), Leon Dubus (1967), E.M Collection (1983), Norman Hubbard (1986) e hoje pertence à Coleção Hugo Goeggel, da Colômbia.
Foi impossível determinar a localização desta quadra entre 1921 e 1966. Trata-se agora de encontrar o par horizontal superior esquerdo do bloco de 12 e o par superior do bloco de 6(provavelmente esse par jamais será encontrado, pois por ser extremamente defeituoso deve ter sido destruído) para reconstituir novamente a 1ª Chapa Composta de três valores, Estado B, uma vez feita por Napier".
A peça foi listada como lote 6132, a foto estava impressa na quarta capa (capa de trás) do referido catálogo (figura 4) e possuía a seguinte descrição: “90rs preto, em folha completa de dezoito selos (primeira chapa gravada e impressa), novos e sem goma. Peça de exibição e pode ser a única não usada (seis selos das carreiras externas com defeitos) como isolados pelo catálogo Yvert = Fr2250000. Pelo Scott de 1954 = US$ 6.300,00. Valor estimativo: SFr 12.500,00”.
Estudando a fotografia podemos constatar na FIGURA 2 acima:
Analisando a FIGURA 1 acima constata-se, a saber:
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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JULIO CASTRO ESCREVEU
 
E ILUSTROU:
 
 

Dia do Selo Postal Brasileiro: A matéria abaixo publiquei há um ano, na edição do Informativo de 1º de agosto de 2008. Como muitos de vocês ainda não acessavam o Informativo naquela época, resolvi repeti-la hoje, em homenagem ao Dia do Selo Postal Brasileiro...

 

 

166º Aniversário da Emissão Olho de Boi

 

A série de selos conhecida como 'Olho de Boi' foi impressa por determinação do Governo Imperial Brasileiro e entrou em circulação no dia 1º de agosto de 1843.

Constitui-se na primeira série de selos postais emitidos no Brasil, também são os primeiros das Américas e é a terceira emissão postal do mundo, sendo precedida pela Inglaterra, em 1840, e pela Suíça, em março de 1843 (esta com emissão para circulação regional).

De início, houve a discussão sobre a conveniência de se estamparem nos selos a efígie do imperador, mas as autoridades da época acabaram por concluir que não deveriam trazer o rosto de D. Pedro II, pois os selos, carimbados, acabariam por vilipendiar a imagem de Sua Majestade. Por esta razão, as primeiras séries de selos postais do Brasil traziam apenas os algarismos de valor na estampa:

 

                                              Inclinados (1844)        Verticais (1850)     Coloridos (1854/61)

 

A série Olho de Boi teve vida postal curta: circulou apenas entre 1843 e 1844. O facial de 30 Réis deveria ter uma primeira impressão de 6.000.000 de unidades, porém sua tiragem final foi de 1.148.994. O de 60 Réis teve como tiragem final 1.502.142 selos e o de 90 Réis, 349.182, sendo estes destinados às correspondências internacionais, o que os tornariam mais raros e disputados por filatelistas do futuro, não somente no Brasil, mas em todo o planeta.

Tanto que, neste ano de 2008, na World Stamp Championship Israel 2008, a coleção vencedora na Classe dos Campeões (é como um Grande Prêmio Mundial), foi a do filatelista espanhol Luis Alemany Indarte, com a coleção Brazil "Bull's Eyes – First Americas’ Stamps" 1843 (Olhos de Boi - Primeiros Selos das Américas - 1843):

 

 

Um dos maiores filatelistas brasileiros, Paulo Comelli, apresenta em seu site www.comelliphilatelist.com as "Gemas da Filatelia Brasileira", sendo a maior parte delas constituída de peças da emissão Olho de Boi, cujas imagens seguem abaixo e, clicando em qualquer uma delas, vocês poderão acessar esta seção do excelente site do amigo Comelli, na qual poderão verificar o histórico de cada uma dessas raridades:

 

              Carta de Cachoeira do Sul                    Bloco de 12 Novo do 90 Réis                'Interpanneau' de 30 Réis

 

  

                               Folha Completa 60 Réis                       Pack Strip                        Par Xifópago

 

O "Pack Strip" foi leiloado recentemente em Nova Iorque, alcançando o preço recorde para uma peça brasileira:

US$ 2,1 milhões (pouco mais de 3 milhões de reais). E não posso deixar de registrar também a única sobrecarta conhecida com a série Olho de Boi, anteriormente percentente à Meyer Collection, leiloada em outubro de 2007 por 824.500 euros (pouco mais de 2 milhões de reais):

 

 

Neste pouco mais de século e meio, foram vários os lançamentos postais brasileiros em homenagem à nossa primeira emissão, comprovando a importância da mesma no meio filatélico:

 

                         

             Série Centenário do Selo Brasileiro - 1943                 Série Aérea Centenário do Selo Postal/Brapex II - 1943

 

               

Blocos Centenário do Selo Brasileiro e Centenário do Selo Postal/Brapex II - 1943

 

                                       

            Bloco 50 Anos do Clube Filatélico do Brasil - 1981              Bloco 140 Anos da emissão "Olhos-de-Boi"

 

             

       Série 140 Anos da emissão "Olhos-de-Boi" - 1983        Série 150 Anos da emissão "Olhos-de-Boi" - 1993

 

   Esquerda: Bloco 150 Anos do Primeiro Selo Postal do Mundo - 1990

   Meio: Bloco 150 Anos da emissão "Olhos-de-Boi" - 1993

   Direita: Bloco Como Colecionar Selos - 2003

 

Série Turma da Mônica/150 Anos dos "Olhos-de-Boi" - 1993

 

Com esta pequena matéria, registro aqui as minhas homenagens ao Dia do Selo Postal Brasileiro...

 

 

Assinatura de Selos do Brasil: Para quem ainda não conhece este serviço, o mesmo consiste no fornecimento dos selos e peças filatélicas mediante um cadastro prévio das peças que interessam para as suas coleções. Nada é pago antecipadamente: nós reservamos os selos e/ou peças filatélicas a cada lançamento, trimestralmente efetuamos um fechamento, enviando a planilha dos produtos e aí, sim, é efetuado o pagamento, com remessa em seguida das peças.

Os selos (regulares e comemorativos) e os blocos são fornecidos pelo mesmo preço dos Correios (valor facial). As demais peças têm um acréscimo muito pequeno...

Ser assinante é vantajoso, pois garante a tranquilidade de receber todos lançamentos dos Correios, sem preocupação alguma, além de descontos na nossa Loja (sem limite mínimo de compra), preços especiais em protetores Maximaphil e algumas promoções que dirigimos somente aos assinantes.

Vejam mais detalhes clicando na imagem ao lado e, qualquer dúvida, basta entrar em contato conosco...

 

 

 

Recado Final: Vocês viram só quanta coisa está acontecendo por aí? Prestigiem, visitem as exposições, encontros, lançamentos, pois muitos amigos se dedicam a preparar esses eventos e merecem o nosso apoio...

 

 

Um forte abraço,

 

Julio C. R. Castro

(http://www.filatelia77.com.br/informativo/30072009.htm